Underworld escrita por shyneider


Capítulo 4
Capítulo 3




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Em meio à guerra um cientista, vendo-se capaz de aperfeiçoar o ser humano, na mediu esforços para fazer seus experimentos com embriões humanos, não havia muitos médicos, então qualquer pessoa que pudesse nomear os ossos e os músculos do corpo, que soubesse diferenciar veias e artérias e que não fosse um açougueiro, estava qualificado para ser médico.

Uma raça de super-humanos foi criada, e estes seres eram mais fortes, mais resistentes, os seus sentidos eram mais aguçados, mas além das habilidades físicas, esses super-humanos desenvolveram também algumas habilidades sobrenaturais, influenciando significativamente aos elementos que os cercavam. Um contingente de soldados puramente humanos fora destacado para subir à superfície e dar um fim à guerra, e ao lado desses humanos, os desenvolvidos também foram enviados, e a batalha foi sangrenta. Durante muito tempo acreditava-se que os soldados haviam sido destruídos pelas máquinas, outros acreditavam que ambos destruíram-se, até que um soldado voltou, e narrou os acontecimentos que seguiram a chegada dos soldados à superfície, até o seu retorno. Ele reafirmou o que muitos diziam, não havia espaço para a raça humana fora do subterrâneo, pois a contaminação alcançava níveis alarmantes.

Como aquele soldado havia sobrevivido, nenhum cientista pode explicar, mas, sua aparência peculiar, por serviços prestados aos seus iguais, sua grande força e a paixão cega pela ordem, viriam a garantir-lhe um alto cargo anos depois.


Monte Inverno



Os passos ecoavam pelo extenso corredor da prisão. Monte Inverno, uma gigantesca estalactite, que abriga em seu interior a maior prisão que o homem foi capaz de construir, é divido em cinco níveis, o nível superior, o nível de segurança, o nível máximo, o nível inferior e por fim, o abismo. Para cada nível havia um número de prisioneiros, sendo que o abismo fora destinado a apenas um.


Em sua cela o prisioneiro ouvia os murmúrios que atravessavam as sólidas paredes da prisão, ao longe inconfundíveis gritos de contentamento se misturavam aos brados de fúria, pés batiam no chão em um ritmo sincronizado, fazendo com que o som retumbasse pelos subterrâneos. Muitos não ouviam, e aqueles que escutavam, preferiam fingir que não era nada, pois tinham medo de estar ficando loucos. Quando os passos estavam próximos o bastante da porta da sua cela, ele se levantou e esperou pacientemente, a mesma coisa acontecia de quinze em quinze dias, Magor, a voz mais alta dentro de Monte Inverno, descia até o Abismo e passava cerca de uma hora lá em baixo, e depois subia para o seu escritório como se estivesse possuído por algum tipo de energia que fazia com que ele se movimentasse e falasse como se fosse uma marionete.

Magor parou diante da cela e segurou as barras de ferro puro, seus olhos se fecharam, enquanto sua mente permanecia aberta para a entrada de qualquer um que pudesse controlá-lo.

Assim como uma serpente desliza traiçoeira pelo chão até estar perto o bastante de sua vítima para dar o bote, as palavras do prisioneiro escorriam de seus lábios e fluíam para dentro da mente de Magor, e ele as guardava dentro de si, pois não tinha força alguma para rejeitá-las, aquelas palavras estavam repletas de escuridão e soavam com a voz de desespero dentro do coração do homem, enquanto o prisioneiro, que cantava suas ordens e incitava o medo na alma de sua vítima.

Quando sua música cruel chegou ao fim, o diretor da prisão soltou as barras e subiu as escadas cambaleando. O Abismo se encheu com a risada maligna de seu habitante.

— Não entendo os seus motivos...

O prisioneiro se virou na direção da voz, ele não precisava enxergar para saber quem estava ali, e mesmo no escuro, ele fez questão de abrir seu sorriso desdenhoso. A ideia de que Inverno estava ali, na mesma cela que ele não lhe era estranha, pois ele já o visitara em outras ocasiões, mas nunca antes presenciara o uso pleno de seus poderes.

— Não há nada para entender! – o prisioneiro respondeu em um tom de voz alterado. – O que faz aqui?

— Por que nunca tentou fugir? – perguntou o visitante.

— Me valeria de quê? – respondeu o prisioneiro. – Estou bem aqui, governo toda esta prisão... Tenho Magor onde quero, não preciso da sua tão preciosa liberdade!

— Mas as palavras que você cantou, são presságios da morte, não é verdade?

