Eskalith escrita por haru


Capítulo 11
Conflituoso


Notas iniciais do capítulo

ah, não tenho mto o que falar aqui T_T (créditos é no fim q)
Boa leitura!



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"O que aconteceu com você?"

O silêncio pareceu me torturar.

Salvei a foto e passei para meu celular - que era o único eletrônico que eu possuía naquela casa que eu poderia usar para isso. Aquela imagem ficou em minha cabeça por um bom tempo.

De acordo com a legenda, Suzuno era filho, provavelmente, de algum empresário, numa cidade não muito longe de Inazuma. Ele era uma criança feliz, e possivelmente era mimado e possuía toda mordomia que eu sempre quis ter.

Eu podia vê-lo em um quarto cheio de jogos e brinquedos de marca, espalhados pelo chão para que ele pudesse escolhe-los a vontade, e a hora que lhe fosse conveniente. Roupas bonitas, paredes coloridas. Enquanto isso, eu estava dividindo uma beliche com Shigeto na casa de minha avó, num quarto velho e feio, com um bau de tranqueiras que costumávamos ver como brinquedos.

O que eu não podia entender é como Suzuno Fuusuke perdeu tudo isso. Como o garotinho sorridente na foto se tornou um cara frio e fumante? Como uma criança tão doce perdeu todo seu brilho e se tornou tão obscuro, ou até mesmo "sombrio"? Onde estava aquela criança? Onde estava toda aquela inocência em seus olhos, que brilhavam como se o mundo o encantasse? Porque tal brilho foi substituído por um olhar penetrante e provocador, um olhar gelado e sem emoção. Eu não podia parar de me perguntar o que houve com Suzuno Fuusuke.

E toda essa curiosidade que nasceu em mim apenas me deixou ainda mais interessado. Eu precisava saber quem era Suzuno. De onde ele veio ou o que ele realmente era. Como um filho de um empresário foi parar em uma cidade tão pequena e miserável como essa? Porque ele anda a pé, apunhalando um canivete como um espécie de marginal, enquanto ele podia estar estudando em uma universidade muito melhor em uma cidade mais tranquila ?

Essa foto era, para mim, apenas mais uma peça deste quebra-cabeça que Suzuno Fuusuke deveria ser. E a vontade de vê-lo e arrancar cada informação dele apenas crescia dentro de mim. Eu precisa saber sua história, eu precisava saciar meu desejo de conhecer cada pedacinho de Suzuno, e toma-lo para mim.


Voltei as minhas pesquisas, mas as noticias eram vagas demais, e não havia muito sobre a pequena criança. Procurei por mais informações sobre sua família e a única coisa que descobri foi que o pai de Suzuno era um homem muito importante e adorado em uma cidade não muito distante - porem bem maior- de Inazuma. Ele era dono de uma empresa grande com várias filiais. Porém, informações mais recentes sobre a tal empresa diziam que ela havia mudado de nome e possivelmente de dono.



Eu já estava zumbificado pela curiosidade e a necessidade de encontrar mais informações, quando escutei o barulho da porta.


Shigeto apenas bateu algumas vezes e já foi entrando. Aparentemente ele já havia passado no próprio apartamento, largado suas coisas e colocado seus chinelos.

Imediatamente fechei todas as janelas que havia aberto. Havia sido esperto o bastante para navegar em modo anonimo - mesmo que eu soubesse que se Shigeto realmente quisesse, ele poderia obter todo meu histórico- mas eu não conseguia ver nenhum motivo para ele se preocupar em bisbilhotar minhas pesquisas.

– Você ao menos comeu alguma coisa? - perguntou ele, em tom de repreensão.

– Isso é uma piada, né? - perguntei, debochando. O que ele queria que eu comesse aquela tarde? O resto do arroz do almoço? Não havíamos feito compra a um bom tempo.

– Tudo bem, vou pegar alguma coisa para gente... ou melhor, comprar.

– Algo salgado, por favor.

– Huh, sim, claro.

Ele saiu.

Voltou trazendo fast food.



