Ouro e Escuridão escrita por Tiucafange


Capítulo 28
Capítulo 28- Inesperado




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Hillian

Hoje estava sendo um dia tranquilo. ESTAVA. Era apenas uma quarta normal, como qualquer outra. Estava ajudando na Ala de Acidentes Mágicos, agora já sou curandeira junior em treinamento. É minha ala favorita, sempre tem algo inesperado. Pessoas que tentam melhorar a aparência e acabam com vinhas no lugar de cabelo, presas de trinta centímetros; gente que derramou poções mal feitas e tem queimaduras estranhas; enfim, sempre algo novo, nunca tem mesmice e isso é o melhor parte nesse trabalho. Odeio rotina. 

Estávamos indo tomar um café, quando um coruja apareceu. A recepcionista pegou a carta e ficou com os olhos arregalados.

— Hillian, Madame Marë! Preparem-se! Kits de emergência! Vou avisar os outros Curandeiros!- ela gritou com urgência. 

— Ei, o que aconteceu?- Madame Marë, questionou, preocupada. 

— Aquele-que-não-deve-ser-nomeado! Atacou uma rua inteira! Duas famílias bruxas estão vindo!- A recepcionista respondeu transtornada. 

Saímos correndo para preparar as coisas. Era o terceiro ataque em uma semana e meia. 

Cinco minutos depois, pessoas do ministério chegavam com os feridos. Uma era a família Darvos, eles estavam queimados mas pareciam bem, os outros eram Edgar Bones com a esposa e a filha. Edgar estava morto, isso estava claro, ele tinha sido com certeza  atingido por uma maldição da morte. A esposa e a filha pareciam ter sido torturadas e estavam muito feridas.

Fui com os curandeiros ajudar a srª Bones. Ela estava sangrando pelo corpo todo, tinha cortes em todos os lugares. Comecei a limpar os ferimentos, ela estava gelada, os curandeiros iam apressados de um lado para o outro, fazendo tudo que era possível. Eu tentava murmurar os feitiços e passar o creme cicatrizante o mais rápido possível, estava ficando zonza de tão rápido fizemos. Mas no fim não adiantou, ela veio a falecer.

Corri pra tentar ajudar a filha deles, mas ela também já estava morta. Eles torturaram as duas tanto, que juntou com os ferimentos, acabou não podendo lutar o tempo necessário. Me senti muito mal por elas. A filha tinha apenas 11 anos, iria para Hogwarts em setembro. Apenas um ano mais nova que Henry. 

Resolvi ir ver os Darvos. Eles tinham sido vitimas de uma explosão, mas só tinham cortes superficiais. Ajudei a enfermeira a fechar os ferimentos e depois fui ao banheiro dos funcionários. Eu me olhei no espelho, estava pálida e tinha manchas de sangue no uniforme. Eu não me sentia muito bem, estava com ânsia, não é pra menos, já que tinha visto uma família toda ser morta. Lavei o meu rosto e fui procurar Madame Marë para ver se ainda precisavam de mim ou podia ir embora (meu expediente havia terminado uma hora atrás).

Lá estava ela, tomando uma café com o pessoal do Ministério:

— Oh, srtª Hundoph, estava lhe procurando. Você está bem?- Ela me perguntou. Analisando meu estado.

— Na medida do possível sim senhora- Lhe respondi.

— Você está muito pálida- Ela observou, com preocupação no olhar.

— Eu estou bem- Repeti. Tudo que eu precisava era tomar uma banho e ficar abraçada ao Sirius, pensei.

— Venha, deixei eu te examinar, hoje foi um dia difícil e você é ninfa pode ter perdido ferro no sangue- Ela disse me levando para baixo, pra uma sala de exames. Revirei os olhos, todo mundo sempre parecia ter um cuidado excessivo pelo fato de eu ser ninfa. Nunca achei que precisa-se deles, mas fazer o que. 

Entramos numa sala de exames. Ela me fez sentar na maca e fez uma série de exames, incluindo de sangue. É tão rápido isso tudo com feitiços, não sei como trouxas se viram.

— Ok, eu estava certa, você está com falta de ferro no sangue. Sabe o porque?- Ela perguntou séria. Ela tinha que me transformar numa aula? Depois de tudo que aconteceu? Sério?!

— Ah, eu tive um dia muito cheio e a minha pressão caiu?- Estava cansada demais pra pensar, e achei que não merecia isso. 

— Não. Você esta grávida Hillian- Ela disse tranquilamente. Simplesmente como se estivesse comentando o tempo lá fora. 

