Another Hypocrite Wedding escrita por Wine


Capítulo 2
♦ Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu não pretendia continuar, mas como fiquei extremamente empolgada com os comentários da Lady Snows e da Luly, resolvi continuar. Se vocês realmente gostarem desse capítulo e da ideia geral da fic, eu realmente vou trabalhar bastante nela ;*
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Atenção: não há um casal endgame ainda. O plot será formado principalmente de acordo com as opiniões expostas nos reviews; Dessa forma, tanto Mergana como ArMor podem ser finais.



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Casamento.

Morgana sempre soube que seu dia chegaria. De fato, em sua infância, ela ouvira todos ao seu redor dizendo que seria o dia mais importante de sua vida – o dia em que seu destino finalmente se realizaria. Entretanto, ela nunca entendeu o verdadeiro significado por trás dessas palavras até algumas horas antes.

Ela estava casada. Casada.

As mãos dela tremiam enquanto a noção de seu pensamento finalmente caía sob seu entendimento. Morgana não era mais simplesmente Morgana Le Fay. Agora, ela era a Princesa Morgana Pendragon.

Neste ponto, o corpo inteiro da garota tremia. Sua garganta estava seca e o único sinal de vida que ela fornecia eram os profundos suspiros que ela inconscientemente dava tentando se acalmar enquanto caminhava pelos corredores do castelo. Lógico, ela não estava sozinha.

Arthur estava com ela; Ou melhor, seu marido estava com ela. Marido! Por que essa simples palavra, que até então passara despercebida no vocabulário dela, assustava-a tanto?

Bem, a verdade era que ela sabia a resposta de sua pergunta – o que só assustava mais ainda. Ninguém poderia saber o verdadeiro motivo de seu casamento com Arthur – nem mesmo ele – afinal, Morgana ainda tinha algum valor por sua vida.

–Chegamos – Arthur disse incerto, depois de clarear sua garganta.

Ela levantou os olhos, encontroando a porta do quarto de Arthur – isto é, do quarto deles, ela se corrigiu. Se agora ela era a Princesa Pendragon, deveria começar a pensar dessa forma.

Arthur abriu a pesada porta, feliz por encontrar algo de útil para fazer. Nenhum dos dois comentara nada durante o caminho inteiro, cada um perdido em seu próprio pensamento – ou talvez fosse melhor dizer medo.

Morgana deu alguns passos hesitantes, forçando-se a continuar com seu plano. Ela já fora muito longe para desistir de tudo.

O sapato dela ecoava contra o frio piso, o que de certa forma a acalmava, afinal, era um som conhecido em meio ao cômodo nada familiar. Sim, ela já estivera no quarto de Arthur antes – várias vezes, por sinal – no entanto, não era seu quarto era o quarto dele.

Assim que terminou de fechar a porta, Arthur pigarreou, torcendo para Morgana dizer algo que acabasse com a atmosfera insuportável em que eles estavam. Entretanto, ela estava tão deslocada quanto ele.

–Acho que colocaram as suas roupas no armário da esquerda – ele disse, tentando buscar seu tom de voz habitual.

Deus, por que ele estava tão nervoso? Arthur Pendragon era o Príncipe de Camelot! Ele era o macho alfa daquele reino.

Porém, algo na mente dele o lembrou de que ninguém o dera um manual sobre o que fazer em sua lua de mel.

–Eu sei, já me instruíram sobre tudo – ela respondeu, tomando todo o cuidado do mundo para não dizer “Gwen já me contou tudo”.

Arthur assentiu, procurando algo para focar seu olhar – qualquer coisa menos a garota o encarando.

–Bom – ele respondeu. – Porque eu mesmo não sei onde foram parar as minhas coisas.

Morgana sorriu, não um de seus famosos sorrisos, mas ainda assim um sorriso.

Se é que você já soube um dia – ela murmurou.

Arthur também sorriu com o comentário. Finalmente eles entraram em um território conhecido – um território repleto de sarcasmo e provocações.

–Com certeza eu tenho um melhor controle sobre as minhas coisas do que você – ele respondeu. – Não dou nem mesmo uma semana para ouvir você gritando “Arthur, onde eu deixei o meu sapato?” – ele continuou em uma péssima imitação da voz dela. – “E a minha pulseira, onde será que deixei? Oh!”.

–Ai, que mentira – ela respondeu, seu tom aumentando enquanto ela se aproximava de Arthur. – Você é um péssimo imitador.

–Eu sou um ótimo imitador – Arthur insistiu. – É um dos meus muitos dons.

Há, há – Morgana disse cinicamente. – Como se você tivesse algum.

–Eu tenho vários – ele respondeu, cruzando os braços. – Muito mais do que qualquer um imagina.

Morgana levantou as sobrancelhas, pronta para revidar com mais um comentário esperto, mas uma corrente fria percorreu seu corpo no momento em que ela olhou-o nos olhos. Qualquer traço de diversão abandonara-o e ele estava perto, muito perto.

