A Exterminadora De Vampiros escrita por Isa Salvatore


Capítulo 16
Dia norma...Ah, que droga!


Notas iniciais do capítulo

Ooi pessoal, tudo bem?
Ta aí mais um capitulo doido e sem sossego para os protagonistas hehehe Cheios de momentos Beward :)
Espero que gostem
Boa Leitura



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POV EDWARD

Já era mais de duas da manhã quando caminhamos de volta para o hotel. Passamos um bom tempo naquela lancha. Eu simplesmente não me cansava de beijá-la. E bom, chega a um ponto em que o beijo já não é mais o suficiente, então tenho que acalmar as ideias. Fiquei em estado de alerta durante todo o percurso para o quarto, verificando em cada canto se havia algum sinal de Kieran. Se visse esse cara andando por ai, o mataria sem nenhuma duvida.

– Ele não está aqui Edward, fique calmo.

– Eu estou calmo.

– Tem certeza? - riu.

Só então reparei que segurava os saltos de Bella como se fossem armas mortais. Bella revirou os olhos e me abraçou pela cintura.

– Vamos saber se ele estiver por perto. - mostrou o delicado pingente que descansava em seu pescoço.

– Espero que isso funcione. - falei a aconchegando em meus braços - Se eu soubesse que um colar ajudaria, já teria comprado uma loja de bijuterias pra você.

Pegamos o elevador e num piscar de olhos já estávamos na porta de seu quarto. Parecíamos dois adolescentes no final do primeiro encontro. Não sabíamos como nos despedir um do outro, porque no fundo, nenhum dos dois queria isso. Só não sabia se seria muito intromissão de minha parte ficar, afinal tínhamos acabado de nos entender.

– Obrigado por ter aparecido. Boa noite. - murmurou dando-me um beijo casto. Quer saber? Não importa. Eu vou ficar.

Puxei sua cintura e aprofundei o beijo, me esgueirando para dentro do quarto, até encurralá-la entre mim e a porta fechada. Bella parecia surpresa, e admito que até eu estava surpreso com as atitudes que venho tendo desde que a conheci, mas mesmo assim ela estava com um sorrisinho sapeca no rosto. Parece que isso também é o que ela queria. Já fiquei uma semana longe dela, e não tem o porque prolongar isso. Essa era uma bela hora para usar a desculpa de um guardião estar a solta e eu ter que protege-la vinte e quatro horas por dia.

– Você está doida se acha que vou te deixar sozinha.

– Não tem lugar para você aqui. - brincou infiltrando a mão em meus cabelos - Acho que vai ter que dormir na poltrona.

Encarei o pequeno móvel no canto do quarto. Isso não ia funcionar. Se Bella não pudesse deitar ao meu lado, não era o lugar certo.

– Tem uma cama de casal bem ali. - inspirei o aroma de seus cabelos. Tinha me esquecido de como cheiravam morangos.

– Não somos um casal. A poltrona é sua.

– Bom, eu acabei de voltar de um jantar feito por você, carreguei seus sapatos, te acompanhei até o quarto, entrei... - beijei seu pescoço sentindo sua pele se arrepiar - E ainda continuo te beijando sem ter nenhuma resistência vindo de você. Se isso não é ser um casal, não sei o que é.

– Eu sei o que é. Você está abusando da minha generosidade. Eu tento ter ser legal e o cavalheiro Edward Cullen retribui exigindo um espaço em minha cama. - fingiu estar horrorizada.

– Posso procurar a cama de outra pessoa. - brinquei e Bella logo criou uma carranca.

– Eu posso procurar outro vampiro.

– Tudo bem, eu aceito a poltrona. - falei de imediato, a fazendo sorrir.

O quarto era bem aconchegante. Até mesmo luxuoso. O que não era muito a cara dela, já que sei que Bella odeia coisas extravagantes. O cartão que tinha entregado a ela estava na mesinha de canto, ao lado da cesta aberta.

– Eu amei o porco. - falou pegando uma muda de roupas em sua mala - Realmente tinha gosto de bacon. - sorriu - Se comporte enquanto eu tomo banho, ok? - estreitou os olhos fazendo um " estou de olho em você", antes de fechar a porta.

Tirei a camisa, os sapatos e me joguei na cama ao som da água do chuveiro. Podia ouvir Bella cantarolando baixinho. Sua voz suave me fez sorrir. Eu a amava. De verdade. E acho que já está na hora dela saber disso. Só preciso cuidar de uns pequenos preparativos, mas acho que ela vai gostar. Bom, espero desesperadamente que ela goste. Não seria legal dizer que a amava e ela responder com um sincero " Grande bosta." Vou ter que arriscar. Bella não demorou muito a sair do banho. Estava com os cabelos presos em um coque malfeito e usando minha camiseta como um vestido. Não acredito que ela viajou e trouxe uma roupa minha consigo. Como eu posso parecer um mendigo com essa camiseta e ela ficar tão bem?

– Precisamos comprar algumas roupas para você. Urgente. - brinquei vendo-a corar.

– Eu usei minhas roupas, ok? Mas minhas costas estão doendo um pouco, e esse seu vestido não aperta. Tive um pequeno acidente mais cedo - falou deitando ao meu lado. Seu sorriso dizia que eu não precisava me preocupar.

– Distendeu a coluna tentando dançar? - Bella me olhou incrédula.

– Você disse que eu não dançava tão mal! - deu um tapa em meu peito com um sorriso no canto dos lábios.

– Vampiros também mentem. - brinquei. Bella estreitou os olhos.

– Eu nunca mais boto os meus pés numa pista de dança. - disse fazendo um bico sem perceber.

– Tira esse bico do rosto, Swan. - falei engolindo um riso.

– Não.

– Eu tiro para você então. - mordi seu lábio inferior, a puxando para perto de mim.

– Vampiros não mordem lábios, eles mordem pescoços. - murmurou enrolada, tentando pronunciar as palavras mesmo tendo os lábios presos entre meus dentes.

– Sem problemas. - mordi seu pescoço de leve. Bella agarrou meus cabelos e me guiou até sua boca.

Era muito fácil me distrair quando estou com ela. Chegava a ser completamente impossível me imaginar sem isso. Não sei o que teria feito se tudo que o guardião a fez dizer, fosse verdade.

– Me promete uma coisa? - falei tornando a beijá-la. Bella concordou. - Qualquer loucura que acontecer, qualquer coisa... Não vamos tomar nenhuma decisão precipitada.

– Isso parece bom pra mim. Eu prometo - falou vindo me beijar, mas parou no meio do caminho, dando um belo bocejo. Não consegui segurar o riso. - Me desculpa, é que o dia foi longo. - sorriu amarelo, corando fortemente.

– Eu tenho a vida toda pra beijar você. - a puxei para meus braços. Bella deitou em meu peito.

Ficamos um bom tempo em silêncio. Podia sentir a calma respiração dela sobre minha pele. Ela logo dormiria, estava realmente exausta. E ainda preparou o jantar sem nem ao menos parar para descansar ou comer, o que, de um jeito estranho, já que não queria que ela desmaiasse ou algo do tipo, fez com que eu me sentisse importante. Bella é uma caixinha de surpresas.

– Sente falta de dormir? - perguntou com a voz embargada.

– Na verdade, não. Me sinto forte e renovado o tempo todo. Não preciso recarregar as energias. - continuei fazendo cafuné em seus cabelos macios.

– E quanto a sonhar?

– Sabe, as pessoas correm para as suas camas para sonhar, mas não se permitem fazer isso quando estão acordadas. Para mim o sono é só um jeito dos covardes disfarçarem suas vontades e medos de correrem atrás do que querem.

– Você poderia só ter dito não. - riu.

– Também é uma boa ideia. - sorri para ela. Deus, eu sempre sorria para ela, mesmo quando não havia motivo algum - Nesse momento, o que você mais quer, Bella?

– Um dia normal. - falou sem hesitar, capotando em meus braços.

Um dia normal? Acho que posso fazer isso.

POV BELLA.

Acordei bem disposta e renovada. O dia sorria para mim e eu para o vampiro ao meu lado. Ainda bem que tudo deu certo noite passada e ele não me mandou pastar. Edward estava de bruços, mexendo em seu celular. Provavelmente devo ter o chutado para longe durante a noite. Porque diabos eu fiz isso?

– Bom dia! - falei escalando suas costas nuas e lhe dando um beijo no pescoço.

– Hummm...Alguém acordou de bom humor hoje. - riu girando o corpo, ficando por cima de mim - Bom dia. - disse trilhando beijos de minha boca até meu pescoço.

– Não é difícil acordar de bom humor tendo um vampiro desses ao meu lado.

– Que tipo de vampiro? - perguntou com um sorriso brincalhão no rosto.

– Bonito. - ri.

– Se me lembro bem, você não usou essa palavra. Acho que foi...Gostoso? - sugeriu erguendo a sobrancelha.

Senti minhas bochechas arderem. Eu lembrava de ter soltado essa quando estava tremendamente bêbada . Mas eu estava mentindo? Observei Edward e ri mentalmente. É, não estava não.

– Não me lembro de ter dito isso. - menti - Vocês vampiros, sempre ouvindo demais. - zombei.

– E porque está vermelha feito um tomate?

Malditas bochechas!

– Porque está calor. - falei escondendo meu rosto em seu pescoço.

– Você não sabe mentir mesmo. - Edward gargalhou - Eu adoro quando cora. Você fica linda. - falou com um sorriso tão singelo, que quase faleci internamente.

– Você não da uma trégua para minhas bochechas. - reclamei já sentindo meu rosto queimar novamente. Preciso mesmo aprender a aceitar elogios. - Me deixe fazer minha higiene matinal antes que eu morra constrangida. - me desvencilhei de seus braços e corri para o banheiro.

Me encarei no espelho e a imagem me surpreendeu. Eu via a adulta que tinha idealizado como perfeita quando pequena, tirando a parte do raio laser para acabar com pessoas inconvenientes, coisa que eu queria ter mas não tinha. Eu estava feliz. Também não me imaginava saindo com um vampiro, mas o inimaginável acabou sendo melhor que o previsível. Chegava a ser clichê o modo como eu sorria o tempo todo quando estava junto dele. Mas pelo menos eu sorria. E sorria com vontade e até mesmo quando não queria. Droga, sou uma idiota apaixonada. Apaixonada pelo asno Edward Cullen. Depois de todo o processo demorado de escovar os dentes, deixar meu cabelo descente e lavar o rosto para tirar a inhaca de zumbi, coloquei um vestido azul por cima do biquíni e sai. Edward já estava em pé ao lado da porta, vestindo uma roupa completamente diferente da noite passada. Ele é rápido.

– Pronta? - perguntou com uma excitação fora do normal.

– Pra que? - sorri sem ao menos saber do que se tratava - O que está fazendo com minha bolsa?

– Você usa minhas camisetas e não posso usar suas bolsas? - brincou chacoalhando o cabelo.

– Você é um idiota - sorri - Agora responda sinceramente e sem ser um estranho.

– Você queria um dia normal, não queria? Eu vou dar um a você.

Um dia de casal? Vamos ver no que isso vai dar. Edward não sabia direito o que havia para fazer em Cancun, e eu muito menos, já que vim aqui especificamente para caçar um colar no fundo do mar. Então decidimos ir para a santa área da piscina, não antes dele fazer sua verificação pelo perímetro. A piscina estava cheia de caras jogando polo aquático, mas fora eles, o local estava meio vazio. Tirei o vestido e me joguei na espreguiçadeira. Que saudade de você...

– Porque tirou o vestido?! Qual é seu problema? - Edward perguntou me olhando como se eu fosse louca.

– Edward, seria estranho se eu estivesse de vestido.

– É fácil para você dizer isso, não é você que está ouvindo todos os pensamentos daqueles caras na piscina que estão te olhando como se fosse um pedaço de carne. - falou irritado.

Espiei por sob o ombro de Edward, a grande maioria estava lançando olhares nada gentis para nossa direção. Não precisava ser para mim. Eles poderiam ser gays interessados em Edward. Espera, o que ele disse?!

– Você ouviu o que eles estavam pensando?! - perguntei abismada.

– Ouvi. Eu posso ler pensamentos, Bella. - respondeu casualmente.

Ai caramba, não pode ser verdade. E todas as coisas que eu pensei sobre ele quando não estávamos nem perto de ficar juntos? Ou o que eu pensei quando já estávamos juntos? Ai Deus, e os pensamentos impróprios? E o comercial de perfume? Acho que eu estou passando mal.

– Fica tranquila, eu não consigo ler os seus pensamentos. - sorriu malicioso, vendo minha cara de desespero - Mas adoraria saber no que pensou agora.

– Nada não. - balbuciei me recompondo - Não consegue ler mesmo? - voltei a perguntar para ter certeza absoluta.

– Não - riu - Você me bloqueia mentalmente.

– Só mentalmente. - sorri me levantando para pegar meus óculos na bolsa.

Enfim posso respirar. Seria uma bela de uma intromissão ter alguém vasculhando minha cabeça. Acho que acabaria endoidando de tanto tentar evitar pensamentos constrangedores.

–Hei gata, porque não pergunta pro seu irmão se ele quer jogar com a gente? - ouvi. Me virei e era um dos jogadores que havia se aproximado da borda da piscina - Sou Jeremy, e você é?

– Muito bem comprometida. - sorri falsamente - E ele não é meu irmão, é meu namorado. - falei envolvendo a cintura de Edward, que abriu um sorrisinho no canto da boca. - E ele está bem aqui, porque não pergunta para ele se quer jogar ou não?

O rapaz olhou para Edward de modo superior, como se nada do que eu tivesse dito fosse verdade, como se o asno fosse meu primo de terceiro grau. Edward era meio que meu namorado, não era? Ou só um amigo colorido? Se for pensar no incidente da bolsa mais cedo, colorido ele era de sobra.

– Eu gosto das nervosinhas. - o cara disse na maior cara de pau.

Minha vontade foi de dizer : "Está vendo esse cara aqui do meu lado? Esquece ele porque quem vai quebrar sua fuça sou eu." É, acho que eu sou nervosinha mesmo. Edward fechou a cara no mesmo segundo, e logo tratou de me apertar ainda mais contra si. Eu riria dele se fosse em outra situação. Ele fazia um biquinho quando estava bravo. Um biquinho totalmente beijável.

