Melany

Depois daquele sonho, mal consegui dormir a noite. Minha cabeça girava somente em torno da vontade sufocante que sentia de ver minha mãe. Assim como o meu pai, no entanto, Poseidon sabia que eu estava viva. Enquanto Sally, eu tinha certeza que não fazia a mínima ideia.

-Melany!- sentei na cama e olhei para a pessoa que me encarava na porta.

-Oi, Percy!- ele sorriu.

-Bom dia, irmãzinha!- dei um sorriso, mas logo ele pareceu um esforço muito grande.

-Melany, você está bem?- perguntou ele preocupado.

-Não consegui dormir!- disse. Percy ergueu uma sobrancelha, desconfiado, um meio sorriso brincou em seus lábios. Essa reação me fez pensar no que se passava pela sua cabeça agora.

-Por quê?- Olhei para os olhos do meu irmão, e a cena do bebê nos braços de Sally me veio à cabeça.

-Tive um sonho!- disse. Percy ficou sério.

-O que você viu?- dei um meio sorriso, mas este também não durou muito.

-Vi como nos separávamos. – respondi. Percy adquiriu um olhar triste. –Ainda éramos muito bebês. Não devíamos ter nem cinco meses de idade. – disse. Ele pareceu confuso agora.

-Mas então... por que sonhei com você quando devia ter uns sete anos?- perguntou ele.

-Tenho certeza que você sentiu que eu precisava de você, então sua mente deve ter me projetado nessa idade com um alerta, um pedido de socorro. -Expliquei, havia lido algo do tipo quando descobri que era uma meio-sangue, e fui pesquisar na biblioteca do Olimpo.

-Entendi!- disse ele. Ele encarou minha mão, pensativo.

-Percy!

-Sim?

-Quero ver nossa mãe!- disse, mas pensei melhor- não, ver não, morar com ela... Aí, Percy!- suspirei- Você não sabe como ela reagiu quando o raio atingiu a mim e a Posei... nosso pai.- balancei a cabeça com a memória- Ela pensou que eu tivesse morrido.

-Todos que sabiam de sua existência, Melany, pensaram que você tivesse morrido... Com exceção dos deuses é claro. - disse ele.

-É claro!- suspirei novamente. Ele sorriu.

-Mas Melany... – olhei para ele – era justamente sobre isso que eu vim lhe falar. Nós vamos...

-Você conseguiu, Melany!- Zeus interrompeu Percy- Como sempre consegue!- disse ele parecendo triste. - Você vai morar com a sua verdadeira família.- ele disse a palavra verdadeira com desprezo, mas não me importei.

-Verdade?- Zeus assentiu triste. Meu coração batia a mil por hora.- Ho pelos deuses, não acredito!- corri para os braços de Zeus e lhe dei o abraço mais forte que eu podia dar em alguém. – Obrigada, papai!- olhei em seus olhos cinzentos que estavam cheios de lágrimas... é eu sei. Zeus estava prestes a chorar. Nunca o havia visto chorar em toda a minha vida, e via que pelo esforço que estava tendo para não chorar, não pretendia permitir que eu tivesse a minha primeira vez. E pode acreditar, eu espero que nunca haja essa primeira vez.

-Ainda continuará me chamando de pai apesar de saber que sou seu tio?- perguntou ele surpreso.

-Você me criou.- disse- Ainda é meu pai.- ele sorriu e me abraçou forte.- E pode ter certeza de que virei te visitar.- acrescentei.

-Venha quando quiser!-seu sorriso se alargou- Já está tudo pronto para vocês irem,... quis dar a notícia pessoalmente para que ninguém me visse perder a compostura, quando me despedisse de você.- Revirei os olhos- E outra, Sally não sabe que você está indo para lá. Também não sabe que você está viva.- arregalei os olhos- Percy insistiu em fazer surpresa.- Olhei para Percy.

-Por favor, me diga que ela não tem problemas cardíacos!

-Se fosse assim ela já estaria morta.-disse- Já parou para contar as furadas em que me meto?-ri.

-Mas e as minhas coisas?- perguntei.

-As ninfas já cuidaram de tudo enquanto dormia.- respondeu meu pai adotivo. Foi aí que olhei bem para o meu quarto, estava praticamente vazio. Era estranho olhar para ele daquela forma, passava uma aura tão triste.

-Vamos, Melany?- Olhei para o meu irmão e sorri.

-Vamos!

Nico

Havia passado a noite em um hotel qualquer em Manhattan. No dia seguinte entrei em contato com uma das ninfas, e ela me disse que Melany iria morar com Sally e Percy. Será que dava para ficar melhor? Havia visto um apartamento à venda em um prédio, que para a minha satisfação, era literalmente em frente ao prédio onde Sally morava. E como eu tinha uma grande quantia de dinheiro na minha mochila, acreditei que aquele apartamento estava destinado a mim. Só teria que tomar cuidado para que ela não descobrisse que morava no prédio em frente ao dela. Sorri.

Se fosse para proteger Melany, protegeria direito.

Melany

Havia chegado ao prédio de Sally. Minha futura casa. Meu coração disparava e meu estômago parecia querer congelar.

-Percy!- chamei.

-Que foi?

-Estou nervosa. - Percy sorriu e segurou a minha mão. –Não fique.- engoli em seco.

-Percy!- ele riu.

-Oi?

-Onde está Annabeth?- senti ele ficar tenso por um instante.

-Voltou para o acampamento. Por quê?

- Acho que eu preciso de um apoio feminino. - disse nervosa.

-Meu apoio não serve? – perguntou Percy ofendido.

-Sim, mas... sei lá! Coisa de garota. – Percy deu de ombros.

-Ela disse que não queria se envolver em um momento tão importante e familiar. – ergui as sobrancelhas surpresa.

-Annabeth é sua namorada, Percy. É praticamente da família. –Percy ficou boquiaberto e também muito vermelho. Quando pareceu se recompor disse:

- Eu sei!- depois suspirou- Mas ela teve mais coisas para resolver com Quíron sobre Gaia!- disse- Alias, só podemos ficar aqui três dias.- disse.

-O que? Por quê?

-Por segurança. –disse ele- Depois voltaremos ao acampamento. – suspirei e assenti.

Percy me puxou para dentro do prédio. O porteiro nos viu e pareceu reconhecer Percy.

-Boa tarde, Percy.

-E aí, Cal!- Percy respondeu e depois entramos no elevador. Quando as portas do elevador se abriram, meu coração pareceu dar um pulo. Percy me guiou pelo corredor e me fez ficar ao lado da porta que julguei ser a do apartamento de Sally.

-Não saia daí até o meu sinal.- assenti obediente. Ele tirou as chaves do bolso e abriu a porta.

-Mãe?- ele chamou.

-Percy?- Quando ouvi a voz dela minha respiração acelerou. – Ha mas que surpresa maravilhosa, Percy!- Será que ela acharia maravilhosa a surpresa de sua filha antes morta, aparecer com dezessete anos na sua casa?

- Mãe... quero que conheça alguém... ou talvez... que você reveja alguém.

-O que?- ela parecia confusa. Apareci na porta. Sally me encarou com uma expressão que dizia:

“Eu te conheço de algum lugar!’’

-Mãe... está é Melany.- sorri para ela.

-Olá!- disse.

Sally arregalou os olhos. Vi sua respiração ir e vir mais rápida que a minha. Acho melhor reconsiderar o fato de que talvez ela nunca tenha tido um ataque cardíaco, e... se não teve mesmo... Bem, acredito que estava tendo o seu primeiro.