Melany

Só havia conseguido dar dois passos à frente até me jogar no chão e começar a chorar. Nico não sabia que a arma que Hades queria era eu. Temia por Nico meu primeiro impulso foi me jogar em seus braços e permitir que ele me levasse a Hades. Mas a lembrança de Gaia me queimando foi forte demais.

-Perdoe-me, Nico!- sussurrei- Não posso te ajudar.

A culpa me atingia com intensidade, eu queria ajudá-lo, mas se eu o ajudasse não estaria só ameaçando a minha segurança como a segurança de todo mundo.

-Melany!- ouvi a voz de Rachel, enxuguei as lágrimas rapidamente.

-Rachel?

-Melany!- notei que a voz estava em minha cabeça. Rachel não estava lá.

“Gaia cairá

Cairá quando a filha de todos e o herói, tornarem-se um.”

-O que?- perguntei.- O que você quer dizer?- coloquei as duas mãos na cabeça enquanto ouvia um zumbido estranho e alto, minha cabeça começou a latejar.- O que você quer dizer?

-Melany!- olhei para trás assustada, Nico estava lá, e ele me olhava preocupado.

-O que? Já vai?- Falei olhando para a mochila em seus braços, ele também olhou a mochila por um segundo e depois dirigiu seu olhar a mim.

-Você quer mesmo que eu vá embora. - aquilo não foi uma pergunta.

-É o melhor para nós dois!- ele encarou o chão irritado- Acredite!- disse eu.

-Não consigo ver aonde isso pode me beneficiar. –Falou ele ainda encarando o chão como se ele fosse o maior culpado de tudo que estava acontecendo. O que é irônico, pois Gaia é a Titã da terra, no entanto estávamos no Olimpo que fica no céu então... é melhor desconsiderar o fato.

-Nico eu...

-Eu sei!- ele me olhou e ergueu as mãos, como quem estivesse em defesa- Eu sei! Eu prometi te proteger e se... você diz que me afastar de você é a melhor opção então eu farei.- Engoli em seco surpresa.-Posso ao menos... te dar...  um abraço?- perguntou ele.

-Cla... claro!- não demorou nem dois segundos e ele já estava me abraçando.

-Perdoe-me!- ele estreitou os braços. - Eu não sabia que iria chegar a esse ponto.

-Você não tinha como saber mesmo. Os deuses são imprevisíveis. – disse.

-Não estava falando dos deuses.

-O que?- perguntei confusa, Nico me olhou nos olhos, enigmático. Ele ajeitou a mochila nos ombros e saiu sem dizer mais nada.

- Nico!-chamei.

-Adeus, Melany.

Nico

Quando saí do Empire State, estava chovendo, olhei para o arranha céu, o cabelo molhado colando em minha testa e piscando por causa da chuva enquanto olhava o topo e imaginava, como seria se Melany não fosse o alvo principal de Gaia. Suspirei e virei no beco mais próximo onde não havia ninguém, invoquei uma sombra e entrei nela.

Eu iria ser capaz de fingir que estava longe dela?Acho que sim... pelo menos não estaria realmente longe dela.Bem, pelo menos faria com que ela acreditasse que eu estava longe.

-Você não irá se livrar de mim assim tão fácil, Melany Jackson!

Melany

O que havia sido aquilo? Que despedida foi aquela?

Olhei para minha cama, e lá deitei, fechei meus olhos e adormeci.

“Quando a filha de todos e o herói tornarem- se um.”

O que isso significava?

.   .   .

-Confie em mim ela e vocês estarão mais seguros se fizermos isso!- disse Poseidon.

-É a minha filha.- disse Sally.

-Nossa filha!- minha mãe tinha os olhos cheios de lágrimas.

Eles estavam em uma cabana em alguma praia que me era familiar, mas não me lembrava de ter estado lá nenhuma vez. Os dois estavam sentados em uma sala, minha mãe com um copo de café na mão e Poseidon com o braço esquerdo segurando seus ombros enquanto a olhava apaixonado. Notei que haviam dois carrinhos de bebê a frente deles.

-Sally, olhe para mim!- ela olhou para ele com um olhar tão intenso que fez com que eu desejasse poder olhar para alguém daquela forma. - Nós vamos conseguir.- ele segurou  seu rosto com as duas mãos e a beijou como se a vida dele dependesse disso, o que não fazia muito sentido se você considerasse o fato de que ele era imortal. Achei estranho a forma de como achei isso uma das cenas mais românticas que eu já tinha visto, levando em conta também o fato de que eu deveria achar isso nojento, já que eles são meus pais. Mas não achei, fiquei muito feliz na verdade. Poseidon realmente amava minha mãe. Depois de se beijarem ele a abraçou enquanto ela chorava em seus braços, fazendo carinho em seus cabelos consolando-a. Sorri enquanto sentia as lágrimas descendo pelo meu rosto.

