Imprinting escrita por Nessie Black Halloway


Capítulo 10
Lágrimas




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Renesmee Cullen's POV


Jacob me levou para casa à noite. Entramos de mãos dadas e paramos em súbito ao vermos uma mulher desconhecida sentada no sofá da sala ao lado de meus pais e tia Alice.

– Renesmee... quero que conheça uma pessoa – mamãe levantou-se e sua visita a imitou – Esta é Angela Weber. Uma amiga minha da época da escola.

Eu sorri para ela, dei um passo e estendi a mão para cumprimentá-la.

– Olá, Angela. É um prazer conhecê-la.

Ela apertou minha mão e senti que sua pele era fria assim como a de um vampiro.

– Você é muito bonita, Renesmee – disse ela gentilmente.

– Chame-a de Nessie – interrompeu Jacob, risonho.

– Nossa, Jacob! – ela lançou um olhar para ele – Você não mudou nada.

Ele sorriu e cruzou os braços, presunçoso.

– Ela será nossa hóspede por algum tempo – explicou minha mãe.

Eu assenti e sorri mais uma vez para a simpática garota.


Jacob foi para casa e eu resolvi tomar um banho, depois me preparei para dormir, sem vontade alguma.

Deitei sem sono algum, lembrando do dia com Jacob, das coisas que ele me dissera. Meus pensamentos foram interrompidos por uma leve batida na porta, seguida do som da maçaneta girando.

– Oi – Angela entrou devagar e timidamente. – Desculpe entrar assim... Já estava dormindo?

– Não. Fique à vontade.

Ela aproximou-se e sentou na ponta da cama, meio constrangida. Nos olhamos por longos segundos, então resolvi quebrar o silêncio.

– Então... você e minha mãe são muito amigas não é?

– Sim... de longas datas – ela sorriu levemente, com os olhos tranquilos, depois suspirou, me observando – Bella disse que você tem um dom especial...

– É... apesar de ser meio humana, eu tenho sim. Posso mostrar minhas lembranças com meu toque.

– Parece interessante! Pode me mostrar?

– Claro – aproximei-me dela e toquei seu rosto. Mostrei-lhe alguns momentos com meus pais e com Jacob, mas restringi algumas coisas sobre ele, me sentindo envergonhada.

– Nossa! – ela arquejou e eu tirei minha mão do seu rosto – É incrível! E... Jacob é seu... namorado?

Eu corei e senti meu rosto queimar em brasa.

– Bom... eu acho que sim.

– Desculpe, não deveria estar perguntando estas coisas – ela sacudiu a cabeça, reprovando a atitude.

– Não, sem problemas... Hmm... Jacob sempre esteve presente na minha vida. Ele sempre foi como um irmão, amigo, protetor. E agora ele é... tudo – percebi o exagero na minha descrição e franzi os lábios.

– Parece bem intenso, o que você sente por ele.

– É... – sorri meio sem graça.

– Bom, falando em dons especiais, - ela voltou ao princípio da conversa, tentando amenizar meu constrangimento – também tenho um.

– Mesmo? Qual? – acompanhei seu ritmo, esquecendo o que havia dito.

– Posso fazer com que as pessoas digam a verdade.

– Impressionante! Deve ser bem útil.

– É – ela suspirou e fitou o chão, pensativa. Depois olhou pra mim novamente – Nessie, quero lhe dizer a razão que me trouxe até aqui.

Eu esperei, ansiosa.

– Eu sei que Jane está a ameaçando, e depois que soube sobre vocês, resolvi dar o meu apoio. Bella é muito importante pra mim, e quero que você saiba que em mim você pode encontrar mais uma protetora.

– Obrigada – suspirei enquanto processava a visita repentina de Angela. É claro que se ela fosse apenas uma hóspede, minha mãe teria me avisado antes de sua chegada. Mas eu estava grata por ela estar sendo tão gentil sem ao menos me conhecer direito, e naquele momento vi que nascia uma nova amizade.

– Acho que vamos ser ótimas amigas! - disse ela ficando de pé.

– Eu concordo, Angela. Foi muito bom conversar com você.

Ela assentiu com a cabeça, e sorriu timidamente.

– Bom... vou deixar você dormir. Boa noite.

– Boa noite.

Ela saiu do quarto e eu deitei novamente, agora pensando em suas palavras, esperando que meus olhos pesassem.


