Silent Town escrita por Jhay


Capítulo 13
Capítulo 13




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10 de julho de 2012. 10h05min

Alyce não sabia que podia ter mais medo do que já sentia. Olhou para o garoto fantasma e para Leon. Eles também não sabiam o que fazer e estavam surpresos, bem, Leon estava cagando de medo, e Mathews estava surpreso.

  – Por ali – ele sussurrou e apontou para uma porta – Achem a cozinha, lá tem uma passagem que dá para o lixo, é o único jeito de sair daqui.

 Alyce e Leon começaram a se mover para sair correndo, mas ela percebeu que o garoto não estava fazendo o mesmo.

  – Ei! Mathews! O que está fazendo parado ai? Vamos logo! – sussurrou.

  – Não Alyce. Eles não nos deixariam ir embora. Eu irei chamar a atenção deles e vocês fogem.

  – Mas... – tentou protestar.

  – Nada de “mas”, vai logo! – ele rosnou.

  – Alyce... – Leon sussurrou e a puxou, já que ela estava relutante.

 Ela não queria deixar seu mais novo amigo ali, mas ele estava confiante, e queria ajudar. Com dificuldade, foram se afastando ainda agachados, escondidos pelo balcão e entulhos acumulados por ali. Ao chegarem à porta teriam que sair correndo. Alyce olhou uma ultima vez para o garoto.

  – Mathews – não conseguiu evitar o sussurrou.

 Ele virou o rosto para ela e Alyce viu a expressão assustada e cheia de medo que tinha no rosto do fantasma. Ela quis correr para perto dele, e até mesmo abraça-lo, mas Leon continuou segurando sua mão e o garoto mexeu a boca sem fazer barulho: “corra Alyce. Corra”. E ela correu, no mesmo instante Mathews se levantou e correu de encontro com os outros. Coitado...

 Alyce achou o “túnel” que dava para o lixo. Leon foi primeiro e ela esperou alguns segundos até ouvir o baque surdo dele caindo lá embaixo. Ouviu Mathews gritando distante. Mordeu o lábio inferior e lutou consigo mesma para não ir até lá. Colocou as pernas no buraco e deixou seu corpo ir. Era como um tobogã daqueles clubes aquáticos. Mas ela não estava se divertindo. E nem era pra estar. Seu corpo foi amortecido pelos quilos de lixo acumulados ali. Aquilo fedia mais que tudo. Desceu rapidamente daquele tambor, não queria ficar nem um segundo a mais naquilo. Seu corpo estremeceu de nojo. Logo que pisou no asfalto do beco Leon pegou sua mão e a fez correr.

  – Não ouse parar senhorita Alyce! – ele falou quando percebeu que ela diminuía a velocidade.

  – Mas... – tentou protestar ofegante.

  – Não ouse! – ele rosnou.

 O prédio tinha ficado para trás há uns cinco quarteirões, mas Leon insistia em correr como se não houve amanhã. Alyce não aguentava mais. De repente parou, dobrou o corpo e colocou as mãos sobre os joelhos tentando capturar oxigênio. Leon fez o mesmo. A rua estava deserta, os únicos sons que podiam ser ouvidos eram os dois respirando pesadamente. Uma gota de suor percorreu a lateral do rosto de Alyce.

  – Pelo amor de Deus Leon, você é maluco?! – ela gritou.

  – Ei, não grite comigo, ok?! – ele respondeu a mesma altura se virando para ela - Você que é maluca por ter ficado chorando lá no meio da praça cheia de criaturas e fantasmas.

  – E você esperava o que?! Era o Kaio que eu estava vendo ali! Era ele! Não foi culpa minha! – ela desabafou.

  – Poderia ter sido mais inteligente. Porra Alyce! Se não fosse por mim você já estaria em pedaços! – ele abaixou o tom de voz.

  – Não que eu tivesse pedido pra você me salvar – ela murmurou mal humorada.

  – É que... Ah, me desculpa! – ele se lamentou e a abraçou – É que você é importante pra mim. É como minha irmãzinha que eu tenho que cuidar. Você sabe disso.

  – Sei – sua voz foi abafada pelas roupas dele.

  – E... Bem...  Não sei se Lucy está viva. Esse pensamento me atormenta, e só de pensar que eu poderia perder você também... – ele a apertou com mais força.

  – Não Leon! – ela disse com firmeza e o afastou gentilmente – Não, Lucy não está morta. Eu sei. Eu sinto.

 Alyce achou que Leon estava emotivo demais, pois ele a abraçou com força até que ela protestasse por querer respirar.

  – Queria voltar para casa – ela sussurrou mais para si mesmo do que para ele enquanto eles andavam pela rua procurando algo que nem mesmo eles sabiam o que era.

  – Todos querem – ele se limitou a dizer.

 Lá na frente, no fim da rua, eles avistaram duas formas indistintas. No primeiro momento acharam que fosse algum dos seres que ali vagavam, mas quanto mais foram chegando perto mais percebiam que eram pessoas. As formas perceberam a presença deles.

