Filha De Todos escrita por Anne Kath


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bem finalmente o segundo capítulo, não tem ação ainda, mas estou planejando muitas coisas que eu espero que vocês gostem... muito obrigada a quem está lendo.



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Melany

Minha mochila já estava pronta e nas minhas costas, quando estava prestes a abrir a porta Atena entrou. Ela encarou a minha mochila e as minhas roupas.

–Você está mesmo determinada a destruir a Terra com a fúria de Zeus!- revirei os olhos, ela estava exagerando e sabia disso. Atena cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.- Já não o irritou o bastante?- eu não gosto de discutir com Atena, antes que eu dissesse qualquer coisa a ela, já me sentia completamente errada, pois ela é a deusa da sabedoria, eu não.Mas se eu não dissesse alguma coisa não sairia daqui, e se não saísse daqui não descobriria meu passado, e se eu não sei o meu passado, quem sou eu?

–Eu estou cansada de mentiras! Estou cansada de fingir que sou uma deusa, quando na verdade sempre senti que isso não era verdade, eu sou uma semideusa, também estou cansada de fingir que vocês são aquilo que na verdade não são.-as lágrimas retornaram e escorriam pelo meu rosto.-Sabe que você sempre foi como uma mãe para mim, mais até do que aquela que vocês disseram ser minha mãe,...mas não é verdade, Zeus não é meu pai, e Hera não é minha mãe, minha vida é uma completa mentira, e eu pretendo mudar isso.- Atena assentiu e descruzou os braços, os olhos brilhando.

Eu nunca em toda a minha vida no Olimpo vi um dos deuses chorar, e nem pretendia ver agora.

–Quanto a Hera eu não sei, mas para mim você sempre foi uma filha.-disse ela.-E por mais que você não tenha o sangue de Zeus correndo em suas veias, ele ainda é seu pai.

–Sei disso! Mas ainda quero conhecer a verdade.

Atena assentiu novamente.

–Diga-me quem ele é!-implorei.

Atena negou com a cabeça, os cabelos loiros refletindo a luz de meu quarto.

–Jamais enfrentaria Zeus de tal maneira.-olhei para o chão decepcionada, estava prestes a seguir meu caminho, quando ela prosseguiu.-Já estou muito encrencada só em arrumar um transporte para você ir para o acampamento meio-sangue.-olhei para ela surpresa, quando finalmente me dei conta do que ela havia dito corri para os braços dela.-Você iria de qualquer jeito, mesmo que eu tentasse te impedir, então, se tiver que ir, que seja segura.

–Obrigada... mãe!- Senti os braços dela se estreitarem a minha volta.

–De nada, meu amor!

. . .


Atena me acompanhou até o térreo do Empire State, quando saí do arranha céu, encontrei a minha frente o táxi das irmãs cinzentas. Entrei no táxi.


–Vespa, cuidado com esse dente.

–Dirija esse táxi e não me amola, Ira, já deixei você com o olho.

–Graças a Atena!

–É com licença!-chamei.

–Sim?-Ira me olhou com aquele único olho.

–Eu vou para...

–Sabemos! Atena já pagou 10 dracmas de ouro para te levar o mais rápido possível até o Acampamento Meio Sangue.-disse Vespa.

Em seguida uma voz começou a falar para que eu apertasse o cinto e uma lista de coisas que eu não poderia utilizar ou fazer no táxi, e é claro, os agradecimentos, por ter escolhido o táxi das irmãs cinzentas.

Mal havia colocado o cinto e o táxi já havia avançado a uma velocidade que eu podia jurar que faria meu coração sair pela minha boca, tanto que nem me atrevi a gritar.

–Nossa, vai ter uma tempestade! – no instante em que ouvi isso olhei pela janela, a nuvem cinza escura estava começando a cobrir o céu de Nova York, e de repente a velocidade que antes parecia ser absurda, parecia extremamente lenta. Elas talvez não soubessem o que aquela nuvem significava, mas eu sabia muito bem.

–Verdade?

–Sim, estou vendo!

–Desculpe estou sem o meu olho!

–O olho não é só seu, Vespa.- Ira olhou para alguma coisa que estava na mão de Vespa.

–Dê-me esse sanduíche.

–Por que? Você nem tem o dente para comê-lo!

–Então me dê o dente e o sanduíche.

