A Exterminadora De Vampiros escrita por Isa Salvatore


Capítulo 15
Vamos dar um tempo. Humpf, a quem estou querendo enganar?


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bem? Não sei o que está acontecendo comigo, mas ultimamente está chovendo capítulos gigantescos na fic kkkkkkk e não sei como parar! Obrigado pelos reviews no capitulo anterior! *--------*
Espero que gostem!
Boa Leitura



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POV BELLA

– Aqui está senhorita Swan. - disse o garçom me entregando mais um smothie de morango.

– Obrigada.

Quase regozijei de alegria quando o liquido gelado refrescou minha garganta. Estava um calor desgraçado por aqui. Se pudesse, andaria com um saco de gelo embaixo dos braços. Três dias haviam se passado desde que cheguei ao hotel, e adivinha? Não encontrei nada além de mosquitos e areia em lugares inapropriados depois de um longo dia na praia. Achei que haveria outra carta em cima da cama quando chegasse ao quarto, no maior estilo Dora a Aventureira, mas não havia nada, o que me deixou extremamente irritada por ter gastado boa parte de meu dinheiro com ele. Se não tinha nada a ver com o quarto, teria que ter a ver com o hotel, então desci para ver se encontrava algo, mas acabei falecendo na área da piscina. Não sabia que relaxar era tão bom! Se eu não fosse tão branca, ficaria para sempre aqui estirada no Sol, mas já estava sentindo uma ardência chata na pele, ou seja, melhor ir para a sombra antes de virar um belo de um camarão.

O hotel era lindo e absolutamente enorme. Não sabia por onde começar a busca, muito menos o que procurar ou se ainda continuava procurando, porque com certeza preferia aproveitar a viagem de outra maneira. Dei voltas e voltas por todos os cantos, esperando um clarão ou uma seta neon do tipo " Hei, olha o que você procura aqui!", mas não tive nenhum sinal. Não havia descoberto nada por três dias, e só mais três restavam antes que eu fosse embora. Rodei, rodei e rodei pelo hotel e encontrei mais um grande monte de nada. Estava quase indo para o quarto, bufando de frustração, quando vi um grupo de turistas entrando em uma sala, acompanhados por seus respectivos guias. Provavelmente haveria alguma palestra. Mas foi o titulo no tripé ao lado da entrada que me chamou a atenção.

" Venha viver uma nova experiência no mundo marinho! Venha se aventurar nas águas de Cancun! Mergulhe nas águas mais cristalinas do mundo! Se inscreva!

Passeio mundialmente exclusivo do The Beloved Hotel."

Como um estalo, uma luz se acendeu em minha mente. Mundialmente exclusivo. Exclusivo. Essa era a única coisa que diferenciava este hotel de todos os outros ao redor de Cancun e do mundo. O que eu tinha de fazer era óbvio. Mesmo não gostando muito da ideia, está na hora de virar golfinho. Preciso me inscrever nessa aula.

Meu mergulho estava marcado para o dia seguinte. Estava meio apreensiva quanto a isso, pois não sei que diabos posso encontrar lá embaixo, mas teria que dar a cara a tapa. Mais uma vez. Depois de outro mergulho na piscina, decidi subir para o quarto. Assim que abri a porta, vi a tela de meu celular se acender e apagar, como fazia a dias. Peguei o aparelho e vi o nome dele estampado na tela. Metade de mim queria atender e pedir para ele vir correndo até aqui, mas a outra só queria ignorar. Já haviam 52 ligações perdidas, contando as dos dias anteriores, várias mensagens de texto e mensagens de voz na caixa postal. Apertei o play e logo sua voz preencheu o aposento.

" Admito que fiquei arrasado quando cheguei aqui e você não estava. - Edward deu uma risada triste - Por favor...Me atenda."

" Bella, isso está me matando! - disse angustiado - Precisamos conversar. Só me escute!"

" Quer saber? Deixe para lá!"

" Quer saber? Não consigo deixar para lá, me atenda!"

" Santo Deus Isabella! Onde você está?"

" Eu conversei com Lilly. Por favor, estou preocupado com você. Ela disse que pode estar correndo perigo. Só me diga se está bem."

" Eu desisto de tentar respeitar seu espaço. De qualquer forma, sempre quis conhecer Cancun."

Meus olhos se arregalaram ao ouvir a ultima frase. Meu coração palpitou feito louco só com a possibilidade de tê-lo aqui. Alice me prometeu que não contaria. Como ele sabe que...

– Pestinha! - bradei quando percebi que Lilly havia me enrolado bonito. Só curiosidade o caramba. Ela queria saber para contar pra ele. Como uma criança pode ser tão mirabolante desse jeito?

Porque estou tão doida com apenas uma hipótese louca de minha cabeça? Ele não vai vir até aqui. E se vier, como vai me achar? Ele não consegue me rastrear mesmo, e Cancun é enorme. Entrei em baixo do chuveiro e tentei esfriar a cabeça. Como não adiantou nada, coloquei uma roupa soltinha e fui para o bar. Minha ultima experiência com bebida foi uma catástrofe, mas como já estou na merda, acho que não pode ficar pior. E duvido que eu encontre outra pessoa que queira me dopar por aqui.

– Boa noite Bella! Como está? - Kieran perguntou com o mesmo sorriso acolhedor de sempre. O conheci no primeiro dia de viagem, quando ele me perguntou sobre " as tatuagens maneiras" que eu tinha nos braços. Ele era sempre bem humorado e alegre. Conversávamos sempre que eu vinha até o bar.

– Estou na pior. - admiti pensando em tudo que havia acontecido nos últimos dias.

– E nada melhor do que o bom e velho álcool para ajudar, não é? - falou arqueando a sobrancelha.

– Até que você é bem inteligente. - sorri.

Kieran gargalhou, mas se calou rapidamente com o olhar furioso de sua gerente. Tenho duas possíveis suspeitas. Ou ela o odeia, ou possui um amor odioso por ele.

– O que vai beber? - perguntou jogando seu fiel pano branco em cima do ombro.

– Me surpreenda. - pedi.

– Eu adoraria. - sorriu malicioso. Acho que ele não estava pensando somente na bebida.

Como um jato, Kieran voltou com uma taça pequena. Um liquido vermelho preenchia o vidro e o adorno de guarda chuva na beirada dava o toque final. Parecia delicioso. Provei e estava certa. Podia sentir o gosto da vodca, mas não estava forte, e sim no ponto. A bebida era tão boa que estava tomando como se fosse água. Uma montanha de taças vazias começou a se acumular em minha frente, enquanto Kieran preparava mais um drink.

Senti o bolso da frente de meu shorts vibrar. Peguei o aparelho e vi que se tratava de uma mensagem de texto. De Edward. De novo. Soltei um suspiro impaciente.

" Essa é minha ultima tentativa, você está bem?"

Bufei passando as mãos pelos cabelos. A preocupação extrema de Edward as vezes me irritava. Nem minha mãe era assim comigo. Sei me cuidar sozinha. Bom, eu não me saio muito mal quando tento. Talvez se eu respondesse, ele pararia de me encher e, quem sabe, poderia terminar a viagem sem pensar nele o tempo todo.

" Estou ótima." Enviei.

A resposta veio rápida como um raio.

" Finalmente! Sua mão caiu ao digitar a mensagem?"

Bem que eu queria que a sua caísse!,pensei. Edward irônico realmente me dava nos nervos. Não combinava muito bem com todo aquele seu lado cavalheiro das antigas. Mas eu também não era lá uma dama.

" Vai a merda."

" Só queria saber se estava bem, não é nenhum crime. "

"Pare de drama, eu estou bem."

"Custava me escutar?"

"Custava. Caro. Bem caro."

" Bom, agora você não tem escolha. Afinal, quantos drinks vermelhos a mais você vai beber?"

Como ele sabia o que eu estava bebendo? Engasguei na taça no mesmo segundo. Puta merda, ele está aqui! Olhei freneticamente em volta do salão, e o encontrei encostado no batente da entrada lateral. Como se engasgar não fosse o suficiente, comecei a babar pela figura perfeita que vinha caminhando até mim. Edward estava com uma bermuda bege, um tênis esportivo e uma camisa branca, com os quatro primeiros botões abertos, lhe dando um ar meio rebelde, combinando com seu cabelo desgrenhado. A cada passo mais próximo, mais sentia vontade de cuspir meu coração fora.