Depois disso, tudo ficou embaçado e eu estava em uma praia.

Sally dava um beijo rápido em Poseidon e os dois, cada um, seguravam uma criança. Uma delas estava envolto em uma manta azul, esse estava nos braços de Sally, e o outro em uma manta lilás.

Poseidon fez um carinho na cabeça do bebê que estava nos braços de Sally e disse alguma coisa que não consegui ouvir.

Poseidon deu um abraço em sua temporária família e se virou para o mar com a criança com a manta lilás nos braços, quando Poseidon botou os pés no mar, as ondas se acalmaram em reverencia, no entanto o céu ficou escuro e um raio veio na direção de Poseidon e da menininha em seus braços. Um segundo foi o suficiente para que Poseidon dissesse o que tinha de ser dito a Sally.

-Esconda-se.- e o raio os atingiu, Sally se escondeu atrás de uma grande pedra, até que o raio desapareceu e junto com ele, Poseidon e a menininha. E um grito foi a última coisa que ouvi de Sally.

-Melany!

E meus olhos se abriram, eu acordei. Meu coração disparado e garganta seca, comecei a soluçar e a chorar.

-Mamãe!- sussurrei.

Percy

Minha cabeça girava com tantas revelações. Primeiro, eu tenho uma irmã, segundo, terei que batalhar novamente com um Titã, porém ainda mais poderoso... ou poderosa, devo dizer,... que o próprio Cronos. E outra essa Titã, tem como alvo principal a minha irmã. Será que dava para ficar pior?

Pensava enquanto caminhava pelo corredor, parei quando ouvi vozes.

-É o melhor para nós dois! Acredite!- Era a voz da Melany. Decidi ir ver como ela estava até que...

-Não consigo ver aonde isso pode me beneficiar.

Paralisei onde estava. Nico?

Escondido atrás da pilastra, consegui ver os dois conversando.

-Nico eu...

-Eu sei! Eu sei!... Eu prometi te proteger e se... você diz que me afastar de você é a melhor opção, então eu farei.- Melany ficou tensa, não conseguia ver o rosto dela, ela estava de costas pra mim,só conseguia ver o rosto de Nico, que parecia irritado.

-Posso ao menos...- Nico se aproximou um pouco, pela postura de Melany, ela não pareceu perceber a sua aproximação. –Te dar...- Te dar o que? Senti a adrenalina subir pelas minhas veias. –Um abraço?- franzi as sobrancelhas confuso, conheço Nico, e sei quando ele muda de ideia de repente, não era isso que ele ia pedir a Melany.

Nico abraçou Melany tão rápido que pelo menos para mim, passou a impressão de que ele estava desesperado por algo assim. Vi ele fazer carinhos nos cabelos dela de forma que ela não percebesse. Ele mexia nos cabelos de Melany como se fossem fios de ouro, preciosos, ele não queria deixar ela. Ele soltou os cabelos castanhos de minha irmã e disse:

-Perdoe-me, Melany!- ele agora a envolvia em um abraço apertado. - Eu não sabia que iria chegar a esse ponto.

- Você não tinha como saber mesmo. Os deuses são imprevisíveis.

-Não estava falando dos deuses. - Ele ajeitou a mochila e saiu. Sorri, eu sabia do que ele estava falando.

-O que?- Melany se virou para o ver partir. O olhar triste de Nico me fez sentir pena. – Nico!- chamou Melany.

-Adeus, Melany!- Nico deu um meio sorriso esperançoso. Nico realmente estava triste, mas o seu meio sorriso me garantiu de uma coisa, ele não ia deixar ela dessa forma.

Como um flashback,a cena de Nico hesitando em entregar Melany as ninfas para que a levassem ao quarto, me veio a cabeça.

Ótimo, Nico agora estava se apaixonando pela minha irmã. O filho do aliado de nossa inimiga estava se apaixonando pela minha irmã.

É parece que dava para ficar pior. Suspirei exausto. Fechei meus olhos enquanto absorvia mais essa. Mas... espera! Talvez não... talvez ele seja... um plano começou a se formar em minha cabeça, abri os olhos de repente e sorri. Olhei Melany se virando e olhando para trás confusa. Quando ela foi embora, corri para o quarto de Annabeth para lhe contar a nossa possível solução.