Sete Dias Para Viver escrita por Cerine


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Espero que estejam gostando! :)



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Três dias. Só me restavam apenas três dias. 
 

Brian e eu fomos visitar os principais pontos turísticos da cidade. E havia dezenas deles: Museus, onde pudemos observar grandes obras artísticas, como pinturas, desenhos e esculturas (Brian conhecia quase todas elas); teatros, onde assistimos maravilhosos musicais, peças e óperas; praças históricas, onde passeamos e até mesmo andamos de patins (Brian se desequilibrou e caiu diversas vezes, isso foi muito engraçado de se ver); centros culturais, onde tivemos a oportunidade de conhecer diversos grupos artísticos compostos por crianças e adultos, que cantavam lindamente e dançavam como profissionais; parques ecológicos lindos e cheios de animais silvestres, como macacos engraçados, micos-leões fofinhos, araras coloridas e tucanos mal-humorados (que tentavam nos bicar quando chegávamos perto deles). Brian tirou centenas de fotos, que somadas ás outras que foram tiradas nos dias anteriores, já eram mais de trezentas.
 

Gastamos dois dias para visitar todos esses lugares. E mesmo que tenham sido meus preciosos últimos dias de vida, valeu a pena passar todo esse tempo indo a lugares tão maravilhosos. Sim, valeu a pena cada segundo ao lado de Brian.
 

A tarde do penúltimo dia estava chegando ao fim. Brian e eu voltávamos para casa quando de repente pequenas gotas de água começaram a cair.
 

-Oh! É chuva! Não acredito! –exclamei animada, olhando para o céu e espalmando a mão para sentir as gotas de chuva caindo sobre ela. -Achei que não fosse chover nesses sete dias! Que bom!
 

-É melhor procurarmos um lugar para nos abrigarmos da chuva antes que ela fique mais forte! –disse Brian, olhando em todas as direções e procurando uma casa com alpendre, alguma lanchonete ou restaurante que pudéssemos entrar para pedir abrigo. –Ali! Uma parada de ônibus coberta! Vamos para lá!
 

Brian começou a andar em direção à parada de ônibus, porém, eu fiquei no mesmo lugar, estática, apenas apreciando a chuva cair sobre o meu corpo.
 

-Acha que eu vou perder essa oportunidade só pra não ficar molhada? É claro que não! –falei sorridente e corri para o meio da rua que estava praticamente vazia naquele horário.
 

-Hã? Espera aí! O que você vai fazer? – grasnou Brian, enquanto eu pulava e rodopiava de braços abertos no meio da rua. –Você ficou louca?
 

-Sim! Eu fiquei louca! TOTALMENTE LOUCA! –falei em voz alta, e algumas pessoas que passavam pela rua me olharam assustadas.
 

Continuei rodopiando de braços abertos, dançando, olhando para o céu e sentindo as gotas de chuva, cada vez mais intensas, caírem sobre o meu rosto.
 

Já não me restava muito tempo. A noite havia chegado e só haveria mais um dia pela frente. Enquanto pulava e dançava na chuva, extravasando tudo o que havia em meu coração, eu me sentia um pouco mais leve, porém, quando o pensamento de que a morte estava se aproximando aparecia em minha mente, tudo o que eu conseguia sentir era dor, um aperto no coração insuportável. Porém, de forma alguma eu iria desabar, pois havia prometido a mim mesma que viveria meus últimos dias intensamente, sem chorar ou sentir medo da morte. Brian me olhava de longe, meio constrangido por estar em companhia de uma louca que dança na chuva. Mesmo que ele se sentisse envergonhado naquele momento, Brian não me abandonou. Enquanto eu rodopiava e rodopiava, Brian permanecia lá, esperando-me na chuva, sem tirar os olhos de mim. 
 

-Você vai pegar um resfriado se ficar muito tempo na chuva! –disse ele, que também já estava completamente molhado.
 

Alguns minutos depois, lá estávamos nós, sentados na parada de ônibus coberta, com as roupas e os cabelos encharcados de água da chuva, tremendo de frio.
 

-Você nunca me dá ouvidos! Vamos acabar os dois pegando um resfriado! –ralhou Brian com uma voz irritada e um pouco rouca.
 

-Desculpe... – falei num sussurro, estremeci e coloquei os braços em volta do corpo, tentando me aquecer.
 

A chuva continuava caindo, intensa e barulhenta, e o vento soprava forte, esfriando ainda mais o ambiente.
 

- Dê-me suas mãos... –ordenou Brian.
 

-Hã? –interroguei confusa.
 

-Suas mãos... Mostre-me suas mãos. –insistiu ele.
 

Estiquei meus braços na direção de Brian e ele segurou minhas mãos. Depois disso, abaixou um pouco a cabeça e soprou ar quente de seus pulmões para aquecê-las.
 

-Assim está melhor? –perguntou ele, e eu apenas assenti levemente com a cabeça.
 

Ficamos algum tempo sentados no banco da parada de ônibus. A chuva não cessava, pelo contrário, só ficava mais forte e não tínhamos como voltar para casa sem nos molharmos ainda mais. Todas as pessoas entraram em suas casas e até mesmo os automóveis não passavam mais por ali. Estávamos sozinhos.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo promete... rsrs