Imprinting escrita por Nessie Black Halloway
Renesmee Cullen's POV
Depois daquela conversa de esclarecimentos com Jacob, de certa forma eu me senti mais segura por saber a realidade da situação. Ele foi caçar naquela manhã e Carlisle não me deixou sair da cama até que eu me recuperasse.
Mamãe e papai ficaram comigo após Jacob sair. Passamos a manhã inteira conversando com descontração e assistindo filmes, e eu demonstrei que estava despreocupada, depois que eles me garantiram que nada iria acontecer comigo, nem com ninguém.
“Ela é só uma, e nós estamos em maioria. Já confrontamos todos eles uma vez. Não será de uma Volturi que teremos medo.” – papai disse tranquilamente.
Aquelas palavras apaziguaram minha mente, e apesar de tudo, aquela manhã estava comum e agradável a meu ver.
Mamãe ficou ao meu lado o tempo todo, e de vez em quando me fazia carinhos e observava minhas expressões com seus olhos profundos. Papai parecia completamente tranquilo, e eu senti que ele queria que eu me sentisse segura e confiante com eles. E estava conseguindo.
– Nessie, nós vamos caçar – disse mamãe após os créditos finais do filme.
– Tudo bem – tentei cobrir a decepção em minha voz. Estar com eles ali era como se tudo estivesse igual... normal.
– Alice vai ficar com você – falou papai enquanto beijava minha mão.
Mamãe me beijou no rosto e os dois atravessaram a porta.
– Olá, meu anjo! – tia Alice entrou saltitando, e sentou na cama. – Como você está?
– Estou bem – seu sorriso me cativou na mesma hora. – Na verdade, estou cansada de ficar aqui.
– Carlisle disse que você precisa repousar, mas acho que já foi o bastante. Então, por onde começamos? Cabelo, roupa ou unhas? – ela se entusiasmava a cada quesito.
– Por que preciso me arrumar? – soltei um riso nervoso.
– Você vai ver seu lobo – ela explicou pausadamente, com animação.
– Vou?
– Sim. Você não quer?
– Claro! – uma onda de felicidade me atingiu – Então já posso sair da cama?
– Se tiver cuidado e não se esforçar muito, sim.
Eu acompanhei seu entusiasmo.
– Mas por que tenho que me arrumar? Vou só sair com Jacob.
– Só sair com Jacob? – ela ergueu as mãos pequenas – Você vai sair com ele. Não quer impressioná-lo?
Eu dei uma risada curta. Tia Alice nunca havia se dirigido a Jacob desta forma, como se ele fosse meu namorado ou coisa assim. Lembrei que ela disse que agora eu era uma “mocinha”, ela devia estar esperando meu aniversário para começar a agir assim.
Levantei da cama e comecei a arrumá-la, enquanto sorria lembrando das suas atitudes.
– O que foi? - ela perguntou.
– Nada – eu disse entre risos.
– Sou engraçada pra você?
– Você é impressionante, tia – olhei pra ela e sua expressão era divertida.
– Ah! – ela pegou um cobertor que eu tentava dobrar com a mão esquerda. – Impressionante. Gostei.
Ela me fez vestir uma roupa bem aquecida, porque estava frio , e modelou meus cachos com babyliss, depois começou a fazer minhas unhas dos pés, quando alguém deu três batidas na porta.
– Nessie? – reconheci a voz. – Posso entrar?
– Entre, tia Rose.
Ela abriu a porta e estreitou os olhos quando viu tia Alice.
– Alice! – ela exclamou – Está torturando Nessie outra vez?
– Não estou fazendo nada demais.
– Estou gostando – falei a tia Rose. Eu não queria atrapalhar a animação de tia Alice, nem a minha. – Está bem divertido.
Ela veio até mim e acariciou meus cabelos, me beijando no alto da testa.
– Minha pequena, como você está?
– Estou bem – observei seus lindos olhos gentis que sorriam pra mim.
– Seu braço ainda doi? – agora ela se agachava, tocando minha mão.
– Não muito – percebi a preocupação materna que só tia Rose poderia ter, e sorri pra ela. – Não se preocupe.
– Não deixe Alice abusar – ela a fitou, com um sorriso leve.
Observei a concentração de Tia Alice enquanto pintava precisamente minhas unhas em um rosa bebê.
– Já tomou seu café? – tia Rose perguntou.
– Ainda não.
– Vou buscar – ela virou-se mas hesitou na porta, girando para trás. – Alice, Bella disse onde iria?
– Ela disse que ia caçar com Edward, mas não disse onde. Por que Rose? Algum problema?
– Nenhum – percebi uma tensão disfarçada em seus olhos – Eu já volto – ela saiu e fechou a porta.
