Lies escrita por E R Henker


Capítulo 4
Capítulo 3




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Capítulo 3

 

Katherine remexeu-se sob os lençóis, a posição na qual havia adormecido fazia seus braços latejarem, na verdade, seus pulsos doíam demasiadamente. Seus braços estavam encolhidos juntos ao seu corpo, mas algo a machucava além do simples incômodo natural que há quando se dorme de mau jeito.

 

Abriu os olhos, um feixe de luz bateu exatamente em seus olhos claros, fazendo com que ela voltasse a fechá-los imediatamente. Tentou subir mais próxima à cabeceira da cama, mas algo a impedia de fazer isto, arrastou-se um pouco para cima, apenas o necessário para que o feixe de luz não mais batesse diretamente em seus olhos, para então abrir-los novamente. Deitada na cama, a única coisa que conseguia ver era uma janela que estava na parede à sua frente, pelas frestas da qual entravam os raios solares, Katherine examinou o local, onde ela estava?, era o que ela queria saber.

 

Assustada, sentou-se no centro da cama, tentando entender onde estava. Olhou para seus braços que doíam e viu que seus pulsos estavam amarrados com um pano de linho branco, apavorada com aquilo e com aquela sensação de deja vù que lhe assolava, recuou até bater na cabeceira da cama, e encolheu-se, abraçando seus joelhos da melhor forma que conseguia, já que estava com os pulsos amarrados. Katherine respirava muito rápido, e a camisola clara quase transparente que usava estava molhada devido à sua transpiração, seu peito subia e descia freneticamente, e seus olhos percorriam todo o quarto, até deparar-se com um espelho que estava no canto contrário da janela. O pânico a assolou, o quarto estava escuro, tendo como luz apenas os feixes que passavam pelas frestas da única janela do local, do lado de fora se fez ouvir passos, e de alguma forma ela conseguiu visualizar a sombra da pessoa por baixo da porta.

 

Totalmente em pânico, a mulher viu a porta ser aberta lentamente, e por ela passar um homem de porte alto e ombros largos, ao qual ela só vislumbrava o contorno por causa da ausência de luz naquele local, virando o rosto novamente para o espelho, notou algo vermelho nos lençóis, e então o cheiro de sangue chegou ao seu nariz, deixando-a desesperada, principalmente quando percebeu que o sangue parecia vir de si. O homem terminou de entrar no quarto e fechou a porta, trancando-a, para então virar-se para Katherine, e ela pode ver o sorriso de um prazer sádico em seus lábios, e o brilho de seus olhos que eram azuis como o céu.

 

- Não, não, por favor, não... – dizia ela, no que ele apenas abriu mais o sorriso e fez menção a aproximar-se, fazendo-a tremer com o medo que sentia, sabia que estava perdida – Não!

 

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O mar por onde o Pérola Negra navegava encontrava-se calmo, dentro do navio os tripulantes faziam suas tarefas, que naquele momento era a de limparem o convés, enquanto os dois Capitães do navio encontravam-se junto ao leme, o mais velho deles a dirigi-lo, enquanto o mais jovem estava apenas parado próximo ao local, admirando o horizonte à sua frente. Tudo estava estranhamente calmo naquele navio, como o mar abaixo do mesmo, exceto talvez por um cômodo do Pérola, onde uma agonia silenciosa perturbava os sonhos e consequentemente a mente da única mulher abordo.

 

Estendida sobre a cama, da mesma forma como havia deitado na noite anterior, ‘atravessada’ na cama e com seus pés ainda a tocarem o chão, Katherine remexia-se levemente, soltando leves gemidos. Os longos cabelos escuros e cacheados contrastavam com o branco dos lençóis, da mesma forma que os lábios rubros e bem desenhados contrastavam com sua pele alva. Um mar de uma imensidade transtornada mostrou-se quando a morena abriu seus olhos rapidamente, acordando do sonho que a perturbava, mas não se libertando dele.

 

Encarou o lugar onde estava, sabia estar acordada e sabia que aquilo não passara de um sonho ruim, suspirou levemente e continuou exatamente da mesma forma que estava, não queria pensar no sonho que tivera, mas também não fugiria dele. Na verdade, havia cansado de fugir, havia cansado do medo que sempre a acompanhava, havia cansado de tudo aquilo que lhe rodeava e daquilo que era, havia cansado de tudo, por apenas um minuto. Um único minuto para arrepender-se de tudo, e então era apenas fechar os olhos com força e abrir-los novamente, levantar-se da cama e prosseguir, sempre prosseguir.

 

Katherine levantou e foi em direção a jarra de água que ficava sobre um móvel em um dos cantos do aposento, despejou a água da jarra na bacia de porcelana que estava ao lado da mesma e com as mãos em concha levou água ao rosto, lavando-o. Olhou-se no espelho precário que havia logo a sua frente, e sorriu diante destes pequenos luxos ao qual Jack fazia questão de possuir, mas que ela tinha quase certeza de que ele não fazia uso, ao menos não frequentemente, talvez ela estivesse enganada, mas o Capitão não lhe passava a imagem de alguém que ficasse a fitar-se no espelho, principalmente ao acordar. Sorrindo ao imaginar Jack Sparrow como uma mulher da corte, a fitar-se longa e intensamente no espelho, começou a procurar por uma toalha para secar o rosto molhado, não a encontrando caminhou até um baú e fez menção de abri-lo, mas como não era seu, achou que seria invasão de privacidade, e decidiu que não gostaria de invadir a privacidade de Jack, ou talvez a de Barbossa, já que ele fora o último capitão do navio.

