Ele me analisa por um tempo. Então depois de alguns segundos eu não me contive e pulei no pescoço dele, ele hesita, mas acaba cedendo ao meu abraço. Seus braços me envolveram e me fizeram sentir em segurança. Logo ele se afasta fica com um olhar fixo e não demonstra nenhum sentimento. Fiquei preocupada, querendo saber o que se passa em sua mente. Ficamos em silêncio por um tempo, então tento quebrar o clima ruim:
            – Oi Peeta, como está?
            – Bem e você?
            – Estou bem.
            – Oi pra você também Haymitch - ele fala olhando para Haymitch.
            – Vamos padeiro eu quero um abraço - Peeta não pensa duas vezes e o abraça.
            Novamente um silêncio toma conta do lugar, estou começando a ficar um pouco embaraçada com essa situação. Antigamente eu conseguia falar com Peeta abertamente, mas agora parece que alguma coisa está me impedindo.
            – Então... E...Er... Vamos para Aldeia dos Vitoriosos? - falo sem esconder o nervosismo e o constrangimento.
            – Vamos- fala sem olhar para mim.
            – Acho que vou dar uma passada na casa de Greasy Sae par ver se ela pode fazer uma faxina lá em casa- diz Haymitch.
            Eu sei muito bem que sua intenção era deixar Peeta e eu sozinhos, para conversarmos, acho que sem sucesso, pois o caminho todo seguimos completamente calados. Então ele abriu a porta de sua casa e me convidou para entrar, naquele momento ele olhou profundamente em meus olhos e eu retribui o olhar. Ficamos assim por um tempo, até que ele dirige o olhar para a janela. Está tendo um temporal. Estranho o tempo ter mudado tão bruscamente.
            – Você quer ficar até o temporal passar? - acho que ele leu minha mente.
            –Pode ser se não for incomodo.
            – Não, tudo bem...
            – Então, Peeta. Como foi ficar na Capital esse tempo todo? - falo na tentativa de começar um diálogo.
            – Torturante, passando por vários exames e analises diariamente. Passei por vários tratamentos, muitos deram errado. Mas pelo menos acho que estou me recuperando bem. E você, como tem sido sua vida no distrito 12?
            – Tem sido muito entediante, minha mãe está na Capital, como você já viu e Haymitch, bem, sabe como é, ele não conta ao menos que esteja quase sóbrio. Digo quase sóbrio, porque mesmo com muito esforço ele não conseguiria ficar realmente sóbrio.
            Ele ri. Quanto tempo eu não escutava aquela risada, eu fiquei comecei a rir junto. Eu pensei que não viria mais aquele lindo sorriso. Eu me sinto uma boba, Katniss Everdeen entregue ao amor. Pois é, eu mudei muito, quem não mudou? Passando por tudo que passamos é quase impossível não mudar.
            – Você está com fome? Posso fazer alguns pãezinhos de queijo, são os seus preferidos, né? - Peeta interrompe meus pensamentos.
            – Bem, eu estou sentindo falta dos seus pãezinhos. Tem uma pequena padaria aqui no distrito 12, mas os pães não são tão bons quanto os seus - eu falo.
            Ele vai até a cozinha e começa a preparar a massa dos pães. Fico admirando ele enquanto prepara, ele fica com uma cara de concentração, assim como fica quando está fazendo algum de seus desenhos.
            – Você tem falado com Gale?
            – Na verdade, não. Não vejo ele, bem, ele foi para o distrito 2 e... Depois de Prim... - lágrimas escorrem pelos meus olhos, pensar em Prim ainda doía e muito.
            – Eu sinto muito por Prim. Desculpa ter te feito lembrar-se dela, não era minha intenção- ele fala tentando consertar o que disse, ele está aflito.
            – Tudo bem, não é culpa sua.
            Não sei o que deu em mim, mas comecei a chorar muito. Talvez não só por Prim, também pelo fato de Peeta estar do meu lado, mas estar tão distante de ser o meu Peeta, que me amava. Peeta parece sem reação. Ele começa aos poucos chegar mais perto de mim e quando vejo, ele me envolve em seus braços. Minha respiração começou a ficar normal, ele me abraça até eu parar de chorar.
            – Está melhor? - pergunta preocupado.
            – Estou sim. Acho que vou indo a chuva esta fraca agora.
Ele não fala nada, quando estou abrindo a porta ele diz:
            – Fica mais um pouco, os pãezinhos estão quase prontos
            – Tinha me esquecido dos pãezinhos! Eu fico mais um pouco.
            Ele serve os pãezinhos. Estão quentes, macios e deliciosos, do jeito que só Peeta sabe fazer. Ouço um barulho na porta. Peeta atende, é o Haymitch.
            – Senti o cheiro de seus pães e resolvi dar uma passada para ver como vocês estão.
            – Estamos bem, Haymitch, mas acho que não foi bem por isso que veio - eu falo rindo, Haymitch olha para os pães e ignora meu comentário.
            – Vou deixar vocês conversarem à vontade. Preciso ir- falo saindo rapidamente.
            Fui até a floresta, resolvi não caçar. Apenas sentar e colocar meus pensamentos em ordem. Penso que devo dar um tempo para Peeta, colocar sua cabeça no lugar e ver se ele ainda sente alguma coisa por mim. Resolvi voltar para casa, já estava tarde e eu estava cansada. Cheguei em casa, vesti minha camisola preta e me deitei. Não demorei muito para dormir, mas minha noite foi cheia de pesadelos. O que mais me chamou atenção foi um que:

            Eu estava sendo perseguida por bestantes, Peeta estava correndo no meu lado, mas ele tropeça. Foi o tempo suficiente para o bestante alcançar Peeta e eu ser obrigada a assistir sua morte eu gritava o nome de Peeta e não obtida resposta eu tremia e chorava. Aquilo não tinha fim, a morte de Peeta foi tão lenta e dolorosa quanto a de Cato e eu não podia fazer nada.

            Acordo sentido braços envolta de mim. Um calor percorre meu corpo...