A professora ainda nos encarava.

- Então meninos... Estou à espera de uma resposta.

- Então professora... – Comecei a soar frio, nem sabia o que diria em seguida, olhei para Dylan e ele apenas sorria nervoso. Uma ideia genial percorreu minha mente. – Dylan estava falando de sua avó que se estivesse viva, falaria que ela precisaria se bronzear, malhar e arranjar uma namorada pra casar, já que ela casou cedo...

- Foi só por isso senhor Scott? – Ela me olhou desconfiada. Estava prestes a assentir em confirmação, quando Dylan se pronunciou.

- É claro que não é verdade né professora. – “TÁ LOKÃO CARA, COMO ASSIM?” foi desse modo que eu o olhei, ele pediu calma com as mãos e a professora o olhou. – Bem na verdade foi isso mesmo, só que eu enquanto dizia isso imitava a minha vó, por isso a risada. – Dylan a olhou triunfante como se ela tivesse perdido a guerra, eu a olhei esperançoso, queria que ela acreditasse, não queria ir visitar o diretor Finnigans novamente esse ano.

- Hum, certo. Não confio totalmente, mas como não tinha testemunhas e nada parecido ficarei com isso mesmo. – Eu e Dylan nos entreolhamos aliviados. Ela retornou a frente da sala. – Prestem a atenção em mim turma.

- Essa foi por pouco. – Dylan apenas assentiu e voltou a sua atenção para a professora.

- Como eu ia dizendo antes de ser interrompida... – Ela nos olha. – Esse é o último trimestre do ano e espero que estudem, pois não irei dar nota extra a ninguém este ano...

“A senhora Radfield fala demais e todo fim de trimestre é o mesmo discurso” Eu peguei minhas duas canetas e fingia tocar bateria, eu estava entediado. “Isso está me dando um sono, acho que...” Quando vi eu dormia sobre o caderno.

-x-

Eu estava cansado, tinha ficado a noite anterior olhando para o teto, fiz a melodia de uma música e passei um nível de Angry Birds, se dormi duas horas foi muito.

Acordei com meu amigo me chacoalhando.

- Ei cara acorda. – Ele ainda mexia em meus ombros. – Está babando aí. – Eu levantei a cabeça lentamente, me espreguicei e soltei um bocejo e limpei o canto da boca (que não estava babado só pra constar).

- É o intervalo já? – Eu perguntei atordoado e Dylan riu. – Que foi? – Franzi o cenho.

- Olha a sua volta. – Foi então que eu reparei que não tinha mais ninguém ali na sala. Dormi o dia todo. – Cara, eu apaguei!

- Eu sei. Se não fosse teu amigão aqui... – Ele disse apontando para si mesmo. – Jack e seus amigos bobões teriam te zoado, enquanto você dormia. – Eu o olhei pra ver se sua expressão desmentia o que ele dizia, então ele sorriu. - Me pague um café no Starbucks com um donut e está tudo certo. – Ele disse piscando pra mim.

Rolei os olhos, Dylan era um mafioso maldito, pelo menos era só isso que ele pedira, da última vez ele pediu pra eu fazer seu dever de casa.

- Está certo, amanhã cedo à gente toma café da manhã lá. Fechado? – Digo estendendo minha mão ele a aperta risonho e nós saímos dali.

-x-

Dylan não quis ir pra minha casa depois da escola pra jogar videogame, fiquei bolado, afinal ele poderia tirar meu tédio e a gente se divertiria. Me despedi e tomamos caminhos diferentes, eu pra minha casa e ele pra dele.

Cheguei em casa e não havia ninguém, como eu havia dormido na hora do almoço, eu estava simplesmente morto de fome, fiz alguns sanduíches e subi pro meu quarto, tirei a jaqueta do time e a camiseta do uniforme, ficando sem camisa e só de calça jeans. Você deve estar pensando: “Mas lá estava frio” Queridos leitores, isso foi de manhã, por incrível que pareça tem um sol aberto no céu, o que fazia o clima ficar morno e morno em Londres é quase super hot no Brasil, então se acostumem.

Liguei a TV e passava algum desenho bobo, deixei ali sem prestar muita atenção, eu comia meu sanduíche e às vezes ria. Terminei de comer e deixei o prato sobre a cômoda e desliguei a TV. Olhei a minha direita e vi minha bateria e meu violão encostados ali. Os analisei e estava decidido: eu cantaria e tocaria um pouco pra passar o tédio.