 

- Você é cego seu idiota? – gritava um homem baixo e careca na parte superior da sua cabeça – Não está vendo que está sujando tudo que eu limpei?

 

- Desculpe, eu não vi... – respondeu o outro, que era um pouco mais alto e extremamente magro – Mas também não precisava gritar comigo ou me chamares de cego, tu sabe como fico desde que o Capitão Barbossa queimou meu olho de madeira para libertar a Deus Calypso.

 

- Ora, me desculpe, - falou novamente o careca – mas você poderia ser mais cuidadoso.

 

Os dois homens estavam parados no convés do navio, e o baixinho dava leves tapinhas nos ombros do outro. Barbossa desceu da parte superior do navio, e deparou-se com a cena, aqueles dois não mudavam nunca, pensava ele, enquanto revirava os olhos azuis.

 

- Voltem ao trabalho seus vermes, chega de matracarem como duas garotas, façam-se úteis ou eu acabarei decidindo que servem melhor como comida de tubarões! – gritou Barbossa, fazendo os Pintel e Ragatti se entreolharem e correrem para fazer seus serviços.

 

Barbossa continuou a seguir o caminho que estava fazendo até a Cabine do Capitão, tocou a mão na maçaneta, mas decidiu primeiro bater na porta, para depois então girar a maçaneta e entrar, sem esperar nenhuma resposta. Dentro do aposento, Katherine estava abaixada junto a um baú, que estava encostado na parede contrária à porta, e parecia estar na dúvida sobre abri-lo ou não, mas quando ouviu o barulho da porta fechando-se, virou-se rapidamente e encarou Barbossa, abriu a boca para falar algo e voltou a olhar para o baú, sentando sobre o mesmo rapidamente e cruzando as pernas exatamente sobre a fechadura do mesmo, para disfarçar o fato desta ter sido aberta. Todos seus movimentos foram extremamente rápidos, e Barbossa não teria os notado se não fosse tão acostumado a situações assim, afinal, ele era um pirata, um dos melhores, na verdade.

 

- Mexendo no que não é seu, Srta. Swann?! – perguntou ele, de forma debochada, mas com um sorriso estranhamente amigável.

 

- Não sei do que está falando, Capitão Barbossa! – disfarçou ela, retribuindo o sorriso como as moças da corte faziam quando queriam convencer aos jovens de suas falsas verdades, ou até mesmo usados para os encantarem a ponto de esquecerem suas falhas e atrevimentos.

 

- Se o que está tentando é me enganar, - disse ele, revirando os olhos – pode parar porque não está funcionando!

 

- Bom, eu tinha ao menos que tentar! – respondeu ela, dando de ombros com uma breve gargalhada que terminou em um sorriso.

 

- Falaste como o Jack, agora! – concluiu, adentrando mais no cômodo e pegando uma maçã-verde que estava na badeja de prata sobre a mesa.

 

- Não precisa ofender, também! – retrucou Katherine, levantando-se e pisando duro até o outro lado da mesa, sentando-se na cadeira atrás da mesa, e esticando o braço para que Barbossa sentasse-se a sua frente, na mesma cadeira onde o outro capitão do navio havia sentado na noite anterior.

 

Barbossa riu diante do comentário, e a mulher o acompanhou, estavam encarando-se olhos nos olhos, e nenhum dos dois ousava piscar. Ali, naquele momento, estavam se conhecendo e se testando silenciosamente, travando batalhas e admitindo um ao outro, reconhecendo seus valores e vitórias. Aquele embate era preciso, e poderia ter acontecido na ponta de duas espadas, ou de várias outras formas, e todos teriam seu valor e seu mérito.

 

- Você não o desconsidera tanto assim, e sabe disto. – Barbossa quebrou o silêncio, mordendo a maçã após falar.

 

- Você também não. – concluiu ela, fitando-o ainda nos olhos e erguendo uma de suas sobrancelhas, no que ele sorriu em retribuição, fazendo um fio doce do líquido da maçã escorrer por sua barba.

 

- A questão é que... – começou ele.

 

- É muito divertido rir-se à custa dele! Eu sei. – completou ela, abrindo um sorriso logo depois, e sabendo estar sendo correspondida por ele, mesmo que ele não lhe sorrisse de volta.

 

- Escute garota, eu não sei ao certo quem é você, ou o que você quer, - falava ele, já não mais mastigando a maçã, apenas fitando-a seriamente – mas você está jogando alto, alto demais para alguém que não saiba o que está fazendo.

 

Ela ergueu a sobrancelha direita e concordou levemente com a cabeça, ainda encarando-o fixamente, com um pequeno sorriso ladino muito parecido com os sorrisos de Jack Sparrow.

 

- O que me faz pensar que você sabe exatamente o que está fazendo. – continuou ele, fazendo-a abrir um pouco mais o sorriso ao ouvir o que ele havia dito.

 

- Finalmente alguém inteligente dentro deste navio! – ironizou ela.