  – Ei! São vocês! Alyce! – Alyce conseguiu identificar a voz de James – E Leon...!

  – James – ela saiu correndo e pulou nele que retribuiu o abraço.

  – Bom revê-lo James – Leon disse com um sorriso no rosto.

 James deu um abraço de urso em Leon. Alyce não estranhou porque eles sempre faziam isso. Mas viu que quem acompanhava James era Luke, e ele sim tinha estranhado.

  – Luke... O que você está fazendo aqui? Sem ofensas... – Alyce perguntou

  – Bem... Anne se separou de mim quando entrei em um prédio, eu a ouvi gritando e fui correndo, quando cheguei... Ela já tinha sumido. Ai eu encontrei com o Luke enquanto andava por ai, e devo dizer, quase o matei de susto.

  – É... Eu estava perdido sabe... Allison foi capturada por um daqueles... Daqueles... Sei lá o que eles são – Luke balançou a cabeça – Ai eu corri feito um maluco, até que cansei e fiquei perambulando por ai. O resto vocês já sabem – deu de ombros.

  – Hãn... Deve dizer também que sei bem, bem até demais, o que aconteceu com Anne.

  – O que você sabe? – James perguntou me encarando.

  – Eu... Eu estava no centro da cidade e ai eu ouvi alguém gritando, quando olhei Anne estava lá, sendo carregada por um monstro horrível, tinha um olho arrancado e o outro branco, a pele era na verdade músculos vermelhos e latejantes. Uma mão era um gancho, a outra normal. Não usava nem roupas e também parecia não ter os... Os órgãos genitais. Sua boca era lacrada e o nariz era tipo duas crateras nojentas e pegajosas. Bem... Ai a coisa abriu a boca que na verdade era a barriga, partiu Anne em dois e a comeu – Alyce olhava para o vazio se lembrando da cena e fazia caretas de nojo.

  – Que horror – James conseguiu dizer.

  – Ai meu Santo! – exclamou Luke, que assustou todo mundo – Não acredito! A Anne?! Porra, agora que eu perdi todas as chances mesmo!

  – Chances de que garoto? – perguntou Alyce se recuperando o susto.

  – De pegar ela, ué. O que mais seria? – disse como se fosse óbvio.

 Alyce quis dar um soco na cara daquele idiota, mas se controlou com certo esforço e deu um tapa na própria testa. Nem ficar triste pela morte da garota ele não ficou! Que porra era aquela?! Mais um idiota, Alyce revirou os olhos.

  – Mas sabe... Acho que você é até melhor que ela – ele chegou bem perto de Alyce – Ela era meio que sem sal, já você parece ser bem quente na cama – ele sorriu maliciosamente.

 Alyce fez uma cara de desprezo e nojo infinito, não acreditava no que acabara de ouvir. Ele estava cantando ela no meio de uma cidade fantasma com fantasmas de verdade querendo ver eles mortos, era isso mesmo?!

  – Ei cara, olha aqui – Leon chegou perto e colocou o braço no meio dos dois para protegê-la – Não ouse falar assim dela!

  – Opa, calma ai garanhão, eu cheguei primeiro – ele brincou e olhou descaradamente para a bunda de Alyce.

  – Preste atenção – Leon não se conteve, agarrou a gola da camisa do cara – Nunca, nunca mais tente chegar perto dela dessa forma. Se eu perceber que você está dando em cima dela de novo eu quebro seu braço e você perde isso que chama de pênis! – seu olhar era assassino.

  – Calma cara... Eu só estava me divertindo um pouco...

  – Se divertindo? – Leon rosnou e soltou o cara – Acha mesmo que é hora de ficar brincando?! Saiba que a qualquer momento pode aparecer um daqueles bichos bizarros e pegar qualquer um de nós!

 Leon não precisou dizer mais nada. Quando terminou a ultima frase não se passaram nem meio minuto e uma rajada de vento surgiu, como se um helicóptero estivesse sobrevoando baixo demais o lugar, todos colocaram os braços em torno do rosto para se protegerem. O vento estava tão forte que não deu chances para que algum deles saísse correndo. Quando sentiram que o vento foi embora abaixaram os braços e olharam em volta. Luke sumira. Eles olharam para cima e viram um daqueles pássaros pretos de rabo enorme carregando um Luke surpreso e se borrando de medo. As garras do bicho agarraram as costas do garoto de forma que penetraram profundamente na pele, deixando um rastro de sangue na camisa.

  – Podem dizer que eu sou muito cruel e insensível, mas tenho que me expressar: já foi tarde! – a ultima frase Alyce gritou, esperando que Luke escutasse.

  – Eu concordo com você – disse Leon friamente.

  – Apoiada – James colocou uma mão no ombro de Alyce.


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Notas finais do capítulo

Hohoho... Que Alyce friamente fria u.u Bem, é isso.