Forever & Ever escrita por soulsbee


Capítulo 27
A verdade cada vez mais perto


Notas iniciais do capítulo

"Não é bom dizer mentiras; mas quando a verdade puder trazer uma terrível ruína, então dizer o que não é bom também é perdoável." Sófocles

Bem, aqui vem uma explicação para algumas paranoias da Hayley, espero que os ajude a encaixar algumas outras peças e se acalmem um pouco. Esse também é o ultimo capítulo pronto, ou seja, nao sei ao certo quando virá ao próximo, apenas posso dizer que será muito em breve.



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Agosto, 11 de 2000

Depois de muito tempo a encontrei, encontrei a primeira filha de Joanne, ela em 12 anos agora. Realmente está se tornando uma garota linda, mas ela não é tão cheia de vida e agitada quanto meus outros netos, pelo contrario, ela é muito parecida com Hayley. Vive distante, em um mundo próprio, parece sempre estar com medo. Ela não foi adotada até hoje, isso chega a ser terrivelmente triste. Ver que aquela garotinha de lindos cabelos loiros, cacheados nas pontas, reluzentes à luz do sol ficar abandonada ali...

Estou a observando de longe, ela esta sentada em uma balança, ao lado de uma amiga morena de cabelos cacheados, elas parecem estar tendo uma longa conversa, mas não importa quem a cerca, seu olhar sempre parece muito perdido. Era como se ela estivesse focada em algo muito sério e não se importava com o alheio, talvez, se ela for realmente uma mediadora de genes alterado - pois, após a morte de Samuel tudo mudou - ela poderia estar confusa com o que está acontecendo consigo...

Outubro, 31 de 2000

Não tenho tanto medo quanto minha mãe, eles não podem me matar, sei o que eles dizem e sei onde eles se escondem, só preciso tomar os devidos cuidados.

Hoje, Hayley está aqui em casa, está dormindo no quarto ao lado enquanto eu escrevo. Ela carrega o dom, um dos mais fortes que já vi. Mais forte que o da minha mãe e o meu. Ela os vê, ela os ouve e ela os sente. Joanne não sabe desse segredo e acha que ela deve ir para uma clinica psiquiátrica, estou tentando fazer de tudo para evitar isso.

Maddox está em seu quarto, ele tenta manter uma aparência mais agradável para não assusta-la enquanto dorme, mas, mesmo tentando criar um rosto, ele não passa de um borrão deformado com dois pingos vermelhos representando seus olhos. Hayley sente muito medo dele, mas ele se tornara seu guardião com o passar do tempo e lhe mostrará, passado, presente e futuro. Será muito util em guia-la por toda essa jornada macabra e lhe explicará que humanos comuns jamais deverão saber sobre o seu segredo, ou correrão riscos.

Deixei o diário jogado de lado, já tinha lido o suficiente, mas o levaria comigo, pois ainda faltavam muitas paginas. Havia muito sobre mim ali e sobre o que se passava, teria algumas respostas a mais ou algumas duvidas, não sei. Descobri não ser a única na família com esse dom, descobri que ele é transferido através de uma rígida linhagem, mas descobri que ela foi alterada com a morte do meu tio, caso o contrario eu seria uma garota sem o menor problema e agora, também tenho curiosidade em saber quem é Maddox. O pior de tudo ali, não era saber o que estava por vir ou essa bagunça que virou a linhagem, Robert e Jared eram humanos comuns e sabiam, em partes, o que acontecia comigo, significando que eles estariam correndo sérios perigos, mas eram os unicos com quem eu podia contar...

– Vamos descer? – Levantei-me meio bamba com as pernas formigando, estava muito tempo ali sem me mexer. Robert teve a mesma reação.

– Quanto tempo estamos aqui? – Perguntou se espreguiçando.

– Veremos ao descer. - Desci pelas escadas do porão segurando o quarto e ultimo diário em uma das mãos, tive um pouco de dificuldades, mas fui rápida.

Olhei pela janela e notei a lua tomando conta do céu, estava completamente escuro. Ficamos dentro do porão por muito tempo e, mesmo assim, meus pais ainda não tinham voltado do velório. Provavelmente estavam cuidando de algumas outras coisas das quais não me falariam.

– Sem assombração... Estranho – Ele observou ao passarmos uma noite inteira e um dia inteiro trancados dentro de um porão de uma casa recentemente abandonada e com uma história macabra como essa.

– Por enquanto... – Suspirei profundamente, era bom demais para ser verdade e não iria demorar a aparecer.

