Imprinting escrita por Nessie Black Halloway
Renesmee Cullen's POV
Eu estava estranhamente cansada ao levantar e me vestir. O ar estava congelando e eu peguei uma jaqueta de couro preta do armário de meu pai.
Olhei no espelho e puxei as mangas para deixar minhas mãos livres. Também ficou grande no comprimento, mas estava bom assim. Eu gostava de sentir o cheiro doce de hortelã do meu pai.
Havia dias que eu não ia ao nosso chalé. Toda aquela tensão impulsionava a ficarmos todos juntos.
Jacob havia descido para ver minha mãe, e eu tentei dar um jeito em meus cabelos, que não ficavam no lugar de jeito nenhum. Resolvi prendê-lo em uma trança em todo o comprimento, e coloquei-a sobre o ombro esquerdo.
Fui até à sala e Jacob ainda estava conversando com a mamãe. Eles interromperam o que estavam falando e olharam para mim ao mesmo tempo.
- Bom dia – mamãe estendeu o braço direito para que eu sentasse ao seu lado no sofá.
- Bom dia. – minha voz falhava, sem motivo algum.
- O Charlie ligou – ela apertou levemente meu ombro. – Ele convidou você para pescar.
- Pescar? Mas, mãe... nem você nunca foi pescar com ele!
- Ora, vamos Nessie! Jacob também vai!
Eu bufei e concordei, sem esconder a falta de ânimo.
- Onde está o papai? – perguntei.
- Na cozinha.
Caminhei até lá e o vi dando gargalhadas e socando tio Emmet, que também ria freneticamente. Talvez ele estava contando alguma piada sem graça que para meu pai, era motivo de ironia e diversão. A combinação de Edward e Emmet naquela casa era igual a duas crianças risonhas e mal criadas, e isso me divertia.
Tia Alice pulou na minha frente, aparecendo do nada e me revistando da cabeça aos pés.
- O que é isso? – ela fitou a jaqueta que eu vestia – Você precisa de um casaco novo? Eu compro pra você e...
- Não, tia – protestei. – Não precisa. Eu só gosto desta jaqueta do papai.
- Tudo bem – ela deu de ombros e andou em direção à sala.
- Não entendo como você suporta essa sua consultora de moda – tio Emmet deu um tapinha leve no meu ombro, ainda sorrindo, e saiu da cozinha.
Observei meu pai por alguns segundos, que agora tinha um sorriso torto no canto da boca.
- Oi, minha princesa – ele me pegou no colo, e eu me senti com meses de idade.
- Oi, pai. Você está sabendo que eu vou... pescar?
- Sim. Vai ser divertido sair com seu avô.
- Papai, se esta é uma tentativa para me distrair, é melhor desistir.
- Por que? – sua voz era suave e carinhosa – Uma garota não pode sair com seu avô e seu namorado?
Eu corei ao ouvir a referência que ele tinha feito a Jacob. Ele beijou minha testa e me colocou no chão, sorrindo ao ver o que eu estava usando.
- Divirta-se – disse ele.
Eu revirei os olhos e virei-me para voltar à sala, mas tudo girou à minha volta. Eu cambaleei e senti minhas pernas falharem, obrigando-me a apoiar as mãos na mesa. Senti as mãos frias de papai me segurarem na mesma hora.
- Nessie, você está bem? – perguntou ele – Bella!
Ela chegou em meio segundo.
- Ei, o que foi? – disse ela enquanto me analisava com os olhos.
- Nada – suspirei.
Agora Jacob estava na cozinha também, com olhos preocupados.
- Nessie, se não quiser ir, não precisa... – disse ele com as sobrancelhas se juntando.
- Não, tudo bem. Eu vou – parecia que o mal estar tinha sido passageiro. Eu estava normal agora.
- Tem certeza? - perguntou mamãe.
- Sim, mãe. Tudo bem. Vamos, Jacob.
Peguei a mão de Jacob, e caminhamos para fora de casa.
A moto dele estava estacionada a poucos metros, com dois capacetes sobre ela.
- Nós vamos de moto? – ergui uma sobrancelha.
- Algum problema? – ele me apertou pela cintura, me encarando – Se quiser, posso carregá-la.