 

- Não o subestime, - respondeu ela, completando logo em seguida ao vê-la franzir a testa em incompreensão – estou falando do Sparrow. Já percebi que sabe o que está fazendo senhorita, - continuou ele, levantando-se e indo em direção a porta – mas não se esqueça que isto não é um jogo para apenas um jogador, e aqui não está lidando com idiotas, tirando Sparrow que vale por meio idiota – ele revirou os olhos, sarcástico.

 

- É uma ameaça, Capitão Barbossa? – questionou ela.

 

- É um aviso, menina. – respondeu – Não quero que no fim, eu te veja com uma espada crava no estômago ou com uma bala no coração.

 

- Mas não exultaria em ser quem o fizesse. – afirmou ela.

 

- Não, não exultaria. Mas preferiria que pudesse sair viva desta, que seja esperta o suficiente para isto. – ele colocou a mão na maçaneta, pronto para sair.

 

- Eu também prefiro isto, Capitão. – ela disse, levantando-se e dando a volta na mesa.

 

- Então vais desistir deste jogo que tens, seja ele qual for, e deixar esta briga para os peixes grandes? – questionou ele.

 

- Nem um pouco! – respondeu ela, com um tom debochado na voz, logo acompanhado por um sorriso.

 

- Foi o que eu imagine. – respondeu ele – Te vejo na cabine ao lado em breve, vou divertir-me irritando ao Sparrow um pouco, e depois iremos analisar o mapa, mas como eu percebi que pareces gostar do mesmo esporte que eu, creio que te vejo no leme daqui a pouco.

 

Katherine sorriu abertamente diante do comentário feito e Barbossa saiu da cabine, e após lançar um olhar mortal que fez Pintel e Ragatti atrapalharem-se, voltou gargalhando para junto do leme, do qual Jack Sparrow havia se apossado.

 

Jack já não tinha mais o cenho franzido, mas continuava com o olhar perdido, vagando na imensidão azul à sua frente.

 

- Se aprume homem, está indo para a Baia dos Naufrágios, não para o Inferno! – disse Barbossa, debochando do outro Capitão.

 

Jack resumiu sua reação em encarar Barbossa e lhe sorrir falsamente, para então girar o leme levemente para estibordo. Vendo que atormentar Jack já não lhe agradava tanto naquele momento quanto ele imaginou que agradaria, Barbossa decidiu por esperar aos outros dois Capitães na cabine combinada. Descendo as escadas do convés superior, deparou-se com Katherine a subi-las, ela lhe sorriu e ele apenas acenou com a cabeça, seguindo seu caminho.

 

Katherine chegou ao topo da escada e parou por um breve instante, analisando, admirando talvez, a situação. Suspirou levemente e caminhou em direção ao homem que estava no leme, não contendo um leve sorriso ao fazê-lo e tendo de abaixar a cabeça para que este não fosse notado. Parou ao lado do Capitão e olhou para o mar a sua frente, como o homem estava fazendo.

 

- Obrigada. – disse ela, ainda fitando ao mar, como se estivesse a falar com ele e não com o Capitão ao seu lado.

 

O Capitão voltou-se para ela, sorrindo safado e largamente. Katherine virou-se para ele também e gargalhou, não conhecia muito do homem a sua frente, mas sabia que não poderia esperar uma atitude mais autêntica dele do que aquela.

 

- Oh, mas não espere nada mais de mim, - disse ela, ainda sorrindo – ao menos não hoje. - a mulher aproximou seu rosto do dele e lhe deu um leve selinho – Te vejo na cabine, Capitão.

 

Katherine deu as costas para Jack e começou a seguir o mesmo caminho feito anteriormente por Barbossa. Sabia que diferente do que disse, ela devia muito mais a ele, ele poderia exigir e esperar muito mais dela, e se ela fosse uma pessoa decente, deveria lhe agradecer e lhe tratar como ele merecia, mas talvez ela apenas não fosse decente o suficiente para isto. Descendo as escadas, parou brevemente, pensando no quanto devia ao homem que acabara de deixar no convés superior junto ao leme, com um pedido de desculpas muito fraco e uma provocação como aquela. Parando e olhando ao redor, era quase inacreditável o fato de estar realmente no Pérola Negra, e estar convivendo com dois Capitães como Jack e Barbossa, e ela sabia que deveria agradecer em muito ao próprio Jack por isto.

 

Ela já o havia enganado uma primeira vez naquela taberna, ele sabia que ela estava enganando Barbossa com o falso mapa que ela trocara na noite em que o beijara, ele não possuía a mínima idéia de quem ela era, e a única referência dela era Elizabeth Swann, a mesma que havia o entregado ao Kraken. Jack Sparrow possuía todos os motivos para jamais deixá-la participar daquela aventura, até mesmo para matá-la, e mesmo assim na noite anterior quando percebeu que a conversa a estava abalando, ele teve a enorme decência de retirar-se da cabine, e mesmo sabendo que ela estava jogando, enganando e mentindo, não só para Barbossa mas também para si, mesmo assim ele a deixava prosseguir, e ela não entendia isto. Ela esperava por algo, a princípio, mas após a conversa que tivera com Elizabeth algum tempo atrás, estava advertida de que poderia acabar se enganando quanto ao homem, e se preparara para aquilo. Mas nada, absolutamente nada a havia preparado para encontrar o que encontrara naquele pirata, naquele bom homem que era o Capitão Jack Sparrow.

