Por sorte quando entrei na sala a professora não tinha chego, se não ou iria para a secretaria ou se a professora estivesse de bom humor eu entraria de boa.

O fundão como sempre estava bagunçado, os meninos jogavam bolas de papéis entre si e as meninas se olhavam no espelho ou comentavam sobre algum ator bonitinho de algum filme ou série qualquer. Na frente estudavam os que gostavam de estudar, os inteligentes. Eles ou estavam lendo livros ou jogando seus videogames portáteis ou fazendo desafios entre si de matemática e montando cubos. E no meio? Bem, no meio sentavam as pessoas que não se encaixavam entre os grupos dos nerds ou dos populares, skatistas, góticos, cada um de um grupo diferente.

Anna sentava na terceira mesa da fileira á minha direita. Passei por ela, que estava tão concentrada em seu livro que se quer se importava com o barulho dos outros, vez ou outra a acertavam com bolinhas de papéis nela, só assim para ela tirar os olhos do livro.

Sentei no mesmo lugar de sempre, última carteira da penúltima fileira e logo meu melhor amigo veio falar comigo.

- Ei Mané! – Ele diz me cumprimentando. Dylan era meu amigo desde que me entendo por gente, ele é do time de basquete também. Ele era mais alto que eu e fazia o estilo beleza internacional, hã, como posso dizer, ele era loiro, tinha a pele branca e olhos azuis, sem falar em seu corpo sarado. (Por Deus, mais uma frase ou palavra gay e eu beijo o Dylan).

- Fala Dog. – Ao dizer isso Dylan estremeceu, ele simplesmente odiava esse apelido. Por quê? Bem, uma vez, a professora substituta de matemática veio dar aula e, hãn, ela era muito gostosa. Dylan teve uma paixonite pela professora, ou pelas suas pernas ou quem sabe seus peitos, ou por tudo, vai saber. Enfim, juro que a professora quase ficou palito de dente de tanto que Dylan e todos os meninos da sala a secaram. Ela passava uma equação no quadro e perguntou a ele o resultado e adivinhem o que ele fez... Ele LATIU para a professora, sim ele fez isso. Ele deveria estar tendo alguma fantasia ou sonho em que ela o chamava de cachorro. Hahaha. Mas pelo bem de vocês não entrarei em detalhes. (Até hoje tenho pesadelos com isso).

- Poxa cara, tu sabe que eu odeio esse apelido. – Ele diz choramingando, eu apenas rio. – Fiquei sabendo que você defendeu a Palmer na frente da escola, me conte isso.

Contei tudo a ele. Nem tinha reparado que a professora havia entrado em sala.

- Nossa amiga que babado, juro que fiquei bege! – Dylan diz com uma voz fina, numa tentativa falha de imitar uma garota e coloca a mão sobre a boca. Não me aguentei e ri descontroladamente, achei que ia chorar de tanto rir. Todos da sala se viraram para mim e Dylan, inclusive a professora. Ela caminhava a passos lentos até nós, com seu olhar reprovador e severo. Poderia gritar pela minha mãe de tanto medo, mas além dela não ouvir, eu iria pagar mico.

- Ferrou cara! – Dylan diz cochichando para mim, nós engolimos em seco. A professora para na nossa frente e nos encara.

- Será que o senhor Scott e o senhor Morgans podem nos dizer o motivo de tanta graça ou terei que manda-los para a diretoria por interromperem minha aula?  - Ela diz nos olhando ameaçadora, por cima de seus óculos fundo de garrafa.

Eu não poderia dizer de fato o que ocorreu, não queria Dylan sendo zoado e muito menos explicar pra professora sobre o que falávamos. Olhei para Dylan pra ver se ele me dizia algo pela expressão e eu entendi foi “Te vejo lá meu brother”. Uma palavra: Ferrou.