Considerei que se ele se transformasse e me levasse em suas costas, seria bem mais rápido que a moto. E eu não estava apta à velocidade naquela manhã.
- Não – coloquei o capacete – Vamos.
Ele subiu e assentiu com a cabeça para que eu o imitasse.
- Segure-se – disse ele.
Tranquei meus braços em volta da sua cintura, apertando-o com força.
Chegamos à La Push antes que eu percebesse, e Charlie e Billy nos esperavam, com o barco encalhado na praia.
- Oi Nessie – disse Charlie – Pensei que você não viesse.
Disfarcei um sorriso, sem sucesso.
Ele ajudou sentar Billy no barco, e Jacob levou sua cadeira de rodas para algum lugar que não disse. Pela sua rapidez que eu conhecia, poderia ter ido até sua casa, guardado a cadeira e voltado nos poucos minutos.
Não nos afastamos muito da praia, e Charlie e Billy conversavam e riam enquanto aprontavam suas varas de pescar e as iscas. Nunca vi meu avô tão empolgado como estava. Ele nos contava histórias de suas experiências de pesca, e fazia brincadeiras com Jacob, que incentivava Billy a apostar a quantidade de peixes que pescavam.
Eu fiquei quieta, apenas observando toda aquela animação, e rindo quando as piadas eram engraçadas.
- Quer tentar, mocinha? – perguntou Billy pegando uma vara de pescar que estava sobrando.
Eu levantei, tentando parecer entusiasmada.
Jacob a entregou-me e eu me preparei para jogá-la ao mar.
De repente, o mal estar que tinha sentido antes voltou com mais força. Eu me desequilibrei e quase caí na água, mas Jacob me segurou pela cintura.
- Nessie? – ele me puxou e sentamos no meio do barco.
- Acho que preciso voltar pra casa – sussurrei.
- Eu não devia ter trazido você.
Voltamos para a praia e Charlie pegou rapidamente o carro de Billy.
Não percebi quando chegamos, então Jacob me levou até a casa. Agarrei-me em seu pescoço e colei o rosto em seu ombro, e embora sua pela queimasse sobre a minha, eu estava tremendo de frio.
Papai abriu a porta, como se nos esperasse, e mamãe vinha atrás dele.
- O que aconteceu com ela? – sua voz era ansiosa.
- Estávamos pescando e ela quase desmaiou – Jacob explicou, entrando comigo e andando em direção à escada.
Olhei para o sofá e vi tia Alice sentada, com o rosto entre as mãos, e os olhos tensos. Angela estava ao seu lado, tocando seu braço, e parecia tentar confortá-la.
Abri a boca para perguntar o que havia com ela, mas a sala girou à minha volta e eu apertei o pescoço de Jacob. Ele parou de repente com a minha reação.
Toquei o rosto da mamãe, que andava a centímetros de nós, acariciando meus cabelos, e eu a perguntei qual era o problema de tia Alice.
- Ela... Ela está com dor de cabeça – disse ela disfarçando as palavras para Charlie – Ér... pai! Por que não espera aqui? Esme pode lhe fazer companhia. Eu desço daqui a pouco.
Ele resmungou e parou no pé da escada.
Subimos rapidamente e Jacob me colocou na cama, me envolvendo com o edredom. Ele tocou meu rosto e sua pele ardente me arrancou arrepios.
- Ela está quente – ele deitou-se e me abraçou com força, afagando meu braço.
- Ela deve estar com febre – papai sugeriu, encostando-se na parede.
- Mas ela nunca ficou doente – mamãe franziu o cenho. – Isto não é estranho?
- Bella tem razão – concordou Jacob – Ela sempre foi saudável. Talvez precise caçar.
- Amanhã, quando ela melhorar – papai sentou no sofá ao lado da cama – Vamos esperar Carlisle voltar do plantão no hospital para examiná-la.
Todos concordaram e suas expressões relaxaram, confiando que Carlisle saberia o que fazer.
Meu corpo foi se aquecendo aos poucos, e eu senti o sono me abater, me obrigando a fechar os olhos.
Minha respiração ficou mais lenta, e o frio agora era pequenos calafrios quase imperceptíveis.
Em poucos minutos, eu estava dormindo profundamente.
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