Naquela noite foi difícil adormecer. Eu podia escutar vários zumbidos em minha cabeça, e era impossível pensar em algo direito com tal incomodo. Passei horas me revirando na cama a procura de alguma posição que me desse conforto.





Eu não tinha como negar minha má vontade para adormecer, também. Ultimamente meus sonhos estavam cada vez mais perturbadores, e era difícil tira-los da cabeça durante o dia. Para não mencionar a penca de perguntas que se passavam em minha mente.



Fechava meus olhos e era como se eu pudesse escutar cada uma delas sussurradas entre os zumbidos. Isso me deixava estressado e eu desejei que Shigeto não tivesse pego meu computador de volta.


Na manhã seguinte, levantei cedo e fui para meu novo emprego.



Eu havia me tornado um vendedor em uma loja de materiais para construção. A verdade é que eu havia sido contratado como caixa, mas o gerente me pôs como vendedor.


Ele era um cara legal, apesar de tudo.

Gouenji Shuya era alto e tinha a pele bronzeada. Era loiro e tinha olhos castanhos brilhantes, finos e sérios. Para não mencionar que ele era do tipo 'atleta' muito quente. Era o tipo de cara que você não poderia deixar de olhar se passasse por você na rua.

– Parece que aqui não tem muito movimento, certo? - perguntei a ele, enquanto observava algumas prateleiras de mercadorias - como torneiras e coisas do gênero).

– Por alguma razão, poucas pessoas aparecem nessa época do ano. É realmente tranquilo - respondeu.

Concordei com a cabeça. Nós não tínhamos muito assunto, mas ninguém pode dizer que não tentávamos estabelecer algum dialogo.

Ele estava trabalhando duro para pagar um tratamento a irmã, que havia se acidentado a alguns meses e precisava de algumas fisioterapias. E era estudante de medicina, bolsista. O que me fez pensar que ele também era bastante esforçado nos estudos.

Um cara interessante, mas... não tinha a mesma "aura" provocante que eu via em Suzuno. Eu não sentia raiva de Gouenji, na verdade, nos demos bem de alguma forma, mas Suzuno despertava em mim uma mistura de ódio e paixão, que eu não podia se quer compreender. Eu só queria te-lo por perto, tanto para machuca-lo quanto para dar a ele algum carinho. Era algo realmente único e estranho.

O horário do almoço se aproximou e eu não via a hora de ir para a universidade. Pensar em ver Suzuno depois de tanto tempo - quase 2 dias - me fazia um tanto ansioso. Eu havia trazido meu próprio almoço - já que pretendia ir direto para a Raimon depois do meu expediente -, algo que Shigeto me ajudou a preparar, já que eu não sabia porcaria nenhuma sobre culinária.

Mas Gouenji não havia trazido nada. Eu pensei que ele ficaria sem comer, até que um rapaz entrou na loja.

Era um branco e gentil universitário, Fubuki Shirou, o cara que havia me ajudado. Arg, que mundo pequeno.

Ele trazia consigo uma sacola com uma espécie de marmita. Gouenji, ao vê-lo, saiu de onde estava e foi até o balcão, um pouco sem graça.

– Gouenji-kun, eu trouxe seu almoço - falou Fubuki, dando um sorriso para ele.

Gouenji fez uma careta, como se estivesse envergonhado. Eu apenas observei os dois um pouco distante, fingindo estar concentrado em meu almoço.

– O-obrigado, Fubuki - disse ele - não precisava.

– O que? Você esqueceu seu almoço em cima da mesa e eu não podia deixar você morrer de fome, né? - falou ele.

O que? Eles moravam juntos?

– Obrigado - Gouenji repetiu, baixando a cabeça - muito gentil.

Fubuki sorriu de novo.

– Agora vou indo, preciso passar em casa antes de ir pro colégio, tudo bem ? - falou Fubuki, entregando a sacola ao outro - Até mais.

– Ah sim, até mais - falou Gouenji.

Depois que Fubuki saiu ele olhou para mim envergonhado. Eu levantei a sobrancelha para ele.

– Huh? - deixei escapar - que mundo pequeno..

– O que?

– Conheci aquele cara ontem.

Gouenji olhou um pouco desconfortável.

– Como?