– Olá Bella. - disse casualmente, colocando as mãos no bolso - Parece...bem surpresa em me ver. - deu um meio sorriso.

Só então reparei que estava o encarando com a boca completamente aberta. Não sei se é o álcool, mas estou quase esquecendo de toda essa briga só de olhar para ele. O mais incrível de tudo é que todo o restaurante parou para olhar sua entrada triunfal. E não foram só as mulheres. Deus, ele está magnífico. E eu estou bem bêbada. Acho que Edward percebeu que eu o estava secando descaradamente, já que desviou o olhar e me deu aquele sorriso torto. Senti meu interior derreter. Peguei o resto do meu drink e virei de uma vez, para ver conseguia me recompor. Deus, acho que vou precisar de mais um.

– Quer que eu traga outro, Bella? - Kieran perguntou beijando minha mão rapidamente.

Os olhos de Edward faiscaram na direção do meu amigo barman. Ai que droga. Me imaginei correndo feito o papa-léguas, deixando só um rastro de fumaça para trás enquanto os dois se resolviam sozinhos. A situação poderia estar pior? Se eu não confiasse tanto no auto controle de Edward e se minhas pernas não tivessem se esquecido de como serem usadas, já estaria no quarto.

– Traz mais... - comecei mas me distrai com Edward que bufou passando a mão pelos cabelos. Juro que em minha cabeça o imaginei em um comercial de perfumes importados. - Traz três de uma vez. - implorei tentando acalmar minha pulsação.

– Claro, qualquer coisa para você. - Kieran sorriu me lançando uma piscadela, apertando minha mão com carinho. Edward trincou o maxilar.

– Pode encerrar a rodada de bebidas. - Edward falou seco afastando minhas mãos de Kieran.

Senti meu estômago revirar. Eu queria mandar Edward para a puta que pariu. Porque ele não vai cuidar da Maria? Achei que tudo tinha acabado, já que ficamos em silencio, mas Kieran soltou uma risada debochada. Porque Kieran? Porque?!

– Você fala por ela agora? - cruzou os braços com um olhar desafiador. - Não sabia que Bella namorava.

Ah céus, você não quer entrar nessa com Edward. Ótimo, tudo que eu precisava agora era de uma batalha de testosterona.

– Eu não... - comecei, mas Edward me calou com seu olhar raivoso - Olha...eu sinceramente não sei como te responder sem receber um tapa. - falei a Kieran com a voz embargada. Maldito drink vermelho.

– Parece que ela não quer nada com você. Então vá embora antes que eu chame a segurança. - Kieran falou empinando o nariz e estufando o peito.

Tive vontade de rir. Ele teria que ir além se quisesse ganhar essa briguinha estupida. Ele podia ser legal e gentil, mas Edward tinha força para fazer malabarismo com ele e os seguranças desse hotel. Edward se aproximou, pegou minhas mãos e as colocou ao redor de sua cintura. Mesmo estando sentada, senti tudo rodar.

– E 'vero la mia bella? ( E aí minha Bella?) - perguntou roçando os dedos em meu rosto com aquele maldito sorriso. Ah, não... Italiano não... Filho da mãe. Ele sabe exatamente o que está fazendo. - Non vuole avere niente a che fare con me? (Não quer nada comigo?)

Kieran franziu a testa assim como eu. Podia jurar que o ouvi sussurrar algo como " Que diabos esse cara está fazendo?", mas estava distraída demais para ter certeza.

– Eu...eu não faço ideia do que disse, mas eu gostei. Muito. - sorri feito boba. Não estava mais controlando minhas palavras. Só senti o rubor subir pelo meu rosto. Edward reprimiu um riso e manteve sua pose intimidadora.

– Tem algo de errado por aqui? - a gerente perguntou já lançando um olhar repreensivo para Kieran. Pelo jeito ele sempre entrava em alguma confusão.

– Não sei, tem? - Edward perguntou dando um sorriso cínico ao garoto encolhido sob o olhar da megera.

– Não queima o filme dele não, Eddie. Não está vendo que ela quer o corpo dele nu? - sussurrei.

Os olhos da gerente se arregalaram e o rubor em seu rosto foi a resposta que confirmava minha desconfiança. Kieran bufou em alto e bom som.

– Não tem nada de errado - Kieran disse de má vontade - Boa noite ao casal.

– Vem Bella, vamos. - falou. Edward continuou me encarando, como se estivesse se perguntando que merda eu estava fazendo - Bella, levanta.

– Eu já não estou de pé? - perguntei confusa - Achei que já estivesse. - falei convicta de que estava dizendo algo com nexo.

– Deus... - Edward resmungou - Você ainda está sentada. - falou se controlando para provavelmente não me agarrar pelos cabelos.

– Tem certeza? - perguntei com seriedade - Porque eu acho que estou de pé.

– Certeza absoluta. - afirmou com a voz firme.

Olhei para baixo e ele tinha razão. Não tenho culpa se achei que os pés da cadeira fossem os meus. Levantei-me para ir, mas o mundo todo rodou. Edward prontamente segurou meu braço.

– Ual, você é bem rápido. - falei admirada - Você é algum X-men?

– Já não se arrependeu de beber da primeira vez? - repreendeu enlaçando minha cintura. A cada passo me sentia mais tonta e mole.

– Vai dizer pra Maria o que ela deve ou não deve fazer. - balbuciei tropeçando em meus próprios pés. - Hei! - gritei para a gerente - Usem camisinha!

– Eu não acredito nisso. - Edward reclamou embaraçado com a situação, me guiando até o elevador.

Assim que as portas se fecharam, o clima ficou pesado. Era como se as paredes metálicas conseguissem ressaltar o desentendimento. Odiava o rumo que isto estava levando. Eu me sentia confortável quando estávamos sozinhos e não com vontade de abrir a porta com os dedos e sair o mais rápido possível daqui. Ao olhar nosso reflexo no pequeno espelho ao lado da placa de botões, vi que Edward ainda me olhava da mesma forma que sempre olhou. Com carinho. Mesmo ele estando bravo, isso nunca mudava. Porque ele ainda me olha assim depois do que aconteceu? Tentei encará-lo para ver se minha imaginação não tinha inventado o que vi, mas tudo ao meu redor girou tão rapidamente que precisei fechar os olhos antes que vomitasse. Quando percebi, já estava deitada em seu ombro, inspirando lentamente o perfume de sua pele como se isso pudesse curar minha bebedeira.

– Aposto que se não estivesse aqui, aquele garçom iria se oferecer para levá-la até o quarto. - resmungou firmando a mão em minhas costas.

– Não se faça de santo Sr. Italiano. É você quem está me levando para o quarto. - balbuciei. Pude sentir seu sorriso. - Kieran não é tão abusado quanto parece. Ele é gentil, englaxxxado, calinhoso...– falei arrastando a voz.

– Se elogia-lo mais uma vez, eu explodo. - avisou soltando um muxoxo - Não me importa se ele é englaxado, não fui com a cara dele.

– Porque o tratou daquela maneira? - perguntei para quebrar o silêncio.

– Eu fui bondoso Bella, eu poderia ter arrancado a cabeça dele como uma rolha. Vontade não faltou. - disse rabugento.

– Você é um vampirinho ciumento. Porque tem esse ciúme absurdo? - perguntei. E lá no fundo, ouvi uma vozinha debochando de mim, como se eu não pudesse repreende-lo por isso, já que também tenho esse maldito ciúme.

– Porque eu tenho a sensação de que você está se afastando de mim. - confessou pousando a cabeça sobre a minha - Sei que é egoísmo, mas quero você só para mim. Só para mim e mais ninguém.

Ele não estava mentindo. Sua voz me envolvia e me aquecia por dentro, e isso era reconfortante. Ou era azia? Não importava o impasse entre ouvi-lo ou não, eu nunca o trocaria. O nome dele estava talhado a ferro dentro de mim. Mesmo que algum dia tenha que viver sem ele, isso não vai mudar.

– Esqueceu da vagabunda da Maria. - comentei. Só de pensar na cena do restaurante e de imaginar o que poderiam ter feito nos dias em que fiquei apagada, senti meu estomago revirar.