Após pegar no sono, sonhei que estava no mesmo lugar escuro que havia sonhado na noite anterior ao meu aniversário, o qual deduzi que fosse uma caverna. Novamente, eu estava com meus pais e Carlisle a poucos centímetros de mim. Eu arfava alto, e o único som que ouvia era de minha respiração inquieta. A certeza de que não tinha mais Jacob me fazia estremecer, e arrancava calafrios da minha pele. Apesar da caverna ser bem quente, eu estava congelando.

Fechei meus olhos com força, e quando os abri, o cenário havia mudado. Eu estava em uma floresta escura e fria, as árvores ao meu redor estendiam-se para o alto até onde minha vista alcançava, e os que estavam comigo haviam sumido.

Olhei para frente e vi Jacob com correntes grosseiras envoltas no pescoço e nas quatro patas, prendendo-o em enormes árvores de troncos espessos. Assim que me viu, ele grunhiu alto, e eu poderia jurar que chamava meu nome. Seus olhos refletiam um pavor inexplicável.

Avancei e quase corri até ele, mas olhei à sua direita e vi Jane me fitando com seus olhos vermelhos duros de tortura, e esperei que ela me machucasse e entorpecesse meu corpo até a morte.

Mas ela desviou o olhar e o fixou em Jacob, com uma expressão tranquila. Ele uivou e desabou no chão, como se seus ossos estivessem sendo triturados brutalmente. Uma dor aguda atingiu meu peito, e cada vez que ele gemia, eu me encolhia como se fagulhas de fogo atravessassem meu coração. Tombei para frente e caí de joelhos, ainda vendo a expressão dolorosa de Jacob.


Acordei subitamente, e pisquei várias vezes para enxergar através das lágrimas. Minha respiração era alta, e eu ofegava enquanto o sonho se repetia na minha cabeça.

Senti uma mão grande e quente tocar a minha, e percebi Jacob ao meu lado, apoiando-se em um dos cotovelos.

– Calma, Nessie - seus olhos encontraram os meus – O que foi?

Ele franziu o cenho, preocupado. E ao mesmo tempo que eu chorava, sentia um enorme alívio por ele estar ali comigo. Me inclinei e me aninhei em seu peito, encharcando sua camisa com lágrimas e o apertando com força.

– Shh – ele entrelaçava seus dedos em meus cabelos – Está tudo bem. Foi só um sonho ruim, não chore.

Permaneci imóvel, sem falar nada. Aos poucos, fui tomando consciência do sonho, enquanto a pele ardente de Jacob me aquecia, ao invés de queimar minha pele. Não consegui mais dormir, e logo percebi que a luz fraca do sol atravessava timidamente as nuvens cheias e se esticavam até os vidros do quarto, me permitindo ver com mais clareza.

Jacob ficou o tempo todo sem se mover, e às vezes brincava com meus cabelos. Talvez pensou que eu havia dormido outra vez.

Sentei na cama, percebendo a poça de lágrimas quase seca em sua camisa, e senti o peso em meus olhos inchados.

– Durma mais um pouco – ele sentou-se também – Está muito cedo.

– Não – tentei arrumar meus cabelos, passando os dedos entre as mechas – Estou sem sono.

– Não vai me contar seu sonho?

– Não quero lembrar. Não agora.

– Tudo bem – ele encolheu as pernas apoiando os braços sobre os joelhos – Quando quiser...

Jacob não era tão paciente com as outras pessoas, mas comigo ele era completamente gentil e educado, e principalmente, compreensivo.

Não havia ninguém no mundo que me tratasse com tamanho altruísmo e delicadeza como ele. Todos me contavam que ele era extremamente grosseiro e indelicado até eu nascer. Mas eu não conseguia acreditar. Haviam sentimentos verdadeiros e qualidades escondidas por trás daquela máscara de “lobo mau” que as pessoas que não o conheciam, não enxergavam.

Eu o encarei por alguns segundos, e fiquei grata por ter acordado daquele pesadelo tendo ele perto de mim. Ao contrário, eu teria saído de casa como uma louca e obrigaria minha mãe a me levar até a reserva, só para ter certeza que ainda poderia vê-lo.

Me inclinei e beijei demoradamente seus lábios de chamas, sentindo o feroz pulsar do meu coração. Afastei-me para trás para ver seu rosto, e fui contagiada pelo seu sorriso largo de dentes extremamente brancos, e não pude evitar de sorrir também enquanto olhava seus olhos negros se fechando.



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