– Ele me ajudou ontem, quando eu..bem, ele ligou para um amigo meu quando eu passei mal, nada demais.

Gouenji pegou o almoço e se aproximou de mim, puxando um banquinho do meu lado.

– Um amigo? Quem? - perguntou ele, interessado.

– Hiroto, Kiyama Hiroto.

– Ah, Hiroto..

– Conhece?

– Sim, ele é amigo de Fubuki e alguns outros amigos meus - abriu a marmita.

O almoço de Gouenji era muito mais atraente que o meu. Havia muito mais conteúdo e cores em sua lancheira. Olhei para a minha fazendo uma careta de pura inveja e decepção.

– Entendo. Ele é da Raimon também, certo? Estuda com um amigo meu..

– Huh, sim.

Eu me segurei para não perguntar nada do tipo: "O que vocês são?" Eu não queria correr o risco de deixa-lo desconfortável e dar motivos para ele se vingar de mim no futuro.

Depois do almoço, peguei minhas coisas e corri para o ponto de ônibus. A Loja era no centro da cidade, muito longe da minha casa e distante o bastante da universidade, para ter que me levar a andar de ônibus.

Eu odiava transporte público. Principalmente em horários de "pico". Pessoas asquerosas e suadas, aglomeradas dentro de uma lata velha. Conversando e lançando olhares desagradáveis, enquanto eu tinha que aturar os sons que o próprio transporte fazia.

Porém, para meu breve alivio, o ônibus me deixava a apenas 3 quarterões da Raimon. Eu já podia ver os alunos que vinham chegando, de carro ou a pé. Olhei para ver se via alguém que eu conhecia, ou que pelo menos me importava.

O sol estava fraco, havia muitas nuvens no céu. Mas era um dia normal, visualmente. Chequei meu horário e não haveria nada de muito importante. Fui direto para a sala. Primeira aula era Física experimental.

– Você fez seu trabalho, Nagumo ? - perguntou Kidou.

Ele sentava logo atrás de mim nessa classe. Não era o cara mais agradável, mas ao menos falava comigo as vezes. Era o mais inteligente de todos, principalmente em cálculos e coisas parecidas, mas não fazia dele alguém que eu gostava, particularmente.

– Eu fiz, é claro - menti, nem olhando para ele.

– Eu posso ver se seu resultado bate com o meu? Eu estou em dúvida numa coisa aqui - ele falou.

Gelei por uns instantes. Tudo bem, ele havia me pegado.

– Olha, eu não sei se eu trouxe.. acho que perdi a folha - tentei dar uma desculpa.

Kidou revirou os olhos e se virou para outro aluno. Ele era um esquisitão, mas nada que fizesse dele algum rejeitado ou coisa assim. Na verdade, ele parecia ter vários amigos, principalmente se comparado a mim. O que realmente tornava ele uma coisa esquisita, era a mania de usar óculos de proteção totalmente bizarros.

Dei de ombros para qualquer coisa que ele pudesse pensar sobre mim e minha desculpa esfarrapada. Da janela daquela sala eu não podia ver o pátio, mas eu sabia que Suzuno não estaria la.

Depois do que Shigeto havia me dito, sobre ele não frequentar as aulas de Educação Social, eu havia dado uma pequena bisbilhotada no horário de Shigeto e visto que realmente batia com os dias e o horário em que Suzuno estava no pátio, e eu, como uma espécie de "stalker", sabia muito bem os horários que Suzuno ia para lá.

Confirmando que aquela era a única classe que Suzuno não frequentava. O que me fazia pensar que talvez ele fosse um daqueles estudantes que pensam que não vão perder nada faltando a uma matéria como essa. Mas, também não deixei de pensar na possibilidade de ter algo além disso.

No intervalo procurei por ele na biblioteca. Não foi fácil encontra-lo naquele lugar enorme. Eu ainda não havia decorado muito bem aquele labirinto.

Suzuno estava sentado num canto, no chão mesmo, foleando algum livro de psicologia. Eu deduzi que esse era o curso que ele estava fazendo.