– Tem razão. - o encarei. Era para ele discordar. - Não gosto muito de dizer isto, mas ela é mesmo uma vagabunda. - não pude evitar de sorrir - Discutimos por mais de três horas, e ali ela me mostrou quem realmente era. Ainda admitiu que queria me separar de você porque eu não merecia um humana ralé... - Edward parou de repente e pigarreou - Eu prefiro não continuar.

Logo me arrependi por não ter esfregado a cara dela no chão. As portas do elevador se abriram e Edward me conduziu até a porta do quarto, o que me fez pensar em como ele sabia disso tudo, o andar e até mesmo o numero da suíte em que estou hospedada.

Assim que entramos, cambaleei até a cama enquanto Edward trancava a porta. Trancada num quarto com Edward. Isso até que não soava mal. Deus, estou bêbada. Abri meus olhos devagar, e tudo rodou novamente. Mesmo fechando-os, sentia o colchão feito ondas, me movendo para os lados, mesmo eu estando parada.

– Bella? - chamou segurando meu rosto entre as mãos geladas. A sensação que sua temperatura estava causando em minha pele era simplesmente boa demais - Você está consciente?

– Parece que um picolé está segurando meu rosto. - falei irrompendo em uma gargalhada.

– Deus, você está muito bêbada. - falou com desgosto - Você precisa de um banho.

– Seu safado! Quer me dar um banho! - ri perdendo o fôlego por um momento - Eddie - chamei. Ele me encarou - Safadinho. - falei tornando a rir. Ele revirou os olhos e sumiu de vista. Deus, ele pode desaparecer no ar! Esse cara é um X-men! Certeza!

Ouvi um barulho de torneira e depois de água correndo em grande quantidade. Pelo jeito, tomaria banho de banheira. Ou na pia. Quando Edward voltou, não estava usando nada além de uma sunga. Puta Merda. Arregalei os olhos e tentei não ficar roxa de vergonha com os pensamentos impróprios que estava tendo. Lá estava eu o imaginando novamente em um comercial de perfumes, saindo de piscina, chacoalhando os cabelos, vindo até mim com aquele olhar sexy...

– Está gostando da vista? - perguntou me fazendo pular por ter sido pega no flagra. Edward riu do meu embaraço e fez uma pose atlética - Como estou?

– Gostoso. - falei sem pensar duas vezes. Espera...O que eu disse?!

Por um momento achei que Edward fosse se jogar sobre mim. Seus olhos estavam escuros e luminosos. Podia jurar que era desejo. Eu não reclamaria se ele o fizesse. Álcool e saudade não são uma combinação muito boa para a razão.

– Me...me deixe te ajudar antes que eu acabe fazendo uma loucura. - falou com a voz rouca.

– E porque não fazer uma loucura? - perguntei quando ele me puxou para seus braços - Porque não Edward? - disse beijando seu queixo.

– Bella... - suspirou pesadamente - Você está bêbada. Não sabe o que está dizendo.

– Você não me quer mais por perto, não é? - perguntei sentindo as lágrimas arderem em meus olhos. Droga de bebida. - Se eu falasse espanhol você não estaria me rejeitando!

– Eu sempre vou te querer por perto. Mas não vou me aproveitar de você. - falou beijando minhas lágrimas. - Vem, vamos cuidar da minha bêbada favorita.

Ele me acolheu em seu colo. Estremeci ao tocar sua pele nua novamente. Já no banheiro, Edward tirou minha camiseta, assim como o shorts, com facilidade. Ainda bem que estava de biquíni. Edward me encarou estático por um momento, se demorando a levantar o olhar para meu rosto. Senti minhas bochechas queimarem. Esse banho não vai dar certo.

– Ah...eu...A água está quente o suficiente? - perguntou apressado desviando o olhar de meu corpo.

Me agachei para sentir a temperatura da água, mas minhas pernas falharam novamente, me fazendo cair de cabeça na banheira. Meu Deus, estou me afogando! Estou me afogando! Os braços de Edward se firmaram em meus ombros, me puxando para a superfície. Tossi feito doida, tentando desengasgar com a água que tinha engolido. Só depois percebi que estava sentada e que não era fundo como pensava.

– Por Deus Isabella! Quer me matar?! - falou com os olhos arregalados de susto - Você não vai beber nunca mais, ouviu?!

Não sei bem o motivo, mas comecei a rir histericamente de sua preocupação. Na verdade, acho que se eu olhasse para a parede, riria do mesmo modo. Edward me olhou irritado, e quanto mais ele me encarava, mais a vontade de rir aumentava.

– Bella, pare de rir. - pediu carrancudo.

– Pare você de rir! - rebati ficando séria.

– Mas eu não estou rindo, sua louca! Bella, você precisa...

– Olha a Shamu!! - gritei o interrompendo, espirrando água para todos os lados.

Edward se moveu como um raio, imobilizando meus braços acima de minha cabeça. A risada cessou instantaneamente. A proximidade entre nós era perigosa. Podia contar as gotículas de água presa em seus lábios. Edward se aproximava tão lentamente que chegava a doer. Seus lábios roçaram nos meus, fazendo meu corpo estremecer em antecipação. Toda a briga e discussão já não tinham mais importância pra mim. Minha pulsação estava enlouquecida. Já estava cheia de expectativas quando ele respirou fundo e se afastou. Foi como se um balde de água fria tivesse sido jogado sob mim. Cinco vezes seguidas.

– O problema não é a bebida, não é? Sou eu. - cruzei os braços com um bico manhoso.

– Você não tem ideia de como eu quero você. - falou acariciando meu rosto. - Mas você está bêbada feito um porco. - sorriu quando fiz uma careta - Se acordar amanhã e ainda me quiser, serei todo seu.

– Porcos bebem?! - perguntei animada - Coitado dos porcos, eles morrem para virar bacon. - comentei - Mas bacon é tão bom...Se eu lamber um porco, ele vai ter gosto de bacon? - perguntei inocente.

– Não me faça vomitar, Isabella. - Edward reclamou se reencostando na borda da banheira.

Vomitar? Como se tivesse acordado de uma hibernação, meu estomago revirou de modo violento. Senhor, eu não vou vomitar, não na frente dele! Por favor...eu não peço mais nada, só não me faça vomitar... Comprimi os lábios e fechei os olhos rapidamente, tentando me concentrar em outra coisa a não ser por as tripas para fora. Senti a água se mover ao meu redor, e logo meu rosto estava entre as mãos de Edward.

– Tudo bem? - perguntou preocupado. Me mantive parada, repetindo meu mantra sem perder a concentração - Bella, abra os olhos.

Neguei, me arrependendo instantaneamente de ter balançado a cabeça. Meu corpo cambaleou para o lado e me agarrei nos braços de Edward.

– Bella, se não me disser o que está acontecendo, vou te levar pro hospital com essa roupa mesmo. - me chacoalhou.

Isso, chacoalha mais!

– Eu...eu só não quero que me veja vomitar. - falei inspirando fundo e expirando devagar. Pude jurar que o ouvi rir.

– Bella, não seja boba. Não é como se eu fosse te deixar por causa disso. - falou achando graça de minha declaração.

– Acho que vai, porque a coisa não é bonita mesmo.

Se ele está dizendo isso, é porque nunca viu alguém vomitar. Acho que nunca mais teria coragem de beijar uma pessoa que eu visse vomitando. Que nojo. Nem mesmo se ela lavasse a boca com todo enxaguante bucal existente no mundo. Se bem que ele bebe sangue, o que também não é muito bonito. Mantive os olhos fechados, mas senti os lábios de Edward pressionando levemente os meus, num gesto simples e singelo, mas que já fez meu coração disparar. Abri os olhos e o encontrei me encarando com toda sinceridade, doçura e carinho que é possível alguém possuir.

– Acredite, eu não vou. - sussurrou em minha boca. Ok, depois disso eu não posso vomitar mesmo - Vem aqui.

Edward me puxou cuidadosamente para seus braços, fazendo a água se mover calma e tranquila ao nosso redor. Ele gentilmente me virou de costas, fazendo-me sentar entre suas pernas e deitar em seu ombro. Seus braços rodearam minha cintura, me mantendo sempre perto.

