Eskalith escrita por haru


Capítulo 12
Recaída


Notas iniciais do capítulo

Ok, esse cap pode parecer um pouco confuso.
Espero que esteja bom T___T anda dificil escrever nos ultimos dias, por causa da minha familia.. mas acho que isso vai passar e tudo vai voltar ao normal - amém-.
Enfim.
Boa leitura :33



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Eu esperei Suzuno Fuusuke no portão, na saída. Ele andava tão distraido, como da primeira vez que eu o vira. O sol já estava enfraquecido e a iluninação daquela tarde parecia perfeita. O clima, tudo.. como se estivessem conspirando para tornar o albino mais atraente, a cada passo, como se fossem cuidadosamente calculados.

Eu o observei se aproximar sem silencio. Era como uma cena de filme, tão lenta, dramatica, até que ele finalmente levantou o rosto para mim. Seus olhos profundos se encontraram com os meus, me causando uma sensação estranha. Eu queria correr e abraça-lo. Eu não aguentava mais apenas pensar em como seria ter Suzuno para mim, finalmente. Mas eu não podia fazer nada, por enquanto, a não ser esperar que ele viesse até mim.

E ele veio, lentamente. Porém, seus olhos se desviaram do meu quando ele se aproximou, franzindo a testa e passando por mim como se eu não estivesse lá. Me enfezei e o segui.

- Você vai continuar me tratando assim? - perguntei, tentando alcança-lo.

Suzuno não respondeu, apenas continuou andando sem sequer olhar para trás.

Andei mais rápido. O frio da noite já estava começando a pairar sobre mim, e como eu odiava estar tão gelado. E tal sensação apenas piorou quando minhas mãos alcançaram os ombros despidos de Suzuno, que teve a ousadia de estar usando uma regata.

Sua pele era terrivelmente macia, no entanto.

Ele parou de repente, sentindo minha mão toca-lo, e virou para mim. Sua expressão era completamente apatica, e sem vida. E por alguns instantes pude vê-lo de perto novamente.

Ele parecia um pouco mais magro.

Era realmente estranho como Suzuno Fuusuke podia ser tantas pessoas em uma só. Ele podia ter um olhar arrogante e ser um metido, várias vezes. E de repente ele parecia tão sereno. E ainda há o Suzuno provocador, o mais estranho até agora. Mas.. este que estava parado a minha frente, era o Suzuno que mais me intrigava. Ele era vázio, como se alguma coisa tivesse sugado toda sua alma.

- O que você tem? - perguntei, tentando olhar para o rosto dele, enquanto ele baixava a cabeça.

- me deixe em paz - falou, sem olhar para mim.

- O que ?

- Eu disse para você ME DEIXAR EM PAZ - ele ergueu um pouco a voz.

Não havia ninguém passando por aquela rua, naquele momento. O vento soprava de fininho, tímido e me provocando com sua frieza. Eu olhei para Suzuno sem entender muito bem o que dera nele.

- Eu não quero falar com você - ele finalmente continuou, ainda com a cabeça baixa - eu não quero OLHAR para você..

- oww, eu fiz alguma coisa para você? - perguntei, indignado.

- Você.. eu não quero você perto de mim - ele falou.

Eu me zanguei. Fui até ele - estávamos a 2 passos distantes - e fiquei postado frente a frente, tentando faze-lo olhar para mim, erguendo seu queixo com as mãos. Ele olhou para meu rosto por alguns segundos e então desviou o olhar.

- O que você tem? - perguntei, bravo.

- Eu não tenho nada! Só me deixe em paz! - disse ele, dando um tapa em minha mão.

Mas eu não recuei. Segurei seus braços e o prendi contra a parede logo atrás dele.

- O que é? - perguntei.

- Me larga - falou ele, ficando bravo.

- Não até você me dizer que porra deu em você.

- Não DEU PORRA NENHUMA EM MIM, eu só .. EU SÓ NÃO QUERO TE VER.. NÃO QUERO FALAR COM VOCÊ.. QUERO QUE VOCÊ ME DEIXE EM PAZ!

- PORQUE?

- PORQUE EU NÃO SUPORTO TE OLHAR.. NÃO AGUENTO FICAR PERTO DE VOCÊ..

Ele finalmente olhou para mim. Um olhar forte, raivoso. Como se eu fosse uma espécie de assassino cruel que ele despresasse com toda a força da alma. E isso me fez estremecer. Por algum momento, pensei em fazer algo estupido, mas me lembrei do que Suzuno fez com aqueles caras na saída de nosso primeiro dia de aula. Ele guardava um canivete com ele, em algum lugar, e ele poderia usar contra mim se eu o deixasse.