 

Katherine fechou os olhos e oscilou, por um momento ela não sou o que fazer, sabia que o certo seria subir novamente e explicar-se, mas ao mesmo tempo sabia que esta não era sua obrigação, que sua obrigação era terminar de descer aquela escada e fazer aquilo que realmente veio fazer, sem mais dúvidas quanto ao que deveria ou não ser feito e dito. Sentiu a presença do Capitão atrás de si, seu calor, a leve pressão da sua mão sobre seu ombro direito, e seu cheiro tão misturado ao cheiro salgado do mar e ao aroma tão apreciado do rum.

 

- Não fiques estancada na escada assim, querida, é capaz de alguém pensar que és um estorvo e te atirares no mar! – ele sussurrou por sobre o ombro dela, e era quase visível seu sorriso ladino apenas pelo toque de sua voz.

 

Jack passou por ela sem nem ao menos olhar para trás, e em seu caminhar estranho e divertido, seguiu até a cabine onde já se encontrava o Capitão Barbossa. Katherine sorriu, na verdade, ela sorria desde que sentira a presença do homem atrás de si.

 

- Obrigada Jack, mais uma vez! – sussurrou ela, para o vento. Mais uma vez, Jack a salvava de ter de escolher ou fazer algo. Ou ela tinha muita sorte, ou Jack Sparrow realmente parecia estar lhe ajudando, mesmo que sem perceber.

 

Retornando a caminhar, dirigiu-se até a cabine ao lado da sua, e abriu a porta. Entrando dentro da mesma, olhou ao redor, era em sua totalidade muito parecida com a sua cabine, porém era menor em tamanho, e a cama que havia nesta cabine era de solteiro, diferente de sua cama que era de casal. Barbossa e Jack já se encontravam lá dentro, sendo que o mais velho, por ter chegado primeiro, instalou-se na cadeira atrás da mesa, enquanto que o outro se sentou na cadeira a frente da mesa, sobrando para Katherine o trabalho de ter que carregar uma cadeira que estava do outro lado do aposento, até o lado do Capitão Sparrow, e ali sentar-se.

 

O silêncio se interpôs entre eles, desde o momento em que Katherine entrou naquela cabine, até o momento em que a mesma o quebrou.

 

- Senhores, penso que não estamos aqui para ficarmos olhando-nos uns aos outros. – começou ela, - Ainda está com o mapa, Capitão Sparrow?

 

Jack tirou o mapa de dentro das vestes, e Katherine teve de rir-se ao perceber que se pedissem para ela mostrar seu mapa, tirá-lo-ia das vestes também, o Capitão colocou o mapa que havia sido de Sao Feng sobre a mesa e girou as hastes circulares do mapa de modo que aparecesse o desenho da taça de prata, que indicava a localização da Fonte da Juventude. Abaixo da imagem da taça prateada, que se localizava próximo a Flórida, formou-se uma frase, ilegível para os dois homens que a tentavam ler.

 

“Η Κρήνη της Νεολαίας, η επιθυμία a2;λων των ανδρa4;ν, είναι πολa3; μεγαλa3;τερες απa2; τις αναμενa2;μενες. Πέρα απa2; τις θάλασσες ήδη ναυτιλία.”

 

Os três estavam inclinados sobre o mapa, tentando de alguma forma compreender o que nele estava escrito. Jack, parecendo desistir do mapa, recostou-se novamente na sua cadeira, mas Katherine e Barbossa continuavam debruçados sobre a mesa, analisando ao mapa.

 

- Desista Barbossa, você sabe que não entende nada que está escrito aí. – disse Jack, e Barbossa, que estava com o cenho franzido fingindo entender o que estava escrito no mapa, olhou para os dois e deu de ombros, recostando-se na cadeira também. – E você aí? Ainda com alguma esperança? – perguntou Jack, agora para Katherine que era a única tentando ainda desvendar aquela frase estranha – Desista também, docinho, para mim ler isto é como ler grego!

 

Katherine, que assim que Jack dirigiu a palavra a ela, havia se recostado na sua cadeira também, abriu um sorriso.

 

- É isto Jack, é grego! – disse ela, sorrindo e voltando a olhar para o mapa.

 

- O que você disse? – perguntou Barbossa, encarando as duas pessoas a sua frente, que analisavam ao mapa novamente, Katherine por parecer ter descoberto algo, e Jack apenas para imitá-la e não passar por desentendido.

 

- O texto, é em grego! Eu não conseguia entender logo no começo, mas é nítido. Dá pra reconhecer muitas letras, - dizia ela, com uma leve euforia podendo ser notada em sua voz – não sei como não percebi antes!

 

- Você sabe ler grego? – perguntou Jack, surpreso com aquilo.

 

- Mais ou menos, mas nunca fui muito fã, francês e italiano me pareciam mais interessantes, - dizia ela, como se o fato de possuir tamanho conhecimento não fosse nada de mais, na verdade, ela falava como se tudo aquilo fosse monótono de certa forma – mas como aprender uma língua mais antiga me parecia de bom tom, escolhi pelo grego no lugar do latim, o que não era o esperado, e acabou por ser difícil encontrar pessoas realmente fluentes nesta língua, para que pudessem me transmitir seus conhecimentos.