– Só tente relaxar. Eu vou estar aqui. - murmurou beijando minha testa.

– Foi isso que disse da ultima vez. E quando eu acordei, você não estava lá.

Edward suspirou pesadamente, quase um suspiro de culpa, mas não respondeu, só permaneceu calado. Já havia desabado na conforto de seu ombro. Era fácil relaxar sentindo o aroma de sua pele, ter sua cabeça encostada na minha, seu carinho em meus cabelos... Só poderia ficar melhor se fosse na área da piscina.

– Edward? - chamei baixinho.

– Sim?

– Senti sua falta. - revelei lhe dando um leve beijo no pescoço, me aconchegando novamente.

– Eu também. - falou me puxando para ainda mais perto, como se nunca fosse me soltar - Só espero que não esqueça disso quando acordar.

No embalo de seus braços e da calmaria que a água me trazia, me deixei levar pelo cansaço. Quando abri os olhos novamente, já estava na cama, coberta com o edredom. O enjoo tinha passado, mas ainda parecia que havia uma tonelada pressionando minha cabeça contra o travesseiro. Senti a cama afundando atrás de mim.

– Não vai me dar um sermão? - balbuciei mal conseguindo deixar os olhos abertos. Quando senti o cafuné em meus cabelos, precisei me controlar para não ronronar. Era só o que faltava, passar de bêbada a gatinha manhosa.

– Não. Vou esperar até que esteja de ressaca e sua cabeça lateje a cada palavra. - riu. Era um som tão puro, que instantaneamente sorri.

– Você é do mal. Um asno muito mal criado. Merece levar umas chicotadas e ficar sem feno por um mês.

– Como eu poderia trocar esse seu jeito tão carinhoso e gentil por outra pessoa? - riu baixinho se aproximando de meu ouvido - Boa noite Bella.

Então fechei os olhos já embarcando em uma viagem ao mundo dos sonhos. E sonhei com ele. E com porcos virando drinks em um bar.

o

A luz do Sol invadiu meu quarto sem pedir licença. A claridade que entrava pelas frestas da janela eram poderosas, me dando uma pequena amostra do glorioso dia que fazia lá fora. Olhei para o relógio de cabeceira. Onze e meia. Puta Merda! Onze e meia! Minha aula de mergulho é daqui dez minutos! Saltei da cama e cambaleei para o banheiro. Tomei um banho rápido e escovei os dentes, já que parecia que eu havia engolido um gambá. Corri para o armário, enfiando na mochila tudo que eu poderia precisar. Coloquei um shorts e uma camiseta por cima do biquíni e fui até o criado mudo para pegar as chaves do quarto, e ai vi a merda que tinha feito. Não acredito nisso. Não era um relógio que estava sobre o criado mudo. Era um presente que havia comprado para Esme, que paguei onze dólares e trinta centavos. Não acredito que vi a hora em um souvenir. Eu me achava meio idiota, mas dessa vez eu me superei.

Olhei para o verdadeiro relógio, conferindo duas vezes se era mesmo um, e eram apenas sete da manhã. Me joguei na cama novamente, tentando me acalmar por ter acordado feito um foguete para absolutamente nada, mas um cheiro delicioso invadiu minhas narinas, fazendo meu estômago roncar. Olhei para a mesinha no canto do quarto, e em cima dela estava uma linda cesta de café da manhã, com tudo que se possa imaginar. Biscoitos, torradas, geleia, frios, pães...Será que confundiram meu quarto com o do presidente? Abri a cesta morta de fome, e encontrei um pequeno cartão no topo.

" Está melhor? Não sei muito do que gosta mais, então pedi um pouco de tudo. Gostaria de ter esperado que acordasse, mas tive problemas com minha hospedagem e preciso resolver. Te encontro mais tarde. Quem sabe possamos almoçar juntos? Quer dizer...quem sabe eu possa te observar enquanto você come. "

Sorri. É, Edward nunca poderia realmente almoçar comigo.

" Me encontre no restaurante do hotel as 13:30 .Aproveite a cesta. Infelizmente, não sei se ao lamber porcos, eles terão gosto de bacon. Por isso pedi esse bolinho para você. "

Olhei em volta da cesta, confusa, e encontrei um bolinho no formato de um porco. Gargalhei alto. Não acredito que falei isso a ele.

" Faça o teste e depois me responda.

Até mais tarde. Seu asno."

Sorri de orelha a orelha, até lembrar de nossa pequena briga. Estou disposta a ouvi-lo dessa vez. Estou bem mais calma, e não vou querer matá-lo. Pelo menos não até ouvir o que ele tem a dizer. Acho que tudo isso foi falta de comunicação e insegurança. Mas ainda assim continuo com a pulga atrás da orelha. Depois de um café da manhã reforçado, fui fazer minha higiene matinal com mais calma.

Já eram 11:20 quando caminhei para o píer e entrei na lancha que nos levaria para o local do mergulho. Todos pareciam muito animados, já eu, estava meio apreensiva, mas mesmo assim me forcei a prestar atenção nas instruções do guia. O barco percorreu um bom tempo mar adentro, até que chegamos nas piscinas naturais. A vista era simplesmente incrível, a água era mesmo cristalina. Ao redor da piscina havia uma pequena ilha, com uma vasta vegetação e um penhasco gigantesco. Respirei fundo, rezando umas três vezes, coloquei o snorkel e mergulhei. Embaixo da água era como um reino mágico. Haviam corais, peixes de todas as cores e arrecifes de todas as formas, mas um ponto brilhante, azul, bem lá no fundo, roubou minha atenção. Era lindo. Não sabia o que era, mas eu precisava pegá-lo. Eu sentia isso. Mas nunca conseguiria chegar até lá sem um cilindro.

Voltei para o barco, já que o tempo de aula estava acabando, mas vi um garotinho correr entre as árvores, se afastando cada vez mais de onde estávamos. Podia ouvir sua voz me chamando. Era convidativa, hipnotizadora...Corri atrás dele para não perdê-lo de vista. Não podia deixar o garoto se perder no meio dessa mata. O chamei diversas vezes, mas ele não me escutava. Continuávamos subindo, subindo...Até que chegamos ao topo. Estava exausta. Quando finalmente o alcancei, o encontrei brincando consigo mesmo. Não parecia nem ter ideia de que estava em um belo de um penhasco do mal.

– Olá. - falei, mas o garoto parecia estar em êxtase, dando voltas como se estivesse dançando com o ar - Deveríamos voltar para o barco. Seu pai deve estar muito preocupado com você.

Esperei algum tipo de resposta, sinal de fumaça, mas ele continuou entretido. Seus olhos brilhavam de felicidade e mal podia se conter parado em um só lugar. O garoto sorria, pulava e gargalhava como se fosse a primeira vez que visse o dia. Ele se divertia tanto, de um jeito tão verdadeiro, que me senti culpada por ter vindo até aqui importuná-lo. Talvez seria melhor se eu só avisasse a família onde ele estava. Já estava me retirando quando ele disse:

– Você sabe quem eu sou? - sua voz era doce e suave.

O encarei. A felicidade ainda estava ali, mas a maturidade em sua voz...Algo tão estranho para uma criança.

– Eu aparento ser novo, mas sou antigo Bella. Eu apenas renasci. - explicou.

Mas que diabos?! Como ele sabia o que eu estava pensando?

– Faço parte de você. Sou raro nos que são do seu tipo, mas faço. Sei tudo que pensa, que vê...

– Olha, acho melhor parar de responder minhas perguntas mentais, pois isso é muito estranho. - pedi ainda perdida. Que droga está acontecendo? - Quem disse que era mesmo? - perguntei.

– Não me reconhece?

– Deveria?

– Eu sou o amor, Bella. - disse casualmente.

– O amor? - perguntei sem dar credibilidade as palavras do garotinho.

– Você me aprisionou por tanto tempo...Minha casa era escura, fria, pavorosa... - falou. Seus lábios tremularam ao repassar as memórias.

Não sabia o que pensar ou o que responder. Onde será que esse garoto morava? Em uma espécie de abrigo, talvez?

– Sua alma era meu lar. Eu te peço, não me mate novamente. - implorou. A agonia em seus olhos era evidente.

Concordei ainda atordoada.

