Forever & Ever escrita por soulsbee


Capítulo 28
Inimigo à espreita


Notas iniciais do capítulo

"Mesmo no calar da noite, sozinhos no meio do nada, não estamos sozinhos. Às sombras estão ali na espreita, escondendo nossos piores pesadelos, esperando o menor vacilar para nos atacar..."

Prontos para uma grande surpresa?! Então leiam atentamente até o final e descubram o que minha mente maléfica planejou para o resto da história :3
#Notas Finais



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Temos a mania de menosprezar o que temos, até descobrir que isso era o que realmente nos completava... São tantos erros, surtos, egoísmo, mas não deveríamos nos culpar, estávamos cegos pelos sonhos, pela grandeza, pela “liberdade” que não conseguimos ver que isso tudo não seria tão bom quanto estar no lugar comum, cheio de pessoas comuns, mas onde existia alguém que te compreendesse...

Agora, precisamos aprender a conviver com monstros, prontos para nos devorar no primeiro passo em falso. Precisamos aceitar e encarar, bater de frente com a responsabilidade. Precisamos aceitar o fato de que crescemos e, em alguns anos, estaremos de frente para esse monstro, enfrentando-o com poucos recursos. Vamos precisar de paciência, sabedoria, loucura e coragem. Não será qualquer um que sobreviverá a essa luta, não será qualquer um que irá derrota-lo, é por isso que, em todas as guerras vencidas existem batalhas perdidas. Primeiro, aprendemos com os erros, depois aprendemos a supera-lo.

Não há segredo, não há pessoa, não há lugar que possa te ajudar. Apenas você e sua mente, usando fones de ouvido, seu melhor escudo para a batalha, e as palavras. Sua única e melhor arma. Não há ninguém capaz de ajuda-lo, apenas aconselha-lo, depois, o resto é por sua conta. Suas vitórias, sua luta, serão conquistas apenas sua, basta saber como chegar até lá e as pessoas com quem precisará contar.

Não importa quantas coisas eu diga, quantas pessoas eu ajude, ou quantas risadas posso te fazer dar, um dia, você irá enfrentar seu pesadelo e se encontrará encurralada. Nessa hora, lembre-se que para ter um dia bom, você primeiro precisa conhecer o inferno. Não se deixe abalar por poucas coisas, a vida é uma surpresa.

Encontrava-me deitada na cama do quarto de hospedes da casa da minha avó, o lugar onde passava a noite quando criança, fitando o velho teto de madeira enegrecida, ouvindo o vento ricochetear, contra as vidraças, os galhos de algumas arvores. Estava imersa em meus pensamentos, um pouco furiosa, um pouco frustrada, mas incrivelmente focada em mais sobre a minha linhagem.

Tateei o criado-mudo à procura do diário velho de minha avó, querendo obter mais algumas respostas, descobrir mais sobre minha irmã e tentar encontrar quem eu deveria impedir de “destruir o mundo”, entretanto, ao acender a luz do abajur, não o encontrei. Olhei debaixo da cama, completamente apreensiva, com medo de algum monstro sair dali debaixo e me puxar para lá, mas não havia nada lá. Nem monstro, nem diário. Um alivio e um surto.

Levantei-me da cama, zonza por não dormir há muitas horas e por ter lido tanto, em “péssimas” condições que, tanto minha mente, quanto minha visão estavam terrivelmente danificadas e exaustas.

Cambaleei até a porta, observando todo o caminho, na esperança de encontrar o diário largado em algum lugar por ali. Frustrada, sai do quarto e andei pelos os corredores, abrindo todas as outras três portas do andar de cima, inclusive a do banheiro, e inspecionando cômodo por cômodo, minuciosamente.

– Só me faltava essa! – Resmunguei jogando os braços para cima, enfurecida por ter perdido o objeto mais importante para montar o quebra-cabeça.

– O que aconteceu...? – Robert perguntou, se espreguiçando na porta do quarto em que dormia, bocejando.

– Porque você não continuou dormindo? – Disse curta e grossa, completamente rude. Não estava nervosa com ele, só odiava quando alguém bocejava na minha frente, pois, diferente dos demais, nunca consegui bocejar em seguida, apenas sentindo vontade.

– Calma, levantou com o pé esquerdo hein?! – Reclamou se espreguiçando mais uma vez, a ponto de estralar alguns de seus ossos, e se pôs ao meu lado esperando uma resposta minha.

– Eu perdi o diário! – Gritei nervosa comigo mesma por ter cometido algo tão estupido.

– Como?! – Indagou confuso.

