Eskalith escrita por haru


Capítulo 9
Borrão & dor


Notas iniciais do capítulo

Ok, madrugada e eu escrevendo esse cap. Eu disse Karoll Nyan que faria dois hoje (26/03), eu não sei se ela viu isso, mas eu tenho que cumprir u.u
(e o cap já estava martelando minha cabeça!)



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"– Eu não estou indo para casa."

"Qual é o problema dele?" Eu me perguntava.

O caminho para o ponto de ônibus era um tanto escuro, anoite. As luzes dos posts pareciam dar ao lugar um ar ainda mais sinistro, e as pessoas passavam como vultos. Claro, minha cabeça não estava cem por cento boa e eu estava enxergando tudo muito embaçado, o que não ajudava em nada naquele momento. Eu precisava caminhar devagar, as vezes apoiando em uma parede ou poste.

"Ele vai para cima de mim e.. faz aquilo.. o que ele estava fazendo afinal?"

Eu estava ignorando completamente o meu estado. Minha mente estava focada apenas no que Suzuno havia feito comigo. Eu ainda podia sentir a sensação de suas mãos me apertando, ele em cima de mim, tão perto de mim. Não importava a dor que minha cabeça sentia ou não, ela não me permitia desviar os pensamentos. Era apenas Suzuno Fuusuke, e nada mais.

"Depois eu é quem sou um pervertido, não é?"

Minha visão estava cada vez pior, e eu não percebia ela escurecendo, embaçando, cada vez mais e mais.

"Porque eu não paro de pensar nisso? Eu não devia ter gostado daquilo! O que ele tem? É algum tipo de pervertido sadomasoquista? O que ele estava fazendo.. pretendendo, no fim?"

Meus pensamentos foram desligados apenas quando eu senti meu celular vibrando dentro da bolsa. Não era algo que eu sentia normalmente, mas por alguma razão eu a senti como se estivesse vibrando em minha pele.

– Oi? - atendi.

Haruya, onde você esta, porra?

– Shigeto?

– Sim, né..

– Estou na rua..

– Fazendo o que? Porque você não veio para casa?

– Você não precisa agir como minha mãe. Eu estou indo para casa.

– "Ele" esta com você, não esta?

– Hã? Não..não tem ninguém comigo.. eu estava na enfermaria.

– O QUE? O QUE HOUVE?

– Eu cai da escada.

– O QUE? COMO? O QUE FAZIA? Porque não me ligou??!

– Shigeto, eu estava desmaiado.

– Ah.. mas você esta bem? Quer que eu vá buscar você?

– Não, não precisa..

Eu podia sentir meu corpo amolecer.

"Agora não.. não" pensava comigo mesmo, tentando continuar em pé, segurando o celular.

Você não parece bem, pela voz..

– Eu estou..

– Haruya! Não tente vir sozinho.. eu vou atrás de você..!!

– Pra que? Não precisa...

– Onde você esta? Me diga!

– huh? oh..

– Haruya, me diga!

– nooo..Shigeto..

– O que? O QUE PORRA?

– Sinto..sinto muito..

– Espere.. o que? Não desligue, diga-me onde você esta!

Haruya? Fale comigo!

Você não esta bem, não é?

Por favor, responde seu desgraçado..


Meus joelhos tocaram o chão e eu nem pude notar a hora que eu havia caído. Eu devia ter continuado na enfermaria, mas fui teimoso, achando que estava bem.. mas eu nunca estou realmente bem, e aquele dia eu provavelmente não me recuperaria rápido, isso era fato.


Eu não senti o resto de meu corpo tocar o chão. Foi como se eu tivesse sido segurado no ar. Mesmo assim, tudo se apagou.


Abri meus olhos e estava em uma estrada. Era cheia de curvas e o asfalto era cercado por arvores. O céu era azul escuro, quase roxo. Tudo parecia calmo. Um vento sobrava de leve, e eu me sentia bem.

"Onde estou?" Me perguntei.

Olhei em volta e não havia ninguém, então resolvi caminhar. Minhas pernas pareciam pesadas, como se alguma coisa muito grande estivesse amarrada a elas, e se arrastando pelo chão a cada passo que eu dava.

Depois de um tempo, a estrada chegava ao fim. Havia uma arvore, muito maior que as outras, no fim. Sua copa tinha um formato semelhante a de um cogumelo, e havia muitas folhas.

Um garotinha estava sentado logo abaixo.

Eu me aproximei.

Ele tinha cabelos vermelhos, bagunçados. Esquisito.

"Sou eu?" Pensei.

O garotinho estava encostado na arvore, encolhido de um jeito que seu rosto ficava escondido em seus joelhos. Ele parecia estar chorando.

Me aproximei mais, e me abaixei ao lado dele, passando a mão em sua cabeça.

– Ei..?

Ele não respondeu, mas ergueu o rosto para mim.

Levei um susto.