 

Jack olhou para ela realmente espantado, e depois fez uma careta, pensando em todos os livros e professores, e toda a monotonia que poderia ser substituída por grandes aventuras piratas. Já Barbossa, olhou-a com respeito e admiração, até mesmo uma leve pitada de orgulho era perceptível em seus olhos azuis claros.

 

- Que horror! – disse Jack, finalmente conseguindo falar algo após aquela revelação tão estrondosa e terrível a seus olhos.

 

- Ah, nem era tão ruim assim. – disse ela dando de ombros – Na verdade, pode ser bem útil, como agora!

 

- E então, Senhorita Swann, o que diz? – questionou Barbossa, pois Jack estava ocupado e espantado demais ainda encarando a Capitã.

 

- Algumas palavras, como Fonte da Juventude, – disse ela, apontando para onde estavam as palavras referentes a isto – desejo, homens.. - dizia ela, apontando as palavras – A última frase é bem nítida, mas para nós ela não diz basicamente nada, talvez com a frase anterior, mas não sei, realmente não sei...

 

Katherine analisou mais uma vez o mapa, e suspirando sacudiu a cabeça levemente.

 

- É, é isto. Talvez com mais tempo eu consiga desvendar mais coisas, mas por enquanto, eu só tenho mesmo é a última frase, - voltou a dizer ela, já não mais tão entusiasmada quanto antes – “Muito além dos mares já navegados.”, é isto o que diz a última frase.

 

- Muito além dos mares já navegados? – perguntou Jack, Katherine confirmou com a cabeça – Mas isto não nos diz nada! – concluiu ele.

 

- Eu sei, mas foi a única coisa que eu consegui entender mesmo. – justificou-se ela.

 

- Tudo bem Katherine, temos tempo ainda. Não se preocupe, mas vá analisando o mapa, talvez se lembre de algo. – disse Barbossa, fuzilando Jack com os olhos pela sua atitude anterior.

 

- Eu vou conseguir, não se preocupe! – afirmou Katherine, levantando-se e saindo da cabine, deixando os dois homens a encararem a porta pela qual ela havia saído.

 

Desde a reunião na cabine que estava sendo usada por Jack, quando fora feita a primeira análise do mapa que lhes levaria a Fonte da Juventude, a situação no navio continuava praticamente a mesma. Katherine tentava entender o que dizia no mapa, e acabava muitas vezes por evitar ao Capitão Sparrow, conversando mais com a tripulação de quem adquiriu muito respeito e até mesmo com o Capitão Barbossa, com quem criou uma grande afinidade, dentro dos padrões possíveis de suas personalidades, é claro.

 

O tempo virara algumas vezes durante as duas semanas que haviam se passado, mas nada que atrapalhasse o curso que tinham tomado, em certa noite houve uma tempestade, na qual Barbossa conduzia o leme até ter o mesmo arrancado de suas mãos pelo outro Capitão, enquanto Katherine corria e ajudava a tripulação, como se fizesse parte da mesma e não uma Capitã. Barbossa analisava o navio sendo comandado por seu rival, e a correria sem pausa de Katherine, sua incansável busca por estar em todos os lugares e poder ajudar a todos. Naquela noite, mordendo uma maçã-verde sobre a chuva que caia, o Capitão Hector Barbossa percebeu que nada, a partir do momento que aquela aventura se iniciou, seria como antes. Absolutamente nada.

 

O dia mal estava amanhecendo e Katherine comandava ao navio, o sol ainda era uma meia laranja no céu que aparecia como se saindo de dentro do mar, e morena guiava o leme levemente, seus cabelos escuros e cacheados a dançar com a suave brisa, seus lábios rubros mexendo-se levemente na melodia de uma música que ela sussurrava. Estavam muito próximos de seu destino, na verdade já se encontravam na Baia dos Naufrágios.

 

- Katherine? – chamou Barbossa, que estava parado próximo a escada que levava ao convés inferior.

 

- Sim? – perguntou ela, virando o rosto para encará-lo.

 

- Por que queres falar com Teague Sparrow? – foi o que ele perguntou, aproximando-se de leme e consequentemente dela.

 

- Porque o mapa, aquele mapa, era dele. – respondeu ela – Ele, mais do que ninguém, saberá nos informar a respeito do mapa, ou indicar alguém que possa fazê-lo.

 

- Se ele soubesse, por que ele passaria o mapa adiante? – questionou Barbossa.

 

- Porque ele é pai, Hector! – disse ela, sorrindo.

 

Barbossa não se deu de um todo por satisfeito, mas entendeu o que ela queria dizer, só não sabia se aquilo se aplicava a Teague Sparrow também.

 

- Quem que é pai? – perguntou Jack, recém terminando de subir as escadas.

 

- Como se você não tivesse escutado toda a conversa, Sparrow! – respondeu Barbossa, revirando os olhos.

 

Jack deu de ombros e sorriu, Katherine que ainda segura o leme, mas estava com o rosto virado na direção de Barbossa, sorriu abertamente da atitude de Jack, e da forma como ele e Barbossa conviviam.

 

- Estamos próximos agora. – disse Barbossa, olhando para a água logo à frente, onde finalmente os destroços dos navios que afundaram naquelas águas estavam terminando, e os perigos da travessia diminuíam.

 

- Quem tudo irá descer? – perguntou Katherine.