– Perdendo, você acha que se eu soubesse onde ele está eu estaria surtando?! – Utilizei o mesmo tom de sua voz para reclamar. Eu estava indignada com essa burrada.

– Vamos procurar... – Bufou, ainda indignado. Apesar das minhas respostas perfeitamente rudes, ele não perdia a paciência comigo, não tão fácil.

– De uma olhada na cozinha e na garagem que eu dou uma olhada na sala e ali fora. –Disse os locais que queria que ele fosse para facilitar a busca e não olharmos milhares de vezes no mesmo lugar.

– Lá fora? – Perguntou como se não tivesse ouvido bem.

– Sim, as coisas são tão estranhas que eu não duvidaria ter algo lá fora... – Murmurei dando de ombros e correndo para as escadas, descendo o mais rápido o possível para a sala.

Encontrei minha pequena mala, com algumas roupas que nem cheguei a usar, e a abri, desesperadamente, jogando tudo para os ares à procura do diário perdido. Era impossível aquela porcaria sumir assim, de uma hora para a outra, sendo que estava comigo, do meu lado na cama!

Sem obter resultado algum, peguei as mesmas roupas e as soquei de volta dentro da mala de couro, fechando o zíper com dificuldades, pois o pano prendeu em algumas partes. Decidi olhar embaixo dos sofás, dentro de todas as gavetas da estante, nas prateleiras de livros velhos, atrás dos móveis e embaixo da mesa da sala de jantar. E nada, nenhum sinal dele.

Segui para a varanda da casa, sentindo a forte brisa da madrugada fazer meu corpo estremecer e desejar uma blusa de frio mais grossa do que esse moletom velho e acinzentado. Coloquei minhas mãos nos bolsos da blusa, suspirei profundamente, arrumando coragem para encarar aquele breu terrível e então caminhei até um banco de madeira, ao lado de uma velha churrasqueira.

O sereno frio caia sobre meu rosto, deixando-me com ainda mais frio e me arrepiando por completo, retirando, pouco a pouco, a coragem que tinha para enfrentar aquela escuridão assustadora e tentar não ligar para o uivo do vento que vinha da floresta.

– O seu inimigo pegou o diário... – Maddox disse surgindo do nada.

– Da pra parar de me assustar desse jeito?! - Gritei apavorada com a aparição do espirito diante dos meus olhos. Coloquei minhas mãos contra o meu coração, sentindo-o palpitar freneticamente dentro de mim enquanto minha respiração urgente tentava me acalmar.

– Eu não acredito nisso! – Disse furioso.

– Eu estou procurando! – Reclamei ainda apavorada. Por mais que ele tivesse me assustado, Maddox passava uma sensação acolhedora, pelo menos, agora que eu o conhecia o suficiente para saber que não faria nenhum mal.

– É bom acha-lo logo, antes que faltem peças para você encaixar... Um erro e o final se torna apenas o começo – Começou ele com seus enigmas macabros e horripilantes – Alias, seu amigo está te chamando. – Disse seco.

– Como?! – Indaguei sem entender, pois não ouvia a voz de Robert.

– Hayley, você deveria vir aqui! – Robert gritou da cozinha repetidas vezes.

– Você é incrível! – Disse rindo, após me acalmar o suficiente e me sentir segura ao lado daquele espirito. – Maddox?! – Chamei-o, mas ele havia desaparecido levando consigo aquela segurança.

Em um piscar de olhos, voltei correndo para dentro de casa, com medo de algo surgir das sombras e me puxar para si, acabando com minha vida em um só segundo ou me torturando por eras.

– Hayley! – Gritou novamente.

– Achou alguma coisa?! – Perguntei da soleira da porta, controlando minha respiração e com uma pontada de esperança. – Onde você está?

– Aqui embaixo! – Segui a voz dele, entrando na cozinha e me deparando na frente da porta de um porão velho. Ótimo, além do sótão, a casa tem um porão. Tem como ser pior que isso?

Pisei nos primeiros degraus da escada, apreensiva e com medo dele ceder e eu cair, mas pareciam completamente firmes, apesar de rangerem muito sob os meus pés. Ao descer mais um pouco, notei uma luz amarela vindo de lá, iluminando vagamente aquele lugar vazio e triste. Ele se parecia um pouco com o porão de casa, exceto pela diferença do nosso ser limpo e organizado e esse ser mofado, totalmente empoeirado, cheio de teias de aranha e, possivelmente, ninhos de ratos.

– Grotesco... – Resmunguei ao chegar ao ultimo degrau e ver o ambiente por completo.

