Silent Town escrita por Jhay


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, porque tá dificil continuar escrevendo u.u



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10 de julho de 2012. 09h32min

Alyce não sabia se ficava parada ou se corria. Via ali, na sua frente, alguém sendo comido vivo. Tinha certeza que a pessoa ainda não estava morta. Podia ouvir os gritos e lamentos que emitia com o resto das forças. E se fosse alguém que conhecia? Não parecia ser... A voz estava distorcida, e a única coisa que se podia ver era a mão. A mão direita estendida para fora do grupo comedor de carne humana estava segurando algo... Alyce arregalou os olhos o máximo que conseguia, colocou a mão na boca. Não conseguia acreditar. Aquilo não era verdade, era? Aquela pulseira... A pulseira... Aquela de prata com pedrinhas verdes que mamãe deixou para Lucy! É ela sim! Seu coração parou de bater por um segundo e voltou com força total, batendo mais forte e rápido a cada respiração. Tinha que fazer algo, não tinha? Era seu dever como irmã - mesmo que sendo mais nova - fazer algo para a ajudar. Era assim dês de que seus pais foram embora, uma cuidando da outra. Lucy sempre era a responsável e sabia o que fazer. Sempre dando conselhos... Agora o que deveria fazer? Tinha que ajudá-la. Alyce entrou em pânico. Lucy era sua família de sangue, a única que restara. Não podia ficar ali parada. Viu uma nesga de esperança: e se aquela não fosse Lucy? Poderia ter uma chance de não ser Lucy, certo? Poderia ser outra pessoa com a mesma pulseira. Mas Alyce tinha que fazer algo...

Ao seu lado viu um balde de metal sujo. pegou e o arremessou para o outro lado da praça. Como havia planejado, os monstros saíram de cima da pessoa e foram até o barulho. Sem perder tempo, ela correu o mais rápido que pode e caiu de joelhos ao lado da pessoa. Estava toda ensanguentada, com vários pedaços faltando. Tinha até um buraco na barriga. Era uma garota. Alyce não conseguia ver quem era. O rosto fora deformado, o nariz e as orelhas tinham ido embora. As bochechas estavam aos pedaços. Como ainda estava viva? Sabia que era uma garota porque tinhas seios - se bem que um deles já tinha ido embora. A garota olhou assustada e quase sem vida para a pessoa que estava ao seu lado.

– Alyce? É você? - sua voz era um sussurro rouco e distorcido.

– Sou eu.

– Aqui, pegue - estendeu a pulseira - É de sua irmã. Eu agarrei a mão dela quando os monstros tentaram me pegar. Só que ai nossas mãos escorregaram, eu me agarrei a primeira coisa que veio. E foi a pulseira. Devolva a ela.

– Devolverei - pegou a pulseira. Então esse ser distorcido e comido era a bela Allison...

– Por favor, me mate Alyce. Não aguento mais isso. É muita dor! Tanta dor que nem tenho mais meus sentidos. É uma tortura! Quero enfim sair daqui, mesmo que eu vá para o inferno - implorou.

Alyce tinha que fazer aquilo. Os monstros já estavam começando a sair de perto do balde. Não tinha tanto tempo. Pegou uma faca que tinha escondido na mochila junto com a caixa.

– Descanse em paz Allison - disse olhando nos olhos da garota enquanto cravava a faca bem no meio do peito dela, esperando acertar em cheio o coração.

Allison morreu sorrindo. Ali mesmo, no meio de sangue e carne no chão de pedras frias, um sorriso brotou. Aquilo fez Alyce chorar. Chorou por Allison, pois ninguém mais poderia chorar. Mas aquele momento durou pouco, ouviu as criaturas se aproximando. Saiu de perto, encostou-se na parede rebocada de um prédio pequeno. Quando chegar no centro da cidade haverá mais instruções na estatua central, aquelas palavras ecoaram pelas paredes de sua mente. Tentou conter seu coração que teimava querer sair do peito. Guardou a pulseira no bolso. Deu uma ultima olhada para os restos mortais de Allison. Virou-se.