– E ai cara? O que me diz? Precisamos de mais um para completar o time. Sou Jeremy a propósito. - falou como se nada tivesse acontecido.

Edward permaneceu parado o encarando como se quisesse fritá-lo com a força do pensamento. Ele não parecia muito alegre em participar de qualquer coisa que envolvesse esse garoto. Mas como eu não fui com a cara desse Jeremy, Edward vai ter que jogar.

– Vai lá e acaba com ele. - sussurrei em seu ouvido. Suas feições logo mudaram para animadas.

Seu rosto se voltou para o garoto. Tomara que meu vampiro te afogue, torci mentalmente.

– Sou Edward. - falou sem usar mais do que a educação necessária - Eu topo.

– Entra no time da esquerda. - o garoto disse e voltou para conversar com seus colegas - Você vem ou não?

Edward concordou e me tomou nos braços, me dando um beijo daqueles na frente de todos eles. Meu coração disparou. Olha só quem também sabe provocar os outros!

– Volto logo. - sorriu como se o beijo não o tivesse afetado nadinha. Já eu...

– Ah...ta...ok. - falei tentando recobrar a respiração. - Pode...quer dizer...ok.

Edward tirou a camiseta, ficando só de bermuda. Essa era a visão perfeita para combinar com minha espreguiçadeira. Tentei ignorar o olhar das meninas que estavam por perto. Edward mergulhou com maestria, quase me fazendo levantar uma placa com a nota 10. O jogo começou. Não dava pra entender nada do que estava acontecendo no meio de tanta água espirrando para todos os lados. Só sei que meu vampiro fez o primeiro gol contra o time de Jeremy. Toma essa seu metido a besta. Depois que percebi que o metido não teria chances, fechei os olhos.

Estava quase dormindo quando senti algo bater em minha barriga com força. Saltei da cadeira no mesmo momento, escorregando de bunda no chão. Kieran foi a primeira coisa que me veio a cabeça, mas foi só uma bolada. As risadas masculinas ecoaram pelo local. Jeremy me olhava dando uma risada debochada. Ele fez de propósito. Filho da puta. Peguei a bola na mão. Estava com tanta raiva que senti aquela pulsação dentro de mim. A mesma que senti quando empurrei Edward naquela lancha. Talvez fosse a hora de começar a fazer uso da força extra que veio com essas tatuagens. Não precisei me esforçar para ficar furiosa, foi só olhar bem para a cara dele e para um Edward incapaz no canto da piscina. Dois caras estavam segurando ele. Se ele se mexesse e perdesse o controle, Jeremy estaria morto e nós na lista de procurados do FBI.

– Manda pra cá, princesa. - pediu

– Pode deixar, querido - sorri com escárnio.

As tatuagens em meu braço ficaram azuis. Arremessei a bola na piscina, acertando em cheio o estômago de Jeremy, o afundando na água. Todos os rapazes me olharam espantados, exceto Edward que me lançou uma piscadela. Jeremy voltou desesperado à superfície, a procura de ar como um garotinho se afogando.

– Da próxima vez, tome mais cuidado com a pontaria, princesa. - sorri.

Voltei para a espreguiçadeira, apreciando o coro de zoação sobre Jeremy. Sorte dele que estava na água, porque senão, ele não poderia ter filhos. Edward gargalhava alto e era tão bom vê-lo descontraído, que a raiva simplesmente evaporou. O observei sair da piscina, chacoalhando os cabelos. Logo estava se deitando ao meu lado na espreguiçadeira. O time sumiu de vista.

– Não sabia que vampiros também eram experts em polo aquático.

– Mas quem arrebentou foi você. - gargalhou - Minha garota. - sussurrou ao pé do ouvido.

Me arrepiei ao ouvir sua voz tão perto, e ainda mais com o frescor que seu sopro causava em minha pele quente. O dia mal havia começado e já estava perfeito. Tinha Sol, brisa e Edward. Muito Edward.

– Ainda bem que você não vira cinzas quando sai no Sol. - brinquei.

– Se isso não acontece com humanos frágeis, não teria a mínima chance de acontecer conosco. - falou me beijando rapidamente, antes de se levantar - Que tal um mergulho? - sorriu me estendendo a mão. - Vamos aproveitar que a piscina é só nossa.

– Acho que não. - falei dando um tapa em sua mão parada em frente ao meu rosto.

– Deixe eu falar de outra forma. - disse e quando reparei, já estava em seus braços - Vamos dar um mergulho. - afirmou.

– Nem pense nisso! - ordenei ao ver diversão em seus olhos - Edward me põe no chão. - pedi com a melhor cara de cachorrinho pidão que consegui fazer.

– Pronta? - perguntou me ignorando.

– Eu tenho escolha? - bufei.

– Não dessa vez. - sorriu me lançando uma piscadela.

Droga. Me agarrei a ele como se isso fosse me impedir de ficar molhada. Edward correu nos atirando na piscina. Caramba essa água está gelada! Voltei a superfície com cara de poucos amigos.

– Você. É. Um. Idiota. - falei jogando uma grande quantidade de água nele. Meu cabelo estava todo colado no rosto. Apenas sete dias me separavam de ser a Samara. Tratei de mergulhar novamente e a água logo guiou meus cabelos para trás.

– Sou o seu idiota, pequena. E dona Esme não aceita devoluções. Então sinto muito, mas vai ter que me aguentar. - me puxou até que eu pudesse alcançar seus ombros largos.

Não demorou mais de dois segundos para o meu mau humor " pós ser jogada na piscina" passasse. Edward estava tão feliz e despreocupado, que era praticamente impossível de não entrar na onda, até porque eu me sentia do mesmo modo. O sorriso em seus lábios alcançava seus olhos, e isso o deixava lindo. Parecíamos duas crianças hiperativas brincando na piscina. Eu pulava desesperadamente nas costas de Edward tentando afogá-lo, já que ele tinha me desafiado a fazer isso. Mas estava começando a achar que era impossível. Era como tentar afundar uma pilastra de concreto. E quem acabava com o rosto embaixo da água era eu. Todos nos olhavam como se fossemos doentes, mas eu não ligava. Não estava nem ai. Nenhuma ignorância alheia podia penetrar nossa bolha de estupidez. Sim, éramos dois bobos, mas tudo parece melhor quando se é assim. O mundo não parece tão cinza.

– O que acha de darmos uma volta pela cidade? - Edward perguntou secando os cabelos na toalha.

– Acho uma boa pedida. - falei terminando de me vestir e ajeitar meu cabelo em um coque decente - Aproveito e compro o resto dos presentes.

– Presentes? Isso inclui a mim?

– Quer presente melhor do que eu? - me gabei, mas logo cai no riso - Talvez inclua. Ainda não sei.

– Então vamos logo. Você tem um presente para comprar para mim.

Enlacei meu braço no dele e fomos caminhando para o centro. Tudo era bem colorido em Cancun. Boa parte da cidade era rodeada por texturas modernas, com prédios altos e apartamentos luxuosos, mas no meio deles, ainda havia o estilo antigo das casas, o que resultava em um belo contraste entre modernização e cultura. Paramos em uma pequena galeria que eu ainda não tinha visitado quando vim a cidade da outra vez. Também queria levar algo para o resto da família, já que só havia comprado presentes para Esme.

– Está bajulando minha mãe?

Óbvio, dãããr.

– Não. Sua mãe é incrível, ela merece mais que isso, mas é o que eu posso fazer. - falei correndo os olhos pelas prateleiras.

– Ela é incrível mesmo. - sorriu - Tive sorte de tê-la por perto. Ela me ajudou muito. - podia ouvir em sua voz a tamanha adoração e respeito que tinha por Esme.

– Seus olhos brilham quando fala dela. - comentei. Edward sorriu ainda mais.

– Eu a amo como se fosse minha mãe biológica. Ela sempre cuidou de todos nós como se fosse. Isso é o que mais me encanta.

– Duvido que haja algum modo de não amar Esme Cullen. - o arrastei para dentro de outra loja - O que eu compro para o Emmett? - perguntei bisbilhotando as prateleiras.

– Fala de mim, mas seu olhinhos também brilham quando fala do meu irmão idiota. - me abraçou pela cintura, dando-me um beijo no pescoço. Sorri abertamente. Eu estou adorando esse dia.

– É o melhor amigo que eu nunca tive. Mais idiota do que eu imaginava, com fobia de barata, mas é. Achei que Max fosse meu melhor amigo, mas depois de conhecer o Emm, percebi que ele nunca chegou a ser. Max era um colega, Emmett é um irmão.

– Devo ficar com ciúme?

– Deve. Gosto bem mais dele do que de você. - provoquei.

– Ah é? Ele te abraça assim? - perguntou com a voz sedosa, apertando os braços ao meu redor. Neguei - Ele te arrepia assim? - falou puxando-me pela cintura com aquele sorriso de bad boy, correndo os dentes por minha mandíbula. Arrepios instantaneamente percorreram minha pele. Deus, ele me controla! - Ele te beija assim? - murmurou tomando meus lábios de um modo lento e sedutor. Estava completamente tonta - E o mais importante, ele fala italiano piccola? - perguntou arqueando as sobrancelhas de modo sugestivo. Porque ele tinha que descobrir o efeito que o italiano tem sobre mim?

– Ele não faz nada disso, mas dança bob esponja que é uma beleza. - gargalhei lembrando da primeira visão que tive de Emmett na sala de estar.

– O que mais eu posso pedir? Você ama minha mãe, atura meu irmão...Dizem por ai que nos relacionamentos em que a sogra se da bem com a nora, duram para o resto da vida.

– Nora? Que isso, somos casados?

– Ainda não, mas é só uma questão de tempo. Isabella Cullen soa muito bem para mim. - sorriu.

Isabella Cullen. Gostaria de ter dito que ele estava viajando demais, mas meu coração inflou ao ouvir suas palavras, o que me assustou completamente. Isso era um baita salto olímpico, e não sei se um dia vou estar pronta para dar. Mas só de tê-lo pensando em dividir sua eternidade comigo, já faz com que me sinta tremendamente importante e especial. Mas um fato que vem se tornando cada vez mais concreto em minha vida, é que já não consigo me imaginar sem ele. E me sinto bem com isso. Só não sei se isso significa a doideira de entrar numa igreja e encontrá-lo no altar. Depois de uma briga para impedi-lo de pagar, saímos da loja com presentes para toda a família.

– Está com fome? - ajeitou as sacolas na mão direita e segurou a minha com a esquerda.

– Faminta. - respondi. Automaticamente meu estômago roncou, fazendo minhas bochechas ficarem vermelhas. Edward fingiu não ouvir para não me deixar ainda mais constrangida.

– Vem, vamos alimentar esse Tiranossauro Rex. - sorriu. Revirei os olhos. Enganada estava eu ao pensar que ele não zombaria de mim.

Entramos em um restaurante requintado, daqueles que se tem que agendar a reserva uns dois anos antes só para ser atendido pela telefonista para marcar a verdadeira reserva para mais cinco anos depois. Edward puxou a cadeira para mim. Ele combinava com o lugar. Seus movimentos eram graciosos e requintados. Já meu chinelo e eu parecíamos completamente deslocados. Um rapaz alto e bem apessoado veio nos atender com um sorriso natural, o que me impressionou. Ou eles recebem por sorrirem, ou os restaurantes em que vou são pocilgas mal humoradas.

– Sejam bem vindos ao Du Mexique. - disse gentilmente nos entregando o cardápio - O que desejam?

– Pode nos dar um segundo para decidir? - Edward pediu. O rapaz assentiu e logo se afastou.

Meu queixo quase caiu ao ver os preços dos pratos e bebidas deste restaurante. Ainda mais que Edward pediria algo que nem ao mesmo colocaria na boca. Qual era o problema dele em me deixar comer um cachorro quente em qualquer barraca no meio da rua? Estava entretida nas páginas quando o garçom colocou um guardanapo ao lado de minha mão.

– Entregue isso para o seu irmão. - pediu lançando um olhar de adoração em direção a Edward.

Será que eu sou tão ridícula assim para estar com alguém do nível Cullen? Ou será que é meu humilde chinelo?

– Até os homens não dão uma folga. - olhei feio para o garçom que ainda secava meu acompanhante.

– Você está paranoica Bella. Já escolheu o que quer? - perguntou fechando o cardápio.

– Toma - ignorei sua pergunta e joguei o guardanapo para ele. Pelo canto do olho vi o rapaz vibrar em antecipação - Seu admirador me pediu para te entregar.

Edward arregalou os olhos ao olhar para o papel.

– Isso é uma brincadeira sua? - perguntou com seriedade. Neguei. - O que eu faço com isso? - perguntou como se estivesse segurando uma serpente. Eu achei que ficaria brava, mas a situação até que era engraçada - Isso nunca aconteceu comigo antes, o que eu faço?!

– Pisca para ele. - sugeri. Edward quase atirou o garfo em mim.

– Garçom? - ele chamou encarando todos os cantos do restaurante que não fossem o rapaz. Deus, ele realmente não sabe o que fazer.

– Sim? - o garçom perguntou com os olhos brilhando. Edward o olhava de soslaio, mas evitava a todo custo manter algum tipo de contato visual. Precisei disfarçar o riso.

– Tra...traga uma água para mim e uma coca para ela. É isso que quer, não é amor? - falou dando uma ênfase nada discreta no amor. Ele me lançou um olhar de suplica.

– Pode ser, maninho. - sorri, Edward quase espumou pela boca. E para minha surpresa, o senti me chutar por debaixo da mesa - A mamãe vai saber disso! - ameacei massageando minha canela.

O garçom saiu e voltou em um segundo com minha coca e uma jarra cheia d'água. No inicio estava tudo bem, mas quando ele foi servir a água, ficou tão nervoso que derrubou o liquido em toda a camisa de Edward, que pulou da cadeira feito um gato arisco. Eu iria reclamar com o garçom distraído, mas quando ele começou a alisar Edward com um pano, precisei tapar a boca para não gargalhar. Edward parecia um garotinho assustado, com os olhos arregalados, sem saber o que fazer. Quando ele lançou seu olhar desesperado a mim, não consegui mais segurar, e ri até perder o ar. Edward era muito gentil, com qualquer um que não fosse eu, e sei que ele não queria, sei lá, magoar o garoto ou ser rude de alguma forma, então ele só ficou lá, paradão.

