Eskalith escrita por haru


Capítulo 8
Sem ar


Notas iniciais do capítulo

Ok, eu não sei muito bem o que dizer desse capitulo :x



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Por alguns segundos, eu perdi os sentidos.

O vulto que se aproximara de mim me chamava.

– Hei, Nagumo, acorde!

– Levante, seu idiota..!

Me sacudia, cada vez mais forte.

– Não desmaie!

A voz de Suzuno começou a parecer cada vez mais nítida, até que notei que ele estava quase gritando para mim. Minha visão estava embaçada e por alguma razão a claridade não permitia que eu abrisse os olhos de vez. Eu me encontrava em um estado entre o despertado e o desmaiado, e minha cabeça latejada. Eu podia jurar que havia algo girando dentro de meu crânio.

Suzuno me deu um tapa.

– Acorde, filho da puta.

Dessa vez, sua voz pareceu me puxar de volta a realidade.

– Mas que por... - comecei.

O calouro me puxava, tentando me por de pé.

– Vou te levar a enfermaria. - falou.

– O..o que? Não! - tentei me livrar, mas seus braços me envolveram em um abraço e me levantaram de uma vez.

Eu me sentia meio tonto, e era como se a qualquer momento tudo fosse se apagar completamente em minha mente. Por um momento, eu temi que alguma coisa assim acontecesse, e então, quando me dei conta, Suzuno estava me carregando pelo corredor, até a enfermaria.

Talvez eu tenha apagado em alguma parte do caminho.



  



Quando eu era mais jovem, um acidente de carro matou meus pais.

Eu fui o unico sobrevivente.

Muitas coisas mudaram. E eu havia sofrido muitos danos na região da cabeça. Do qual eu nunca iria me recuperar completamente.

Memória ruim, dores de cabeça, pensamentos confusos, sonhos perturbadores. Essas eram coisas que fizeram parte de minha rotina. Por muito tempo eu tentei ignora-las, mas elas sempre vinham, e tornaram de mim uma pessoa dependente de remédios por algum tempo, até que eu me recusei a continuar.

Não vou dizer que foi uma decição boa ou saudavel. Muitas vezes eu sentia como se meu cerebro estivesse se deslocando. Ou como se um martelo do tamanho do Texas estivesse martelando meu crânio. E mesmo não querendo, muitas vezes tinha que recorrer ao medicamento, que para ajudar, não era barato.


– Minha nossa! O que aconteceu? - escutei uma voz feminima falar.

Suzuno ajudou a enfermeira a me colocar na cama. Eu podia sentir suas mãos geladas em meu meus ombros, depois em minhas costas.

– Ele caiu da escada - disse.

Tudo parecia escuro de novo. Muito distante. Essa sensação era mais ruim do que qualquer um imaginaria. Era como se você nunca mais fosse voltar a despertar. Como se tudo fosse se distanciando, se apagando.. e em qualquer momento não fosse restar mais nada.. além do silêncio mortal. E era algo que a algum tempo eu não sentia.


As vezes eu desmaiava. Houve uma época, logo após a morte de minha avó, em que eu frequentemente estava inconsciente. Mas havia quase um ano que isso não acontecera até então.


Eu não posso dizer exatamente quanto tempo se passou para que eu finalmente abrisse os olhos.


Havia cortinas em volta da minha cama, separando-me de qualquer outro "paciente" que poderia estar ali - não havia nenhum outro, no caso. A sensação de estar em um hospital era algo que eu realmente não gostava. Era apenas a enfermaria do colégio, mas por um instante eu pensei estar em outro lugar.

Suzuno estava sentado numa cadeira ao lado da minha cama. A principio, não o reconheci, mas quando ele ergueu o rosto - ele estava olhando para o chão, com a cabeça baixa- e vi seus olhos azuis-petróleo, eu realmente despertei.

– Você... - tentei falar.

Minha garganta estava seca.

O calouro me olhou por alguns segundos, e então esticou os braços para uma comoda a alguns centimetros dele, onde havia uma jarra d'agua e um copo, do qual ele serviu a mim.

– Obrigado - sussurei.