Mas, eu não podia simplesmente deixa-lo ir. Eu tinha que saber o que esta acontecendo.

Não desviei o olhar dele. O vento batia e fazia seus cabelos cairem sobre seu rosto. Pude sentir seu pulso tentar se soltar de minhas mãos, mas não era o que eu esperava. Ele parecia tão fraco.

- O que você tem ? EU FIZ ALGUMA COISA ERRADA PARA VOCÊ?

- VOCÊ NÃO ENTENDE.. EU NÃO POSSO.. EU NÃO QUERO VOCÊ PERTO DE MIM - ele quase gritava, enquanto lutava para se soltar.

Parecia que seu pulso ia se quebrar a qualquer momento. Suzuno estava fraco. Como se a séculos não comece nada. Muito diferente de Suzuno alguns dias atrás, que já teria me dando um chute e me largado na rua para ser assaltado pelo primeiro que passasse.

- VOCÊ É LOUCO?

- ME LARGA..

- NÃO, EU NÃO POSSO, SUZUNO.

Eu sabia que teria que solta-lo mais cedo ou mais tarde. Porém, eu queria saber o que houve, eu não podia simplesmente deixa-lo ir, sem saber se eu poderia vê-lo amanhã. Sem saber o que estava havendo.

Eu não podia entender ele. Eu mal entendia a mim mesmo, quanto menos ele..

Talvez esse fosse o motivo que ele me atraia tanto. O motivo pelo qual eu estava me afogando para Suzuno, enquanto me apaixonava por ele.. enganando a mim mesmo com falsas ilusões sobre "controle", onde eu insistia em dizer que era apenas um interesse meu, e nada mais.. algo que eu podia controlar e terminar no momento que eu quisesse.

Eu era um belo de um mentiroso.

- Suzuno..

- Não fale nada! Eu não quero ouvir.

- Porque? PORQUE VOCÊ NÃO ME DIZ O QUE FOI..

- PORQUE VOCÊ NÃO TEM QUE SABER, NÃO TEM QUE SE METER.. VOCÊ.. VOCÊ NÃO É NINGUÉM..

Senti suas palavras cracarem como flechas em mim. Eu podia me ver em um campo aperto, cercado por caçadores, me lançando pedras, flechas e lanças.. E isso me deixava perturbado. Eu queria gritar com ele, arrasta-lo para casa e bater nele até minha raiva cessar. Mas eu nunca seria capaz disso.. eu mal podia apertar seus pulsos.

- O que..Suzuno, escute.

- NÃO, EU DISSE PARA CALAR A BOCA.

- SUZUNO.

- ME DEIXA IR.

- SUZUNO PARE.

- PARE VOCÊ - ele voltou a olhar para mim, dentro de meus olhos, como se estivesse olhando para o fundo de minha alma - eu quero ir embora..

Senti meus dedos o soltando lentamente, quase que contra minha vontade. Imediatamente, Suzuno me deu um empurrão e esfregou os pulsos, me olhando irritado.

Era como se ele me odiasse tanto, que seu ódio era trazido para mim pelo vento, soprando forte e gelado em meu rosto, fazendo-me estremecer.

- Suzuno.. porque você..

- Eu disse para calar a maldita boca- falou ele, rancoroso - apenas.. me deixe em paz, eu não posso continuar com isso, Nagumo.

- Mas.. eu..

- Não, eu não dou a mínima para você.

Senti uma pontada no peito. Senti a raiva estremecer meu corpo inteiro. Eu não acreditava em Suzuno Fuusuke, não importa o quanto ele gritasse não querer olhar para mim, isso não encaixava em minha cabeça.

Ele provavelmente era a pessoa mais complicada e confusa que já conheci. Sem ideias fixas, sem opinões sobre as coisas.. era como uma espécie de mertarmofose ambulante.

E ele conseguia me irritar profundamente.

Fui até ele e voltei a segurar seu braço. Ele tivera a chance de fugir de mim e não a fez. Não importava se ele fosse 2 centímetros mais alto do que eu, eu simplesmente consegui segura-lo. Ele parecia fragilizado. Alguma coisa estava errada. Usei a mão livre para pegar seu rosto e vira-lo para mim.