– Acho que ele já está seco. - falei afugentando as mãos do aproveitador - Eu assumo a partir de agora. - falei ficando entre eles. Quase pude ouvir Edward suspirar aliviado.

– Eu sinto muito. - disse o rapaz visivelmente constrangido - Não precisam pagar nada. É por conta da casa. Ainda querem pedir o prato?

– Não, obrigado. Nós já vamos indo. - falei caminhando para a porta de entrada.

Não ficaria ali de jeito nenhum, porque tenho certeza de que quando ele trouxesse o prato principal, iria derrubar um pouco mais abaixo da camisa, e só Deus sabe onde ele iria alisar Edward dessa vez.

– Me liga! - o garçom gritou. Edward apressou o passo para fora do restaurante.

Assim que pisei na rua, gargalhei do rosto perturbado dele. Essa seria uma boa historia para compartilhar com os Cullens quando voltasse.

– Você me paga. - murmurou.

– Está bravinho? - perguntei apertando o bico que Edward estava fazendo - Se quiser, posso voltar lá e pegar o telefone que você deixou em cima da mesa.

– Lembra que esse iria ser nosso dia normal? Casais normais não fazem isso uns com os outros. - soltou um muxoxo.

– Vamos aceitar o fato de que nunca vamos ser normais. Você é um vampiro e eu não faço ideia do que sou. E quer saber? Eu prefiro assim. Gosto de como somos estranhos juntos. - sorri.

– Embora você não mereça, eu te deixo escolher o restaurante dessa vez.

– Ok, mas eu pago.

– De jeito nenhum. Se tentar pagar a conta, te chuto por debaixo da mesa de novo. - ameaçou.

Depois de almoçar num simples restaurante local e levar outro pontapé, fomos até a praia. O tempo estava perfeito. Sol na medida certa, uma brisa suave, o barulho das ondas do mar quebrando ao longe... Não poderia ter pedido um dia melhor, e sentia que estava somente começando.

– Eu nunca fiz isso, sabia? - comentou enquanto nos acomodávamos na areia.

– Vir a praia?

– Curtir o dia.

– O que você fazia? - perguntei curiosa - Quer dizer, você não dorme. Tinha tempo de sobra.

– Ficava enfiado em casa, tocando piano. Só saía para caçar ou pra ficar zanzando pela floresta. Carlisle queria me matricular na escola de Forks, mas nem morto eu aprenderia sobre logaritmos novamente.

– Não é possível que você tenha passado mais de cem anos desse jeito. - falei me debruçando sobre seu peito.

– Com o passar do tempo isso mudou. Eu saía com Emmett, Jasper, mas aquilo não parecia o suficiente sabe? Ainda ficava faltando algo.

– Não quero que pense isso quando a noite chegar daqui a algumas horas.

– Eu nunca pensaria. Para mim, esse dia já valeu a pena. - comentou dando um sorriso de tirar o fôlego.

– Para mim também. Só de ver sua cara encarando o time de polo aquático já fez meu dia valer a pena.

– Da próxima vez, vou lembrar de colocar uma burca nessa sua bolsa.

– Eu estou de biquíni aqui e você não está nem ligando.

– Ahhh, eu estou. - garantiu enlaçando minha cintura - Mas agora estou te dando o abraço "Propriedade de vampiro raivoso".

– A é, essa sua cara feia bota medo em qualquer um. - brinquei afagando seus cabelos.

Me deitei ao lado de Edward aproveitando o misto de sua pele gelada junto ao calor do Sol. Se Alice ou Emmett nos vissem agora, teria que aguentar zoações melosas até o ano de 2025. Estava quase dormindo quando ouvi o celular dele tocar.

– É minha mãe. Ela quer saber se encontrei você. - falou fuçando na tela touch.

Ao olhar o celular, porque eu sou curiosa sim, vi o plano de fundo mais incrível do mundo. Edward estava sorrindo feito uma criança no Natal, e Lily lhe dava um beijo estalado no rosto, com a boca toda suja de sorvete de chocolate.

– Acho que essa é a foto mais bonita que já vi. - comentei sem conseguir conter o sorriso. Os olhos de Edward brilhavam na foto. Ele estava mais do que feliz. - Vocês estão lindos.

– Já estou com saudades daquela baixinha. - suspirou.

– Você está apaixonado por essa garotinha. - falei. Eu também.

– É, acho que estou apaixonado por duas. - me encarou com seus olhos profundos. Só depois de segundos, reparei que a segunda garota era eu.

Edward estava apaixonado por mim. Meu subconsciente já tinha uma vaga ideia de que ele estava, mas não achei que o choque de ouvir as palavras em alto e bom som fosse tamanho. Não sabia o que dizer a ele. Esse tipo de declaração exige uma resposta? Eu estou apaixonada por Edward? É bem provável que sim. Tanto em livros quanto revistas dizem que quando alguém se apaixona, se sente perfeitamente bem com a pessoa, só pensa nela o tempo todo, quer estar onde ela está... Esse é bem o meu caso, só que com pouco menos de mania de perseguição. Era como se ele estivesse falando um "eu te amo" disfarçado, e fora meus pais e Alice, ninguém nunca me disse nada parecido antes. Engoli em seco sob o olhar de expectativa dele. Minha mente gritava para eu dizer algo, qualquer coisa, mas minha boca estava colada.

– Eu...eu vou dar um mergulho. - falou incomodado, indo para a água.

– Edward... - murmurei, mas ele já havia afundado.

Merda. Espero que não tenha estragado tudo novamente. Não é que ele não seja imensamente importante para mim, só...só não saiu. Bufei. Eu me achava corajosa, mas quando se tratava de amor, eu era uma franguinha. Sei lá, nunca pensei que esse tipo de coisa um dia sairia da minha boca. Acho que ele só me pegou desprevenida. Não sou expert em compartilhar sentimentos. Sou nova nisso. Ainda estou aprendendo. Talvez se ele avisasse tipo "Hei, vou dizer que estou apaixonado por você e espero que diga algo. Vou contar até três e dizer, ok?" eu me preparasse e não ficasse muda.

– Porque essa cara? - ouvi uma voz sedosa em meu ouvido, seguida de várias gotículas de água caindo sobre meu corpo. Abri os olhos e encontrei Edward deitado ao meu lado, com um sorrisinho singelo na boca. Deus, eu não mereço ele. Mesmo eu sendo uma muda desgraçada ele ainda sorri.

– Não é nada. - disse ainda relembrando o momento constrangedor que havíamos acabado de ter.

– Então pode melhorar essa cara, porque eu aluguei um jet esqui. Quer dar uma volta? - perguntou dando um sorriso eufórico.

– Está brincando?! - abri a boca em um perfeito "o" - Eu sempre quis andar de jet esqui! - pulei. De um segundo para o outro, estava na mesma onda eufórica que ele.

– Então o que estamos esperando?

– Hei... - disse o impedindo de correr para a água - Eu sei que esperava que eu dissesse algo aquela hora, mas...

– Tudo bem. Isso não muda nada. - garantiu beijando minhas mãos - Você vem ou vou ter que te puxar? - sorriu.

Eu queria dizer que queria ter dito algo e que sabia o que dizer, mas como tinha um jet esqui no meio da historia, isso fica para depois. Edward pegou minha mão e corremos para a beira do mar. Um jet esqui amarelo com detalhes pretos nos esperava. Ou era preto com detalhes amarelos? Não importa. Estava esperando Edward entrar para que eu me acomodasse no assento traseiro, mas ele estendeu as chaves para mim. Meu interior se agitou, explodindo de empolgação. Agarrei as chaves e saltitei até o assento do motorista.

– Já dirigiu antes? - perguntou subindo e enlaçando minha cintura. Seguindo os procedimentos de segurança, enrolei o cordão da chave em meu pulso. Se caíssemos, o jet esqui desligaria e não passaria por cima de nos.

– Eu tenho um carro, lembra? - liguei o motor, fazendo-o ronronar - Isso é demais. - sorri de orelha a orelha.

– O jet esqui não é um carro! Tem alguma ideia do que está fazendo? - perguntou. Edward parecia assustado em me ter ao volante. Ele deveria mesmo.

– Não! - cantarolei acelerando ao máximo.

A adrenalina disparou assim como nós. As mãos de Edward se apertavam cada vez mais ao meu redor. O barulho do mar, a velocidade, o vento em meus cabelos, os respingos de água salgada em meu rosto...Isso tudo era tão incrível que a única coisa que eu queria fazer era gritar.

– Está se divertindo?

– Isso é legal demais! - gargalhei junto a Edward.

Eu estava vivendo novamente. Graças a ele eu podia ser a garota que pensei que seria quando ainda era uma criancinha brincando de pular corda com Alice. Eu era feliz. Não tinha o príncipe Erik da Disney como marido, mas era feliz com meu asno. Ele me poupou no Alaska, me levou até minha irmã, e ainda me achou boa o suficiente para estar ao seu lado quando eu mesma não conseguia enxergar qualidade nenhuma. Edward me encontrou quando eu estava cega e me devolveu a visão. Ele me devolveu a mim mesma.

– Bella! Estamos nos afastando demais da praia! É melhor voltarmos! - falou acima do som do motor. Estava tão imersa em minhas filosofias amorosas que até tinha me esquecido de que estava dirigindo em alta velocidade.

Olhei para trás e não havia nenhum sinal de areia e muito menos dos banhistas. Esse negócio é potente. Talvez eu venda Alice no mercado negro e compre um para mim.

– Bella, olhe para frente! - Edward gritou alarmado.

Uma buzina estrondosa fez meu coração parar. Meu Deus, vamos bater! Virei a direção para a esquerda, na tentativa de desviar, e perdi o controle. Fomos lançados para a água. Voltei à superfície em um nano segundo, procurando freneticamente o Titanic que passaria por cima de nós, mas era apenas um cruzeiro que estava a milhares de metros de distância e zarpava na direção contrária a nossa. Edward nadou para perto de mim.

– O que você viu de tão importante que precisou gritar desse jeito?! Ficou doido?! Eu achei que um cruzeiro iria passar por cima de nós! - resmunguei arfando. - Seu asno!

– Cruzeiro? - sorriu - Achou que se tivesse um cruzeiro prestes a nos esmagar o que eu faria era pedir para você olhar para frente? Você é insana. - Edward riu - É que as pessoas não costumam dirigir em alta velocidade olhando para trás.

– Fala isso pro meu sistema nervoso! Retardado.

– Sempre a rainha da gentileza. - ironizou - Vamos voltar para a praia. - me beijou tornando a subir no jet esqui. O beijou foi o que bastou para me desarmar. - Eu dirijo dessa vez. - estendeu a mão. Soltei um muxoxo e entreguei a chave a ele.

– Você acabou com a minha graça. - resmunguei enlaçando sua cintura. O motor rugiu novamente - Eu não dirigi tão mal.

– Não, só voamos para o mar. Bem que dizem que mulheres não se dão bem com o volante. - disse com um sorriso zombeteiro no rosto.

– Cala a boca e dirigi. - sorri dando um peteleco em sua cabeça.

O dia foi bem agitado. Admito que quase chorei ao ver o dono dos alugueis entregar o jet para outra pessoa. Havia dado até um apelido para ele. Decidi o chamar de "jet Lee", já que nos chutou para fora dos assentos. Já era noite quando me joguei na cama de meu quarto. Viemos caminhando pela praia, aproveitando o pôr-do-sol. Pareceu meio clichê no inicio, mas eu até que gostei. É impressionante observar a natureza realizando sua própria obra de arte. Na volta para o hotel, Edward parou em uma loja, o que eu achei estranho, já que ele não me deixou entrar junto. Tentei espiar dentro da sacola, mas sempre era pega no flagra,e a bendita loja não tinha vitrines. Espero que não seja droga.

– O que quer fazer agora? - perguntou afastando meus cabelos, plantando um beijo em minha nuca. Suspirei me virando para encará-lo. Lá estava ele com seu sorrisinho torto.

– Porque você é tão irresistível? - o puxei para um beijo rápido. Edward riu em meus lábios.

– Eu tento, mas minha beleza é automática. - se gabou. Revirei os olhos. Convencido.

– Obrigado pelo dia de hoje. - agradeci tentando domar o embaraço. - Foi um dos melhores dias que tive em anos. - os olhos de Edward brilharam.

– Qualquer coisa para ver esse sorriso no seu rosto. - sorriu roçando os dedos em minha bochecha.

– Fizemos o que eu queria o dia todo. O que você quer fazer? - perguntei torcendo para que não fosse uma trilha ou algo do tipo.

– O que acha de sairmos para jantar? - sugeriu. Não estava muito afim de ir para algum restaurante luxuoso, que eu sei que ele me levaria, mas se era isso que ele queria...

– Acho uma ótima ideia. Algum lugar em mente?

– Na verdade, eu tenho o lugar perfeito. O que acha de sairmos as 20:00?

– Acho ótimo, mas acho que vou vegetar só um pouquinho. - falei me ajeitando nos travesseiros.

Edward deitou em minha barriga com o rosto virado para mim. Permaneci fazendo cafuné em seus cabelos revoltos observando suas feições mudarem para relaxadas e suaves ao apreciar meu toque. Eu definitivamente mudei de caçadora raivosa para besta apaixonada. Eu sabia que estava apaixonada, mas porque diabos não conseguia dizer isso a ele? Eu queria que ele soubesse. Ele merecia saber. Já estava formulando um discurso em minha cabeça. Rápido de preferência. Quanto mais rápido eu tagarelasse, mais difícil seria impedir as palavras de saírem.

– O que tem de errado com você, pequena? - perguntou se recostando na cabeceira da cama, invertendo nossas funções. Logo ele estava fazendo cafuné em meus cabelos. - Está pensativa de novo. Do mesmo jeito que te encontrei na praia.

– Como você consegue dizer o que sente de uma maneira tão fácil?

Edward esboçou um sorriso no canto dos lábios.

– O que torna difícil é o medo. Medo de ser rejeitado, incompreendido...Mas não sei o porque de estar me perguntando isso. Eu nunca te rejeitaria. Você é uma parte de mim. Você sentindo algo ou não, isso não mudará.