Ele tinha que se lembrar de que ela não era mais Morgana – a garotinha que brincara de pique-esconde com ele quando os dois eram crianças. Não. Agora, ela era Morgana, sua esposa.

Arthur – ela sussurrou, sentindo seu coração bater mais forte.

A única resposta dele fora colar os lábios aos dela. Morgana parecia fria contra ele, e talvez um pouco mais pálida do que o normal. Por um momento, Arthur realmente pensou que ela não iria retribuí-lo, mas logo os lábios dela se separaram.

Não era fácil beijá-la – ela era Morgana! Morgana! A garota irritante que crescera com ele, e sempre fora irritantemente mais adiantada em tudo. Contudo, nada disso importava – não depois do evento desta noite.

Arthur desajeitadamente passou um braço pela fina cintura dela, trazendo-a para perto. Ele sabia que deveria ser cuidadoso, uma vez que esta seria a primeira vez da garota.

Não era como se Morgana não soubesse o que iria acontecer – ela sabia. Talvez não fora tão bem instruída como outras, afinal não tinha uma mãe para compartilhar esse tipo de informação. Todavia, não importava. Ela sempre fora independente, e não seria agora que isso mudaria.

Com toda cautela que conseguiu reunir, o príncipe conduziu-a para a cama, fazendo-a se sentar delicadamente. O coração dela estava disparado, assim como sua respiração, Arthur não pôde deixar de notar. Finalmente ele encontrou algo que a deixara em desvantagem.

Ele se sentou ao lado dela, seus lábios indo ao encontro do pescoço de Morgana. A pele dela era macia e cuidada – talvez cuidada demais, ele percebeu. Possivelmente, se ele fechasse os olhos, Arthur poderia imaginar Gwen e –

Os olhos dele se arregalaram e suas mãos congelaram. Gwen. Arthur não podia fazer isso, ele não conseguiria...

–Arthur? – Morgana perguntou assustada com a repentina mudança de comportamento dele.

–Sinto muito – ele murmurou, afastando-se apressadamente dela. – Eu não... Eu não posso.

Ela sentiu algo se contorcer em sua barriga. Não, por favor, tudo menos isso.

Arthur caminhou para o outro extremo do quarto, como se ficar perto de Morgana doesse. Ele colocou as mãos sobre a cabeça, tentando raciocinar.

–Arthur, – Morgana tentou, se aproximando vagarosamente dele. – Está tudo bem.

–Não – ele respondeu exasperado. – Não está nada bem. Eu sei que prometi que iria tentar, eu sei que –

Com uma simples balançada de cabeça, ele saiu a passos largos, e, em menos tempo do que Morgana acreditou que fosse possível, já estava fora do quarto, apenas se importando em bater a porta quando saiu.

Isto realmente é o que chamam de lua de mel exemplar.

Morgana grunhiu. Ela sabia que seria difícil, mas não podia abandonar seus planos. Não depois de sua promessa a Mordred.

Ela faria Arthur Pendragon se apaixonar por ela, custe o que custar.


**


Para Gwen, o único aviso do novo dia se aproximando era o sol aparecendo timidamente no leste. Depois de todas as lágrimas que derramara, ela perdera a noção de tudo, inclusive do tempo.

Porém, após toda a euforia da cerimonia real da noite anterior, outro amanhecer rasgava o céu, indicando que a vida continuava. Que as tarefas continuavam.

Se já não fosse suficiente a pobre garota ter de assistir o grande amor da vida dela se casar com sua senhora, ela ainda possuía a imunda tarefa de acordar o casal feliz e agir como se tudo tivesse normal. Porque, para dizer a mais pura verdade, essa era a deslealdade que a vida lhe proporcionava.

–Gwen – Ela ouviu uma voz familiar chamando-a. – Pelo amor de Deus, o que aconteceu?

–Merlin? – Gwen respondeu surpresa ao amigo, ou pelo menos tentou, uma vez que sua voz estava tão rouca que nem mesmo ela foi capaz de entender suas palavras.

–Você está bem? – Ele perguntou, mas tão rápido quanto suas palavras saíram, arrependeu-se. – Pergunta idiota. Sei que não está tudo bem, mas –

–Mas? – Ela perguntou quando ele não continuou.

–Mas você está pior do que deveria – Merlin admitiu.

Gwen assentiu, encostando-se contra uma fria parede do corredor em que estavam, permitindo-se desmoronar temporariamente.

–Eu tenho que... Tenho que – ela soluçou. – Acordá-los, Merlin. Arthur e Morgana, depois de tudo... eu –

Era difícil entende-la em meio ao choro agudo, mas era fácil compreender o contexto. Malditos, Merlin amaldiçoou. Como o mundo podia ser tão cruel?

–Tire o dia de folga – ele disse carinhosamente. – Eu cuido de suas tarefas por hoje.


**


Uma fraca camada de luz atravessava a cortina, mas ainda assim, era um fator forte o suficiente para acordar Morgana.