Queria contar para ele que ele estaria correndo sérios perigos se continuasse comigo, tentando me ajudar, mas ele não ligaria e continuaria teimando, esse era ele e era por isso que eu amava contar com ele, entretanto, ele deveria saber daquilo, mais cedo ou mais tarde.

– Vamos procurar algo para comer – Deu de ombros e desceu os lances de escada em alta velocidade. Ele não disse nada, mas aceitei aquilo como uma corrida e fui em disparada atrás dele pulando alguns degraus e chegando no chão mais rápido.

Fiz uma meia curva no ultimo degrau segurando no corrimão de madeira polida da escada, indo em direção à cozinha. Estavamos correndo lado a lado e ele estava quase me ultrapassando quando eu bati no batente da porta e esbarrei violentamente contra seu corpo nos derrubando no chão.

– Estabanada! – Disse colocando a mão na cabeça e sentindo um calo se formar na região temporal – trapaceira!

– Você que estava tentando vencer – Resmunguei esfregando meu cotovelo inchado.

– Claro. – Deu de ombros. – Isso dói – Soltou um gemido baixo.

– Deixe-me ver... – Coloquei a mão em seu calo, ele estava enorme e com um pouco de sangue, realmente foi feia a colisão.

– Culpa sua... – Sussurrou. Seu hálito fresco bateu contra meu rosto me tirando a reação, como sempre. Não entendi o porque, de uns tempos para cá, me sentia tão confusa perto dele.

Levantei-me do chão e peguei o diário. Ajudei-o a se levantar estendendo uma das minhas mãos e então ele prosseguiu para a cozinha procurando algo para comermos. Fui até o sofá, onde nossas malas estavam e coloquei o diário ali dentro, embaixo de algumas peças de roupa.

– Não tem nada aqui! – Gritou. – Vou sair para comprar alguma coisa – Caminhou rapidamente para o meu lado, abriu sua mala e pegou uma carteira ali dentro.

– Está louco? Você nem conhece a cidade!

– Tem um posto ali do lado, provavelmente tem uma loja de conveniências...

– Está escuro, não quero ficar sozinha... – Me aproximei dele meio tremula, estava com medo do que poderia acontecer ainda mais com o grande histórico de assombrações dessa casa.

– Vai ficar tudo bem... – Murmurou e beijou o topo da minha testa por um longo momento. – Só preciso de dez minutos, ok? – Pediu com um olhar doce.

– Tudo bem, vá...

Ele saiu correndo da casa, batendo a porta da entrada ao sair. Corri para todos os cômodos do andar debaixo e liguei as lâmpadas de cada misero metro quadrado, não queria deixar a escuridão tomar conta dali.

Quando me senti segura o suficiente para não entrar em paranóia, passei a explorar a casa, observando os moveis clássicos, a maneira como foram entalhados e vendo algumas fotos antigas, enfileiradas nas paredes de acordo com a passagem dos séculos e, embaixo, em algumas estantes outros familiares. Pelo o que entendi, naquela parede seguiam-se as linhagens diretas dos mediadores. Pai, filho, neto, bisneto e assim por diante e embaixo estavam os membros “ normais” da família. Mãe, irmão, irmã... Realmente, todos os mediadores possuíam uma beleza diferente das demais e um olho que parecia reluzir sua alma.

Os estudos de Margaret estavam certos, ela conseguiu se aprofundar muito naquilo, mas notei que ela desejava encontrar o primeiro membro da família e descobrir como e porque tudo isso começou, ela estava perto, suas viagens para a Europa, em algumas épocas de sua vida, revelaram algumas coisas. Ela encontrou uma casa que pertenceu a nossa família e que estava prestes a ser demolida, a comprou e guardou mais algumas coisas ali. Maddox a auxiliou durante toda sua jornada, ela estava proximo de ter sua resposta e adoraria encontra-la escrita em seu diário.

Fui retirada dos meus pensamentos e transportada novamente para a casa, um barulho nesse andar chamou minha atenção. Era uma melodia meio depressiva, carregada de emoções e com uma harmonia exuberante. Demorei para reconhecer, mas era Moonlight Sonata de Beethoven, mas de onde exatamente vinha aquele som?

Segui o som hipnotizada pela melodia, era uma das minhas musicas clássicas favoritas, como não iria aprecia-la tão bem? Conforme andava pelos corredores, as luzes piscaram, estavam tendo uma espécie de curto cicuito, o ar ficou meio gélido, eu estava ficando com medo e Robert ainda não tinha voltado.

– Ótimo... – suspirei profundamente preparando-me para o que viria logo em seguida.