Era como se alguém houvesse olhado o dedo e passado em seu rosto, pois era apenas um borrão. Eu tinha certeza que era eu, mesmo que fosse QUASE impossível para qualquer outra pessoa, ou pelo menos era o que eu imaginada.

– Você esta bem? - perguntei.

Ele passou um tempo me encarando, e de repente, aquilo foi parecendo um pouco assustador, fazendo-me recuar um pouco, e me atrapalhar, caindo sentado no chão. O garoto ergueu a cabeça. Ele passava o braço no rosto, dando a impressão de que estava enxugando lágrimas, mas era impossível ver qualquer uma.. cada vez que ele fazia isso, parecia ficar mais e mais borrado.

Fiquei parado um bom tempo, vendo ele fazer aquilo. O chão estava coberto por grama, mas cada folhinha parecia incrivelmente dura. Comecei a sentir meu corpo dormente. Aquela sensação desagradável de estar meio paralisado, pinicando.

O garoto passou a esfregar a cara com mais força. Dava-me agonia olhar para ele, naquele momento, enquanto ele parecia estar fazendo de si mesmo uma especie de puro borrão, uma espécie de meleca. Tal visão passou a me dar certa ânsia de vomito.

– Pare com isso - falei a ele - porque diabos você esta fazendo isso?

Ele continuava, com mais força.

– Pare!

Não adiantava, ele continuava aumentando cada vez mais a força e a velocidade.

" O que ele esta fazendo? O que ele quer com isso? ".

– Pare! Você vai desaparecer!

A cada grito que eu dava, tentando para-lo, ele ia com mais força, até que ele não era mais nada.. além de um borrão na paisagem. Seus pedaços foram levados ao vento, como se ele não fosse nada..

– Não.. - eu falava, baixo, esticando a mão quando ele se decepou de vez no ar.

De repente eu me senti sendo puxado para o chão. Como se uma mão gigantesca me agarrasse e tentava me trazer para baixo.

Senti meu corpo sendo esmagado, como se algo tivesse me puxado para dentro de um buraco minusculo no chão, e para conseguir passar, precisara quebrar todos os meus ossos.

Eu podia sentir o sangue escorrendo, mas não importava o quanto eu olhasse, eu parecia inteiro. A dor era tão agonizante, que eu não tinha forças nem para gritar.

Não sei como, mas consegui atravessar o chão. Então eu estava em um lugar muito quente, de tal forma que eu provavelmente não me incomodaria tanto, se não fosse pela dor que eu já sentia antes.

Era tudo vermelho. Um vermelho tão vivo e brilhante que meus olhos não conseguiam olhar por muito tempo, então eu os deixei fechados. Podia sentir umas espécies de mãos puxando cada membro do meu corpo para um lado diferente, como se planejassem me partir em vários pedaços. Como se estivessem disputando por cada pedaço meu.

Parecia que seculos se passaram antes de eu me senti sendo jogado.

Cai em alguma coisa liquida e muito quente. Poderia ser larva, talvez, no meu sonho fosse. Eu sentia-me como se estivesse sendo cozinhando para uma sopa, ou coisa assim.. tudo doía, era insuportável, e eu não conseguia nem mesmo pensar em nada direito.

"O que.. o que é isso? O que? Porque?"

Eu já havia perdido forças até para me contorcer, quando senti algo me agarrar e me puxar para fora.

Senti meu corpo sendo levantado, e o liquido fervente escorrendo, deixando-me. Era uma espécie de alivio incrível, e mesmo que ainda estivesse sentindo dor, eu me senti muito melhor, como se minha esperança estivesse voltando para mim. Quando finalmente abri meus olhos para ver o que havia me salvado, levei um tempo para voltar a enxergar.

Como se meu corpo estivesse sendo curado pouco a pouco.

Olhei para meu salvador. Ele era uma criatura terrível. Usava uma espécie de mascara, escondendo seu rosto, uma mascara assustadora, como se houvesse olhos fundos e assustadores olhando para mim. Possuía asas, com um aspecto esquelético, onde eu podia ver os ossos que a compôs, e os pedaços de carne presos em cada uma delas. Sua pele possuía coloração nenhuma, e tinha garras, muito grandes.

Porém, eu não senti medo, nem pavor para com ele. O olhei, me encolhendo em seus braços, num murmuro de agradecimento.

"Ele seria um anjo ? Ele seria alguém que eu devesse amar para o resto de minha vida?"

A criatura me segurou no ar, e então, senti meu corpo voltar a cair.

– Haruya...

Podia ouvir alguém me chamando.

– Haruya...

Cada vez mais alto.

Até que, abri meus olhos para olhar, e percebi que havia acordado.




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Notas finais do capítulo

Eu ando me enrolando com alguns desenhos, e acabo postando tudo muito tarde :c
sorry.
Por favor, eu não gosto mt de PEDIR review, mas eu gostaria que se você não tiver nenhum problema com isso, deixasse uma.
É muito animador quando você sabe que tem pessoas lendo o que você escreve uwu



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