– Eu sinto algo por você. - falei de prontidão.

– Eu sei. - sorriu docemente para mim - É isso que torna fácil para mim. Se eu sei que sente algo, porque ter medo?

– Isso faz sentido. - suspirei - Porque ter medo? - ecoei suas palavras como se ao ouvir em voz alta ajudasse a entender meu bloqueio.

Edward se abaixou e beijou a pequena ruga em minha testa antes de ir para minha boca.

– Cada um tem seu tempo. Não quero que se apresse, desde que sua primeira declaração seja para mim. E a ultima também. - sorriu brilhantemente, me fazendo suspirar.

– Esta vendo? Eu queria ser capaz de derreter você por dentro também. O máximo que eu posso conseguir dizer é: Você é a tampa da minha panela.

Edward arregalou os olhos, cobriu o rosto com as duas mãos e simulou um belo de um ataque de choro. Eu não queria rir, eu estava me sentindo frustrada. Mas a atuação estava tão boa e exagerada que o sorriso só foi crescendo em meus lábios. Quando ele fez uma careta histérica abanando o rosto com as mãos, gargalhei alto.

– Essa foi a coisa mais bonita que já ouvi. - soluçou dramaticamente - Ahh Bella, você sabe mesmo como conquistar alguém.

– Ótimo, porque esse é o meu máximo de romantismo. - sorri me debruçando sobre ele.

– Quem sabe mais tarde você não entra no clima. - disse sorrindo de um modo muito suspeito.

– O que você está aprontando? - perguntei arqueando as sobrancelhas.

– Surpresa. - murmurou beijando meu bico.

– Você sabe que eu sou curiosa! Quase arranquei sua mão para descobrir o que tem naquela misteriosa sacola. - falei encarando o pacote em cima da mesa, desejando ter uma visão raio x.

– Mais tarde você saberá. Só não se empolgue muito. É algo simples.

– Me conta. - pedi beijando seu queixo, vendo a determinação dele diminuir. Mesmo assim ele negou. - Me da uma dica então. - pedi beijando seus lábios repetidamente.

– Você é uma pequena chantagista. - sorriu entre meus beijos apertando minha cintura contra si. - Embora eu esteja tentado a te contar, não vai funcionar.

– Achei que minha capacidade de beijar fosse melhor. - resmunguei.

– Bella, qual sua cor favorita? - perguntou de repente.

– Azul. Porque quer saber? - Edward deu de ombros.

– Só curiosidade. Eu vou me arrumar, tudo bem? - falou levantando em um salto. Tinha algo de diferente nele. Estava hiperativo.

– Porque está tão ansioso? - me sentei curiosa.

– Você vai ver. - sorriu - Eu já volto. Prometo não demorar.- falou me beijando rapidamente e sumindo porta a fora. Não sem antes pegar a bendita sacola misteriosa.

– Bom, melhor tentar desfazer essa palha que está meu cabelo. Maldita água do mar. - reclamei comigo mesma.

Minha maior preocupação era meu cabelo, até abrir minha mala. Comecei a entrar em pânico. O que eu iria vestir para um jantar chique? Acho que só haviam biquínis e o vestido da noite anterior, e foi bem constrangedor entrar num lugar daquele de chinelos. Num momento de fraqueza, quase liguei para Alice. Tenho certeza que ela faria uma roupa incrível com as cortinas desse quarto. Respirei fundo e entrei no chuveiro. Não preciso ir mal vestida, fedendo e com o cabelo ressecado. Acho que usei um vidro de shampoo para que meu cabelo voltasse a ser humano novamente e não um aliem salgado. Deus, estava entrando em pânico para ficar bonita para ele. Eu estou ficando doente. Enrolei uma toalha ao redor do corpo e sai do banheiro. Havia uma caixa branca na cama, com um laço bem feito ao redor. Peguei o cartão que estava em cima.

" Me assusta o quão bem conheço você. De algum modo, eu sabia."

Abri a caixa e lá estava minha salvação. Um vestido azul tremendamente incrível. Ri ao lembrar de seu sorriso de empolgação ao descobrir que havia acertado minha cor favorita. Corri para o banheiro e comecei a me arrumar para fazer jus ao vestido. Não quero que me confundam com a irmã caçula de novo. Meu cabelo estava decente e já havia dado um jeito na maquiagem. Estava colocando os sapatos quando ouvi uma leve batida na porta.

– Posso entrar? - Edward perguntou aparecendo colocando a cabeça para dentro.

– Claro.

Seus olhos pararam em mim do mesmo modo de quando estávamos no barco. Parecia chocado, e eu gosto disso. Ainda me sentia estranha de vestido, mas o efeito sobre ele era bom demais para se jogar fora. Ele também estava incrível, como sempre. Diferente de mim, ele pode me deixar embasbacada usando até mesmo uma túnica.

– Você está linda. - falou me envolvendo em seus braços - Linda não, magnífica.

– Obrigada pelo vestido. - falei tentando esconder meu embaraço. Não queria que ele ficasse gastando comigo.

– Eu que deveria agradecer. - sorriu se afastando minimamente para me olhar - Você é uma bela visão, senhorita Swan.

– Você também não está nada mal. E só para constar, não precisa ficar me mimando desse jeito.

– Nada do que diga vai me impedir - sorriu - Vamos? - perguntou me oferecendo o braço, que prontamente aceitei.

– Vamos.

A noite estava linda. A Lua subiu ao céu, grande e majestosa, para exibir sua luz prateada. Estávamos indo ao restaurante por um caminho que não conhecia. Não parecia nada com o que usamos de dia para ir a cidade. Tinha muitas árvores em volta, e eu tenho certeza de que não tem nada de alta gastronomia no meio dos galhos. Estava meio perdida, estava bem escuro, até que chegamos a um corredor rodeado por flores e pequenas luzes. Parecia um bosque do filme Tinker Bell, e acreditem, é um elogio. No final do corredor havia um lindo coreto azul. Tinha um aspecto grego, com pilastras e arcos, ambos repletos de detalhes, e quatro lanternas a gás, uma para cada canto. No meio haviam castiçais e duas almofadas espaçosas formando um semicírculo ao redor. Edward estava nervoso, eu podia sentir. Ficava conferindo o local a cada instante para saber se tudo estava em seu devido lugar.

– Edward...o que...o que é tudo isso? - perguntei embasbacada. Estava tudo tão mágico. Não acredito que ele fez tudo isso para mim.

– Eu...eu pensei em fazermos algo diferente, já que somos...bem, nada normais. - Edward deu um riso nervoso, e pareceu furioso consigo mesmo por ter rido. Não consegui ser má o suficiente para debochar dele.

– Vamos jantar aqui? - perguntei animada. Edward pareceu ficar um pouco mais aliviado ao ver minha empolgação. Ele sabe como impressionar alguém.

– Vamos. Sei que não gosta de coisas extravagantes...e...eu queria algo mais particular. Algo nosso. - falou, e poderia jurar que ele estava envergonhado.

– Você é incrível. - falei lhe dando um beijo carinhoso nos lábios. O sorriso torto foi o que bastou para me derreter por completo.

Edward me conduziu até a almofada e me entregou uma taça com suco de laranja. Comecei a rir no mesmo segundo.

– Eu disse que não deixaria você beber de novo. - sentou-se de frente para mim.

– Muito obrigado por me afastar do alcoolismo com seu suco natural. Serei eternamente grata. - brinquei.

– Fala isso porque quem cuida da bêbada sou eu.

– Não pode ser tão ruim assim. - provei o suco. Gelado e doce. Uma delicia.

– Você imitou a Shamu. - comentou. Tossi na taça do suco, fazendo escorrer laranja pelo meu queixo.

– Eu o que?! - arregalei os olhos.

– Com barulho de baleia e tudo. - gargalhou. A vermelhidão invadiu meu rosto.

– Para de me zoar, Edward! - falei completamente constrangida. O palhaço não parava de rir, e o pior, é que eu acabava rindo junto - Você é um cretino.

– Eu deveria deixar você passar fome. Eu cozinho para você e é assim que me agradece?

– Você fez o que? - fui pega de surpresa mais uma vez. Ele mesmo fez a comida? Não acredito nisso.

Edward pegou uma cesta que estava escondida num canto sem luz. O cheiro que vinha dela estava simplesmente divino.

– Eu não sei se ficou bom, mas espero que goste. - falou retirando um pequeno prato da cesta, que mais pareceu ter saído diretamente de uma cozinha profissional - Como aqui é muito calor, precisei fazer algo fresco e que não fosse muito quente.

– Espera, você fez tudo isso? Mesmo? - perguntei impressionada. Tinha tudo ali. Sushi, sashimi, temaki, shimeji...Um exército vai jantar comigo também?

– Não tem muito segredo. - sorriu esperando minha aprovação.

– Deus, você é perfeito. - falei sem perceber, arrancando outro sorriso torto dele. Ele sabia tudo que eu gostava, mesmo sem eu ter lhe contado qualquer coisa.

Eu amo comida japonesa. Ao extremo. Fui provando um pouco de cada coisa, e estava excelente. Caramba, ele é bom em tudo. Conversamos um bocado durante o jantar. Sobre o que eu gostava, qual minha comida favorita, que ele se gabou deliberadamente por ter acertado, que tipo de musica eu ouvia...Perguntei sobre a vida dele como humano, o que pensou em ser quando era criança e outras coisas básicas de primeiro encontro. Depois de me empanturrar com comida japonesa, Edward ainda tirou uma sobremesa da cesta. Estava me sentindo meio morta de fome, já que ele só podia me olhar comer, mas a sobremesa estava com uma cara tão boa...

– Isso estava uma delicia. - falei comendo o ultimo pedaço de chocolate - Fez isso também?

– Fiz. - sorriu abertamente.

– Você não existe. - falei com um belo sorriso de felicidade "pós chocolate".

Quando pensei que as surpresas já tinham acabado, Edward se aproximou de mim, segurando minhas mãos com carinho. Parecia inseguro, mas tratou de respirar fundo antes de começar a falar.

– Eu sei que para você isso pode parecer besteira, mas eu gostaria muito que dissesse sim. Sei que aqui dentro - colocou a minha mão sobre seu coração - Já somos um do outro, mas quero formalizar isso. Quero que todo mundo saiba, que você é a culpada por eu sempre estar sorrindo feito bobo. - falou. Seu olhar intenso fazia meu coração saltar. - Hoje em dia poucas pessoas fazem isso, mas... - Edward mexeu no bolso da calça e tirou um anel. Deus, que ele não me peça em casamento.... - Esse é meu jeito do mostrar que te quero ao meu lado. Sei que sou antiquado, ainda mais para alguém como você, que não curte muito essa melação...

– Eu não gosto. - falei, e pensei por um momento que Edward sairia correndo. É, parece que não escolhi muito bem as palavras. - Mas tudo muda quando é com você, Edward. Tudo parece certo. Eu adoro quando me chama de pequena, quando fica preocupado, com ciúmes, do modo como cuida de mim... Gosto como é antiquado, como se importa com sua família, do seu cabelo - sorri o levando a revirar os olhos - É isso que te torna o Edward. O meu Edward. Meu asno. Com você eu simplesmente posso ser...bom, eu. - falei e não consegui evitar de corar. Nunca tinha dito nada parecido para ninguém antes.

– Bella, namora comigo? - pediu roçando os dedos em meu rosto. Eu via em seu olhar meu porto seguro. E ele tinha razão. Éramos um só.

– Não me vejo com outra pessoa. - murmurei o fazendo dar um sorriso torto - Eu me derreto quando você sorri assim. - falei sem perceber.

– Isso é um sim? - perguntou mal contendo a alegria.

– Só depois que você implorar. - brinquei, e por um momento ele pensou que eu estava falando sério - Isso é um sim. - sorri. Ele logo soltou um suspiro de alivio.

– Já estava me ajoelhando. - riu deslizando o anel pelo meu dedo - Agora não tem volta. Você é minha e de mais ninguém.

Me levantei para beija-lo, já que a posição que estávamos não era lá uma das melhores, mas acabei tropeçando nas almofadas, nos levando ao chão. O momento descontraído logo tornou a ficar intenso. Somente uma faixa de luz iluminava o rosto de Edward, destacando seus olhos dourados. Destacando o olhar que virou minha vida de cabeça para baixo.

– Eu te amo. - sussurrou. Seu rosto estava sereno e calmo.

Devo ter ficado pálida ao ouvir suas palavras. Nunca esperaria que Edward chegasse a me amar. Ou que eu chegasse a amar alguém. Eu o olhava de um jeito diferente, o que eu sentia já havia se transformado em algo bem maior. Quando ele havia dito que estava apaixonado, meu coração não fez um solo olímpico em meu peito como está fazendo agora. Ele também esperava que eu dissesse algo dessa vez. E eu sabia o que dizer. Contornei seus lábios com o indicador. Dessa vez, eu sabia o que dizer.

– Eu também te amo, Edward. - murmurei.

Nossos lábios se juntaram com carinho e delicadeza, em um beijo lento e sedutor. As mãos de Edward acariciavam minha cintura, enquanto eu me infiltrava em seus cabelos. Sua língua afagava gentilmente a minha, como se ele quisesse transparecer todo esse amor que dizia sentir por mim em apenas um único beijo. Me entreguei como nunca havia feito antes. Só existíamos eu e ele. Estávamos conectados. Não sabia onde um começava e o outro terminava. Estávamos perdidos um no outro, e eu não queria me achar.

Continuamos ali até as velas se apagarem. Eu não queria ir embora, admito, mas precisávamos arrumar nossas malas para voltarmos para Forks no dia seguinte. Estávamos caminhando de mãos dadas quando vi um homem nos encarando no final do corredor florido.

– Edward, quem é ele? - perguntei diminuindo o passo.

– Ele quem? - me olhou confuso.

– O homem que... - a realidade me atingiu novamente. Eu estava vendo mais um morto. Eu deveria contar para ele o que eu estava vendo?

– Bella, está tudo bem? - perguntou se posicionando em minha frente e segurando meu rosto entre as mãos - Você está pálida!