 

- Você, eu, dois marujos para remarem, - ia dizendo Barbossa – Sparrow também, pois não sou doido de deixar meu navio sozinho nas mãos dele.

 

- Ora Hector, todos nós aqui sabemos que você é o ladrão de navios, não eu! – retrucou Jack, mas em momento algum se opôs ao fato de que iria descer à terra também.

 

Três horas depois os três Capitães do Pérola Negra encontravam-se em um bote junto de Pintel e Ragatti, que remavam. Assim que o caminho sinuoso para chegar ao seu destino chegou ao fim, desceram do bote e encarregaram Pintel e Ragatti de cuidarem do mesmo.

 

Katherine nunca havia estado naquele lugar, e estava surpresa com sua forma e grandiosidade, mas tentava transparecer naturalidade. O grupo era guiado por Barbossa, estando logo atrás dele Katherine, e atrás dela Jack, ainda em dúvida se deveria mesmo estar ali.

 

A porta daquele que era o lar do Capitão Teague Sparrow, Guardião do Código Pirata, estava diante dos três Capitães, e todos os três pararam indecisos diante dela. Jack até mesmo tentou recuar, mas Katherine lhe segurou o braço e sorriu confiante, para depois colocá-lo defronte a porta e bater na mesma, recuando para o lado assim como Barbossa e deixando apenas a Sparrow diante da porta.

 

A porta foi aberta por uma jovem mulher de estatura baixa e muito franzina, sua pele morena e seus cabelos extremamente negros e lisos, deixaram claro sua provável descendência de alguma tribo das regiões ao sul do Caribe.

 

- Quem és você? – perguntou à jovem, com dificuldade na pronuncia das palavras.

 

- Eu sou o Capitão Jack Sparrow. – respondeu Jack, já entrando no local, sendo seguido por Barbossa e Katherine, que não deixou de sorrir para a moça, e parou ao lado de Barbossa, ficando os dois próximos a porta enquanto que Sparrow avançava pelo cômodo.

 

- Que ventos te trazem até aqui, Jack? – perguntou uma voz que vinha de outro cômodo, era Teague Sparrow.

 

- Os mesmo de sempre, não tenha dúvidas! – respondeu Jack, evasivo.

 

- Talvez eu deveria perguntar mais abertamente o que você quer, ou então eu deveria lhe lembrar de como é que se responde ao seu próprio pai! – disse Teague, sua voz mesmo rígida soando como melodia.

 

- Quem era a bela moça? Nova companhia? – questionou Jack, evitando a pergunta anterior do pai.

 

- Naomi é de uma tribo que eu visitei há alguns anos atrás, mas isto não lhe interessa Jack. – respondeu o outro homem, que era uma cópia mais velha e mais excêntrica de Jack – Mas é bom que tenhas aparecido, Jack, precisava mesmo falar contigo, - dizia ele, no que Jack apenas o encarou em questionamento – ainda tens aquele mapa que lhe dei?

 

- Hum, bem, quanto a isso... – começou Jack, mas logo foi interrompido pelo pai.

 

- Você o perdeu, não é mesmo? – perguntou Teague, mesmo que já soubesse a resposta – Não me digas que perdeu o navio para ele novamente. – continuou, apontado para Barbossa que lhe sorriu em cumprimento e afirmação, e Jack apenas sorriu amarelo – Ele lhe tomou o mapa também? – Jack tomou ar para responder, e girou o dedo no ar, preparando-se para começar mais uma de suas explicações estapafúrdias – Foi ela? – questionou novamente Teague Sparrow, olhando pra Katherine para demonstrar sobre quem estava falando.

 

- Não foi exatamente assim... – começou a justificar Jack, mas Katherine resolver por intrometer-se e interrompeu-lhe, saindo de perto da porta e aproximando-se dos dois homens.

 

- Digamos que eu seja muito boa no que faço, e que o Capitão não teve muitas escolhas! – disse ela, sorrindo.

 

- E o que exatamente você faz? – perguntou Teague, lhe sorrindo levemente, não tornando assim a pergunta uma ofensa.

 

- Normalmente atuo como Capitã, mas sou uma boa ladra, e é claro, uma grande mentirosa! – respondeu ela, sorrindo largamente e apoiando uma de suas mãos em um ombro de Jack, fazendo os três homens sorrirem, Teague pela sinceridade da mulher e por ter simpatizado com ela, Jack por ela não tê-lo ridicularizado nem nada do gênero, e Barbossa pela forma como Katherine conseguia sempre moldar a situação a seu favor.

 

- Tens uma boa vida então, senhorita! – concluiu ele.

 

- É, eu tento! – respondeu ela, ainda sorrindo.

 

- Mas eu ainda não sei qual é o seu nome. – Teague a olhou nos olhos, e Katherine percebeu que havia algo mais ali.

 

- Capitã Katherine Marie Swann, a seu dispor! – respondeu ela, não mais sorrindo como antes.

 

- Então, o que os trazem aqui? – perguntou novamente aquele que era o Guardião do Código Pirata.

 

- Preciso de ajuda. – respondeu Jack, falando mais baixo.

 

- Ora, achei que não viveria o suficiente para ouvir Jack Sparrow pedir ajuda! – disse uma voz que vinha do mesmo local de onde Teague Sparrow havia saído.