O albino nunca sentava nos bancos sobre as enormes mesas. Ele tinha um lugar único e escondido entre algumas prateleiras mais escuras no canto, aparentemente a última parede, da biblioteca. Me aproximei sorrateiramente e me sentei ao lado dele.

Por uns minutos, ele simplesmente tentou ignorar minha presenta, até que eu o cutuquei, o obrigando a olhar para mim.

O cheiro da biblioteca era agradável. Naquelas ultimas semanas eu passei a apreciar, de alguma forma, o cheiro dos livros velhos e novos, e a sensação de tranquilidade daquele lugar. Mas não suportava o silêncio.

– O que você quer? - perguntou Suzuno, num cochicho, me olhando feio.

– Nada, só vim te fazer companhia - respondi, dando um sorrisinho besta.

Suzuno balançou a cabeça negativamente e voltou seus olhos de volta para os livros.

Por uns instantes, a imagem da foto de um garotinho sorrindo me veio a mente. Suzuno possuía um olhar tão..vazio, que eu só pude presumir que algo o fizera perder todo o encanto que aquela criança tinha pela vida.

Eu tinha que saber o que aconteceu, mas isso não era algo que eu podia simplesmente perguntar a ele. Não ainda.

Puxei um livro que estava ao lado dele. "Morte e Desenvolvimento Humano", que porra de livro era esse? Isso era alguma espécie de livro suicida?

Fiz uma careta e comecei a folear. Suzuno pareceu dar uma olhada rápida em desaprovação para mim.

– Que livro é esse? - perguntei, baixinho.

– É um livro de psicologia, não esta vendo?

– Você gosta disso? - fiz outra careta - Você cursa psicologia, certo?

Suzuno se virou de novo para mim, sério.

– Sim - respondeu.

– Interessante, talvez - falei.

Eu era um estudante de física, e realmente não tinha muito interesse em psicologia, a não ser que houvesse alguma forma de usa-la para me fazer decorar todas as formulas ou algo assim.

Suzuno provavelmente não gostava de física. Eu sempre imaginei que quem se dava bem com letras, não gostaria muito de números e vice-versa.

– Eu acho melhor você sair - falou ele.

– Porque?

– Porque eu não quero você aqui.. comigo, eu quero ler - respondeu, me lançando um olhar mortal.

Olhei para ele, um pouco incrédulo.

– Eu estou atrapalhando você, é isso? - perguntei - eu posso ficar quieto então, você podia pedir isso.

– Não, eu não quero você por perto, entendeu?

– O que foi agora?

– Eu quero que fique longe.. você me atrapalha - falou ele, pegando alguns livros e se levantando.

– Hei, o que é ? Eu fiz alguma coisa errada para você?

Suzuno murmurou alguma coisa e saiu.

– Eu vou para outro lugar então - foi o que ele disse, sumindo entre as prateleiras.

Eu o olhei indo. Estava realmente irritado. Qual o problema desse cara? Nós estávamos conversando normalmente e de repente ele simplesmente resolve me odiar de novo. Isso era tão irritante, e eu não conseguia compreender.

Mas eu sei que, mesmo naquele dia, ele sabia muito bem que eu nunca mais o deixaria em paz.


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Notas finais do capítulo

Aaah, mais um cap, eu realmente demorei para esse. Toda vez que eu começava a escrever alguma coisa acontecia e eu tinha que parar para resolver :c

mas enfim, estou realmente feliz por ter TANTA gente lendo *-* eu havia comentando sobre poucos reviews pensando que algumas pessoas tivessem deixado a história de lado, mas acho que foi drama emocional (sorry).
Muito obrigado por lerem :o) me deixa muito feliZ!
jURO TENTAR ESCREVER MAIS, ou tentar.

QUERIA AGRADECER TAMBÉM A KAROLL NYAN, que recomendou essa fic ♥ eu estou MUITO MUITO MUITO feliz! Nunca recomendaram uma fic minha antes , e isso é tão.. especial eu acho ♥ Valeu mesmo :3


Aproveitar o feriado, agora que a historia começou realmente ;)
(se vcs soubessem o tanto de coisa q tem na minha mente).
Tá, agora chega de tagarelar antes que isso fique maior do que o cap D:



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