– Edward eu... - minha voz travou ao ver a mão do homem se aproximando lentamente dos ombros dele. Minha garganta fechou. Minha boca se abria conforme os dedos da mão fantasma tremulavam ansiosos por toca-lo - Vamos embora daqui. - falei tentando manter a calma.

– Vai me dizer o que está acontecendo?

Estava gritando por dentro, a mão estava a milímetros dele!

– Vamos embora, agora! - gritei. Segurei a mão de Edward e comecei a correr para longe do homem. Olhei para trás e ele ainda nos perseguia, seu olhar torturado me incomodava até a alma.

– Me ajude! - gritou.

Estávamos longe quando ouvi seu grito ressonando alto, ecoando por todo o hotel. Senti um arrepio descomunal escalar minha coluna, subindo até meu couro cabeludo. Só parei de correr quando estávamos no elevador com as portas fechadas. Minhas pernas tremiam tanto, que se não fosse por Edward, estaria estirada no chão.

– Bella, você está me assustando! - falou aflito enquanto me abrigava em seus braços.

Eu que vejo a porra do fantasma e é ele que reclama por estar assustado? Tem algo errado nisso aí. Eu queria responde-lo, queria dizer qualquer coisa, mas o medo jogava de volta todas as palavras que queriam sair. As portas do elevador se abriram e me forcei a caminhar até o quarto. Me sentei na cama agarrando os joelhos, enquanto Edward fechava a porta.

– Bella, o que você viu? - perguntou com a voz preocupada, se ajoelhando em minha frente.

– Como sabe que eu vi algo?

– Você disse que viu um homem, e depois, não sei...Começou a ficar cada vez mais pálida, até que saiu correndo feito doida. Eu estou preocupado com você.

– Você...você não viu nada? Nem sentiu nada atrás de você? - perguntei ainda abalada. A cena da mão se aproximando de Edward ainda me dava calafrios.

– Não. Mas sei que você viu. - falou atento.

– Acredita em mim? Não acha que eu sou louca? - perguntei como se ele fosse o louco por achar que eu não tinha nenhuma insanidade mental.

– Mas é claro que não. Porque me perguntou isso?

– Bom, porque toda sua família acha. Já passei por isso antes.

– Por isso o que?

– Ver um espírito, Edward. - seus olhos se arregalaram, mas ele logo tratou de disfarçar. - Ver algo que mais ninguém vê. A carta de Sam foi endereçada a mim, mas não te disse que só eu podia ver as palavras que continham no papel.

– O que isso quer dizer?

– Não sei, estou em duvida. Psiquiatria ou hospício? O que você acha?

– Deixa de brincadeiras, Bella. Desde quando vê essas coisas?

– Ficou pior depois desse surto que eu tive. Eles...eles ficam me pedindo ajuda...Mas o que eu posso fazer? Eu...Eu não sei o que fazer. - falei exaurida com a situação.

– Hei, fica calma. Respira fundo. - falou me puxando para seus braços. Me aconcheguei sentindo-me completamente segura. Era aqui que tudo ficava bem. Ao lado dele.

– Eu não quero ver gente morta, Edward. Naquele filme até parecia legal, mas é uma merda. - choraminguei me agarrando ao seu antebraço.

– Você está tremendo. - falou afagando minhas costas - Fica calma. Vai ficar tudo bem

– Não, Edward. Não vai ficar tudo bem! Eu não sei que droga está acontecendo comigo...Eu não sei mais quem eu sou. - falei chorando compulsivamente.

– Hei. - Edward falou com a voz firme, mas também compreensiva - Eu vou fazer ficar tudo bem. Eu vou te ajudar no que precisar.

– Mas você não sabe...

– Não importa. Eu faço o que for. Somos um só, Bella.

– Eu não sei no que vou me tornar, Edward. Como você pode dizer isso? - perguntei tentando controlar as lágrimas - E se eu virar um ogro com chifres? Ou um lagarto voador?

– Eu já te disse, minha pequena. Eu amo você, eu amo. Você é uma parte de mim, Bella. Uma parte da qual não posso ficar sem. - disse limpando as ultimas lágrimas que insistiam em percorrer meu rosto - E eu vou cuidar de você mesmo que se torne um lagarto, meu amor. - sorriu, tentando me alegrar.

– Isso é porque você não viu as escamas ainda.

– O que importa, é que isso nunca muda. - falou colocando a mão sobre meu coração - Isso nunca vai mudar, e no fundo, isso é quem a torna quem você é.

– Você fala bonito. - comentei dando uma risada fraca.

– Tem mais alguma coisa que queira me contar? Qualquer coisa.

Se eu queria que alguém soubesse do que ocorreu entre mim e as vitimas daquele acidente, a hora era agora. E como ele não me acusou de ser uma retardada, acho melhor contar. Chega de fatos omitidos.

– Você ficou sabendo de um acidente que teve em Londres?

– Vi. Foi horrível. - lamentou.

– Eu vi aquelas pessoas também. No quarto do Carlisle. Elas...elas se afogaram na minha frente, Edward. - falei sentindo as lágrimas arderem em meus olhos novamente - Eles também estavam pedindo ajuda. Eu só queria respostas. Eu cansei de ficar a deriva.

Edward levantou, pegou um copo de água e entregou a mim. Minhas mãos ainda tremiam, mas realmente me acalmou. Depois de depositar o copo no criado mudo, ele afastou os lençóis da cama.

– Edward, eu não vou conseguir dormir. - falei o observando ajeitar meu travesseiro.

– As respostas não vão vir agora. - murmurou - Elas vão vir no próprio tempo.

– E o que eu faço enquanto isso?

– Enquanto isso, você dorme. - falou enquanto me ajeitava embaixo das cobertas. Ele parecia uma velha preocupada, mas eu ainda o amo. - E quem sabe curte seu vampiro também. - riu se ajeitando ao meu lado.

– Só você para me fazer sorrir numa hora dessas. - alisei seus cabelos - A gente não tem nenhum dia inteiro de sossego. - suspirei pesadamente - Meu coração quase parou quando disse que me amava. No bom sentido, é claro. Estava tudo indo perfeitamente bem, até...até eu estragar tudo de novo.

– Bella, você disse que me amava. Eu esperei todo esse tempo para te falar isso, e receber o mesmo em troca foi mais do que eu esperei conseguir um dia. Você me ama e eu posso ver que é verdadeiro. Eu poderia ver o Chuck que ainda estaria feliz da vida, como estou agora. - sorriu - A vida é feita de momentos Bella, e são das pequenas coisas que vamos nos lembrar no futuro.

– Ual, você criou...

– Google. - disse e desta vez eu gargalhei.

– Eu te amo, asno. - falei em um bocejo. Caramba, ele descobria que eu estava com sono até mesmo antes de eu mesma perceber - Obrigado pelo anel. É lindo.

– Não precisa me agradecer. - beijou meus cabelos - É só para você acordar todos os dias e lembrar de que é minha. - murmurou com a voz suave - E para alertar os enxeridos tarados também.

– Principalmente alertar os tarados. - sorri. E logo me apossei de seu peito - É estranho lembrar dos meus primeiros dias na sua casa, não é? A gente se odiava.

– E olha onde estamos agora. Eu sabia que não resistiria aos meus encantos. - se gabou com um sorriso metido.

– Que eu me lembre, foi você quem não resistiu. - rebati. Ele fez uma careta engraçada.

– Pare de cortar meu barato e vá dormir. - reclamou brincalhão.

– Sim senhor. - falei lhe dando um beijo - Boa noite, asno.

– Boa noite, Bella. Amo você - sussurrou.

0

Mal podia acreditar que já iriamos para Forks. Eu sinceramente preferia trazer toda a família para cá. Tanta coisa aconteceu nessa viagem... Algumas eu preferia deletar, mas as outras eu transformei em momentos, como sugeriu o sábio Google. Depois de Edward quase enfiar o café da manhã minha goela abaixo, arrumamos as malas e nos dirigimos até o taxi que já nos esperava na portaria do hotel. Depois de colocarmos a bagagem no porta malas, partimos rumo ao aeroporto. Admito que me deu um aperto no coração ao ver Cancun ficando para trás, mas por outro lado, não via a hora de rever todo mundo. Pagamos o taxista e entramos no aeroporto para fazer o check-in das malas.

– O voo vai demorar algumas horas ainda. - Edward falou pegando as malas e entrando na fila - Compre alguma coisa para comer.

– Não estou com fome. - falei e ele logo me olhou com seu jeito impertinente.

– Você não comeu nada até agora. Não quero que desmaie por falta de nutrientes.

– Edward, as pessoas não desmaiam por qualquer coisa. - ri - Você é muito preocupado.

– Você é que é muito sujeita a desastres. - disse. Revirei os olhos. - Sou seu namorado, mulher. Estou ordenando que vá comer. - brincou.

– Vou comer algo antes que você fique careca. Deus me livre se esses seus cabelos caíssem.

– Meu cabelo é um desastre. - reclamou correndo as mãos pelos fios rebeldes. Ele não faz ideia de como fica desejável fazendo isso.

– Sua juba é linda. Leãozinho. - sorri lhe dando um beijo.

Edward soltou um muxoxo, o que me fez rir. Ele odiava esse apelido, sempre dizia que o fazia se sentir como um bicho da Parmalat. Ele obtinha um ódio mortal pelo cabelo, mas essa já era a marca registrada dele. O aeroporto internacional era imenso, estava quase jogando migalhas pelo chão para me lembrar para onde deveria voltar. Não queria me afastar muito, até porque também estava muito mole para andar, então entrei na primeira loja que havia chocolate na prateleira. Não estava afim de um café da manhã nutritivo. Nunca fui de acordar no clima "Nossa, que vontade de comer brócolis". Peguei um Kitkat, dei mais um volta pela loja, peguei outro Kitkat e fui para o caixa.

– Cinco dólares, senhorita. - a atendente falou já colocando os produtos em uma sacola. Tirei a nota do bolso.

– Aqui. - lhe entreguei. Assim que nossas mãos se tocaram, meu colar brilhou num tom vibrante de vermelho fogo. O cristal estava se aquecendo. O olhar da moça se tornou selvagem.

– Não foi difícil te encontrar, irmãzinha. - disse com a voz rouca. Seus olhos se tornaram prateados. Puta merda!

Estava pronta para gritar quando o vermelho que irradiava do colar atingiu a mulher em cheio, a derrubando da cadeira. Me aproximei lentamente do corpo. A mulher parecia inconsciente, mas nem parei para conferir. Agarrei meus KitKats e corri para fora da loja feito o papa-léguas. Esbarrei em várias malas, tropeçando para me afastar o mais rápido possível dali. Só parei quando dei um encontrão em Edward.

– Está tentando correr até Forks? - perguntou sorrindo. O silêncio se prolongou, já que eu só conseguia ofegar - Você está pálida... - falou finalmente reparando que eu estava prestes a ter um ataque de nervos - Amor, o que aconteceu?

– O guardião...Edward...Kitkat... - murmurei tentando recuperar o fôlego.

– O que? O guardião é um Kitkat? - perguntou confuso.

– Claro que não! Se fosse eu já o teria comido. Ele está aqui. Estava na loja. - contei.

Os olhos de Edward logo dispararam pelo aeroporto, tentando localizar alguma ameaça.

– Ele está por aqui? - perguntou me mantendo ao alcance de suas mãos.

– Eu acho que não. O colar...o colar funcionou. Só não sei até quando isso pode segurá-lo.

– Está tudo bem. - Edward falou enlaçando minha cintura - Ele não vai conseguir por as mãos em você enquanto estiver com esse colar.

– Eu espero que não.

– Vem, vamos passar para a área de embarque. É melhor do que ficar aqui.

Apressamos o passo e logo estávamos passando pela segurança. Ainda bem que meu colar não apitou naquela joça, porque eu não tiraria de jeito nenhum. Mal conseguia ficar parada na cadeira ao lado de Edward. Para mim, todos naquele aeroporto eram suspeitos. Estava até com medo de que a tia da limpeza se jogasse em cima de mim tentando me acertar com a vassoura. Eu continuava tremendo as pernas sem parar, como se eu estivesse usando algum produto Polishop.

– Bella! - Edward falou agarrando meus joelhos - Está parecendo uma britadeira! Fique calma.

– Só quero chegar logo em Forks. - falei segurando sua mão.

– Relaxe. - pediu olhando o relógio de pulso - Provavelmente já irão chamar o nosso voo.

Como se ele fosse algum tipo de mago, a voz irritante da funcionária do aeroporto saiu pelos alto falantes, anunciando que já deveríamos nos dirigir ao portão de embarque. Segurei no antebraço de Edward e caminhamos até o portão 13. Depois de mostrar o passaporte e as passagens, a aeromoça nos conduziu até nossos assentos. E pelo jeito, Edward me concedeu um belo de um upgrade sem que eu desconfiasse.

– Eu não acredito que fez isso. - reclamei sentando na poltrona ao seu lado - Não precisava me transferir para a primeira classe.

– As vezes me espanta o tamanho da sua gentileza e capacidade de agradecimento. - ironizou rindo logo em seguida.

– Você sabe que não gosto que fique gastando comigo.

– Eu só quero que tenha o melhor.

– Eu tenho o melhor. - falei brincando com aquele fio rebelde de seu cabelo - Eu quero você, e não seu dinheiro.

– Algumas mulheres chamariam essa sua atitude de burra. - sorriu.

– Eu chamo de honesta e independente.

–Então não gostou do anel? - perguntou alisando meu dedo.

– Eu amei o anel, Edward. É lindo. Só não quero que gaste comigo o tempo todo.

– Tudo bem, tudo bem... Eu vou me controlar. Posso considerar essa nossa primeira briga de casal?

– Não. Acredite, vai ser bem pior que isso. - sorri ao ver sua cara de espanto.

– Droga.

As luzes se apagaram, e um friozinho percorreu meu estômago. Só não sabia se era por culpa da decolagem ou por eu pensar que o senhor do outro lado do corredor tinha cara de assassino psicótico. O voo passou rápido. Bom...começou a passar rápido depois que Edward decidiu dar mais atenção a minha boca do que qualquer outra coisa. Eu nem pensei em reclamar, é claro. Chegamos no aeroporto por volta das 20:00 da noite. Já tínhamos pego nossas malas na esteira e fomos até o Volvo que estava no estacionamento. Logo estávamos a caminho da casa dos Cullen.