– Seu colar está a sua espera. Se concentre em sua proteção, e o achará. - sorriu. Ele se afastou, indo até a beira do penhasco.

– Espera, o que está fazendo?! - perguntei ficando em alerta.

– Agradeça aos Cullens por mim. - falou chegando cada vez mais perto da beirada. A cada passinho dele, meu corpo tinha um mini enfarto.

– Pe...pelo que?

– Por terem abrido as janelas da minha casa, deixando a luz entrar.

Abrindo os braços, ele se lançou ao mar. Arfei e corri para alcançá-lo, mas já era tarde. Bem que dizem que o amor comete loucuras. Não havia nenhum sinal dele, somente a espuma se espalhando no local onde ele havia caído.

– Bella, o que está fazendo aqui em cima?

Levantei em um sobressalto, quase caindo junto com o garotinho. Kieran me encarava com confusão, secando as pontas do cabelo com uma toalha. Estreitei os olhos. Estranho, não o vi na lancha que trouxe os alunos para a aula. E ele era o barman, o que ele estava fazendo aqui?

– Só... - só estou vendo onde o amor caiu e procurando algo para afastar os guardiões. Já te falei que estou saindo com um vampiro? - Só observando a vista.

– Achei que estaria com seu carrapato. Edward, não é? - falou. Havia um tom de deboche em sua voz, mas havia algo mais. Algo que eu sinceramente não estava gostando.

– Sim, é Edward. - falei com desconfiança.

– Então funcionou. - sorriu malicioso jogando a toalha longe. Seu olhar se transformou em predatório e bestial. - Foi só arrumar um probleminha no quarto para mantê-lo afastado. Se ele não fosse tão certinho, quem sabe estivesse aqui para te ajudar. Mas somos só eu e você Isabella. Nem mesmo o pessoal do hotel está aqui. - falou se deliciando com cada palavra que saía de sua boca. - Acho que rasguei sua inscrição sem querer. - fingindo sentir-se culpado.

– Do que está falando? - perguntei sentindo um aperto estranho no peito. Proteção? Cadê você?

– Achou mesmo que seria tão simples? Achou mesmo que ninguém tentaria a impedir? Por mais que aquela pirralha insuportável tenha tentado, parece que o titio Egward continua deixando a titia Bella vul...vuln...vulnerável. - falou com um sorriso lunático no rosto.

Engoli em seco tentando disfarçar o desespero. Eles estão nos vigiando. Estão me vigiando. E podem fazer muito mais do que só olhar. Preciso sair daqui. Ele não é um barman que sempre arruma a confusão, ele é a confusão em si.

– Quem é você? - perguntei em alerta.

– Pode me chamar de Kieran, o segundo guardião. - se apresentou fazendo uma reverência.

Meus pelos se eriçaram ao ouvir suas palavras. Não tinha a mínima ideia do que era ser um guardião, ou o que ele fazia, mas posso afirmar que a merda não era boa.

– O que você quer de mim? - me forcei a perguntar, mesmo temendo ferozmente a resposta.

– Não sei...sua alma, talvez. - falou como se estivesse dizendo " Eu amo maçã" - Sabe, não sei porque papai insiste em fazer as coisas devagar com você. Não sei porque precisa passar por toda essa historinha babaca. Você deve estar doida tentando descobrir o que está acontecendo, não é? Acredite, eu também estou! - gritou com tamanho ódio que fez com que eu me encolhesse - Queria saber o que te faz tão melhor que eu! Papai só tem olhos para a filhinha preferida. Mesmo estando longe, você sempre foi a única para ele, irmãzinha. Nós nunca fomos suficiente para superar você. - falou com rancor em sua voz.

– Irmã?! Você está doido! - falei sem entender nada do que ele estava dizendo - Eu só tenho uma irmã e um único pai. Charlie Swan. E tenho certeza de que você não é filho dele.

– Continue dizendo isso a si mesma. Os fatos não vão mudar, sua tola. - falou com escárnio. Mas de que merda ele está falando? - Mas isso não vem ao caso. Não agora. Algum dia você vai descobrir tudo.

Minha cabeça estava fervendo mesmo com essas poucas informações. Que merda ele queria dizer? Que éramos irmãos? Isso é uma ladainha sem cabimento. Merda. Puta Merda. As palavras de Sam eram claras, evitar os guardiões para parar a transformação. Tenho certeza de que alguém que me encurrala no meio do nada com essa cara de louco não pode querer ser gentil comigo e me levar para tomar sorvete. Preciso sair daqui. Concentração... O maxilar de Kieran se movia para cima e para baixo, mas eu não escutava uma palavra sequer. Me concentrei na luz azul que sempre toma conta de mim e das minhas tatuagens. A imaginei tomando conta de meu corpo, me envolvendo em sua cor. Olhei ao meu redor e achei um fio luminoso apontando lá para baixo, para o fundo do mar, para onde eu deveria ir. Droga, nunca pulei de um lugar tão alto.

– Até que seu vampirinho é bem lesado. - falou me trazendo para realidade - Foi simples mantê-lo afastado, não que isso seja difícil, já que fazem isso por si mesmos. É só plantar uma intriga aqui e pronto! - sorriu - Devia ter visto o rostinho do Edward quando disse que tinha nojo dele. - disse fingindo estar triste - Que tudo tinha acabado...

– Eu nunca disse isso! - bradei.

– Mas eu te obriguei, querida. - falou naquele tom calmo e irônico, que me dava vontade de jogá-lo daqui de cima - Oh meu Deus, ela está surpresa. - levou a mão a boca fingindo espanto - Edward, Edward... - fez um som de reprovação - Talvez se ele parasse de mentir e de te esconder as coisas, tudo seria mais fácil. - comentou.

O segredo logo veio a minha mente. Acho que todos sabem dessa merda, menos eu. Mas eu dei a Edward um tempo, e vou continuar mantendo minha promessa. O que me irrita, é que esses desgraçados estão sendo mais espertos do que nós. Então a culpada da briga era eu. Edward não mentiu em nenhum momento.

– Chega de enrolar. - Kieran falou pegando uma faca enorme que estava escondida atrás de uma pedra. Arfei. - Pena que seu vampiro chegou, se não poderia estar te transformando na minha cama. - falou jocosamente, me despindo com o olhar. De repente o penhasco não me pareceu tão ruim.

– Fica longe de mim. - sibilei. Kieran gargalhou.

– Ahhh Bella - lamentou - Pena que seu príncipe encantado não está aqui para te defender.

Kieran empunhou a faca, vindo em minha direção. Faria uma loucura, mas era o único jeito de sair daqui viva. Poderia bater em algum rochedo e morrer, mas se eu ficar, eu com certeza vou. Não faço ideia do que um guardião é capaz de fazer, e não quero arriscar. A faca veio zunindo de encontro ao meu pescoço, mas com um só movimento, interceptei o golpe de Kieran, o levando ao chão. Agarrei a faca e a pressionei contra seu pescoço. Seus olhos estavam repletos de surpresa. As tatuagens brilhavam em meu braço, e sentia aquele poder vibrar dentro de mim.

– É aí que se engana sobre mim. Eu não preciso de ninguém para me salvar.

Os olhos de Kieran se tornaram prateados, e ele reagiu, agarrando meu pulso num movimento certeiro, recuperando a faca. Senti um baque forte em meu rosto, e só depois que cai, reparei que ele havia me socado. Chacoalhei a cabeça tentando clarear a visão embaçada e vi sua silhueta se aproximando rapidamente de mim.

– Sua vadia! - gritou me acertando um chute no estômago. Gemi já sentindo uma dor absurda - Se eu pudesse, te matava agora! Talvez eu devesse matar aquela pirralha fedelha no seu lugar!

– Fica longe dela! - sibilei lhe acertando no rosto. Kieran cambaleou, me encarando com ódio.

Com a faca em punho, montou em cima de mim, segurando minhas mãos acima da cabeça. Tentei me mexer de qualquer maneira, mas seu aperto eram como algemas. Merda!

– Preparada para ter a alma corrompida? - pergunto depositando um beijo em meu pescoço. Me segurei para não vomitar.