–Não!- disse Vespa decidida. Reparei que somente duas das três irmãs discutiam, a outra parecia estar...dormindo.

–Estou com fome!

–Eu também!

Revirei os olhos, era impressionante a rapidez com que elas conseguiam mudar de uma discussão para a outra.

–Me dê esse dente.

–Me dê esse olho.

–Estou dirigindo.

–Então morra de fome.-gritou Vespa.

–Não posso morrer de fome.

–Então por que quer o sanduíche?

–Porque estou com fome já disse.

–Blá-blá-blá.-debochou Vespa, e deu uma mordida no sanduíche, que parecia mais um sanduíche estragado.

–Já chega, me dê isso agora.-Ira tentou pegar o dente e o sanduíche, seu braço esbarrou no volante, fazendo o carro inclinar e começar a acelerar cada vez mais. Dessa vez eu não consegui me segurar, comecei a gritar de desespero.


–Ora, pelos deuses, já chegamos?-perguntou Vespa.


–Olha! Já chegamos.- O táxi parou brutalmente, tirei o cinto o mais rápido que podia, corri para sair, e quando olhei para trás o taxi não estava mais lá.

Encarei a árvore no topo da colina, com o Velocino preso em um de seus galhos, protegido por um dragão. Percebi que tinham quatro pessoas ao lado da árvore, quero dizer três, um deles era um centauro. Reconheci Percy, Annabeth, Grover e claro não tinha como confundir Quíron, que a propósito era muito mais alto do que eu imaginava. Eu cheguei ao topo com aquele famoso friozinho na barriga, Quíron havia parado de falar e me encarava, apesar de todos perceberem que havia algo atrás deles, nenhum deles se virou, e o fato de Percy ter puxado a caneta do bolso não me deixou nem um pouco mais tranquila.

–Olá!- disse. Percy destampou a caneta e apontou a espada para mim. Ergui minhas mãos em inocência.-Meu...meu nome é Melany, sou...uma meio sangue e... eu... bem...-Percy me olhava como se eu o lembrasse de alguém, depois de alguns poucos segundos seus olhos se arregalaram.

–É ela!

–O que?-disse Annabeth incrédula.-Mas disse que ela era uma criança.-olhei para eles confusa.

–No meu sonho era!- como assim? Percy Jackson havia sonhado comigo?

–Acho que não precisam mais sair do acampamento.- disse Quíron.- Melany certo?

Assenti com a cabeça.

–Queira me acompanhar.-Quíron se virou para o acampamento,e o segui, até que parei e olhei para trás. Percy e Annabeth pareciam estar discutindo. A aura deles era incrível, é bem, eu tenho um poder que me foi dado por Afrodite, poder esse que eu poderia ver se as pessoas tinham um relacionamento que ia além da amizade, mas também foi só isso que ela me deu, achei uma completa injustiça, eu não ter a capacidade de ver minha própria aura, mas fazer o que? Foi o que ela me deu.

–Percy! Annabeth!-chamei.-Vocês não vêm?- os dois ficaram boquiabertos ao ouvir os próprios nomes. Tive de me lembrar de que eles não me conheciam, então dei as costas para eles e corri até Quíron, antes que eles começassem a me interrogar, e não estava nem um pouco afim de contar minha história agora.

Havia visto o acampamento pela fonte, mas vê-lo ao vivo era mil vezes melhor.

Todos os chalés formados em U, a floresta logo ao lado, e as áreas de treinamento. Enquanto Quíron me explicava as regras do acampamento que eu a propósito já conhecia de trás pra frente e de frente para trás, eu gravava cada detalhe do lugar que sonhei em estar desde que soube de sua existência. Era tão bom que tive que me beliscar para ter certeza de que não estava sonhando.

Após me mostrar tudo, Quíron me guiou até o refeitório, onde todos já estavam em seus devidos lugares, olhei o relógio em meu pulso, é já estava na hora. Avistei Dionísio com três latas de coca-diet bem a sua frente. Quando me viu levantou tão rapidamente que derrubou as três latas ao mesmo tempo.

– O que faz aqui?- perguntou com raiva.

–Sou uma meio-sangue, não sou?- disse sorrindo.

–Meu pai sabe que está aqui?-fiquei séria.

–Você me causará problemas, pirralha, saía daqui!