– Você parece cansada. - Edward comentou enquanto fazia uma curva. O carro simplesmente voava na pista, e fiquei com uma leve vontade de dirigi-lo.

– Um pouco, já que você não me deixou dormir no voo. - falei fazendo um sorriso surgir no canto de sua boca.

– Me desculpe, eu não resisti. - riu - Fiquei meio entediado.

– Não sei porque. Tinha várias revistas sobre decoração.

– E achou que eu iria preferir a revista a você? - achou graça.

– Hei, a revista era da boa. - brinquei.

– Talvez fosse melhor ter dado um anel de compromisso para a revista. - zombou.

– Se não estivéssemos em um carro em alta velocidade, eu te bateria.

– Mas eu sou tão fofo! - falou piscando os olhinhos para mim.

– Você é bipolar. - o acusei - Uma hora você é todo cavalheiro, na outra é um chato irônico e depois um retardado mental.

– E de qual deles você mais gosta? - perguntou ficando vesgo. Um riso espontâneo escapou por meus lábios.

– De todos, mas isso não vem ao caso. - ele sorriu vitorioso - Seria melhor se você parasse de ficar vesgo enquanto dirigi. Vamos acabar capotando ou seus olhos vão ficar assim para sempre.

– Deus me livre enxergar duas de você todos os dias. - reclamou estremecendo.

– E lá vem o Edward irônico. Vai ser um looongo caminho até Forks. - brinquei.

Depois de mais um tempo viajando pela noite escura, comecei a avistar o caminho entre as árvores que nos levaria até os Cullens. Finalmente estacionamos em frente a casa. Lar, doce... Pensão do Carlisle, doce pensão do Carlisle. Edward saiu do carro e chegou rapidamente até meu lado, com sua velocidade vampiresca, abrindo a porta para mim. Esme já estava na porta para nos receber, olhando-nos com alegria. Ela estava elegante como sempre e aquele sorriso gentil que me fazia sentir tão confortável, nunca deixava seu rosto.

– Esme! - lhe dei um abraço apertado.

– Bem vinda de volta, querida.

– Obrigado. - falei abrindo espaço para Edward.

– Oi mãe. - disse lhe beijando o rosto e voltando a me puxar para perto. Esme logo sorriu ao ver os braços do filho me envolvendo.

– Oi, querido. Estou tão feliz em vê-los assim. - disse nos olhando com ternura - Estão radiantes. Essa viagem fez muito bem a vocês. Entrem.

Mal pisei na sala e já vi Rose se levantando para vir até nós. Seus olhos pararam em minha cintura.

– O casal fuinha voltou casal ternura? Que diabos aconteceu nessa viagem? - brincou me abraçando.

– É bom ver você também, querida Rose. - zombei - Alice e Jasper ainda não voltaram?

– Ainda não. Voltam amanhã cedo. - falou a mim enquanto cumprimentava seu irmão.

– E o Emmett? - perguntei já o procurando.

– Emmett está na cozinha. - Rose sorriu - Nem me pergunte que droga ele está fazendo, porque aquilo com certeza não é um bolo.

Franzi o cenho e fui ver o que ele estava aprontando. Passei pela porta e lá estava ele, super concentrado, cheio de glace rosa espalhado pelo rosto, decorando um bolo que mais parecia ter sido socado pelo Hulk. Umas três vezes.

– Emmett! - gritei o fazendo jogar a espátula longe. Gargalhei alto.

– Bella, ficou doida?! - falou levando as mãos ao peito, como se ele ainda tivesse um coração que batesse - Não era pra você chegar agora, eu ainda não terminei. - disse cobrindo o bolo com os braços para que eu não visse.

– Oi pra você também. - brinquei colocando as mãos na cintura.

Ele deu a volta no balcão e me abraçou, beijando meu rosto, me deixando completamente suja de rosa. Mas como não era o suficiente, ele pegou o resto que estava na vasilha ao lado do bolo e esfregou na minha cara.

– Emmett! - praguejei - Oi para você também! - repeti tirando glacê dos meus olhos.

– É só para entrar no clima. Eu sei que você estava com saudades de mim. E já que estragou minha surpresa... - ele cortou uma fatia do bolo, colocou num pratinho e me entregou - Eu fiz pra você. -sorrindo acanhado, mostrando as covinhas - Espero que goste.

– Bella, não come esse bolo! - Rose alertou da sala de estar.

É fácil para ela dizer isso quando não está vendo a carinha de expectativa que Emmett está fazendo. Provavelmente foi assim que ele conquistou a Rosalie. Ok, lá vai. Peguei um pedaço e coloquei na boca. Minhas papilas gustativas quase gritaram de horror. Mas que merda ele colocou nesse bolo?

– Nossa...isso...isso tá uma delicia. - menti tentando não fazer uma careta. - Estou até chocada. O que você colocou aqui? - perguntei me forçando a engolir a gororoba.

– Ovos, farinha, chocolate, fermento, açúcar... Ah! E alho. Pra dar um tchan! - falou como se estivesse descrevendo uma obra prima culinária.

– Ahh, eu senti. Eu senti o tchan. Pode ter certeza. - falei apertando meu estômago. O pedaço de bolo caiu como uma pedra.

– E ai? Gostou?

– Eu amei. - tentei sorrir, o que pareceu que eu estava tendo um derrame.

– Come mais. - pediu apontando para o resto do bolo na forma. Deus, tem muito bolo ali.

– Ah...jura? Quer dizer, vai ter sempre o mesmo gosto. - lamentei só de pensar em colocar outro pedaço de alho na boca. - Eu prefiro guardar para amanhã. E já que me sujou, preciso tomar um banho. - inventei.

– Mas que diabos aconteceu com você? - Edward perguntou adentrando a cozinha e tirando um bocado de glace do meu cabelo.

– Deixe a Bella comer o bolo em paz. - Emmett disse tentando espantar Edward para a sala.

Me agarrei a ele. Se Edward saísse, seriam somente eu, o super bolo do mal e a carinha pidona de Emmett. E não estou nem um pouco afim de ter um súbito ataque de diarreia.

– Na verdade, eu e Edward vamos tomar um banho. - falei, e Emmett logo se distraiu, como eu pensei.

– Vocês se entenderam muito bem nessa viagem, não é? - disse com o sorrisinho malicioso - Viram alguma coisa em Cancun além do quarto?

– As praias...

– Até na praia?! - falou abismado - Mãe, Edward está virando um tarado! - gritou correndo para a sala.

– Ótimo, agora minha mãe vai achar que estava encomendando netos por todos os cantos de Cancun.

– Não importa, pelo menos ele esqueceu do bolo. - comemorei aliviada.

– Estranho, estou sentindo um cheiro forte de alho. - comentou torcendo o nariz - Você mastigou alho puro?

– Provavelmente vou ter que fazer bochecho com cândida para esse cheiro sair da minha boca. - murmurei. Se alho realmente repelisse vampiros, uma baforada minha e a casa estaria vazia.

– Vai mesmo, e até lá, nem pense em me beijar - Edward fez uma careta abanando o nariz.

– Cretino. - bati em seu ombro. - Vamos subir e fingir que você está tomando banho comigo para seu irmão cozinheiro esquecer do bolo.

– Eu não estou sujo.

– Agora está. - falei rebocando seu rosto com glacê.

Edward permaneceu parado, sem acreditar que eu realmente tinha feito aquilo. O que eu achei bobeira, já que não é a primeira vez que jogo comida nele. Depois ele me pegou num movimento rápido, me deitando sobre seu ombro esquerdo.

– Edward! Me põe no chão! - gritei batendo em suas costas. Era mais fácil eu quebrar a mão do que conseguir que ele sinta algo.

Ele me ignorou e marchou em direção as escadas.

– Olha lá mãe! Isso é coisa de gente safada! Você não era assim hein mano! To gostando de ver! - Emmett comentou todo orgulhoso.

Ainda bem que meus cabelos estavam cobrindo meu rosto, pois não teria a mínima coragem de olhar para Esme nesse momento.

– Vou demorar séculos para desembaraçar meus cabelos. - reclamei avaliando meu estado quando cheguei em seu banheiro. Estava parecendo um personagem do filme 3000 a.c.

– Se quiser, eu posso te ajudar. - beijou meu pescoço.

– Não sei como um beijo pode me ajudar a desembaraçar os cabelos. - inclinei meu pescoço para lhe dar mais espaço.

– Vem comigo até o chuveiro e eu te mostro. - sorriu envolvendo minha cintura.

– Emmett tem razão, você está virando um safado. - ri - Agora, se não se importa, gostaria de tomar meu banho.

– Se eu ouvi bem, você disse " Emmett, eu e Edward vamos tomar um banho" - falou fazendo uma voz fina.

– Eu não falo assim!

– Que vergonha de você, Isabella. Me convida para um banho, me suja e depois me dispensa na cara dura. Você é uma destruidora de corações. - falou fingindo estar magoado.

– Aqui não é Cancun, Edward. Não tem banheira e muito menos um biquíni.

– Eu não me importo. - brincou retirando a camisa suja, exibindo seu abdômen nada definido para mim. Deus, acho que eu também estou virando uma safada.

– Eu estou criando um monstro pervertido. - falei horrorizada - Saia antes que eu comece a gritar por socorro. - brinquei.

– Tudo bem, eu saio. Que tal um filme depois do banho? - sugeriu me puxando firme pela cintura, exibindo seu lindo sorriso.

– Você não parece muito interessado em ver um filme. - falei colocando minhas mãos nos bolsos traseiros de sua calça jeans.

– Isso é um problema? - perguntou beijando-me no canto da boca. Neguei.

– Não me beije! - exclamei quando ele tentou se aproximar de meus lábios - Eu ainda estou com bafo de bolo.

– Já que você está me negando um beijo e governando o banheiro do meu próprio quarto, vou usar o do Jasper. Te espero lá fora. Com o cabelo menos...menos isso aí. - fez uma careta para o emaranhado em minha cabeça.

– Como se seu cabelo fosse lindo! - rebati quando ouvi a porta do quarto se fechar.

– Você gosta! - gritou para que eu pudesse ouvir.

– Pior que eu sei. - murmurei para mim mesma.

Tomei coragem e iniciei a batalha com meu cabelo. Assim que entrei embaixo da água, o chão do box foi tingido de rosa. Emmett é um idiota. Peguei o vidro de shampoo e despejei direto no cabelo. Depois passei o condicionador. Fiquei mais de dez minutos para desembaraçar tudo. Sai do chuveiro e fui escovar os dentes. Escovei três vezes para ter certeza de que aquele gosto realmente tinha ido embora. Me sequei rapidamente e coloquei minha roupa, e logo meus ouvidos foram enfeitiçados por uma linda melodia vinda do quarto. Abri a porta e Edward estava sentado ao piano, dedilhando as teclas com uma intimidade visível. Ele estava completamente imerso no som. Sentei-me ao seu lado em silêncio, sem querer atrapalhar. Seu cheirinho de "banho tomado" logo entrou por minhas narinas. Droga, ele era cheiroso.

– É linda. - falei quando ele tocou as ultimas notas da musica - Não sabia que tocava tão bem assim.

– Eu mal me lembrava. - falou encarando as teclas com saudade - Há tempos não tenho inspiração para tocar novamente.

– Tem algo que não saiba fazer? - brinquei.

– Não sei voar, nem contar piadas... E muito menos resistir a exterminadoras bonitas sentadas no banco do meu piano. - falou beijando levemente meu pescoço - Vamos? Rose, Emmett, Alice e Jasper estão nos esperando para ver o filme. - se levantou.

– Minha irmã chegou? - perguntei animada.

– Chegueeeei! - Alice cantarolou entrando no quarto - E é bom ter trazido presentes para mim.

– Bater na porta é bom, sabia? - Edward reclamou, a fazendo revirar os olhos.

– É bom ver você também, irmãozinho. - sorriu. E logo a careta de Edward desapareceu.

– E como eu esqueceria do seu péssimo humor quando não ganha presentes? - a abracei.

– Vim buscar vocês já que, de acordo com Emmett, não saem mais do quarto. - falou piscando para mim. Minhas bochechas logo ficaram vermelhas. Eu só não queria comer o bolo!

– Alice, chega de besteiras. - Edward falou me puxando para perto dele - Vamos logo ver o filme.

– Tudo bem, tudo bem. Mas eu quero saber de tudo depois do... Aimeudeus! Aimeudeus! Um anel!- exclamou encarando minha mão - Vocês vão se casar?!

– Vamos. - falei e Alice arregalou os olhos, prestes a ter um AVC - É claro que não, sua besta.

– Não brinca com isso, Bella. Eu iria ficar puta da vida com você se não tivesse me ligado para dar a notícia. - disse pegando minha mão para olhar o anel mais de perto - Já sei o que aconteceu. Edward não aguentou os homens de Cancun te olhando e decidiu colocar um anel para marcar território. - brincou.

– É uma teoria. - Edward riu - É mais um anel do tipo "Eu te amo e quero que seja minha."

– Finalmente! - comemorou abraçando nos dois ao mesmo tempo - Eu te disse! Te disse que ele te amava. - falou convencida a mim - E também te disse que ela te amava. - murmurou a Edward - Eu sempre tenho razão. Agora que eu quero saber cada detalhe dessa viagem!

– Agora não dá. - falei caminhando com Edward até a porta - Estamos indo assistir um filme, lembra?

– Você não me escapa, Bella. - estreitou os olhos - Mas vamos logo. Jasper quer ver você. - disse sorrindo assim que o nome dele saiu de sua boca.

Seguimos para a sala com Alice implorando por detalhes sobre a entrega do anel. Fiquei aliviada quando ela se calou para sentar ao lado de Jasper. Admito que fiquei feliz em vê-lo. Nossa relação tinha mudado desde o dia da morte de Jacob. Éramos bons amigos agora.

– É bom te ver, Bella. - sorriu, me surpreendendo com um abraço. Alice ainda achava muito estranho estarmos próximos assim.

– Também é bom ver você. Está se sentindo melhor? - perguntei. Eu não precisava dizer, ele sabia do que eu estava falando. Jacob.