Kieran abaixou a cabeça e começou a sussurrar umas palavras estranhas. Quanto mais ele falava, mais minhas tatuagens ficavam azuis. Uma queimação começou a percorrer meu corpo, como se minha corrente sanguínea tivesse sido preenchida com lava. Eu não posso deixar essa merda acontecer! Kieran estava imerso no ritual. Fingi estar estrando na onda, parando de resistir. Assim que suas mãos se frouxaram, soquei seu rosto com toda força, o arrancando de cima de mim. Tinha que ser agora. Ai Deus!

Comecei a correr. A cada passo que me aproximava do salto, meu coração se acelerava. De repente, não havia mais pedras para pisar. Pulei. Tanto eu quanto meus pensamentos estávamos gritando. Afundei na água feito um míssil, mas não fui a única. Kieran agarrou meu pé, tentando me puxar para perto. O desespero fez com que eu soltasse o ar que estava segurando. Chutei para todos os lados, mas nada o fazia me soltar, até que algo o agarrou pelo pescoço, o tirando de perto de mim, o levando cada vez mais para o fundo. Era o garotinho.

– O amor também pode ser perigoso. - falou. Sua voz soando dentro de minha cabeça.

Não tive tempo para agradecer, só nadei desesperada por ar até a superfície. Puxei oxigênio com toda força assim que não estava mais submersa. Agarrei o arrecife com as mãos trêmulas, tentando impedir que as ondas me arrastassem para longe.

Desabei na pedra, tentando descansar, me recuperar de alguma forma. Olhei ao redor, e não havia nenhum sinal do barco do hotel. Nada do pessoal da aula de mergulho. Estou ferrada. Kieran rasgou minha inscrição, ou seja, para os instrutores, nenhuma Bella Swan sequer pisou no barco hoje cedo. Como eu iria embora daqui sem o barco? Teria que nadar quilômetros até chegar a praia. Free Willy! Socorro!

Estava a deriva em meus resmungos quando senti algo subindo por minha perna, se enrolando em meu tornozelo como uma serpente. Sentei assustada. Era o fio azul, deslizando por minha pele, subindo até minha cintura. Era lindo, brilhante, sua cor vibrava em diversos tons. Estava em frenesi o olhando. Tão lindo...

Sem aviso, fui bruscamente puxada para o mar. Luz maldita! Tentei me soltar a arranhando, puxando, mas continuava sendo arrastada para o fundo, e descendo cada vez mais. Não via nada ao meu redor, somente minhas bolhas de ar. A luz desvaneceu quando atingi um enorme rochedo. Vi meu sangue se espalhar pela água, e minhas costas entraram em brasa. Não podia gritar, reclamar, ou entrar em desespero, senão morreria afogada.

Ache o colar, ache o colar...Olhei ao redor e lá estava. Uma corrente prata com um cristal reluzente na ponta. Bem no lugar pra onde eu estava olhando quando estava mergulhando com o snorkel. Assim que o agarrei, fui cuspida para fora da água, caindo em cima dos arrecifes. Tudo isso por um maldito colar. O cristal era hipnotizante e por um momento quase pensei em dizer "Meu precioso.", mas já era um bocado de insanidade mental para um dia só.

Não sei exatamente a quanto tempo estava deitada aqui, mas a maré estava subindo, e subindo rápido. O que antes só cobria meus tornozelos, já estava chegando a minha cintura. Minha garganta estava mais seca que as areias do Saara. Minha pele ardia fortemente. Me sentia um pedaço de carne sendo colocada em uma frigideira. Quase podia ouvir minha pele tostando. As condições em que eu estava eram péssimas. Talvez se eu fosse inteiramente humana, já tivesse desmaiado e caído no mar. Não havia vento, água, comida, pessoas, tubarões, ETs...Este lugar é tão afastado de tudo que duvido que até mesmo os peixes nadem por esses arredores.

– Hei, moça, você está bem? - ouvi.

Jesus? É você?

No inicio pensei que fosse alguma alucinação, já que estava a horas exposta ao Sol, mas quando abri os olhos, um barco enorme estava parado a cerca de um metro dos arrecifes. Era um barco chique, do tipo que só transportava ricos engomados. Tinha de ser, já que o homem que me olhava preocupado e até mesmo confuso, se perguntando que diabos eu deveria estar fazendo ali, estava engravatado no meio do oceano.

– Pode me dar uma carona até a praia? - implorei, minha voz saindo esganiçada devido a garganta seca.

– Claro. Por favor, suba.

Nadei para longe dos arrecifes e me arrastei para dentro do barco. Sombra! Como eu te amo... Permaneci estirada no chão apreciando a superfície fria. O homem deveria achar que eu sou louca, mas ele não deve sentir calor, já que está de terno. Depois de beber umas três garrafas de água, me sentia bem melhor. Minhas costas ainda ardiam, assim como meu rosto e meu estômago estavam doloridos, mas teria que cuidar disso no hotel. Coloquei o colar de uma vez no pescoço assim que percebi o olhar do bilionário em cima dele. Se ele quer um, ele que mergulhe e ache o seu. Assim que o cristal descansou em meu peito, a pedra ficou azul. Espero que saiam raios da morte desta coisa e que realmente me proteja dos guardiões. Deus, isso tudo me deu uma baita fome. Puta Merda! O almoço com Edward!

– Pode me dizer as horas? - pedi.

– São cinco da tarde. - falou olhando o relógio de bolso.

Esperneei mentalmente. Droga, Edward deve estar uma fera comigo. Deixei ele esperando em Forks e agora aqui. Gemi completamente frustrada. Tudo dando errado. Tivemos uma briga a toa e a culpa era toda minha por não ter acreditado nele. Ele tinha razão até mesmo sobre Kieran! Edward pode ser gentil, mas não é nenhum capacho para me aguentar o tempo todo. Preciso me redimir.

– Senhor, posso te fazer uma pergunta?

– Claro que sim.

– Seu barco está disponível hoje a noite?

POV EDWARD

Ela me deixou na mão, novamente. A esperei por horas no restaurante, vi pessoas entrando, saindo, voltando, e eu continuava lá, parado feito uma estátua, esperando a garota que nunca veio. Eu poderia estar furioso, mas não estava. Estava decepcionado com ela. Voltei para o hotel depois de dar uma volta sem rumo. Estava no elevador quando ouvi alguém me chamar. Era uma voz que eu conhecia muito bem. Olhei para a multidão no lobby e vi Bella tentando chegar desesperadamente até mim.

– Edward! - gritou - Edward, espera!

Assim que conseguiu se desvencilhar da muvuca, ela disparou direto em minha direção. Mas o que tinha acontecido com ela? Sua pele estava tremendamente vermelha. Parece que ela preferiu curtir a praia a aparecer. Agora era eu quem não queria ouvir. Apertei o botão de fechamento automático, forçando Bella a ficar para trás. Eu estou tentando, até iria me desculpar por ter passado uns dias fora, mas ela não está nem ai. Eu sou só um intruso em seus planos. Eu sabia, ela só disse o que disse a noite passada por estar bêbada.

Peguei as chaves do novo quarto e o abri, com dificuldade, já que estava muito irritado para acertar a fechadura de primeira. Joguei as malas num canto qualquer, nem me preocuparia em desfazê-las. Estava pensando em voltar para Forks no dia seguinte. Não tinha mais nada para fazer aqui. Já estava ligando para a companhia aérea quando uma carta passou por debaixo da porta. Encarei o papel por alguns segundos antes de apanhá-lo. Achei que seria mais uma intimação do hotel, mas quando o virei, lá estava o nome dela. Só faltava ela estar me xingando por não ter esperado tempo o suficiente. Abri o envelope e retirei o cartão.

" Querido asno,

Obrigado pela cesta de café da manhã, por cuidar de mim e principalmente pelo bolinho em formato de porco. Eu queria ter almoçado com você, mas ocorreu um imprevisto. Dos grandes. Me encontre no píer as 21:30. Por favor, por favor...Apareça. Precisamos conversar.

Sua Bella"

Minha Bella. As palavras ressonaram em meu interior, fazendo uma pequena chama reacender. Quando tento afastá-la, ela sempre da um jeito de se esgueirar para perto novamente. Olhei para o relógio. Eram 20:45. Não estava cem por cento certo sobre ir, mas finalmente conseguiria o que vim atrás. Conseguiríamos conversar, e eu direi a ela tudo que estou pensando, em como ela foi infantil em me ignorar e brincar comigo. Se a desculpa não fosse boa o suficiente, iria para Forks no mesmo segundo.