— Como?- Falei, ela disse  o que eu acho que ela disse?

— Grávida srtª. De nove semanas para ser mais exata- Ela falou. Tinha um sorriso bondoso no rosto. 

— Eu sugiro que a srtª descanse e amanhã venha se consultar com a enfermeira geral, Madame Varian, ela lhe dará conselhos- Ela disse e me deixou sozinha digerindo a noticia.

Grávida, eu, grávida. Eu ia ser mãe. Aos dezenove anos. Sirius ia ser pai. Oh meu Merlin, como vou contar para ele? Logo agora, que ele superou a pressão de todo mundo pra oficializarmos nossa união. Como ele vai reagir? Merlin, como vamos criar essa criança? Não digo financeiramente, digo sobre nós. Somos jovens e nunca pensamos nisso- não tão cedo, chegamos a conversar sobre isso, para daqui ha 8, 10 anos, não agora. Nove semanas, isso bate com o casamento de Frank e Lice, faz sentido aquela manhã saímos apressados não tomei a poção....

Estava em casa, já eram 23 horas, Sirius devia chegar logo. Tinha tomado um banho, comido um sanduíche e ido pra cama. Remus estava de Missão pra Ordem, Six e James deviam estar averiguando o ataque aos bruxos de hoje. Pelo menos ajudando. Pensei na filha do Edgar, ela havia sido torturada, e olha que era mestiça. Imagina o que fariam quando descobrissem que eu a 'última ninfa da Grã Bretanha' carregava um filho de um Black? Belatrix e Regulus tentariam matar esse bebe.

Levantei a camiseta e olhei para o meu ventre. Não havia sinal nenhum de que eu estava engordando, sabia que logo começaria a aparecer, mas ainda não. Eu já o amava, claro que sim. Senti algo crescer no meu coração quando ainda estava saindo do hospital. Lembro de Aretha ter falado isso pra mim quando ela estava grávida de Henri há 13 anos atrás, e achar loucura. Como você pode amar algo sem nem saber como ele é? Mas eu o amo, mesmo sabendo que ele é algo pequeninho, mas já respira e seu coração já bate.

Me deitei na cama pensando como contaria pro Six. Nesse momento o mesmo chegou, parecia exausto.

— Boa noite!- Ele disse e me deu um beijo. Percebi pela intensidade do mesmo o quanto preocupado e cansado ele estava. 

— Oi Six, como foi?- Perguntei.

— Suponho que você saiba o que aconteceu com o Edgar?- Ele me respondeu, com um olhar sombrio.

— Sim, eu tentei salvar a esposa e a filha dele. Que coisa horrível de se acontecer. Ela só tinha 11 anos...- Falei deixando choque me tomar. Ele me abraçou.

— Pois é, eu sei. Vou tomar um banho rápido e já volto, ok?- Disse ele me dando um beijo na testa.

Tentei relaxar ouvindo a água, mas ainda não sabia como contar. Eu tinha que contar logo, não posso esconder isso dele, por pior que fosse. Ouvi a água acabar e minutos depois a porta se abrir e Sirius já de pijamas aparecer. Ele sorriu.

— Que foi?- Ele perguntou. Tinha um olhar divertido. Ele me conhece muito bem, assim como eu o conheço. 

— Nada- Respondi mas da pra ouvir o nervosismo na minha voz. Ele veio e se sentou no lugar dele na cama.

— Não esconda nada de mim, pode contar o que quer que for pra mim lembra?- Ele disse me olhando nos olhos sério, segurando a minha mão. 

— Eu não sei por onde começar...-Falei num sussurro, olhando para nossas mãos entrelaçadas. 

— Que tal pelo começo?- Ele disse dando meio sorriso pra mim. Respirei profundamente.

— Depois de ter cuidado dos Darvos hoje; a outra família bruxa que foi ferida- Acrescentei ao perceber que ele não sabia de quem eu estava falando, ele assentiu.

— Eu fui avisar a minha supervisora que estava de saída, porém ela me achou muito pálida e quis fazer exames pra ver se eu estava bem- Dei uma pausa. Suspirei pesadamente.

— Hi, você está doente?- Ele perguntou agora parecendo muito preocupado.

— Não.- Dei uma pausa. Ok, é agora. Você consegue, pensei. 

— Eu to grávida Sirius.- Tentei falar o mais calmamente possível.

Sirius entrou em transe. Ele ficou pálido com os olhos arregalados. Ele ficou assim por uns 5 minutos.