 

A voz pertencia a um homem de porte alto, ombros e peito largos, altura comparável a de Jack, cabelos curtos, vestia roupas que pareciam que ele acabara de vir da corte inglesa e que estava com aquelas roupas tentando adaptar-se a vida de pirata. Era um homem muito bonito, Katherine concluiu, com o que pode perceber sem deixa transparecer que estava analisando-o.

 

- James! – debochou Jack, não acreditando no fato de ter encontrado com o mesmo.

 

- Bom, ao menos percebo que sua companhia melhorou bastante! – riu-se ele, virando-se para Katherine e lhe sorrindo educadamente, em cumprimento. – James Edward Sparrow!

 

James havia estendido a mão na direção de Katherine, que lhe estendeu a mão e a apertou, para então ele apertar sua mão e depois levá-la aos lábios e beijar-la, sempre mantendo contato visual com Katherine.

 

- Katherine Marie Swann! – respondeu ela, olhando bem dentro dos olhos verdes do homem a sua frente, e perdendo-se mais do que devia dentro deles.

 

- Então Jack, disse que precisas de ajuda? – perguntou James, que já havia soltado a mão de Katherine.

 

- Na verdade, precisamos saber se o mapa que o Capitão Sparrow deu ao Jack, e que está sob meu domínio no momento, é de fato verdadeiro. – disse Katherine, olhando primeiro para James e depois para Teague.

 

- Sim, ele é. É tão verdadeiro que eu ia pedir ao Jack que o devolvesse, para que eu o passasse para seu irmão. – respondeu Teague.

 

- Devolver? – perguntaram Katherine e Barbossa, ao mesmo tempo.

 

- Devolver? – perguntou Jack, atrasado.

 

- Sim. James voltou da Inglaterra recentemente, - respondia Teague, e Katherine olhou para James que lhe confirmou com a cabeça quanto ao fato de ter acabado de vir da Inglaterra – e parece que ele finalmente se rendeu aos dotes da pirataria. Nada melhor do que iniciar uma vida de pirata, do que uma aventura como esta.

 

- Mas você me deu o mapa! – queixou-se Jack.

 

- Sim, e eu o roubei! – troçou Katherine – Sendo assim, o mapa é meu, e não se fala mais nisso! – completou ela, sorrindo abertamente e torcendo para que ninguém a questionasse, e quando percebeu que Jack o faria, beliscou-o com força próximo à barriga, fazendo com que ele se calasse e James risse.

 

- Não se preocupe, eu jamais diria para devolvê-lo. – respondeu James.

 

- Obrigada! – ela agradeceu.

 

- Então estão indo em busca do El Dourado, a cidade perdida! – comentou Teague, com admiração.

 

- Ainda não, antes iremos dar uma breve passadinha pela Fonte da Juventude! – disse Katherine.

 

- Porque no final, é apenas isto que importa, não é mesmo? – questionou Jack – A eternidade!

 

- Isso não é somente sobre viver para sempre, Jackie. – respondeu Capitão Teague – O complicado é viver para sempre com você mesmo!

 

- Hum, eu acho que posso lidar com isto! – respondeu Jack, debochado, mas tirando rapidamente o sorriso dos lábios ao perceber o olhar que o pai lhe lançava.

 

- Provavelmente você possa, mas isto quem deve saber é você. Mas o que eu quero de você agora, Jack, como pagamento por ter perdido um mapa tão importante como este que perdeu, - dizia Teague, internamente satisfeito pelo rumo que a situação estava tomando – mas que tens sorte de ter caído em mãos tão capazes, – continuou ele, no que Katherine lhe sorriu em agradecimento e Jack fez uma breve careta – eu quero que leve teu irmão contigo.

 

- Mas por quê? – questionou Jack, alarmado.

 

- Você um dia teve quem intercedesse por ti junto à pirataria da mesma forma, Jack. Sem falar que transformaste Will Turner no pirata que hoje ele é, qual o problema de fazeres o mesmo por teu irmão? – disse o mais velho dos Sparrow.

 

- Mas por quê? – voltou a perguntar Jack, indignado.

 

- Você está questionando uma ordem minha, meu jovem? – perguntou Teague Sparrow, tornando-se sério e apavorante em questão de segundos.

 

- Não, mas eu só não entendo por que. – disse Jack, mas percebendo o olhar do pai tratou logo de completar – Tudo bem, você pode vir junto inglesinho, estamos precisando de alguém para lavar o chão daquele navio mesmo.

 

- Você é tão irritantemente infantil às vezes, - disse Katherine, fazendo todos olhar-la, sendo que James era com um sorriso satisfatório e Jack com uma cara de desaprovação – você pode vir conosco sim, James. Mas sobre uma circunstância – disse ela, no que James ergue a sobrancelha e ficou a espera da conclusão da frase – terás de ser meu primeiro imediato.

 

James sorriu abertamente lhe agradecendo, Katherine retribuiu o sorriso e meneou a cabeça, não tinha nem uma noção do que estava fazendo exatamente, mas decidiu que poderia deixar para pensar sobre aquilo mais tarde. James retirou-se para buscar alguns de seus pertences.

 

- O que você pensa que está fazendo? – perguntou Jack, virando-se para Katherine e a encarando.

 

- Não lhe devo satisfações, Capitão. Faço o que acho melhor, e o que me der vontade, este caso não foi diferente. – respondeu ela, secamente, virando-se novamente para Teague, deixando Jack a encará-la ainda abismado e enfurecido.

