Imprinting escrita por Nessie Black Halloway
Renesmee's POV
Fiquei espiando pela brecha da cortina da sala, e tia Alice estava ao meu lado.
Esperei que algo acontecesse por alguns segundos e o avistei chegando. Ele era mais alto que Jacob, louro, e tinha olhos vermelhos penetrantes. Andava devagar, quase flutuando, e parou a poucos metros de distância de Jacob e os vampiros. Ele trazia Renata à sua sombra.
– Mas que recepção calorosa, Cullens – sua voz refletia ironia.
– Devo avisar-lhe que não é bem vindo em nossas terras, Paul – Carlisle fixava os olhos nele.
– Não pretendo ficar por muito tempo. Sabem o que quero.
– Não terá o que deseja – ele rebateu.
– Carlisle... – ele falou com sarcasmo – Você exagera em seus atos protetores... Na última vez que o vi, estava realmente disposto a morrer por sua família, e vejo que agora não é diferente.
Tentei digerir o que ele dissera, “Na última vez que o vi”, mas o pânico não me permitia pensar. Todos fizeram uma pausa, curiosos, e papai o fitou furiosamente, lendo seus pensamentos.
– Você estava lá – a raiva dominava seu corpo. – Era uma testemunha dos Volturi. Viu que Renesmee não é perigosa. Por que está fazendo isso?
– Jane me obrigou – ele riu. – Ela me ameaçou, e se querem saber, estou me divertindo muito. Com este escudo aqui, - ele deu uma batidinha no ombro de Renata, que parecia assustada – posso fazer quase tudo... Ela está meio fraca... deve ser porque está tensa, Jane a ameaçou também.
– Retorne à Volterra – mamãe elevou a voz. – Diga a Jane que vou até lá, e resolvemos a sós. Eu sou o problema pra ela, não é?
– Bella... – a expressão de Paul era fria – o escudo destemido. Mas a questão não é esta. Ela conhece seu poder, e não vai se arriscar. Ela quer o que você mais ama.
– Mas ela não vai ter – ela ativou sua posição de ataque e todos a imitaram. Ouvi o rosnado furioso de Jacob, e os demais mostraram as presas, com Paul os imitando.
– É o que veremos – ele avançou pra cima de minha mãe, e ela o empurrou contra uma árvore, mas ele levantou-se depressa, seu escudo funcionava.
Papai, Carlisle e meus dois tios voaram até ele, o nocauteando, enquanto mamãe e tia Rose trataram de deter Renata, que correu para longe covardemente. Eu vi elas quase a pegarem, mas hesitaram e voltaram para dar reforços. Imaginei que Renata estivesse realmente assustada.
Jacob atacou o vampiro, enquanto Carlisle e tio Emmet o seguravam. Aquele vampiro era extremamente forte e rápido. Em uma fração de segundo, ele soltou-se e empurrou Jacob contra a parede ao lado, despedaçando-a em destroços.
Eu não havia percebido, mas tia Alice saíra do meu lado e agora estava com os outros, na defensiva. Olhei para Jacob e meu coração quase parou. As lágrimas me cegaram, e eu corri até ele, esquecendo-me completamente do vampiro que queria me matar.
– Jacob! – abaixei-me ao seu lado, vi que tinha arranhões em seu corpo, e ele tentava ficar de pé.
Senti duas mãos frias me puxarem com força meus ombros para trás, me soltando a alguns metros de Jacob. Eu caí no chão do gramado, e senti uma dor aguda na coluna, subindo para o ombro. Olhei para o lado direito e vi Carlisle e papai o esquartejando, e jogando para longe enquanto as chamas o devorava. Eu permaneci ali. A dor diminuíra, mas aquele susto me deixou imóvel, meus olhos fitavam o corpo frio de um vampiro dilacerado.
Os braços quentes de Jacob desviaram minha atenção, e vi seus olhos preocupados.
– Nessie? Está tudo bem? – ele abaixou-se de joelhos.
– Me diga você! – minha voz era nervosa – Você quebrou o muro!
– Estou bem, só com alguns arranhões. Vou levar você pra dentro. – Ele me ergueu e me carregou.
Ouvi papai e tia Alice conversarem e a tensão pairava em seus olhos.
– Edward, você ouviu! – ela tentava conter a voz elevada, mas a tensão a impedia – Jane o mandou para testar se estávamos preparados. Ela virá quando quiser.