Continuei seguindo o som, pensando que iria ser levada para algum rádio, mas era o piano, suas teclas se moviam automaticamente, como se alguem as tocasse, mas não existia ninguem ali. Tenebroso.

– Vejo que finalmente está evoluindo... – Ouvi uma voz muito grave sussurrar em meu ouvido. Virei para tras e não vi ninguem. Apertei meus braços ao redor do meu corpo tremendo de frio e de medo, aquilo de novo não.

– Quem é você? – Perguntei um pouco firme.

– Você me conhece...

– Então porque eu nunca te reconheço? – Rebati. Discutindo com um espírito? Que evolução Hayley.

Garota... – Senti alguem encostando em meu braço, no lado direito, era um borrão preto me tocando. Olhei para o lado e vi uma mancha ainda maior, o mesmo homem que vivia me atormentando em noites de tempestade, que me levava para a maldita noite na campina.

– Sai daqui! – Gritei indo para longe dele.

– Eu te mostrei passado, presente e futuro... E o que poderia acontecer, tracei seu caminho até aqui e é assim que me retribui? – Disse em um tom de ironia e desaprovação.

– Maddox? – Perguntei confusa, não conseguia ver seu rosto branco borrado, nem seus olhos vermelhos, mas quando ele disse aquilo...

– Finalmente! – Ele tomou uma forma mais humana, com um pouco mais de curvas, ele ganhou mãos e seus olhos vermelhos, do tamanho de bolinhas de gude, surgiram. – Você precisa descobrir o que aconteceu no acampamento para mudar o futuro! – Agora ele parecia implorar.

– Porque não me disse tudo isso antes? Porque brincou comigo?! – Perguntei exasperada.

– Não posso intervir nas suas decisões, somente te auxiliar... Você acha que eu não gostaria de ter mostrado para Margaret como tudo começou?

– O que você quer que eu faça? Em relação ao acampamento...? – Estava me acalmando pouco a pouco, não precisava surtar mais, Maddox era... quase um membro da família.

– Se você descobrir o que aconteceu ali e encontrar quem fez isso com você, irá evitar que o mundo caia em destruição...

– Isso é um jogo de video game agora? Ficção ciencitifica? Qual é – Revirei os olhos não acreditando no que estava ouvindo.

– Não brinca com isso – Disse sério em um tom de rosnado.

– E como eu vou fazer isso, gênio? – Ironizei.

– Você já encontrou o responsável por isso várias vezes, só não se lembra porque ele mexeu na sua memória...

– Tipo... ?

– Descubra por conta, mas tome cuidado, se você errar, nosso futuro estará perdido.

– Tudo bem... – Comecei a pensar no que ele me dissera, talvez, continuar lendo o diário me ajudasse a entender o resto da situação, mas agora, queria tirar algumas duvidas – Você disse que já me mostrou o futuro e o que poderia ter acontecido...

– Sim, 2038, lembra-se? Um mero detalhe alterado no acampamento tornou aquilo apenas um caminho vazio que você poderia ter seguido... – Explicou brevemente.

– Traduza. – Queria mais detalhes

– Se aquela mudança não ocorresse, você estaria em coma, seu amigo casado com Viollet e seu futuro alterado pelo resto de sua misera vida, inclusive o da sua linhagem. O dom não continuaria mais entre os bons ele iria para os maus – deu ênfase nos lados opostos. Ele se referia a quem?

– Quem?

– É esse alguem que você deve descobrir – Deu de ombros. Era uma entidade muito petulante. – Mas, se ele vencer a linhagem continuará através de si e o mundo reinará em caos...

– Você já disse isso. - bufei

– Estou reforçando

– Percebi... – Ouvi a maçaneta da porta se mover, parecia girar em camera lenta.

– Ele é ardiloso, sabe como agir, controla a mente de algumas pessoas e as faz ver o que quer. Consegui te lembrar de alguns pontos chaves sobre o ocorrido no acampamento, o resto é ilusão, não acredite. – Maddox disse apressadamente – Tenho que ir, aparecerei quando for necessário – E desapareceu, antes que eu pudesse pedir mais alguma coisa. Ele simplesmente se desmaterializou no ar.

– Consegui algumas tranqueiras - Robert disse jogando alguns pacotes em cima do sofá. – Aconteceu alguma coisa? – Perguntou. Ele me encarava fixamente.

– Acredita nas histórias de super heróis?

– Não, eles são só ficção – Deu de ombros.

– Pois bem, deveria, porque vamos salvar o mundo.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado, terminou um pouco " heroico" mas é a zueira de sempre dos amigos. Não se esqueçam do review e até a próxima



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