— POR QUE DEIXA SUA CADEIRA CONFORTÁVEL E VEM SE JUNTAR À DURA PEDRA E AO FERRO FRIO UMEDECIDO... NÃO HÁ RAZÃO PARA ISSO! – berrou o prisioneiro, agora tomado pela raiva, fazendo com que toda a prisão estremecesse e pequenas fagulhas acederam nas cavidades que havia por toda parte nas paredes, e logo a cela estava iluminada.

O visitante fitava o prisioneiro com uma expressão avaliativa.

— Preciso da sua ajuda... – disse ele por fim.

— Como é que é? – o prisioneiro encarou seu visitante por um longo tempo, ele não estava sorrindo, e em seus olhos havia um brilho conhecido, que fez com que o prisioneiro recordasse a época em que estava solto. – O que preciso fazer?

— Denil anda espalhando boatos sobre algo que está vindo para a nossa cidade...

O visitante se calou quando o prisioneiro deixou uma estrondosa gargalhada escapar de dentro do seu peito.

— Desculpe... Desculpe... Mas o soldadinho ainda respira? – novamente o prisioneiro riu, mas agora mantendo o controle. – Podia jurar que havia feito um trabalho tão bom que ele acabaria morrendo em pouco tempo... Afinal, foram vinte anos, não é? E ele era o único obstáculo entre o Templo e eu. Coitado, responda-me, sabe se a mente dele está em perfeito estado?

— Denil é um bêbado, mas isso não vem ao caso, você precisa enten...

— Acho que ele não deve se lembrar de mim... Nem ele e nem aquela moça... Como se chamava mesmo? – ele murmurava consigo mesmo enquanto andava de um lado para o outro na cela, e então, de repente o prisioneiro apoiou o pé na parede e começou a subir como se estivesse caminhando no chão, e logo alcançou o teto e estava andando de cabeça para baixo por toda a cela. – Ela tinha um nome de homem...

— Isso não vem ao caso...

— JACK! – ele gritou, era impossível não perceber o contentamento em sua voz. – Aposto que os sentimentos que ela nutre pelo soldado ainda estão lá dentro daquele corpo negro... Deve ser uma delícia...

O visitante ficou observando o prisioneiro, que agora falava consigo mesmo, enquanto em seus olhos era possível ler claramente a excitação em reencontrar suas antigas vítimas.

— Você me dá nojo, sabia? – disse o visitante.

— Eu lhe causo qualquer coisa, menos nojo, afinal, sou exatamente aquilo que você tenta esconder, e você é exatamente o que nunca vou querer ser!

— Percebo que está mais forte, não é verdade?

— Ora ora... Gulag... Posso entender que está temeroso ante a esse fato? – Agon perguntou sorrindo.

— Não tenho medo de você...

— Ah, não... Você não tem medo de mim, tem medo do que posso fazer, e não tente negar... Estou olhando diretamente para o seu coração!

O juiz fitou Agon por um instante, mas não disse nada, então o prisioneiro saltou do teto para o chão e sorriu os seus lábios se moveram, mas nenhuma palavra foi proferida, quando o visitante se dirigiu para a porta da cela, o prisioneiro novamente sorriu, mas dessa vez ele cantou...

— I put a spell on you... Because you’re mine…


Cidade da Energia



No subterrâneo existem inúmeras quedas d’água, e para ter energia dentro das cidades, foram distribuídos por quilômetros e mais quilômetros um sem número de fios, cabos e tudo o que fosse preciso para que a Cidade da Energia pudesse compartilhar a eletricidade com as outras cidades.


Ele se chamava Tristan, e a cidade era completamente monitorada por ele, alguns diziam que o computador central estava ligado ao cérebro do rapaz, enquanto outros diziam que não havia ninguém, tudo era controlado pelo computador, mas existia alguém, e este alguém não tinha mais que vinte anos.

— Precisamos relatar tudo o que está havendo... – Tristan dizia para si mesmo enquanto seus dedos moviam velozmente pelo digital que o acompanhava enquanto ele caminhava por toda parte dentro do centro da cidade. – Os sete reis, o juiz, todos precisam saber...

Uma luz vermelha piscava incessantemente e um apito ensurdecedor soava indicando perigo, mas ele estava tão acostumado a ouvir aquele som, que quando começava, ele desligava-se do barulho e se concentrava no que estava fazendo, ignorando tudo ao redor.

No monitor havia o mapa das cidades, e havia também algo que as cercava formando uma meia lua, algo que estava muito próximo.

Perigosamente próximo.


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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que estão acompanhando Underworld, este é o primeiro trabalho longo que estou postando, e diferente dos outros dois contos já publicados, esta história ainda está sendo criada, sinceramente espero que esteja agradando a todos.



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