– Eu que deveria estar te perguntando isso. - brincou - Mas eu estou bem. Com ela estando aqui, eu sempre vou estar bem. - falou sentando ao lado de Alice e a abraçando.

– Ótimo. - sorri - Que Deus te dê muita paciência. - dramatizei fazendo Alice bufar - Muita mesmo.

– Edward, dê um jeito na sua namorada. Pelo amor de Deus. - reclamou Alice - Acho que preferia vocês dois sem se falar.

– Tarde demais. - sorri indo me sentar ao lado de Edward - O que vamos assistir?

– Um suuuper filme de terror. - Emmett disse com a voz misteriosa.

– Um super filme de terror que vai fazê-lo chorar de medo por uma semana. - Rose brincou, fazendo todos rirem.

– Eu não tenho medo! - Emm reclamou.

– Você assistiu "o chamado" e ficou sem ver TV por um ano! - Rose.

– Ela era do mal, ok? - falou com um bico - Senta aqui Bella! - Emm pediu dando uma batidinha no lugar ao seu lado - Eu sei que você não vai ser uma maldosa tipo a Rose.

– Nem pensar. - Edward disse envolvendo meus ombros - Quem tem que ficar do seu lado é sua namorada.

– Porque sempre sobra para mim? - Rose disse, mas logo abraçou Emmett.

– Cara, deixa de ser possessivo. Deve estar sufocando a Bella. - falou emburrado.

– Será que dá pra por o filme logo? - Alice reclamou se aconchegando nos braços de Jasper.

Rose pegou o controle do DVD e fechou a bandeja. Não gostei nada, nada, nada do menu. O nome do filme era "Os mensageiros". No inicio não tinha nada demais, mas depois, a historia começou a me incomodar. A garota via espíritos que estavam tentando lhe pedir algo, e ninguém acreditava nela. O que me pareceu bem familiar. Mas foi numa cena especifica que precisei me agarrar ao braço de Edward. A atriz estava parada no meio do corredor, enquanto o espirito se aproximava por trás dela, lentamente, prolongando o terror da protagonista. Emmett já estava grunhindo de medo, então ninguém reparou em mim, exceto ele.

– Tudo bem? - sussurrou apertando gentilmente minha mão.

– Porque escolheram justo esse filme?

– Você está com medo? - perguntou achando graça. Mas logo parou de sorrir quando viu que eu não estava brincando.

– Está vendo essa cena? Foi exatamente assim que eu vi aquele homem em Cancun. - falei me agarrando ainda mais a ele.

– Por isso você ficou tão assustada. - murmurou beijando meus cabelos - Eu não iria deixar que ele tocasse em você.

– Ele não queria tocar em mim. Ele estava se aproximando de você. - falei e Edward arregalou os olhos.

– O que eles querem? - perguntou preocupado. Preocupado comigo. Como se eu não tivesse acabado de falar que o espirito doido estava atrás dele.

– Ajuda. Sempre pedem por ajuda. Mas como eu posso ajudar alguém que já morreu? - sussurrei.

– Talvez devesse perguntar da próxima vez. - sugeriu. E até que não era uma má ideia, se eu não congelasse e morresse de medo como sempre faço.

– É, talvez eu deva. Mas eu só queria que não tivesse uma próxima vez.

Continuei apreensiva até o final do filme, como se o final da trama fosse o mesmo que estava reservado a mim. Poderia ser, já que tudo ficou na mais perfeita paz no final. Já estava morrendo de sono quando acabou, e Edward, como o perfeito cavalheiro que é, me levou no colo até o quarto. Estava tremendamente cansada devido a viagem longa que fizemos.

– É bom estar de volta. - comentei me agarrando ao travesseiro - Tem seu cheiro por toda parte. - sorri.

– Tem meu cheiro aqui também, se quiser. - falou abrindo os braços - Garanto que é mais autêntico que o travesseiro.

– Eu estou cansada, e você está a quilômetros de distancia. - fingi um bocejo que logo se tornou verdadeiro.

Edward rolou pela cama até que estivesse por baixo de mim enquanto eu me apoiava em seu peito. Aproximei-me de seu pescoço e o cheirei de leve.

– Tem razão. É bem melhor que o travesseiro. - falei tomando seus lábios em um beijo suave.

– Achei que estivesse cansada. - sorriu colocando uma mexa de meu cabelo atrás da orelha.

– Nunca estou cansada o suficiente para você.

– Nunca está cansada o suficiente para mim. - murmurou avaliando a frase - Acho que é a melhor coisa que escutei hoje. - falou mostrando seu sorriso tímido, o que foi o suficiente para fazer meu coração se acelerar.

– Eu te amo. - falei abobada. Droga, eu o amava de verdade. Só de olhar para ele já tenho vontade de sorrir. Deus, estou virando uma bichinha.

– Tudo bem, foi a segunda melhor coisa que ouvi hoje. - me beijou profundamente.

Nossos lábios se entendiam muito bem. Era o encaixe perfeito. Edward era simplesmente tudo que eu poderia querer. Que qualquer uma poderia querer, o que me deixava meio enciumada as vezes. Ele simplesmente me preencheu com amor e adormeceu minha sede de vingança, mas acabou acordando outras coisas. Tipo um desejo desenfreado. Do mesmo jeito que ele está fazendo agora. O beijo não estava mais suave, estava ardente. Edward já tinha invertido as posições. O peso de seu corpo sob o meu estava me deixando doida. Minhas mãos atrevidas ganharam vida própria e se infiltraram por sua camisa, sentindo a pele marmórea de suas costas. Deus, ele era musculoso. Não sei que truque do Chris Angel ele fez, mas de um segundo para o outro, estava sem camisa. Não conseguia ouvir mais nada além do sangue bombeando em meus ouvidos. Tudo estava em chamas, e o beijo já não parecia ser suficiente para apagá-las. Eu queria mais. Eu precisava de mais. Quando não tinha mais fôlego, parti para seu pescoço, mordendo, beijando...

– Bella... - murmurou num gemido - É difícil parar depois que se começa... - suspirou indo para meu pescoço.

– Eu não quero que pare. - ofeguei.

As sensações que ele causava em mim eram intensas. Minha pele estava sensível a ele. Seus beijos deixavam um rastro de fogo em minha pele. A razão não fazia mais parte de nós dois. Eu ansiava por ele. Ansiava por sermos um só. Estava perdida em nossas caricias quando cometi o erro de abrir os olhos. Havia uma sombra no teto. Eu não estava ficando louca. Era...Era um homem? A sombra foi tomando forma e uma corda espeça começou a se enrolar na figura. Quando a sombra despencou em direção a cama, não contive o grito de horror. Era um homem se enforcando. Era a merda de um fantasma de um homem se enforcando! Me afastei da cama num pulo para o mais longe possível dali. Edward estava ao meu lado no mesmo segundo.

– O que você viu? - perguntou preocupadíssimo, mas sua voz soou longe. - Bella, o que você viu?

Minha voz estava presa em minha garganta. O homem ainda continuava lá, balançando sob a cama. Quando ele caiu sob o colchão, manchando os lençóis, não aguentei. Isso era demais para mim. Corri para o banheiro e vomitei violentamente. Logo Edward estava ao meu lado, segurando meus cabelos. Merda! Merda! Ele não vai me beijar nunca mais.

– Não precisa ver isso. - falei tentando afastá-lo - Sai daqui.

– Eu não vou sair Bella, não adianta tentar. - falou firme.

Quando me acalmei, me levantei ainda trêmula e fui escovar os dentes. Mal podia pensar em voltar para aquele quarto, preferia passar o resto da vida no banheiro. Me apoiei na pia com medo de minhas pernas dobrarem feito geleia. Achei que não conseguiria me recompor, mas a mão de Edward afagando minhas costas trouxe a calmaria que faltava. Talvez o cara já tenha ido embora. Espiei pela porta feito a franguinha medrosa que eu era.

– Merda! Ainda está lá! - esperneei em agonia. - Edward...eu...eu não vou dormir ali. - falei tentando ignorar o corpo que ainda estava sob o colchão, esvanecendo devagar.

– Tudo bem. - falou com a voz suave - Vou só pegar o travesseiro para você... - falou indo em direção a cama.

– Você está louco?! Sai daí! - falei com os olhos arregalados. Edward parou subitamente. - Sai logo daí! - ordenei imaginando aquele fantasma agarrando- o pelo pulso. Estremeci só de pensar.

Edward marchou até mim e me agarrou pelo cotovelo, caminhando para fora do quarto, em direção a sala. Eu sinceramente achei que ele fosse me jogar para fora, quando ele me abraçou forte. Ele não precisava me fazer ter um segundo ataque cardíaco.

– Eu odeio ter que te ver passando por isso. - beijou minhas lágrimas.

– Faz isso parar... - implorei afundando o rosto em seu peito.

– Eu... eu não posso fazer nada. - falou e podia ouvir a agonia em sua voz por se sentir incapaz.

– O que aconteceu? - Esme perguntou surgindo ao nosso lado, quase me fazendo vomitar de novo. Droga, eu estou assustada! - Querida, tudo bem? - perguntou afagando meus cabelos.

Respirei profundamente tentando me acalmar. Merda, todo mundo da cidade de Forks deve ter escutado meu maldito grito. Devem achar que os Cullen estão me torturando ou algo assim.

– Está tudo bem, Esme. - dei um sorriso forçado para despreocupá-la - Foi...foi só um susto. - garanti. E bota susto nisso.

– Tenho certeza de que vai ficar tudo bem. - sorriu com compaixão - Cuide dela, filho. - pediu. Pude sentir os músculos dele se retesarem.

Podia ver que Edward estava se sentindo incomodado por não poder fazer nada. Não era culpa dele eu estar vendo coisas do além e gritando como um bebê. A doideira era minha.

– Ele cuida, Esme. Ele sempre cuida. - falei beijando Edward no rosto, tentando melhorar seu humor. Ele sorriu de leve.

Esme nos deu boa noite e sumiu escada acima tão rápido quanto apareceu. Segurei as mãos de Edward e o guiei até o sofá.

– Quer me contar o que viu? - perguntou enquanto me abrigava em seu colo.

– Isso já é ruim o suficiente para mim, não preciso compartilhar com você. - deitei em seu ombro.

– Não me importo, desde que isso faça com que se sinta melhor. - falou aspirando o cheiro de meus cabelos.

– Teria sido melhor se não tivéssemos sido interrompidos. - sorri - Achei que depois que começasse, ficaria difícil parar.

– Eu nunca fiquei tão fora de órbita como estava, mas seu grito foi bem distrativo. - falou estremecendo - Mas por outro lado, foi bom.

– Jura? - perguntei arqueando a sobrancelha.

– Juro - disse rindo da minha cara de frustração - Você merece bem mais que isso. Quero que seja especial. Que você goste. Que seja memorável.

– Eu estava gostando muito. - falei com uma sinceridade descarada. Edward riu.

– Eu também estava, mas não precisamos apressar as coisas.

– Tomara que não. Tomara que eu ainda tenha muito tempo para te xingar de asno. - sorri.

– Você me tem pro resto da vida, Bella. - prometeu me olhando com intensidade.

– Então vai ter que me aguentar por um bom tempo. - sorri o puxando pela nuca.

– Estou contando com isso. - falou me beijando delicadamente - Durma bem. - disse enquanto nos ajeitávamos no sofá.

– Boa noite. - falei já fechando os olhos e me aconchegando em meu lugar de costume.

– Eu te amo, Edward. Obrigado por cuidar de mim. - ele falou fazendo uma terrível imitação de minha voz.

– Você é um babaca. - sorri.

– Também te amo. - falou dando uma risada baixa, apoiando sua cabeça na minha.

o

Acordei com alguém pulando em cima de mim. Eu poderia até ter ficado irritada, se eu não soubesse quem era. Abri os olhos e vi o sorriso mais feliz e sincero do mundo.

– Titia Bella! Você voltou! - Lily comemorou pulando no sofá.

– Que saudades de você, garotinha! - a puxei para meu lado a enchendo de cócegas. Lily gargalhou até perder o ar - Quase não aguentei. Uma semana é muito tempo. - sorri.

– Ahh titia eu também senti saudade. Você demolou muito, mocinha. - cruzou os braços.

– Prometo que não faço mais. - sorri e lhe dei um beijo estalado no rosto - Sua pestinha, você me enrolou. Mandou o Edward atrás de mim, não é?

– Ahh, eu não sei do que está falando.

– Não sabe, né? Vou fingir que acredito. Mas posso te contar uma coisa bem baixinho? - falei como se estivesse prestes a falar da máfia.

– Claro, titia. - sussurrou fazendo uma concha com as mãos em volta do ouvido.

– Obrigado por ter mandado o titio Edward atrás de mim. - falei dando um peteleco em seu nariz.

– Você não está mais blava com ele? - perguntou sorridente, mostrando sua janelinha.

– Não. - sorri - Na verdade, o titio e eu estamos namorando. - falei mostrando meu anel para ela - Graças a você.

– Eu sou demais! - gritou correndo pela sala, até esbarrar nas pernas de Victória - Sabia que eu sou um cupido? - disse orgulhosa.

– É mesmo? E quem é que você juntou? - perguntou sorrindo para a baixinha.

– O titiu Egward e...tchan tchan tchan tchan... - engrossou a voz fazendo mistério. Precisei abafar uma risada.

– Jéssica? - perguntou, Lily cruzou os braços fazendo uma careta. Uou,uou,uou. Quem diabos é Jéssica?

– Você fico doida? É clalo que não, dã. A titia Bella!

– Jura? Nem desconfiava. - fingiu estar impressionada.

– Você. É. Uma. Chata. - Lily disse balançando a cabeça em negação.

Victoria soltou o mini furacão que correu para cozinha e depois veio até mim, me envolvendo em um abraço. Eu a considerava uma grande amiga. Admirava a força de vontade que tinha para fazer de tudo pela irmã caçula.

– Que bom que voltou. Como foi a viagem, senhorita Cullen? - brincou.

– Foi ótima, em certos pontos. Cadê todo mundo?

– Com isso você quer dizer "Cadê o Edward?" - sorriu feliz por me provocar. Revirei os olhos. - Vem, "eles" estão na cozinha. - disse fazendo aspas no ar.