–Você me entregaria aos monstros, Dionísio?- Dionísio estreitou os olhos furioso, sabia que aqui deveria chamá-lo de senhor D, mas não resisti em provocá-lo. – Tenho certeza que isso lhe causaria mais problemas com Zeus!

–Zeus?-Dionísio ergueu uma sobrancelha.-Não o chama mais de papai?

Agora foi a minha vez de estreitar os olhos, estava ciente de que todos prestavam atenção, assim como Percy e Annabeth que estavam bem atrás de mim. Se teve uma coisa que Dionísio puxou e muito bem do pai, foi o gosto pela sua habilidade teatral, e a forma de fazer isso se tornar um jogo, um jogo que eu não iria entregar assim tão fácil.

–Por mais que ele não seja meu pai de sangue, ainda é o meu pai.

–Então por que está aqui, “irmãzinha”?

–Por que quero descobrir a verdade.- Dionísio deu aquele seu sorriso cruel que me fazia sentir calafrios.

–E eu quero estar perto quando descobrir.-Os olhos de Dionísio brilhavam de expectativa, como se um espetáculo muito bom estava por vir.

Não estava mais afim de jogar.

. . .


Quíron me levou até o chalé de Zeus, ao entrar no chalé, não pude deixar de reparar que lembrava o meu próprio quarto no Olimpo. Suspirei. Ao menos eu tinha a vista para o mar.


Troquei de roupa e deitei na cama, fiquei olhando o mar, e ouvindo o som das ondas quebrando na areia, e os ruídos que viam da floresta, essas eram as únicas coisas naquele quarto que me garantiam que eu não estava no Olimpo.

Quando meus olhos estavam quase fechando, um clarão fez com que eu os abrisse, logo em seguida vi um raio encostar no mar como um alerta, percebi que o raio chegava cada vez mais perto, já era capaz de ouvir os trovões que vinham depois dos raios que sempre apareciam em lugares diferentes.

Um trovão agora quase estourou meus tímpanos, ao mesmo tempo em que outro clarão iluminou meu quarto, o que significava que o raio caiu, dentro do acampamento, mas...no acampamento não tinha tempestades.

–Melany!- ouvi a voz me gritar como um trovão do lado de fora.

Senti meu coração se acelerar, o medo que não havia sentido no Olimpo, agora veio com um peso muito maior.

Ouvi os campistas correndo para ver o que havia acontecido.

–Zeus! Acalme-se!-ouvi a voz de Atena, levantei em um pulo, e fui trocar de roupa o mais rápido que eu conseguia, e saí do chalé.

–Você já fez o bastante, Atena!- Encolhi os ombros, ela definitivamente estava, muito, muito encrencada. Comecei a empurrar os campistas para chegar lá na frente.

–Todos eles estão aqui!-ouvi alguém dizer.

Todos? Como assim todos? Não! É impossível que todos eles tenham vindo.

–Zeus ela é só...-Hera tentava acalmá-lo, mas quando me viu se interrompeu.

Realmente, estavam todos lá.

Hera, Zeus, Poseidon, Hades, Atena, Afrodite, Apolo, Ares, Hermes, Ártemis, enfim, todos.

–O que é isso?- perguntei.-Uma reunião familiar?- Zeus me olhou com raiva.

–Vamos para casa, Melany.-disse Zeus se segurando para não ser mais grosso. Ouvi os campistas murmurando atrás de mim.

–Não, não vou!- disse. Os murmúrios foram para os “Ós” e depois mais murmúrios. –Não pode me prender lá pra sempre.

–Posso!- disse Zeus agora sem conseguir segurar a voz, e um trovão soou para me mostrar o quanto ele falava sério.

A raiva tomou conta de mim, já era capaz de sentir meus cabelos flutuando e meus pés saindo do chão. O silêncio agora era mortal, o vento estava começando a ficar mais forte.

–Então me leve, me leve embora! Mas não espere de mim aquela menina obediente que sempre fui.

–Não importa as ameaças que você me faça, ainda mais uma ameaça de menina mimada como essa, você irá voltar para o Olimpo comigo, AGORA!