– Droga, meu cabelo não fica no lugar! - reclamei tentando domar o fio rebelde que insistia em se separar dos outros.

Mesmo estando bravo, eu queria estar arrumado...pra ela. Droga, eu sou patético. Nem mesmo parar de me importar eu consigo. Chequei se tudo estava correto no espelho e fui até o píer. Cheguei em menos de um minuto, já que estava ansioso demais e acabei correndo um pouco, e adivinha? Bella não estava lá. De novo. Ela só pode estar de brincadeira. Já estava saindo quando um homem tocou meu ombro.

– Edward Cullen? - perguntou.

– Sim, sou eu. - o homem sorriu cordialmente.

– A senhorita Swan está te esperando. - gesticulou para o enorme barco atrás dele. O que essa menina está tramando?

Agradeci o homem e entrei no barco. Segui o som da musica suave que tocava. Isso é muito estranho. Subi as escadas e me deparei com a mulher mais estonteante que vi na vida. Bella estava simplesmente...Uau. Seus cabelos estavam presos, jogados para um lado só. Seus vestido branco era delicado, a dando um ar angelical, mas definia bem as curvas de seu corpo ao mesmo tempo. Ela estava parada atrás de uma mesa decorada á luz de velas. Não podia acreditar. Bella fez um jantar para gente. Ela estava apreensiva com minha reação, eu podia ver. Estava nervosa, mordendo o lábio inferior, apertando as mãos, só esperando que eu dissesse algo.

Ainda não conseguia me mexer, estava completamente embasbacado. Bella desviou o olhar, e pude ver seus rosto dar uma leve ruborizada. O que eu disse que iria falar para ela mesmo quando a encontrasse?

– Vai ficar parado aí a noite toda? - perguntou tentando disfarçar a ansiedade.

– Ham? - perguntei piscando os olhos para sintonizar minha mente no que ela estava dizendo.

– Sabe, seria bom se você terminasse de subir as escadas. - falou abrindo um sorriso divertido.

– Ah, claro! Claro, já estou subindo. - disse meio enrolado.

Estava tão concentrado em Bella que acabei tropeçando nos degraus, quase rolando escada abaixo. Merda Edward! Ouvi o riso baixo dela, o que teria me deixado roxo se eu ainda fosse humano. Droga, estou parecendo um maldito adolescente! Respirei fundo para me recompor. Hora de agir como homem. Me aproximei e beijei sua mão.

– Você está absurdamente linda, Bella.

– Obrigado. - falou envergonhada. Ela sorriu para mim. Era um sorriso tão dolorosamente tímido, que quase a agarrei - Você também está lindo. Principalmente com esse fio rebelde. - riu colocando-o no lugar. Praguejei mentalmente por ter esse cabelo de leão.

Esperei que ela continuasse a falar, mas o silêncio perdurou entre nós. Não sabíamos o que dizer um para o outro. Nenhum dos dois sabia por onde começar. Nossos olhares estavam conectados. Só precisei mergulhar em seus olhos chocolate para ver que nós, éramos nós novamente.

– Me desculpe por não ter aparecido. - falou quebrando o silêncio - Eu realmente tive um imprevisto. - disse, e não tive motivos para duvidar. Eu via a sinceridade em seu rosto, e também via o quanto ela queria esclarecer tudo isso. - Eu sabia que ficaria decepcionado comigo, então fiz isso para gente. Sei que não é muito, mas é o que eu pude fazer. Eu...eu não sabia direito como arrumar um jantar, já que você é um vampiro e não come...e... pensei até em caçar algo, mas...É um jantar meio que simbólico... - tagarelou. Não pude evitar sorrir. Bella fez isso tudo pra mim e, no fundo, sei que ela não faria para mais ninguém.

– Bella. - chamei a silenciando - Está perfeito.

Ela sorriu aliviada. O garçom logo apareceu nas escadas com o jantar, e me adiantei indo até a mesa e puxando a cadeira para ela.

– Obrigada.

Sentei em meu lugar, e quando o homem tirou a cúpula qu da bandeja, tive vontade de rir. Era uma fatia de pizza de pepperone. Isso era tão...Bella.

– Pizza? - ergui a sobrancelha.

– Já que não posso impressioná-lo com a comida, nada melhor do que uma pizza para mim. - falou dando uma boa dentada em sua fatia. Bella parecia estar morrendo de fome, já que atacou o prato como se estivesse acabado de voltar de uma guerra no Vietnã.

– Parece faminta. - comentei. As bochechas de Bella logo ficaram vermelhas.

– Não costumo comer feito um troglodita, eu só não almocei. - falou. A olhei com reprovação, fazendo suas bochechas corarem ainda mais - Eu te disse que o imprevisto tinha sido dos grandes. - limpou a boca no guardanapo - E depois de dar com a cara na porta do elevador, tinha que fazer algo especial, não é? - disse arqueando a sobrancelha esquerda. É, acho que ela não ficou muito contente com o que fiz.

– Eu estava irritado. - expliquei e ela nem retrucou, o que me surpreendeu. Isso não fazia muito o estilo dela. - Afinal, o que te fez mudar de ideia tão rápido? Nem conversamos e já parece que me perdoou. Não...que isso seja ruim. - falei com um sorriso no canto dos lábios.

– Em partes, pode se dizer que já perdoei. Não que você precisasse de algum perdão vindo da minha parte. - disse me encarando com intensidade, como se quisesse dizer bem mais do que havia dito.

– Em partes?

– Acho melhor eu contar tudo de uma vez, no final você vai entender. - disse tamborilando os dedos na mesa - Alice te disse algo sobre a carta que Sam deixou?

– Eu estava lá quando recebemos. - falei sem saber onde ela queria chegar com isso.

– A carta era para mim. Sam morreu porque sabia de algo que poderia me ajudar, e isso nós já sabíamos, só não sabíamos que ele deu um jeito de escrever uma carta e me contar o que era.

– O que tinha na carta? - perguntei ansioso.

– Nada do que eu esperava. - disse frustrada - Ele não sabe no que estou me transformando. O que tinha na carta eram pistas de um objeto que poderia me ajudar a impedir os ataques dos guardiões. - me mostrou um colar azul em seu pescoço - E eu encontrei.

– Você sabe quem são os guardiões? - perguntei, porque até agora não havia contado isso a ela, e nem que o primeiro já havia realizado sua parte na transformação. E muito menos que ele era o Jacob.

– Eu não sabia quem eram até dar de cara com um hoje cedo. - cruzou os braços, esperando que eu dissesse algo.

Meu corpo entrou em estado de choque. Mais um guardião tentou atacá-la, e eu nem estava por perto. Logo os avisos de Lilly preencheram minha mente. E eu falhei no que deveria ter feito. Eu a deixei vulnerável.

– Bella...

– Porque não me contou? - perguntou irritadiça - Porque você ainda insiste em esconder as coisas de mim?

– Não queria que ficasse assustada. - expliquei e a ideia pareceu completamente idiota dita em voz alta.

– Ahhh claro, porque o encontro que tive não foi nada assustador. - ironizou- Só estávamos eu e ele Edward. Mais ninguém. Estávamos a quilômetros de distância do hotel e de todo mundo. - falou e lá no fundo, pude sentir medo em sua voz.

– E que diabos estava fazendo tão longe assim? - perguntei curioso.

– Eu fui procurar este colar. - disse olhando a pedra pousada em seu pescoço com adoração - Estava nas piscinas naturais. Me inscrevi na aula de mergulho e fui. Infelizmente, esse guardião foi mais esperto. Durante todos esses dias, ele foi bem mais esperto que nós.

– Porque está dizendo isso? - franzi o cenho.

– Sabe toda essa briga que tivemos e seu problema com o quarto de hotel? - concordei - Pode agradecê-lo por isso. Ele me fez dizer todas aquelas coisas que eu te disse depois do surto.

– Só pode estar brincando! - disse sem acreditar no quão grande era o alcance deles sobre nós. Eles podem controlá-la durante a transformação - Como é possível eles te obrigarem a dizer coisas?