– Eu sei, Alice – ele murmurou. – Resolvemos isso depois, agora não.
Jacob me colocou na cama. Eu não havia notado, mas a dor na coluna concentrava-se agora em meu ombro direito, eu o segurei para que ficasse imóvel. Carlisle o enfaixou e imobilizou enquanto eu deitava apoiando-me em Jacob, e ele me envolvia em seus braços, encostando o queixo em minha cabeça.
Mais tarde, eu me sentia exausta. Aquele aniversário iniciou-se perfeito, mas aquele final de noite esgotou todas as minhas energias. Meus olhos pesavam e fechavam involuntariamente, e eu lutava contra o sono para que Jacob pudesse ficar ali mais um pouco.
Minha mãe nos olhava de vez em quando, e vi que ela percebeu que se dependesse de mim, Jacob ficaria ali a noite toda.
– Jake – ela enfim falou cruzando os braços. – Fique aqui esta noite... Nessie se sente mais segura com você.
Ele assentiu com a cabeça e beijou meu rosto.
– Edward estará de ouvidos atentos – ela continuou, depois sorriu, me deu um beijo na testa e saiu do quarto. Jacob deu uma risada fraca.
– Durma, Nessie – ele sussurrou. – Estarei aqui quando acordar.
– Boa noite, Jacob – falei em um fio de voz. Depois disso, ouvi apenas a respiração de Jacob, e depois mais nada.
Acordei com um raio de sol fraco tocando meu rosto. Levantei a cabeça e olhei para os lados. Sentei subitamente na cama.
– Jacob?
– Estou aqui – olhei à direita e o vi esparramado no sofá ao lado – Como foi sua noite?
– Tranquila. Obrigada por ficar.
– E seu ombro? – agora ele se levantava, e sentava na cama.
– Melhor – mexi o braço para verificar, ainda doía, mas não tanto. De repente todas as cenas da noite passada vieram à minha mente. Eu me encolhi um pouco e olhei para os arranhões no braço esquerdo de Jacob, que agora pareciam cicatrizes. Ele se aproximou.
– O que foi? – ele franziu o cenho.
Observei sua expressão por alguns segundos.
– Se perguntasse uma coisa, me diria a verdade?
– Diga, Nessie.
– Diria?
Ele suspirou.
– Sim. O que é?
– Os Volturi desistiram de me destruir a anos atrás, mas Jane não se conformou e vai me matar não é?
Ele baixou a cabeça.
– Jacob – insisti. - A verdade.
Ele levantou os olhos e começou a falar.
– Jane certamente não se conformou – percebi que ele media as palavras – E agora que você está próxima da maturidade, de alguma forma vai ficar mais forte, e seu dom vai se expandir...
Ouvi atentamente e percebi que havia algo mais.
– E que mais?
– Bella é uma ameaça para ela... – ele hesitou, mas continuou – É resistível ao seu poder de tortura, e ela quer destruir o que ela mais ama.
Concluí em silêncio. Eu. Apesar de já desconfiar do que ele me diria, senti suas palavras pesarem mais que chumbo. Então Jane queria o meu fim, e de alguma forma deixaria minha mãe de fora, para que ela não me protegesse. Mas ela não era a única razão para que Jane quisesse me destruir, Jacob me dissera que meu poder iria se expandir, e ela não queria que isso acontecesse. Não entendi o pensamento de Jane, porque meu poder era inofensivo.
Fiquei pensando nestas razões, então a voz de Jacob me trouxe de volta.
– Está tudo bem? – ele deslizava os dedos nos meus cabelos.
– Sim. – respondi – Me conte mais...
– Nessie... – ele hesitou – não acho uma boa ideia.
– Então eu conto o resto – tentei parecer descontraída – Jane acha mais fácil me matar enquanto não faço sete anos, porque ainda sou mais frágil.
– Não vamos deixar isso acontecer. Não significa que ela vai matar você.
Emergi em meus pensamentos outra vez, e considerei a ideia de que seria melhor, ou menos ruim, morrer do que perder Jacob, porque certamente eu não suportaria perdê-lo.
Mas eu estava certa de que ele mais uma vez arriscaria sua vida por mim, ele poderia morrer, e eu ficaria viva. Isso seria injusto demais. Se ele se arriscasse, eu também me arriscaria. Por ele.
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