Cinco dias já se passaram desde que Charlie chegou ao centro de "reabilitação" - conhecido por mim como tortura.

Mais cinco dias sem Edward. Mais cindo dias sem qualquer motivo para viver, ou continuar com a minha viva morte.

Cinco dias sem motivos para sorrir.

Cinco dias em que eu não percebia o sol sem jamais se por, ou então, os ruídos de Mellanie e Peregrina. 

Cinco dias tentando salvar duas almas mortas, Charlie e Campbell, quando na realidade... A minha necessitava o mais urgentemente de salvação.

Ele e Campbell estão se dando relativamente bem.

Eu ainda não toquei em qualquer assunto com ele, na verdade, apenas assisto a ele e Campbell conversando.

De um jeito estranho, os dois se entendem.

Abrindo a porta com um leve empurrão, eu ainda não aprendi com James a abrir com o pensamento, encontrei o mesmo círculo em formato de coração, com as mesmas presenças.

Os dois se calaram quando sentiram minha presença.

Charlie já não parecia em nada com aquele ser robusto que eu capturei das trevas.

Ele parecia até... Apresentável.

Apresentável.

De uma maneira diferente de quando eu fui apresentada a família Cullen.

O clima na sala caiu um pouco... Era sempre assim quando eu pensava em Edward.

Mordendo meu inferior, transmiti por pensamento:

"Sobre o que estão conversando ?"

- Nada demais, na realidade. Apenas... Futebol.

Futebol, claro.

Nem mesmo longe de uma bola, homens conseguem pensar em algo diferente.

Me sentei a frente de Campbell que estava a esquerda de Charlie.

"Bella, eu... "

- Sim, Charlie ?

O olhar de Campbell nos atravessou e ele perguntou se poderia se retirar.

Com um balançar negativo, indiquei que se sentasse novamente.

- James me mataria, acredite!

Uma risada foi tudo para cortar o certo clima.

Na realidade, esse clima já durava a partir do primeiro dia de Charlie em minhas reuniões diárias com Campbell.

Desde de que ele chegara, eu não ousava sair de meu castelo.

Eu não ousava deixar Bee - que com muito esforço, me explicou que não tinha ordens para se intrometer em minhas missões.

Desejei por Bee comigo no momento.

Sua presença era a única forma de conforto que eu tinha no local.

Era o mais próximo do que eu sentia por Edward. Ou menos, talvez.

- Er... Eu não sei direito como começar, Bella.

Eu já entendia o caminho que a conversa iria ter, e sinceramente, eu não estava com cabeça para tal solução.

Balbuciando, respondi:

"Não quero este assunto, por favor, Charlie."

Ele não disse mais nada, apenas, deslizou seu olhar para um outro ponto fixo.

O meu era perdido entre os dois.

Na parede acima dos dois, na realidade.

- Então, Campbell, o que você tem para nos contar ? - Iniciei o diálogo mais normal que poderia existir no momento.

- Você sabia que existe várias cidades como a nossa, Bella ? 

Sua voz tinha excitação e a cada sorriso, uma nova gargalhada era jorrada por Charlie.

"Elas ficam invisíveis a olhos humanos, porém, são sentidas por satélites.

Nossa!

Eu estou adorando as aulas com o Senhor. Hento."

/

Eu me preparava para deixar o salão, já vazio sem a presença de Charlie e Campbell, quando uma presença atrás de mim fez com que eu soltasse alguns livros que peguei emprestado.

Olhando para trás, encontrei Edward, ou melhor, um holograma.

Ele era mais real do que talvez fossem os da Terra.

Mas quando passei minha mão rente a lateral de seu rosto, eu senti apenas um pequeno e quase insignificante choque, e nada mais além de vácuo.

Assim como tudo no local se tornou quando escutei a primeira palavra sussurrada por seus lábios:

"Bella, amor, você ainda está ai ?

Por favor, me responda!

Mande um sinal... Qualquer sinal.

Eu necessito saber se você ainda está comigo. Se está longe ou perto.

Rose não para de falar no quanto você e meu sobrinho estão se divertindo no céu, ou seja lá onde vocês estão.

Bella!"

Sua voz se tornava cada vez mais forte e real para mim.

Eu me sentia quase de volta a seu quarto.

Seu quarto escuro e com garrafas de álcool ao chão.

Seus dentes eram vermelhos, certamente de sangue, e seu olhar era por total escuro.

"Eu preciso de você!

Eu juro que se você não voltar, eu..."

A transmissão foi cortada antes de Edward dar o fim a seu clamado.

Uma figura tinha um cabo prateado em suas mãos.

Olhando para meu lado esquerdo, encontrei James.

- Por que você fez isso ?

- Bella, isso aqui não é a Terra... Não precisamos de energia para qualquer coisa.

Indicando com um leve inclinar de queixo na direção de suas mãos, sussurrei:

- Por que esse fio, então ?

- Isso aqui não tem qualquer relação com isso que você acabou de ver.

Meu olhar foi do lugar em que a figura energizada de Edward estava até chegar a James.

- James, eu preciso voltar!

- Sua missão ainda não está cumprida.

Eu corri até James e segurando em ambas as mãos, escutei o fio cair ao chão com delicadeza e um gosto amargo em meus lábios.

- Eu preciso!

- Bella, não é assim...

- James, eu faço o que for preciso...

Uma dúvida no olhar de James foi esclarecida quando apertei com certa força seus dedos aos meus.

- Você realmente o ama, certo ?

Suplicando, respondi:

- Mais do que minha própria vida!

James ainda parecia indeciso e talvez, medonho, quando disse em sussurros:

- Irei providenciar sua reencarnação, Bella, porém, lembre-se: Talvez demore segundos, ou mesmo, séculos... Tudo que você precisa ter é...

Por pensamentos, ele transmitiu para meu coração "paciência" e o brilho em seu olhar, indicava a pureza de meu sorriso.