Existia uma mesa enorme, mais especificamente uma bancada de mogno cor vinho. Ela era bem velha, possuía enfeites maravilhosos por todas as suas bordas, ostentando ornamentos da idade média e um gigante espelho que ia de ponta a ponta. Ela era a única coisa menos empoeirada, como se fosse constantemente usada.

– O que é isso...? – Pasmei ao ver milhares de livros de capas pretas de couro, alguns abertos e espalhados por aquela superfície lisa, e outros amontoados um em cima do outro, cheio de anotações e objetos esquisitos.

– Sua avó era macabra! – Robert disse quase saltitando ao ver tudo aquilo.

Aproximei-me dele, permitindo-me ver alguns castiçais vazios, potes com um liquido viscoso e vermelho dentro, algumas facas pequenas com algumas escritas, pentagramas desenhados por todo o chão ao redor da mesa e outros símbolos irreconhecíveis por estarem apagados demais.

– Mas que droga é essa...?! – Peguei um saco com ossos porosos dentro, levantando à altura dos meus olhos, fitando-o terrivelmente surpresa.

– Sei lá, talvez você encontre algumas coisas nesses livros... – Ele jogou um livro na mesa, deixando-o deslizar até mim. Fuzilei-o com o olhar por ter feito aquilo e quase derrubado algumas tralhas. – Ela era meio bruxa, ou sei lá, parecem feitiços – Explicou não se importando com meu olhar.

– Não toque em nada!- Exasperei-me assustando-o com minha reação brusca.

– Por quê?! – Indagou frustrado.

– Ser mediadora já é mais que o suficiente, não pretendo virar bruxa! – Expliquei jogando aquele saquinho com ossos dentro de um pote com o liquido vermelho que, no final, deduzi ser sangue, mesmo tentando acreditar não ser possível.

Aquilo fez o sangue entrar em combustão instantaneamente, fazendo-o explodir em meu rosto, jorrando chamas para cima de mim envolvendo meu corpo em um fogo acolhedor. Robert entrou em desespero ao me ver cercada por aquilo, tanto é que ele tentou me puxar e apagar as chamas com sua camisa de frio, entretanto, o fogo o queimou e queimou a peça de roupa, mas não fazia o mesmo comigo, pelo contrario, ele parecia fazer parte de mim. Parecia vir de dentro de mim.

Olhei para o degrade vermelho alaranjado e para a maneira que os ossos queimavam, como se fossem combustível para o sangue pegar fogo. Mas, espere, como o sangue pegaria fogo? Eu estava enlouquecendo ou isso realmente era uma bruxaria...? Não importava, era totalmente irracional, coisa de outro mundo, digna de me levar a um hospital psiquiátrico e me submeter aos mais intensos tratamentos contra a loucura, entretanto, o fogo parecia me mostrar coisas, eu só precisava me atentar a ele. Olhando fixamente para o centro, notei algumas imagens aparecerem, lembranças de quando eu era criança e ia todos os domingos ao parque, com a minha família e Robert, passar o tempo e gastar todas as minhas energias.

Eu me via com seis anos, correndo para cima e para baixo no escorregador, acompanhada do meu melhor e mais fiel amigo, sorrindo sapeca enquanto jogava areia contra ele e iniciávamos uma guerra. Queria entender o sentido de tudo aquilo, mas parecia perder imagens quando movia meus olhos um milímetro sequer para fora do centro.

Olhando com mais cautela, vi uma garota entrando na adolescência, deduzi, com cabelos loiros cacheados nas pontas e olhos azuis vazios e perdidos, focados em mim e em Robert. Por um longo tempo, ela permaneceu ali, sentada na balança, parada, nos fitando concentrada até alguém chama-la pelo nome e ela ignorar, lançando um olhar frio e mortífero para os meus pais antes de sua amiga morena, com os cabelos enrolados em cachos finos, por a mão em seu ombro e dizer:

– Venha Violet...


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo estava pronto desde o dia 06/02 e iria ser postado no dia 12/02, entretanto, pelo fato de ser a semana do meu aniversário - Sim u.u me deem os parabéns ou eu mato o Robert, brinks kkkk - decidi colocar um dia depois para ter tempo de escrever mais alguns e deixa-los prontos para a semana seguinte... Ou seja, se tudo der certo, 26/02 e 10/03 teremos mais capítulos fresquinhos, até lá, guardem a curiosidade e os surtos.
Não deixem de comentar :3
PS: Tainá, aposto que você está surtando com o que eu fiz :3 :3



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