Tia Alice interrompeu sua pintura e fitou o chão, com uma expressão relaxada, porém concentrada.
– O que foi? – perguntei. – Algum problema com meus pais?
– Não se preocupe – ela continuou seu trabalho – Eles aproveitaram a saída para ir à casa de Charlie... Foram alertá-lo para que não viesse aqui enquanto tudo fique completamente... seguro. Rose só estava preocupada.
– Ah – suspirei. – É claro. Vamos deixá-lo fora disso.
– Gliter? – ela mudou de assunto.
– Sim – deixei-me levar por sua descontração.
Mais tarde, Jacob estava prestes a chegar para me buscar, e toda aquela tensão da noite passada restringiu-se a um ponto concentrado perdido no espaço, pronto para explodir a qualquer momento, como uma bomba relógio. Mas eu estava decidida a ser forte, e me preparava psicologicamente para o que viria, lembrando-me das promessas que Jacob me fizera.
Por mais que eu tentasse, não conseguia imaginar algum momento difícil sem a sua presença. Era como se Jacob fosse a minha proteção em pessoa... ou em lobo.
Se houvesse perigo, ele estaria aqui. Se eu tivesse medo, ele saberia e me confortaria. E se tudo estivesse perdido, eu ainda o teria pra mim.
Ainda com o ombro imobilizado – eu já estava ficando irritada com aquilo – desci os degraus da escada e sentei no sofá da sala, que estava vazia.
Ouvi passos conhecidos vindos de fora, e a cabeça de Jacob apareceu timidamente enquanto ele abria a porta.
– Oi! – eu fui ao seu encontro.
– Alice disse que eu viria?
– Hmm... sim! – minha resposta foi quase uma pergunta.
– Baixinha irritante! – ele franziu os lábios – Queria que fosse surpresa.
– Ah, francamente Jacob! Fiquei muito feliz quando ela me disse.
Ele me abraçou com força em seus braços de aço, e apertou demais meu ombro. Eu me encolhi um pouco, mas não me importei.
– Desculpe – ele me soltou rapidamente, mas eu o abracei outra vez.
Ele pegou um dos carros da garagem e me levou para o norte de Forks. Eu queria perguntar aonde iríamos, mas pude perceber que estávamos chegando em Seatle.
– Vou estacionar aqui – ele falou enquanto chegávamos em um parque bem grande, com pessoas por toda parte.
Ele saiu do carro, deu a volta para abrir a porta pra mim, e me pegou pela mão. Os atos de cavalheirismo de Jacob me encantavam todas as vezes que ele os fazia, e eu sempre me surpreendia.
Andamos em silêncio por alguns minutos, e eu senti olhares voltados para Jacob, depois para mim, e voltavam para ele outra vez.
Certamente estavam nos achando um casal meio estranho. Ele por chamar atenção pela sua altura e por ser forte, e eu talvez por ser estranhamente... diferente das garotas de minha suposta idade. Sacudi a cabeça para afastar os pensamentos e tentei ignorar os olhares das pessoas.
Jacob me guiou até um banco vazio, mais afastado do movimento, e sentamos ficando frente a frente. Ele me olhava com um sorriso torto, depois soltou um suspiro, abrindo um sorriso largo.
– O que foi? – perguntei.
– Nada. Eu... só estava lembrando de uma coisa.
– O que?
Ele fez uma breve pausa.
– Antes de você nascer, eu estive neste mesmo lugar.
Eu franzi a testa e o encarei.
– Eu procurava por você - ele disse.
– Procurava por mim?
– É... Não exatamente por você. Eu procurava alguém para ter um imprinting.
– E o que encontrou? – estremeci ao visualizá-lo com outra pessoa.
– Nada. Por que eu ainda não conhecia você.
– Ah – eu ergui as sobrancelhas – E... alguma garota chamou sua atenção?
Ele riu alto.
– Você não havia nascido. Quem mais me chamaria atenção?
Eu o fitei, franzindo a testa outra vez, ficando meio irritada.
– Nessie... Você é única. Eu não sabia que você seria feita exclusivamente pra mim, por isso eu procurava.
– Que bom que eu não precisei procurar – relaxei minha expressão.
– Nem eu precisei. – seus olhos fixaram-se nos meus – Minha procura foi em vão. E então, você simplesmente... nasceu!
Me aproximei um pouco e enterrei a cabeça em seu peito, seu braço direito me envolvia, e sua mão esquerda afagava meus cabelos.
Ficamos imóveis por alguns segundos, e eu levantei a cabeça, quase encostando em seu rosto.
– Eu te amo – sussurrei.
– Eu também te amo, Nessie.
Voltei a deitar em seu peito, esperando que aquele momento fosse eterno.
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