Por uns instantes, ele me olhou um pouco assustado, mas de repente ele se tornou firme novamente, tentando usar o braço livre para me empurrar para longe.

- Eu não acredito em você - falei.

Voltei a prende-lo contra a parede. Era impossível dizer se Suzuno estava mesmo revidando ou não. Ele apenas estava.. molenga. Como se estivesse com febre ou coisa do tipo. Porém, sua pele estava gelada, como sempre, e eu gostava da sensação térmica que eu sentia ao encostar nele, quando aproximei nossos corpos numa espécie de abraço forçado. Eu podia sentir sua respiração em meu ouvido, agitada ao mesmo tempo meio fraca.

- Eu não acredito em você - repeti, sussurrando em seu ouvido.

Ao sentir minha respiração quente em seu pescoço, ele voltou a tentar me afastar, me fazendo soltar seu rosto para segurar seu outro braço. Eu estava me sentindo tão forte, dominante, e eu apenas pensava várias coisas erradas naquele momento, quando de repente ouvi alguns passos se aproximando.

Na mesma hora, por um impulso, o soltei e recurei alguns passos para trás.

Shigeto vinha em minha direção. Eu não podia dizer se ele havia visto alguma coisa, mas, ele provavelmente estava bravo e me procurando.

Sua expressão era séria, e talvez um pouco brava. Trazia consigo seu computador portátil e seus cadarços estavam desamarrados.

Ele olhou feio para Suzuno quando se aproximou.

- Porque você não atente a porra do celular? - perguntou ele, bufando.

Eu não respondi. Apenas olhei para ele irritado. Aqueles olhos azuis. Porque ele tinha olhos azuis também? Isso era tão injusto. E enquanto eu tentava organizar meus pensamentos para pensar no que eu poderia fazer em seguida, Suzuno aproveitou para ir embora. Eu não podia segura-lo mais.

- O que estava acontecendo aqui? - perguntou Shigeto, quando o outro se distanciou sem dizer nada.

- Estávamos conversando quando você tinha que aparecer e ferrar com tudo -respondi, o olhando enfezado.

Shigeto franziu a testa e deu de ombros. Por alguma razão, passou pela minha cabeça que ele fizera de propósito.

Os dias foram se sucedendo como uma espécie de tortura. Perdi a conta de quantas vezes esperei Suzuno Fuusuke no portão da escola, o esperando sair, assim como perdi a de quantas vezes ele passou por mim e fingiu que eu não existia. 

Eu poderia dizer que sentia ódio dele. Que queria bater nele, acabar com ele, faze-lo rastejar-se pela minha atenção. Eu poderia confirmar que essa, no fundo, sempre foi minha verdade intenção com ele. Mas, eu provavelmente não estaria sendo verdadeiro em tudo.

Não importava quantas vezes eu era ignorado ou pisado por ele. Eu ainda estava lá, o observando da janela. Era uma espécie de idiota, eu sei. Já havia passado da idade de fazer esse tipo de coisa besta. Porém, lá estava eu, correndo atrás de Suzuno, e me perguntando o que aconteceu. Eu ainda tinha muitos passos para dar, muitas peças para juntar. Eu ainda tinha muito a conhecer sobre ele, e cada vez que eu o via mais distante, eu me aproximava mais, sorrateiramente, em silencio.

Eu parecia ser o único que percebia ele se rasgando, diante de meus olhos, aquelas semanas. Eu era o único que notava o quanto ele estava mudando. Ainda mais quieto, mais distante. Menos aulas, mais faltas, até que ele passava dias sem ir ao colégio. Parecia mais magro, e passou a usar mangas cada vez mais cumpridas, e eu sabia que era para esconder qualquer novo hematoma que ele poderia ter adquirido. Até que seu cabelo não parecia mais tão sedoso e bonito, apenas.. um monte de fios prateados e despenteados, duros, sem brilho. Como ele ficava mais pálido e abatido, a cada dia que eu o via.

Eu podia dizer que não me preocupava. Que tudo que eu sentia em relação a Fuusuke era puro tesão estupido, que passaria quando eu finalmente o encontrasse largado em alguma sarjeta depois de ser violentado. E eu poderia até mesmo negar o medo que eu sentia de ver isso acontecer, cada vez que eu o vira mais e mais fraco, como se ele estivesse simplesmente sumindo. Mas, o pior de tudo, para mim, era vê-lo fingir que não havia nada errado. Negar qualquer mudança, por mais clara que ela aparentasse. Vê-lo fugir de mim o tempo todo, sem dar um pingo de explicações, enquanto eu tinha que carregar o peso de saber que algo estava errado e não poder fazer nada.. nada além de me olhar no espelho e tentar convencer a mim mesmo que tudo isso era bobagem, que eu estava pouco me lixando para o que estaria acontecendo com Suzuno.