– Eu não sei. - disse inquieta, dando uma leve estremecida - Me da arrepios só de pensar.

– Está tudo bem. - falei segurando firmemente sua mão. Bella sorriu brevemente.

– Não Edward, não está. Está longe de ficar bem. - afastou suas mãos das minhas, quase sem perceber - Eles também estão nos vigiando. Ele sabia até mesmo as palavras exatas que Lily usou para te convencer a vir atrás de mim. A coisa está pior do que eu pensava. - falou nervosamente. Era visível que ela estava endoidando com a situação.

– Ele te transformou? - perguntei já temendo a resposta. Estava me sentindo um imbecil por ela ter passado por tudo isso sozinha enquanto eu resolvia uma merda de problema com minha hospedagem

– Não. Consegui fugir, mas ele rasgou minha inscrição na aula, pra que todos fossem embora e não voltassem para me procurar. Eu estava presa no meio do nada. - falou e pude ver medo em seus olhos. Um medo que eu queria arrancar com minhas próprias mãos - Se o dono desse barco não tivesse aparecido, estaria lá até agora.

Levantei-me da cadeira e a puxei para meus braços. Não importava se ainda não tínhamos nos resolvido por completo, queria que ela soubesse que eu sempre estaria ali. Era uma barra muito pesada para que ela carregasse sozinha. Bella não merece o que está acontecendo. Ninguém merece isso.

– Eu sei que eu tenho sido péssimo em cumprir minha promessa, mas ainda estou disposto a tudo para cuidar de você. - falei tocando suavemente seu rosto.

– Só queria que isso tudo acabasse. - disse voltando a se deitar em meu peito - Quem sabe assim eu poderia ter uma vida meio normal. Arrumar um emprego, uma casa... - falou como se pudesse visualizar seu futuro em frente a seus olhos.

– Você já tem uma casa. - falei de imediato. Ela sabe que nunca vou deixar que vá embora, não é?

– Eu nem sou da família, e já estou me aproveitando demais do Carlisle e da Esme. Com toda essa confusão, me afastar talvez seja o melhor a se fazer. Se for para eles vigiarem alguém, que seja somente a mim.

– É claro que você é da família. - contra-ataquei já pensando em mil coisas para convencê-la a ficar - Sua irmã mora lá e tem o Emmett, que não deixaria você ir, e...e... - tagarelei e Bella deu um risinho baixo - E se você for Isabella, eu juro que vou com você.

– E quem foi que disse que eu te deixaria para trás? - deu um sorriso sapeca, agarrando as lapelas de minha camisa. Ela esta tão linda, que mal podia pensar em outra coisa a não ser beijá-la - Me desculpe. - falou de repente- Desculpe por não ter confiado em você. A culpa dessa briga toda foi minha.

– Eu te dei todos os motivos para ter desconfiado. Eu fui embora. E bem, minha mãe não me ajudou muito te mandando para o restaurante justo quando eu estava acompanhado. - sorri, mas Bella logo formou uma carranca, o que me fez sorrir ainda mais. Menina ciumenta - Mas fiquei feliz de ver que havia acordado.

– Nem me lembre daquele restaurante. - resmungou empurrando meu peito e olhando para o mar.

– Você é muito ciumenta. - sorri beijando seu pescoço a abraçando pela cintura. Eu simplesmente adorava que ela sentisse ciúmes de mim.

– Podia dizer o mesmo de você. - brincou girando em meus braços para me encarar - Eu podia estar bêbada, mas me lembro muito bem do que aconteceu.

– Eu queria ter esganado aquele barman.

– Pelo menos isso teria poupado ele de tentar me esganar. - falou sem perceber. Mas com um sobressalto, Bella se deu conta das palavras que haviam escapado de sua boca.

– O que quer dizer com isso? - perguntei estreitando os olhos - Bella, o que ele fez?

– Nada. - desviou o olhar.

– Não minta para mim. - pedi.

– Você vai surtar. - falou com calma.

– Me diga o que ele fez. - mandei. E acho que ela tinha razão, já que eu já estava surtando sem ao menos saber o que tinha acontecido.

Bella abriu a boca, mas nada saiu dela. Ela não queria mesmo me contar. Se esse cara tentou fazer algo...

– Ele era o segundo guardião.

A encarei sem ação. Senti um ser animalesco ganhando vida dentro de mim. Deveria tê-lo matado quando segurou a mão dela. Eu sabia que esse cara era podre, só não sabia até onde essa podridão chegava. E vai ao infinito e além. Bella me olhava com os olhos levemente arregalados, mordendo o lábio, apreensiva. Eu não iria me descontrolar. Não na frente dela.

Merda. Andei de um lado para o outro, tentando me acalmar. Raiva vampiresca era algo delicado, um passo em falso e BUM! Estava apoiado no batente do iate tentando achar a calma que precisava na beleza do oceano e na brisa que nos acalentava, quando a senti me abraçando por trás.

– Edward, eu estou bem. - sussurrou sob minhas costas.

Eu poderia gritar sobre o quanto tudo isso era perigoso, e o quão grande era meu medo de perdê-la, mas palavras não eram necessárias. A tomei nos braços deixando um gemido esganiçado escapar por meus lábios. Invadi sua boca com desespero, a explorando como se fosse a ultima vez que o faria. Bella correspondia com o mesmo fervor. Minhas mãos vagavam por suas costas, a colando contra meu corpo. Era incrível o modo como todos os nossos beijos me afetavam com a mesma intensidade e desejo que o primeiro. Nunca me cansaria disso. Nunca me cansaria de nós. Eu queria dizer a ela. Dizer que a amava. A abracei com carinho. Isso tudo está ficando intenso demais. Não sabemos o que pode acontecer. Ela está aqui em minha frente, mas em segundos, pode não estar mais.

– Não me deixe. - pedi.

O olhar de Bella entristeceu. Suas mãos afagaram meu rosto em um gesto delicado, seguido de um beijo casto e suave.

– Nunca. - falou deitando em meu ombro.

– Não suportaria se o fizesse. - desabafei. Bella se aconchegou em meus braços, soltando um longo suspiro.

– Sabe que tudo isso só vai piorar, não sabe? Eu sinto que toda essa porcaria sobre mim mal começou. - falou dando uma leve estremecida.

– Hei, não precisa ficar com medo. - sussurrei a apertando ainda mais contra mim.

– É claro que preciso. É difícil se olhar no espelho e não ter nem ideia de quem é.

– Não importa o que aconteça, você sempre vai ser a teimosa Bella Swan.

– E que assim seja, profeta Edward. - riu voltando a colar os lábios nos meus - Que tal darmos uma volta e esquecer isso tudo por enquanto? Estamos sozinhos, o garçom já foi - falou pegando minha mão e descendo as escadas. Bella não gostava quando eu tomava as dores dela, então sempre dava um jeito de amenizar o clima, o que na verdade era uma ótima ideia - Eu não sei dirigir essa coisa, mas você sabe. - me colocou na cadeira do piloto.

– Eu tenho cara de piloto da marinha por acaso? - perguntei.

– Você tem cara de vendedor de coco, mas quem sabe eu não dou sorte, não é? - gargalhou sentando-se ao meu lado.

– Você é do mal, Isabella. - liguei os motores, acelerando o iate. Ela logo se aproximou de mim, espalhando beijos por meu pescoço. - Bella, eu vou bater o barco desse jeito.

– Vai bater onde? - sussurrou acariciando levemente minha nuca, me fazendo arrepiar dos pés a cabeça. Precisei me segurar para não fechar os olhos. - Num Iceberg?

Não aguentei mais suas provocações. Era tortura. Mal havíamos nos distanciado do píer, ainda conseguia vê-lo ao longe. Mas isso não me interessava.

– Acho que aqui já está bom. - falei desligando tudo e a tomando nos braços. Bella soltou um gritinho de surpresa - Quanto tempo temos até que precise devolver esse barco? - perguntei roçando meus lábios em seu queixo.

– Temos todo o tempo do mundo.

– Ótimo, porque não estou pensando em me apressar. - falei capturando sua boca, já entrando em chamas.

Seria fácil perder a noção do tempo. Eu tinha tudo de que precisava aqui. Eu tinha ela.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Espero que sim!
Comentem! Por favoooor hehehe
Até o próximo!