Respirei fundo e comecei a gritar, cinco trovões soaram sem dar um intervalo de mais de três segundos, raios tocavam o mar, uma onda de cinco metros se formou, o vento ficou tão forte que arrancou um galho, mais grosso que um poste, de uma árvore, o galho passou raspando por meu rosto, quando parei de gritar, a onda se dissolveu segundos antes de chegar até nós, parou de relampejar, e o vento se resumiu a uma leve brisa, tudo ficou extremamente triste. Enquanto soluçava meus pés se aproximavam do chão, até que chegou uma hora em que eu estava encolhida de joelhos.

–Eu quero o meu pai!- disse.

–Eu estou aqui!- disse Zeus com os braços abertos e dando um passo a frente.

–Não estou falando de você.- disse olhando para ele com raiva.

Vi Zeus dirigir um olhar gélido a Poseidon que sorria de orelha a orelha.

–Deixe ela aí, nós já a sufocamos demais.- disse Hera, colocando as duas mãos no braço direito de Zeus.

–Eu dei tudo a ela.-ele gritava.

–Não!-gritei.- Você me deu mentiras.

–Eu nunca nenhuma vez menti ao te chamar de filha.- disse Zeus com a voz falha, o que era novidade, Zeus nunca perdia a compostura.

–Eu sei...sei que apesar de não ter seu sangue correndo em minhas veias, você me criou... você é meu pai,- olhei para Atena enquanto dizia isso, ela deu um meio sorriso para mim.-mas ainda quero saber quem ele é.-disse, Zeus me olhava decepcionado e com puro desgosto. Balancei a cabeça e olhei para o chão.-Você não compreende.

–Não, realmente não compreendo.- disse Zeus com raiva.

Poseidon se aproximou de mim e me abraçou sem se importar com o olhar reprendedor de Zeus.

–Quem é meu pai?- perguntei a Poseidon.

–Se quer saber, descubra sozinha.-disse Zeus antes que Poseidon sequer cogitasse responder. Dei um abraço forte em Poseidon como quem dissesse “Sinto que é você”.

Parei de abraçá-lo e olhei para ele, seu olhar parecia distante como se estivesse olhando através de mim. Levantei-me.

–Quíron!-chamei.

–Preciso de uma autorização para uma missão. E gostaria de chamar três acompanhantes.

–E quem seriam?-perguntou ele.

–Percy, Annabeth e Grover.

–Nós topamos!-gritou Annabeth com a mão erguida correndo para ficar ao meu lado diante dos deuses.

Atena se aproximou de nós, vi Annabeth abrir um sorriso, realmente pensei que Atena fosse dar um abraço em Annabeth, mas ela veio me abraçar, e com o canto do olho vi o olhar que Annabeth me lançava e não era nada amigável. Depois que me abraçou Atena deu um abraço e um beijo na bochecha de Annabeth, em seguida sussurrou algo em seu ouvido, o olhar de Annabeth foi de raiva a preocupação, medo e incredulidade.

Atena se juntou aos outros deuses, e eles estavam prestes a partir, até que um garoto correu chamando eles. Ele me era familiar.

–Esperem! Gostaria de ir na missão junto com eles.

Hades olhou para o menino e sorriu, mas não foi um sorriso comum, era mais como se tivesse passando uma mensagem.

É claro, o cabelo negro como os olhos, pálido e ameaçador, as roupas pretas, lá estava ele Nico di Ângelo, não o havia reconhecido pois ele havia ganhado alguns bíceps.

–Zeus, sei que apesar de sua filha ser teimosa você a ama.- ergui uma sobrancelha, mas o que?- E com todo respeito Poseidon, mas não confio em Percy Jackson como alguém que possa protegê-la... Até porque todos aqui conhecem a história de minha irmã Bianca.-disse Nico. Zeus ergueu a cabeça.

–Quíron, autorize a ida de meu sobrinho com Melany.- Quíron parecia não gostar da ideia, mas ele não iria negar uma ordem de Zeus.

–Fico muito agradecido!- disse Nico.

–Tchau, pa...Zeus!- me corrigi.

–Ainda sou seu pai, Melany. –disse Zeus parecendo chateado.

–Tchau...pai! –depois disso eles desapareceram, cada um deixando o rastro de que esteve aqui. Suspirei.

Irei descobrir, sei que irei... mas... será que era realmente necessário?



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Notas finais do capítulo

Então gostaram? Estou de parabéns? Preciso melhorar alguma coisa? É só falar tá pessoal, opinião é importante ...:D