Mentiras.

- Tudo bem com você? – perguntei, certa vez que me aproximei no intervalo.

Suzuno não carregava mais  livros pelo corredor, ou coisas assim. Ele apenas baixou a cabeça.

- Estou – falou rouco.

- Mas eu..

- Eu disse que estou! Me deixe quieto agora – falou, dando as costas.

E mais uma vez eu o vi indo.

Dei de ombros, irritado, e fui em direção oposta.

“Quem diabos ele pensa que é? O que ele esta fazendo?”.

“Que drogas você anda usando Suzuno Fuusuke?”.

Estava tão distraído, que Shigeto precisava gritar ou me bater para que eu pudesse ouvi-lo, boa parte do tempo.

- Haruya, eu estou falando com você!

- O que é?

Estávamos em seu apartamento. Eu usava o computador de Shigeto para fazer pesquisas da faculdade, enquanto ele estava em seu laptop, provavelmente ainda perdendo seu tempo com algum vírus idiota.

- Eu estava falando.. ah, deixa para lá, não é importante..

- Se não é importante, porque você estava falando? Porque você esta bravo por eu não ter ouvido, então?

Shigeto bufou e voltou sua atenção para a tela de seu computador de colo. Fiz o mesmo, voltando para minhas pesquisas.

E era assim que eu andava por aqueles dias. Devo agradecer a Gouenji Shuya, pois se ele não fosse um cara tão legal - ou um daqueles colegas de trabalho filhos da mãe, que só querem ferrar você – eu provavelmente teria sido chutado para fora de meu emprego se não fosse por ele ser tão paciente.

- Nagumo, você não anda dormindo, não é? – perguntava ele, quando me encontrava parado em meio as prateleiras, em algum devaneio de pensamentos.

- Huh? Oh, não, eu.. – tentei pensar em alguma coisa, mas minha mente simplesmente se recusava a me dar alguma ideia – Desculpe.

Ele me olhou com ar de desaprovação, e suspirou.

- Olhe, tudo bem, mas.. tente ter foco, ok? Estamos com pouco movimento, mas.. mesmo assim, é melhor não correr o risco, se é que me entende.

- Ah, eu entendo – falei, desanimado, voltando a arrumar as prateleiras.

Com uma cabeça como a minha, era realmente complicado separar pensamentos. Não importava o quanto eu tentasse manter o foco em alguma coisa, outras preocupações simplesmente tomavam toda minha linha de pensamento e não me deixava fazer mais nada. Quando eu me dava conta, já estava perdido, em algum lugar da minha cabeça, distraído e sem ação. O que era um grande problema, tanto em minha vida escolar, quanto fora dela.

- Você esta bem? – perguntou Shigeto, quando estávamos subindo as escadas, para nossos quartos, quando voltamos da faculdade, em certo dia de chuva.

- Eu estou, Shigeto – respondi, um pouco irritado – eu já te  disse que estou bem umas 20 vezes desde que saímos do ônibus.

- Eu sei, mas.. você anda esquisito.

- Normal.

- Não, não é..

Chegamos ao corredor e eu fui para meu apartamento sem dizer mais nada.

Eu me sentia  cada vez mais distante de Shigeto, e de qualquer outro amigo que eu poderia ter.. eu estava preocupado demais para pensar neles. Simplesmente.. não tinha como eu pensar neles.

Já estava prestes a ir me deitar, mesmo que bastante cedo, eu não tinha animo nenhum e os sonhos não estavam tão ruins, comparados a sensação que eu sentia acordado, como se um batalhão de pensamentos desgraçados martelasse meu cérebro descontroladamente. Então, escuto alguém bater na porta.

“Por favor, que não seja Shigeto querendo ter alguma conversa sobre como se preocupa comigo..” Desejei, ao me levantar para abrir a porta.

Arregalei meus olhos para a pequena figura que aparecera parada diante de mim.

-O-o que você quer? – perguntei.

A garota ergueu a cabeça e me olhou um tanto abatida.

- Eu preciso de sua ajuda.


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Notas finais do capítulo

Criticas, elogios, xingamentos, duvidas, coisas do tipo: mandar review, eu vou ficar realmente feliz, pronto.



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