– Pensei que você ia entrar em coma - ele falou, um pouco irritado.

– Huh?

– Você demorou a acordar, mas do que eu esperava.

Me sentei e tomei a agua toda de uma vez. O liquido pareceu descer como uma rolha pela minha garganta, me causando um desconforto enorme, como se ela tivesse sido entalada por alguns instantes, e depois descido arranhando tudo.

– Você ficou aqui "cuidando" de mim? O que é você e o que fez com Suzuno Fuusuke? - perguntei, tentado fazer parecer alguma espécie de brincadeira.

– Você esperava que eu o deixasse aqui? E se você não acordasse ou sei lá?

– Não, na verdade eu acho que estou feliz por você ter ficado.

– Não pense que isso quer dizer alguma coisa.

Ele não olhava para mim enquanto conversávamos. Senti que o clima estava estranho, até que a enfermeira finalmente apareceu.

Ela tinha cabelos longos e escuros. Sua pele era levemente bronzeada, e era magra.

– Que bom que acordou, sente alguma dor? - perguntou ela, gentilmente.

– Não, estou bem.

– Você bateu a cabeça com força, porém não teve nenhum hematoma. Mas acho que seria bom se você fosse ao hospital, já que dormiu por quase 2 horas, o que não é boa coisa..

– Tudo bem, é normal na verdade.

– Mesmo?

– Sim.

– Bom, mas se achar que algo esta diferente, procure ir ao hospital, nunca se sabe...

– Obrigado.

Suzuno não olhava nem para mim nem para ela. Seus olhos pareciam distraidos com alguma coisa no chão, porém, mesmo que eu tenha me virado em algum momento para olhar, não parecia haver nada, além de meu par de tênis imundos.

– Vocês estão juntos? - perguntou a enfermeira.

– Não exatamente - Suzuno respondeu, finalmente voltando a erguer a cabeça.

– Huh, bem.. descanse um pouco, quando se sentir disposto pode ir embora.

Ela saiu. Provavelmente tinha alguma coisa para fazer em outro lugar, já que pude escutar o som da porta da enfermaria se batendo.

O silencio me torturou por alguns minutos.

Suzuno parecia estar com um pouco de sono, já que eu o vira erfregar o olhos algumas vezes. Ele estava sentado de pernas cruzadas na cadeira, de alguma forma. As vezes ele passara a mão pelos cabelos, como se isso fosse arrumar alguma coisa.

– Você já esta melhor, certo? Acho que posso ir então - falou ele, depois de um tempo.

– Ah não, eu ainda me sinto meio tonto - tentei convencê-lo.

– Mesmo ou só esta tentando me fazer ficar mais aqui, com você? –ele perguntou desconfiado.

– Os dois.

– Cara, você tem um problema. – ele me olhou sério – você não me conhece.

– Eu sei – tentei me ajeitar na cama, sentado – mas isso não é bem um problema, Suzuno.

– Na verdade é, você não sabe – ele olhou para o lado.

– E como VOCÊ sabe disso, maldito? O que você tem a perder se eu me aproximar de você?

Suzuno pareceu pensativo por um tempo. Eu podia notar a claridade diminuindo cada vez mais, como se a boca da noite estivesse começando a nos engolir. O cheiro da enfermaria era desagradável e até mesmo a água parecia possuir um gosto diferente, que lembrava algum remédio. A cama era dura, e os lençóis e as cortinas brancas estavam começando a me dar agonia. Olhei em minha volta e tentei me convencer de que era um lugar completamente diferente.

Qualquer coisa que pudesse me fazer lembrar de um hospital me dava agonia.

– Estou começando a achar que você caiu da escada de propósito – comentou.

– Não, eu não faria isso...

– Hmm, é?

– Você pensa que eu estou tão desesperado?

Ele deu de ombros.

– Eu não me machucaria, pra chamar atenção - falei - principalmente desse jeito. Não é como se eu gostasse da dor.

– Então, nada de masoquismo?

Olhei para ele. O calouro estava com o rosto perto do meu, como se estivesse me analisando.

– O..oque? – perguntei, surpreso.

– Masoquismo, eu disse. - ele sorriu malicioso.

– Não..