Ali estava - demorou, não? - um monstro de quatro olhos pequenos, boca costurada, sem a cartilagem do nariz, pele de um azul pálido e doente. Era pelo menos dois centímetros maior que Alyce. Seu cheiro era horrível. Uma mistura de esgoto, estrume e outra coisa que não se sabia identificar. Era pele e osso. Mais pele do que osso. Sua barriga era redonda. Alyce se lembrou daqueles bêbados com "barriga de chopp". Cada movimento emitia um estralo. Ela não deixou de pensar como aquele tipo de monstro conseguiria se alimentar, mas se arrependeu profundamente por esse pensamento. A criatura ergueu o braço direito lentamente com dificuldade. A mão com dedos longos e finos se abriu, revelando um buraco cheio de fileiras e mais fileiras de dentes, um trás do outro. Parecia uma sanguessuga, só que mais nojenta. Um líquido verde viscoso saia daquele buraco que, supostamente, seria uma boca. Alyce conteve o impulso de vomitar e gritar. Colocou a mão tremula no cabo da faca que matava criaturas demoníacas. Não disse nada, nem conseguia respirar direito. Depois que o buraco cheio de dentes foi aberto, o fedor ficou ainda mais forte. Alyce segurou o cabo com força, pronta para atacar se fosse preciso. Ficou imóvel, pensou que aquele seria como o outro, que foi embora desinteressado. Mas aquele não ia embora. Aquele ficava lá, tentando ver, ou sentir, algo que deveria, mas não estava ali. Ela rezou em silencio para que alguém pudesse acudi-la naquele momento. Ninguém? Alguém!

Algo começou a crescer dentro dela. Ela sabia o que era aquilo. Se chamava medo. Sentia aquilo quando um palhaço a encarava, ou quando alguém oferecia um balão de bicho, ou pior: quando um palhaço oferecia um balão de bichinhos! O medo bloqueava sua respiração, fazia sua garganta coçar, sua mão suar, seus músculos ficarem tensos. Fechou os olhos com força. Abriu-os novamente. Lá estava ele. Não saia dali. Mexia os braços para cá. para lá, mostrando os buracos-boca. Tinha que matá-lo. Era isso. Ou matava, ou morria de tensão ali. Seu nariz já tinha adormecido. Pegou com firmeza no cabo da faca. Olhou para ver se era aquela mesma. Era. Com um só golpe acertou o peito do bicho. Aquela coisa arregalou os olhos, parecia que ia explodir. E de repente, para a surpresa de Alyce, a criatura virou cinzas. Simplesmente virou uma nuvem de cinzas, que se dissipou tempo depois.

Alyce podia ter certeza de uma coisa: Não morreria de ataque cardíaco.

Olhou para a estatua. Era a mulher de mármore que lamentava, aquela que foi incapaz de se mover para ajudar a pessoa agonizante estirada à sua frente. Foi até lá, tomando cuidado para não ser ouvida pelas criaturas que estavam ocupadas devorando um gentil cadáver. A estatua estava sobre um pedestal. A placa de metal para identificação fora arrancada, em seu lugar tinha um 'x'. Era ali. Tinha que ser. Ela tateou a pedra fria. Uma fenda possibilitou que seu dedo indicador puxasse a parte solta. Pegou o pedaço de pedra e, com cuidado, colocou-o no chão. Lá dentro estava um envelope.


Então você sobreviveu... Surpresa é o que estou sentindo. Mas não ache que será tão fácil assim. As coisas começam a ser mais difíceis a partir de agora. E eu não estou falando de fantasmas ou criaturas demoníacas.

Vamos direto ao ponto: abra a caixa.

Não tenha medo, pequena criança. O demônio levará os mortos embora e a cidade estará livre de qualquer tipo de coisa estranha e maligna.

Acredite no que quiser. Faça o que desejar.

Tenha cuidado com suas decisões.

Ainda não é o fim.


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Notas finais do capítulo

Agradeço por ler ^w^ Se possível deixe comentários para mim



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