— Grávida?- Sussurrou muito baixo.

— Sim, de nove semanas- Falei baixinho, não pude evitar de colocar a mão no meu ventre. Isso é tão estranho. Sirius seguiu com o olhar o movimento, ele ficou ainda mais pálido.

— Eu vou ser pai?- Ele disse, havia um 'que' de pânico na voz.

— Uhum- Eu disse, senti vontade de chorar. De medo do futuro, mas me mantive firme. Sirius continuou olhando a mão no meu ventre.

— Foi na manhã do casamento de Frank e Alice?- Ele perguntou, sua voz mais controlada, uns 2 minutos depois.

— Só pode ter sido- Sussurrei.

Ele me abraçou. Um abraço forte e firme, como se ele tentasse demostrar coragem pra mim. Depois eu deitei no peito dele e peguei no sono enquanto ele acariciava o meu cabelo. Não dissemos nada em voz alta, mas eu sabia que ficaria tudo bem. 

Sirius

Duas da manhã, daqui ha quatro horas eu tinha que estar de pé. Mas não consegui pregar o olho. Pai, eu ia ser pai. Não acredito nisso, quer dizer, eu até pensei em ser pai, sim. Mas agora? No meio de uma guerra? Como vou protege-lo? Alem do mais, sou muito novo ainda, quer dizer eu vou ter 40 anos e esse bebe 20, tipo não é uma diferença muito grande, não? Me sinto assuntado, em pânico.

Olhei para Hillian, ela agora dormia no meu ombro esquerdo, calmamente, enquanto eu continuava a acariciar o seu cabelo. Imaginei o medo que ela também estava sentido, e como ela foi forte. Eu ia precisar ser forte também, por ela e por esse bebe. Afinal ele não tinha culpa, não é? Nós que esquecemos de tomar cuidado. Eu tinha que ser forte e corajoso por ele.

Com cuidado coloquei Hillian no travesseiro dela e deitei de lado. Com a mão esquerda a acariciei no cabelo dela, e coloquei a direita no seu ventre. Não senti nada de diferente, mas agora eu sabia que lá dentro havia o meu bebe. Acariciei devagar o ventre.

— Olá pra você pessoinha. Que surpresa que você é- Sussurrei. Coloquei meu rosto mais perto da barriga da Hillian.

— Nós não esperávamos por você, mas você é bem vindo, ta? Eu prometo que vou fazer o meu melhor, prometo que vou ser um pai melhor que o meu, prometo que você ficará seguro, ok?- Eu sussurrei pro ventre. Dei um beijo na barriga então me deitei. Eu senti algo enorme crescer dentro de mim, e percebi que naquele instante, tudo que eu mais queria estava ali ao meu lado. Minha garota, e nosso bebê. Adormeci com uma mão na cabeça e outra no ventre da Hillian.

Acordei na manhã seguinte, meio desnorteado. Hillian não estava na cama. Pensei sobre ontem, sobre o bebê. Eu tinha que falar alguma coisa para ela. 

— Bom dia!- Ela disse baixo, saindo do banheiro. Me levantei e fui até ela.

— Bom dia- Disse abraçando-a. Ela se grudou em mim, e eu fiquei aproveitando o seu cheiro, que sempre me fez bem.

— Hi, me escuta- Falei sério, afastando-a um pouco, segurando com força na sua cintura. Ela me encarou.

— Eu devia ter falado alguma coisa ontem, mas fiquei em choque. Primeiro de tudo: Eu amo você- Falei olhando-a firmemente. O olhar dela se iluminou com isso. 

— Segundo: Eu já amo esse bebê, e prometo que irei cuidar, proteger e está do lado dele e do seu, para o resto da minha vida, ok?- Eu disse acariciando o ventre dela. Ela me abraçou forte.

— Eu também amo vocês- Ela disse, emocionada. Sorri. 

— E agora? Madame Marë falou alguma coisa?- Perguntei.

— Ela falou para eu procurar a Curandeira Geral hoje, que ela faria uma consulta. - Ela disse me olhando. Assenti.

— Que horas seria isso? Eu gostaria de ir- Falei.

— Que horas você pode?- Ela revidou, acariciando meu rosto.

— 17 horas seria bom. Assim já busco você- Falei.

— Por mim pode ser- Ela sorriu. 

— Alias, eu vou levar e buscar você a partir de agora. Você não pode usar Flu ou aparatar, ouvi dizer que pode fazer mal- Disse sério. Ela sorriu ainda mais.

— Sim, senhor- Ela disse, e me beijou. 


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