O que poderia dizer? Tudo estava uma zona dentro da minha mente. Eu tinha uma irmã e ela era Violet. Da pra me entender? Não, é tão estranho! Ela poderia ter me matado há muito tempo atrás, mas porque ela não fez isso? Por quê? O que ela estava tramando? Era isso o que eu precisava descobrir o mais rápido possível, antes que seja tarde demais para mudar alguma coisa...

Larguei tudo em cima da bancada dando alguns passos para trás, aproximando-me das escadas. Não acreditava no que havia visto, estava um caos dentro de mim, mas tinha firmes conclusões que acusavam Violet de todas as maneiras possíveis. Maddox disse que meu inimigo invadiu a casa e roubou o diário, pois existia algo lá que juntaria todas as peças de uma só vez, se Violet era minha irmã e foi à primeira, sendo assim, ela também teria poderes, entretanto, porque eu também possuía esse “dom” não sabia Maddox também não sabia, ou escondia.

Precisava voltar logo para casa, encontrar Violet e confronta-la. Se eu encontrasse o diário com ela, todas as peças estariam respectivamente encaixadas e eu precisaria apenas descobrir o final dessa historia toda o que poderia significar o recomeço de tudo caso eu errasse em algo, ao menos, foi o que entendi quando Maddox disse tudo aquilo.

– Robert vem aqui! – Ordenei tirando-o parcialmente de seu transe. Mesmo assim, ele permaneceu inerte por alguns segundos, digerindo tudo o que acabara de ver.

– Eu nunca mais venho aqui! – Reclamou correndo escadas a cima e sendo o primeiro a chegar à cozinha.

Segui-o logo atrás, imersa em meus próprios pensamentos. Ao chegar na soleira da porta, olhei para trás e observei o lugar escurecendo aos poucos, como se o único feixe de luz que o iluminava estivesse sendo bloqueado lentamente, o que era estranho uma vez que o ambiente possuía uma lâmpada.

Bati a porta atrás de mim e fiquei encostada nela por alguns segundos, respirando profundamente, pensando no próximo passo. Peguei meu celular no bolso do meu jeans, abri a caixa de mensagens e escrevi para o meu pai pedindo para ele voltar logo. Instantes depois ele respondeu que já estava perto.

Subi para o andar de cima e procurei qualquer coisa que tenha ficado fora da mala durante a arrumação rápida, porem tudo estava em seus devidos lugares. Voltei para a sala e notei Robert sentado no sofá ao lado de sua mala, mexendo em seus dedos enquanto pensava em algo. Aproximei-me dele tentando chamar sua atenção, mas ele não percebeu.

– Acho que tudo está quase resolvido... – Disse sentando-me ao seu lado.

– O que você viu? – Perguntou ainda fitando o chão.

– Já sei quem é minha irmã... Eu acho... – Não tinha certeza, mas, pela descrição do diário da minha avó, Violet se encaixava perfeitamente então deduzia isso.

– E quem é? – Pareceu animado, levantou os olhos e me encarou.

– Violet.

– Ah... – Ele não pareceu surpreso nem nada do gênero, pelo contrario, pareceu desapontado com algo.

– O que? – Indaguei confusa.

– Eu já imaginava... – Sussurrou.

– Como assim “já imaginava?” – Fiquei confusa, surpresa ao mesmo tempo e chocada, ele estava me escondendo algo e agora eu iria arrancar tudo!

– Eu não posso dizer... – Murmurou baixo desviando o olhar.

– Chega de joguinhos, ok?! Estou cansada de sofrer há anos por coisas que você sabe, estou cansada de estar lutando para descobrir a verdade enquanto você não me diz nada! – Comecei a gritar, perdi o controle e a razão no momento em que ele começou com essas “palhaçadas”, mas agora era serio, eu não aguentava mais tantas omissões.

– Hayley, por favor, eu...

– Por favor, digo eu! – Cortei-o antes que terminasse de falar – Não aguento mais isso, ta’? Chega! Eu quero a verdade agora! – Eu estava a ponto de explodir, podia sentir minha cabeça latejando e minhas mãos tremerem parecendo seguir a palpitação frenética do meu coração.

– Olha... – Suspirou profundamente dando a entender que estava pronto para falar - Minha mãe trabalhava não orfanato logo quando eu te conheci... Um dia, quando eu estava lá mexendo nas coisas, vi a ficha de Violet, junto da de outras pessoas que tiveram suas adoções recusadas e me interessei pelo sobrenome dela que era idêntico ao seu e ao nome da mãe dela que era o mesmo da sua... Eu já sabia... Há alguns anos, mas não liguei mais para isso, deixei de lado por não achar relevante... Se você não sabia disso, porque eu contaria? – Indagou como se fosse à coisa mais natural a se fazer. Nessa hora eu já sentia algumas lagrimas escorrendo pelos meus olhos, mesmo tentando reprimi-las, elas não se controlaram – Então quando você foi parar no hospital, coincidentemente, foi ela quem te atendeu, mas fui descobrir que ela era aquela Violet dias mais tarde... Não te contei porque você precisava descobrir por conta própria...

– Robert eu... – Não sabia o que falar, mas estava feliz por ele ter finalmente contado algumas coisas para mim, por finalmente ter acabado com essa tortura insuportável.

– Me desculpa... – Pediu meio sem jeito se aproximando mais de mim no sofá.

Encostei a cabeça em seu ombro e apoiei minha mão direita em seu antebraço, fazendo alguns círculos em sua pele meio quente enquanto pensava em algumas coisas e, mesmo sem querer, me sentia mal por ter sido meio rude com ele e soltado aquelas coisas tudo de uma vez. Esse era o meu problema, desabafar e me sentir mal por isso e olhe que nem foi tanta coisa assim, eu poderia ter dito muito mais como às vezes em que ele arrastou asas para ela, mas eu iria pagar de ciumenta e não estava com vontade de passar essa impressão.

Algum tempo depois, ouvi o carro do meu pai se aproximando da casa. Ele buzinou algumas vezes e ligou o farol alto deixando alguns feixes de luz entrar pela casa. Robert e eu pegamos nossas malas e caminhamos até o veiculo, trancando a porta atrás de nós e agradecendo por não ter mais a necessidade de voltar lá – mas algo de mim dizia que aquilo era apenas momentâneo – entreguei a chave para o meu pai, Robert colocou as malas no porta malas e sentamos no banco de trás, nos aconchegando o máximo que podíamos no meio de algumas tralhas que minha mãe provavelmente comprou em uma loja de antiguidades.

– Desculpe-nos a demora, sabíamos que íamos passar algum tempo, mas não tanto... – Minha mãe se pronunciou nos mostrando um sorriso gentil e doce de sempre, porem, aquela altura do campeonato, estava sentindo um pouco de raiva dela, não muito, mas o suficiente para ser grossa.

– Foram só alguns dias. – Dei de ombros, nem percebi eles passarem, estava tão imersa em minha leitura e focada nas descobertas que nem notei o tempo passar.

– Vocês comeram alguma coisa? – ela perguntou puxando conversa. Meu pai já estava dando a volta no quarteirão para seguir para a estrada principal e eu não havia dito nada. Robert então tentou puxar assunto com ela, ele sabia como eu estava me sentindo enquanto simplesmente os ignorei ouvindo uma musica qualquer.

Iria demorar um pouco até voltarmos pra casa, mas quando chegássemos a primeira e ultima parada seria Violet.