 

- Bom, acho que já estamos indo! – pronunciou-se Barbossa. – Adeus Capitão Teague! – disse ele, abaixando a cabeça em sinal de respeito e saindo do local.

 

- Primeiro imediato, é inacreditável! – disse Jack, seguindo com Barbossa.

 

Teague Sparrow esperou que seu filho mais velho saísse do aposento para então voltar-se novamente para Katherine e lhe encarar seriamente.

 

- Seu nome me soa familiar, Katherine. – disse ele.

 

- Sou prima de Elizabeth Swann, o Rei Pirata, ou Rainha, não sei ao certo. – respondeu ela.

 

- Não, não era nela que eu estava pensando. – falou ele, e Katherine ficou subitamente séria.

 

- Você sabe. – concluiu ela, abalada, ele concordou. – Irá contar?

 

- Eu não tenho nada a ver com isto, não cabe a mim contar. – disse ele – Mas haverá um momento em que nem mesmo você poderá continuar mentindo.

 

- Eu sei disso... – respondeu ela, com os olhos marejando – Mas eu prefiro pagar pra ver – concluiu ela, limpando bruscamente uma lágrima que caiu.

 

- Cada um sabe o que faz da sua vida, Katherine, - aconselhou Teague – mas não é por isto que você precise acabar com a sua. Mande lembranças ao Patterson quando o ver, e algo me diz que ainda o verá. – concluiu ele.

 

- Arthur? – perguntou ela, seu olhar tornando-se mais duro.

 

- Não, Cristopher. – respondeu ele, no que ela deixou que mais uma lágrima caísse e a secou novamente, desta vez não tão bruscamente.

 

Katherine abaixou a cabeça e começou a se recompor, não poderia estar alterada assim diante dos outros, ninguém poderia nem ao menos desconfiar de algo. Teague apenas pegou sua viola espanhola e começou a dedilhar-la. Quando James apareceu novamente na sala, Katherine já estava recomposta.

 

- E então, vamos indo Capitã? – perguntou ele, sorrindo.

 

- Vamos sim! – respondeu ela, lhe sorrindo de volta – Obrigada Capitão Teague, - disse ela, com suavidade – obrigada por tudo!

 

Teague apenas acenou a cabeça, sem nem ao menos olhá-la, e começou a tocar uma canção, Naomi voltou para o aposento, se aproximou de onde ele estava, e ficou apreciando, enquanto Katherine e James saiam do local e iam em direção ao bote, onde todos os outros os esperavam.

 

- Achei que não viessem mais, - disse Jack, assim que eles chegaram – não que isto fosse uma má idéia, é claro!

 

- Também amamos você, Sparrow. – disse Katherine, mas logo emendou – Digo, Jack!

 

O bote, agora mais pesado e também apertado, seguia rumo ao Pérola Negra, onde todos ali não viam o momento de estarem, os dois Capitães por amarem o seu navio, Katherine por idolatrá-lo, e James assim como Katherine por idolatrar ao Pérola Negra, mas também por ansiar em entrar definitivamente nesta vida de pirataria.

 

O bote voltou silenciosamente, com algumas exceções de pequenos diálogos entre Pintel e Ragatti, pois os outros estavam cada qual afundando em seus pensamentos. Barbossa estava feliz pela confirmação da veracidade do mapa, de certo modo estava orgulho da postura de Katherine, sem negar é claro que ver Jack Sparrow amuado e obrigado a fazer algo que não queria lhe inflava o ego. Já este, estava de fato amuado, não lhe bastava ter de visitar ao pai, ainda saíra de lá com o irmão mais novo, era muito azar para uma criatura só, pensava ele. James estava feliz, realmente feliz, iria finalmente ser um pirata, e já começaria com uma aventura como aquela, poder irritar seu irmão e vê-lo depois de tantos anos o deixaram muito contente, pois apenas de todas as intrigas entre eles, James admirava muito seu irmão mais velho, e havia também, aquela bela mulher. James não conseguia acreditar em sua sorte, primeiro achara que ela fosse uma conquista de Jack, mas não, ela tinha personalidade demais para ser mais uma submissa ao seu irmão, e ela era tão incrivelmente bela, e parecia ter gostado de si, James realmente não poderia estar mais exultante. Mas diferente dele, Katherine havia sido dilacerada por dentro, antigas feridas haviam sido cutucadas e algumas delas se re-abriram, na verdade elas já estavam se re-abrindo fazia algum tempo, e então, naquele bote, a caminho do Pérola Negra, Katherine re-costurava suas feridas internas, sozinha em meio a seis pessoas, como sempre esteve sozinha em meio a todos os outros.

 

Agora, finalmente, a tripulação do Pérola Negra estava completa, e poderiam então rumar para uma nova jornada. O sol se punha no horizonte, e o pequeno bote podia ser visto ao lado do grande navio de madeira e velas negras, no qual Ragatti foi o último a subir. E então o navio zarpou novamente, com uma imensidão azul a cercá-lo por todos os lados, e a luz alaranjada daquela enorme bola laranja e vermelha que era o Sol, a guiar seu caminho.

 

 

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Notas finais do capítulo

N|A: Desculpem-me a imensa demora, mas eu tinha perdido o loguin do site, HAUHSHAU. Beijos!