Não que ela tivesse um sono pesado. Pelo contrário, ela sempre possuíra um sono dos mais leves. Além disso, o fato de estar em uma cama desconhecida não ajudava em nada.

O que viu quando olhou para o lado não fez seu humor melhorar: os lençóis ainda estavam retinhos e intocados, o que significava que seu marido realmente passara a noite fora.

Ela ficara horas e mais horas o esperando na noite anterior, até finalmente desistir, vestir uma camisola e tomar sua poção do sono. Tudo que Morgana podia fazer era rezar para os céus pedindo que Arthur não fizesse nada de estúpido publicamente, considerando que ela agora estava totalmente dependente da imagem dele.

–Te acordei? – Ela ouviu uma voz profunda do outro lado do quarto.

Morgana deu um pulo, por um lado tranquila e por outro enfurecida em ver o príncipe parado a alguns metros dela.

Não, seu imbecil cretino, você fez muitas coisas idiotas, mas me acordar não foi uma delas, ela queria responder.

–Não – Morgana disse simplesmente, se controlando. Se ela queria conquistá-lo teria que ter um autocontrole maior do que imaginara.

–Você pode ficar brava se quiser – ele disse suavemente, aparentemente arrependido. – Sei que você não merecia o que fiz.

Ela não respondeu. Aos poucos, encostou-se contra a cabeceira da cama, tentando com todas as suas forças encontrar algo para dizer. Seu orgulho estava ferido; Se ela realmente amasse Arthur, nunca o perdoaria. Entretanto, ela não o amava e o mesmo era válido para ele.

–Você tem razão, Arthur – ela disse sinceramente. – Eu não merecia aquilo.

Dessa vez era ele que não sabia ao certo o que dizer. Suspirando, ele se aproximou dela lentamente, permitindo que ela se recuasse caso não o quisesse por perto. Contudo, ela não se manifestou, deixando-o, portanto, sentar-se em sua frente.

–Morgana, - ele começou a dizer as palavras que tanto ensaiara enquanto a assistira dormir minutos antes. – Eu –

–Não precisa me explicar – ela interrompeu cansada. – Quando aceitei me casar com você, sabia que não me amava. No entanto, você prometeu que iria tentar. Pelo bem do reino.

Arthur assentiu, sentindo-se pequeno sob os olhos verdes dela.

Dizer que o casamento deles possuía alguma relação com amor era o mesmo que dizer a maior mentira já contada no universo. Ambos tinham consciência de que o único motivo pelo qual estavam juntos era Uther.

O rei descobrira sobre o romance que Arthur compartilhava com a serva de Morgana, Guinevere. Após inúmeras discussões sobre condená-la à morte, Arthur finalmente chegara a um acordo com seu pai. Se ele se casasse com Lady Morgana, Gwen não seria punida.

Dessa forma, Arthur não podia expressar tamanha gratidão que sentia por Morgana. Ele acreditava que ela casara-se com ele por uma simples ação altruísta, para salvar a vida de sua serva. Mal passava por seus pensamentos que sua esposa tinha propósitos muito mais profundos.

Todavia, os únicos que sabiam sobre os reais motivos do casamento eram os próprios Arthur, Uther e Morgana. Para o resto do reino, o príncipe e a protegida do rei apaixonaram-se repentinamente, desejando arduamente uma união formal.

Felizmente, os dois conseguiam desempenhar um ótimo papel de enamorados quando estavam em público, o que alimentava a mentira deles. Arthur sabia que até mesmo Gwen acreditara na falsidade diante de seus olhos; E, por mais que o machucasse, ele sabia que era melhor dessa forma.

–Eu prometo que vou tentar de verdade – ele disse suavemente, apoiando sua mão no joelho dela. – Morgana, eu quero que saiba que eu aprecio muito o que está fazendo por mim.

–Mas você não me ama – ela disse, desviando o olhar. O desempenho de Morgana era extremamente mais difícil do que o de Arthur, porque, enquanto ele podia se abrir quando estava com ela; a garota já possuía a necessidade de interpretar na presença dele também.

–Ainda não – O príncipe disse, tentando acreditar em suas palavras. – Morgana, o que estou tentando dizer, é que se eu tenho que me casar com alguém que não seja Gwen, fico feliz que seja você.

Em circunstâncias normais, Morgana provavelmente teria respondido de forma mal educada a implicância na fala dele de que ela era a “segunda opção”, por mais que fosse verdade. No entanto, as circunstâncias estavam longe de serem normais.

–Eu também – ela forçou-se dizer, colocando sua mão em cima da dele.

A maneira intensa como ele olhou para ela fez com que Morgana percebesse que realmente havia uma chance de seu plano dar certo. Arthur se apaixonaria por ela.

–Estou atrapalhando alguma coisa? – Uma voz que Morgana tanto conhecia disse, fazendo-a pular de surpresa.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por acompanharem!
Por favor, comentem! Reviews me estimulam a escrever mais e me ajudam a decidir o rumo da história ;)
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Quanto aos "mistérios" desse capítulo, prometo que serão desvendados ao longo da fic;