Todos estavam reunidos a mesa como se realmente fossem tomar café. Edward estava no fogão, tentando fazer panquecas, completamente atrapalhado. Parece que panqueca não é uma das especialidades culinárias dele.

– Bom dia. - falei para todos. Edward logo parou de prestar atenção no que estava cozinhando para sorrir para mim.

– Bom dia, maninha! - Alice falou me abraçando - Agora que está descansada, o que acha de mostrar o que trouxe de Cancun? - falou batendo palmas. Revirei os olhos.

– Se o grito que ouvi ontem for do que estou pensando, ela não descansou nada. - Emmett falou com aquela voz que fazia tudo soar malicioso. E o incrível era que ele me deixava constrangida mesmo que estivesse falando uma mentira.

– Emmett, deixe a menina em paz. - Rose falou lhe dando um tapa no braço.

Me aproximei de Edward e lhe dei um beijo de bom dia, que acabou durando um pouco mais do que eu esperava. Escondi meu rosto em seu pescoço, sabendo que todos os olhares presentes no recinto estavam sobre nós.

– Vocês estão virando dois gays. - Emm disse com descrença. Mal consigo imaginá-lo tentando conquistar Rosalie. Teria que perguntar a ela que magia ele fez.

– Emmett, se você não parar, eu juro que coloco uma barata dentro da sua calça. - ameacei. O brutamontes arregalou os olhos e se encolheu atrás de Rose.

Senti um cheiro forte de queimado e encontrei Edward tentando salvar uma panqueca que já estava preta. Essa panqueca já era. Ele ficou andando de um lado para o outro sem ter a mínima ideia do que estava fazendo. Homens.

– Estou começando a desconfiar de que não preparou jantar nenhum para mim. - brinquei o fazendo rolar os olhos. Estávamos conversando distraídos, até que a voz estridente de minha irmã nos fez pular.

– Está brincando?! - Alice me fitou incrédula, assim como Esme e Rose. Os rapazes também não estavam muito atrás. - O Edward...Esse Edward... - apontou para o irmão, como se houvesse mais algum asno na cozinha - O mesmo que acabou de queimar panquecas, fez um jantar para você?

– Ahmm, fez. - falei sem entender as reações exageradas. - Com sobremesa e tudo. - sorri relembrando aquela noite. Em como ele foi perfeitamente atencioso, em como seus olhos se contentavam em brilhar por apenas me ter em sua linha de visão. Relembrando em como ele estava eufórico com cada elogio vindo de mim. E de como ele disse que me amava.

– Meu deus! Ela está com cara de babaca! - Emmett arfou horrorizado. Só então percebi que estava sorrindo feito uma idiota. Ah, que merda. - Ele fez uma lavagem cerebral na Bella!

– Seu descarado! Nunca mexeu uma palha nem para fazer miojo para a gente! - Allie sacudiu seu indicador em nossa direção.

– Como se você comesse, né Alice! - zombei.

– Você fez um jantar para mim. - Edward sussurrou em meu ouvido, e graças a histeria de Alice, ela não conseguiu ouvir. Porque senão, eu iria para a guilhotina com ele.

– Considere como um miojo simbólico. - ela explicou - Só estou dizendo que seria bom se ele mostrasse alguma gratidão por eu ter te colocado na vida dele. Porque duvido que ele achasse outras pretendentes como você.

– Na verdade, foi ele que me colocou na sua... - tentei esclarecer os fatos, mas ela mal me deixou continuar.

– Bella, cala a boca. Eu aqui estou contando a historia. - falou com seu jeitinho impertinente que fazia ter vontade de chacoalhá-la como um boneco. Edward engasgou com uma risada, o que me lembrou um fato divertido para se compartilhar.

– Na verdade, Edward tem muitos pretendentes. Inclusive do sexo masculino- comecei. - Quando estávamos num restaurante, o garçom me pediu para...

– Não ouse! - Edward sibilou em minha direção - Se fizer isso, arranco esse anel de compromisso com meus dentes.

– Anel?! - Esme ofegou. Seus olhos dispararam para minhas mãos. Tive uma leve vontade de enfiar as mãos nos bolsos, mas seria bem mal educado de minha parte. Logo a curiosidade a fez vir até mim. Seus olhos brilharam - Filho...Isso é...Ah, eu estou tão feliz! - comemorou o abraçando - Finalmente meu garotinho está virando um homem! - segurou Edward pelas bochechas, como se ele ainda tivesse treze anos e tudo estivesse funcionando com a primeira namoradinha.

Emmett estava gargalhando terrivelmente alto. A vontade de rir era imensa, e Esme mal parecia perceber que o estava deixando embaraçado. O asno se recusou a olhar para mim, o que me fez ter mais dificuldade em segurar o riso. Me peguei imaginando como ele ficaria corado. Será possível que ele ficasse ainda mais desejável?

– Mãe, chega. - ele pediu afastando as mãos dela com gentileza .

– Mãe é tudo igual. Mesmo quando se tem 119 anos, ela ainda te trata como se tivesse 10. - Carlisle sorriu puxando Esme para seus braços. Não imagino um casal que fosse mais perfeito do que os dois.

– Mas bem que Edward ainda age como se tivesse dez, as vezes. - comentei. Edward fez uma careta. - Por isso tenho que manter ele na linha. - sorri lhe dando uma piscadela.

– Vocês falam isso porque não viram o que ela fez para mim. - disse sorrindo de orelha a orelha. Ainda bem que ele gostou, porque aquele maldito iate não foi nada barato.

– Tem criança na cozinha, cara. - Emm alertou.

– O que aconteceu com o café da manhã? Titiu Egward... - Lily choramingou - Eu to com fome. Qual é cala, faz logo isso aí.

Edward bufou e se virou para encarar seu pior pesadelo. A frigideira pronta para ser usada. Se Lily o pedisse para fazer um bolo de quinze andares, Edward já estaria com o rosto sujo de farinha tentando inutilmente fazer alguma massa comestível de baunilha. Parecia besteira, mas o jeito como ele cuidava dela, fazia com que eu gostasse ainda mais do meu asno.

– Adicione panquecas na lista de "Coisas que eu não sei fazer" - comentei. Ele logo me olhou com uma carranca.

– Vai ficar pronto num segundo - falou pegando novos ingredientes que eu sabia que seriam novamente estragados.

– Sai pra lá. - ri lhe dando um empurrão com meu bumbum.

Eu não era lá uma super chef de cozinha, mas tenho certeza de que dou conta de uma simples e doce massa fofa. Edward não tirava os olhos de mim. Tentava não me concentrar nele, mas depois que ele se acomodou atrás de mim, abraçando minha cintura, se tornou praticamente impossível ignorá-lo. Só não sabia se ele queria ficar comigo ou esperar que eu fizesse alguma cagada para jogar na minha cara que eu também era péssima. Cinco minutos depois as panquecas estavam perfeitamente executadas. Toma essa, Edward!

– É assim que se faz. - me gabei colocando o prato em cima da mesa. Edward me deu um sorriso falso.

– Titiu, você tem muito o que aplender. - Lily disse abocanhando um belo pedaço de panqueca.

Depois de tomar café da manhã, não tinha mais escapatória. Se eu não entregasse os presentes, Alice me encheria o saco até que eu não aguentasse mais ouvir sua voz irritante, o que não estava muito longe de acontecer. Edward trouxe a mala dos presentes para a sala e a colocou no sofá.

– Entrega o meu primeiro! - Alice pediu animada.

Peguei os dois embrulhos que estavam em cima. Quando me virei, Alice já estava se levantando com um sorriso infantil no rosto.

– Esme, esses são para você. - falei. O sorriso de Alice murchou.

– Você é uma idiota. - falou voltando a se sentar. Lhe dei uma piscadela.

– Querida, não precisava se incomodar. - Esme falou sem graça, dando-me um breve abraço.

Meu coração começou a bater mais rápido quando ela pegou os embrulhos e começou a abrir. E se ela não gostasse?

– Oh! - ofegou - Bella...Como sabia que eu queria essa escultura? - perguntou abismada, encarando a estátua com admiração. Ponto pra mim!

– Eu não sabia, só achei que combinava com a casa. - falei animada. Eu sou demais.

– É perfeito, querida. Obrigado.

A esperei abrir o outro. Era um lenço de caxemira com fios de ouro combinados ao tecido. Quase esperneei de alegria quando os olhos dela se iluminaram do mesmo modo.

– É lindo. - Esme e Alice falaram juntas. Parece que alguém vai ter que manter o lenço trancado a sete chaves. - Muito obrigada, Bella - falou se aproximando de meu ouvido - O próximo presente poderia ser um neto. - sussurrou.

Arregalei os olhos e logo senti minhas bochechas arderem. Esme aparentemente adorava me deixar constrangida em frente a família toda. E como eles são belos vampiros com audições mutantes, tenho certeza de que todos ouviram. Peguei o próximo pacote e Alice já estava se levantando.

– Allie, não é seu! - falei estupefata.

– Alguém está com um belo de um mal humor hoje. - Alice bufou.

– Rose, esse é para você. - falei, e ela pareceu bem surpresa por eu ter lembrado dela.

– Ual, obrigado Bella. - sorriu abarcando o pacote entre as mãos.

Rose abriu o embrulho, e ela ficou tão parada que pensei que havia odiado. Se ela não quisesse, faria questão de pegar para mim. Ela disse que gostava de clássicos, e como eu não sou uma bilionária, não poderia comprar um carro em tamanho real.

– Eu não acredito. - ofegou em meio a uma risada.

– Você não gostou? - perguntei apreensiva.

– Eu adorei, Bella. Isso é incrível...Todos esses detalhes... - falou percorrendo a miniatura com o indicador - Obrigado.

E Bella marca mais um ponto no placar. Caramba, eu sou ótima em escolher presentes. Peguei o próximo pacote. Se eu estivesse de vermelho e com uma bela barba branca, poderia me considerar o Papai Noel.

– Alice. - chamei ela logo saltitou até mim como um filhotinho feliz - Lembra de uma vez em que saímos com a mamãe e você olhou para uma das vitrines e ficou completamente apaixonada por um tal objeto? - ela franziu o cenho tentando se lembrar - Mamãe disse que não podíamos pagar por ele. Eu guardei minhas moedas para poder comprar, mas não cheguei nem perto de conseguir. Mas lembro que disse que seria a pessoa mais feliz do mundo se o tivesse.

A cena daquela tarde passava novamente por minha cabeça. Nós duas, andando de mãos dadas, sujando todo o rosto de sorvete, rindo, brincando. Éramos apenas crianças felizes. Tudo era mais fácil naquela época. Mas mesmo assim, continuamos as mesmas criancinhas de antes, só num corpo maturo.

– A caixinha de música! Você...você...Está falando sério? - Alice ofegou. Ela abriu a embalagem e seus olhos brilharam - Eu...eu não acredito que você lembrou... - falou com surpresa, parecendo a ponto de chorar. Alice abriu a tampa e logo a musica delicada começou a tocar enquanto o casal girava e girava no ritmo da melodia.

– Espero que agora seja a pessoa mais feliz do mundo, porque isso é tudo que eu quero que seja. - Ela logo me abraçou apertado.

– Depois eu que sou a irmã gay. - sussurrou me levando a rir. - Obrigado. De verdade. - sorriu com gratidão - Você é a melhor irmã do mundo.

– Eu sei que sou - me gabei.

Alice foi se sentar e só tinha olhos para o presente. Nem tive tempo de falar que havia pedido para o dono da loja pintar os cabelos do príncipe de loiro para que parecesse o Jasper. Achei que seria engraçado, mas bem que soou gay agora.

– E esse é para a garotinha mais especial do mundo. - falei pegando em minha mala o embrulho amarelo. Não sei como não fui presa por porte de mercadoria. - Lily esse é para você. - falei, mas quando olhei ao redor da sala, ela não estava lá.

– Onde ela foi? - Vic perguntou levantando em um pulo - Eu não percebi ela saindo.

– Acho que nenhum de nós percebeu. - Rose disse.

– Lily. - Vic chamou.

Esperamos por uma resposta, mas nada aconteceu. A tensão só ia aumentando a cada vez que VIctoria falava e não obtinha nenhum sinal da pequena. Ela estava bem aqui, não estava?

– Não precisa se desesperar, ela deve estar escondida. Ou brincando lá fora. - falei.

– Eu estou com um sensação ruim, Bella. - falou levando a mão ao peito.

Toda a família já estava fazendo uma busca ao redor da casa e em seu interior.

– Aqui dentro ela não está. - Alice falou voltando a sala com Jasper.

Edward logo voltou com o resto do pessoal, e não tinha mais ninguém com eles. Já estava começando a ficar realmente preocupada, quando ela entrou pela porta. O rostinho estava triste, os olhos apagados e parecia terrivelmente exausta.

– Lily, que bom que... - minha voz travou em minha garganta quando sua imagem oscilou.

A pequena garotinha flutuou até mim. Quando tentei segurar sua mãos, meus dedos passaram direto por sua pele como se estivesse tentando pegar fumaça. As lágrimas logo caíram silenciosas. Eu não sabia o que fazer. Eu estava tremendo, e mais ninguém sabia da merda que estava acontecendo aqui. O espirito dela estava bem na minha frente. O espirito de Lily. Meu coração se despedaçou em milhões de pedaços. Ela não poderia estar morta...Não pode estar...

– Bella, o que está acontecendo? - Edward perguntou angustiado. Apontei o dedo tremulo para a pequena em minha frente.

– Me ajuda... - Lily pediu. Sua voz soou como se tivesse sido dita a vários metros de distância.

– Como eu posso ajudar? - perguntei secando as lágrimas - Me diz como ajudar! - implorei a imagem a minha frente.

Lily rodopiou e parou na porta da frente.

– Siga-me. - falou. Minhas pernas bambearam. Não conseguia me mexer - Titia, eu estou morrendo. Por favor... Me ajuda. - implorou. Pude ver lágrimas em seus olhos.

Joguei o medo para o lado e comecei a correr atrás da figura flutuante para o que me aguardava. O corpo sem vida de Lily. E mesmo respirando, uma parte de mim morreu hoje.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Não me matem até o próximo capitulo. Tadinha da Lily :/ O que será que vai acontecer?
Espero que tenham gostado :)
Comentem hein hehehe