Por uns instantes, pareceu que ele me beijaria, porém, infelizmente, ele fez algo muito diferente disso.

– É uma pena - ele disse.

Num piscar de olhos, senti suas mãos avançarem para meu pescoço.

Meus olhos se arregalaram, e eu estava mais surpreso do que assustado. Ele apertou um pouco, mas não o bastante para causar mais do que um certo incomodo. Suas mãos eram muito frias, e meu pescoço devia estar muito quente. O choque térmico me fez lembrar de como a água fria escorria por meu corpo quando eu ia pro banho, uma sensação que as vezes me dava angustia e outras parecia me limpar a alma, mas naquela ocasião, o arrepio que senti foi por outro motivo.

Tentei tirar suas mãos de mim, mas eu me sentia fraco demais, e não fiz tanta resistência quanto eu pretendia no inicio. Então eu apenas relaxei, sentindo seus dedos finos apertando cada vez um pouco mais.

– Você vai mudar de ideia – falava ele.

– Não.. – eu suspirava.

Suzuno se levantou da cadeira e veio para a cama, sem tirar as mãos de mim. De repente suas pernas passaram uma para cada lado de meu corpo, e eu pude senti-lo em cima de mim.

Ele sorria. Mas não de uma forma boa.

Seus cabelos caiam em seu rosto, enquanto ele estava olhando diretamente para meus olhos. Senti meu corpo estremecer, e meu coração simplesmente disparou. Vê-lo daquele angulo era realmente algo que eu não podia deixar de gostar, mesmo que a sensação fosse completamente confusa. Eu tentava espirar, e o ar vinha muito pouco, e eu me senti desconfortável, porém, sentir o calouro tão perto, sentado em mim.. não era ruim. Eu me seguirei para não emitir nenhum som.

– Esta com medo?

– Não..

Ele me apertou mais. Era cada vez mais dificil de respirar, porém, de alguma forma, não estava me assustando. Mesmo com a dor de suas unhas sendo cravadas em minha pele, eu não estava com medo. Estava surpreso, um pouco intrigado, mas talvez, de algum jeito, eu estava gostando... um pouco.

Sorri de volta para ele, com dificuldade, apenas para provoca-lo.

– Você não tem medo que eu mate você? - perguntou. Sua voz parecia um pouco suave, como se ele estivesse fazendo nada demais.

– Não..

Estava ainda mais dificil de respirar.

– Porque ?

Ele só me soltou o bastante para que eu pudesse responder.

– Você não faria isso.

– Porque?

– Porque.. se você não se importasse, se você... realmente não gostasse de mim, ao ponto... de me matar.. não teria.. me trazido até aqui, para começar – falei, o mais firme que pude.

Ele tirou as mãos de meu pescoço.

– Bem pensado.

Respirei alto. A sensação do ar voltando aos meus pulmões veio junto com um alivio. Ele continuava me olhando, como se fosse realmente bonito me ver naquele estado. Sua expressão já havia voltado ao normal, no entanto.

–Porque você fez isso? - perguntei.

Ele não respondeu, apenas saiu de cima de mim, pegou sua mochila e foi em direção a porta.

Eu saltei da cama, quase caindo devido a tontura. Claro que eu não estava me sentindo bem ainda. Cair da escada e bater a cabeça no chão já era o bastante para eu me sentir mal o resto da semana, provavelmente, e ter ficado um tempo quase estrangulado não havia ajudado muito.

– Espere - falei, meio ofegante, puxando minha mochila também. Aparentemente Suzuno havia trazido ela junto comigo.

Ele parou na porta.

– Eu vou embora com você.

– Não.

– Porque?

Ele passou a mão nos cabelos, e me olhou.

Seus olhos pareciam mais escuros agora que a noite caia. Eram tão profundos quanto a luz do dia, e eu simplesmente não conseguia desviar-me deles. Suzuno era de longe um cara muito atraente, em vários sentidos.

– Eu não estou indo para casa. - respondeu.


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Notas finais do capítulo

Estou com medo desse capitulo. O QUE DIABOS EU ESCREVI ALI? Alguém me explica pfvr aaaaaaaaaa



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