A Exterminadora De Vampiros escrita por Isa Salvatore


Capítulo 14
Bella, a bipolar.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Tudo bem? Parece que voltar a ativa não funcionou para mim hehehe Mas valeu a pena, já que tenho uma entrevista para a faculdade que eu sempre quis! Uhuuuuul o/
Mas não esqueci de vocês. Ta aí outro capitulo. Espero que gostem :) Comentem hein haha
Boa leitura.



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POV EDWARD

Estávamos presenciando um filme de terror sem fim a quatro dias. O único som que preenchia o ar em nossa casa eram os gritos de Bella. Algo estava mudando dentro dela, e não tenho certeza se que é algo que seu corpo possa suportar. Sua temperatura estava acima de 50 graus, e quanto mais aumentava, mais suas novas marcas ficavam azuis. Não havia remédio que fizesse a dor passar ou a febre diminuir. E eu? Continuava andando feito uma barata tonta, esperando alguma intervenção divina que me mostrasse o que fazer.

Precisávamos, urgente, de algo que diminuísse a temperatura. A única ideia que ainda não havíamos tentado, foi a que Rosalie sugeriu há alguns minutos atrás. Precisaríamos de gelo. Muito gelo. O suficiente para encher uma banheira. Nem parei para pensar se havia nexo, só chutei Emmett para fora e o mandei trazer quantos sacos ele conseguisse. Estava tão desesperado que toparia qualquer coisa. Ele logo voltou com cinco sacos empilhados em cada braço. Pegamos todos eles e enchemos a banheira. Era minha última esperança. Se isso não funcionasse, seria obrigado a dar um banho de nitrogênio nessa menina.

– Ela vai melhorar cara. – Emmett falou dando um leve aperto em meu ombro.

– Eu espero.

Já estávamos saindo quando Alice apareceu na porta feito um furacão.

– Ela parou de gritar. – contou. Estava tão preocupado que não havia nem percebido. Já estava sorrindo feito um bobo, mas a tensão que emanava de Alice fez minha comemoração cessar.

– O que aconteceu? – perguntei apreensivo. Algo não estava certo.

Alice deu meia volta, pedindo que nós a seguíssemos. Assim que me aproximei da maca onde Bella estava, vi que a situação não havia melhorado do jeito que imaginei. Seu olhar estava distante e sem foco, seus lábios estavam roxos. Ela nem mesmo parecia estar presente. Sua alma pareceu ter saído para dar uma volta, deixando para trás somente uma casca vazia.

– Bella... – chamei, mas seu corpo permaneceu imóvel. Minha garganta se fechou instantaneamente. Ela não poderia...não pode estar... Tentei manter a calma e logo conseguir ouvir o fraco batimento de seu coração.

Continuei tentando trazê-la de volta, mas Bella não respondia a nenhuma de minhas tentativas. Alice já estava à beira de um ataque de nervos. Eu também estava, mas precisava manter a calma. O desespero nos guia facilmente a um caminho confuso, muitas vezes sem volta. Era insuportável ter que passar por isso, mas precisava ser forte por ela.

– Não é melhor chamarmos o Carlisle? - Alice perguntou inquieta.

– Ele saiu faz umas três horas. Teve uma emergência no hospital. Infelizmente ele não vai poder ficar o tempo todo com ela. - Emmett falou batucando na maca. Só pode ser brincadeira, estávamos todos desesperados e ele dando uma de percursionista de escola de samba.

– Da para parar com isso?! - pedi irritado.

– Aposto que ela estava gostando. - resmungou num tom quase inaudível.

– Você não está ajudando, Emmett!

– Calem a boca! - Alice gritou - Nenhum dos dois está ajudando! Carlisle e Rose não estão. Esme está na campina com Victória e Lily. Nós temos que resolver isso.

–Tudo bem. - falei tentando me acalmar - Emmett, preciso que vá até o hospital e conte ao Carlisle o que aconteceu.

– Pode deixar. - falou, mas permaneceu parado.

– O que você está esperando? Vai logo! - falei o assustando. Emmett saiu em disparada.

– E eu? O que eu faço? - Alice perguntou.

– Eu quero que vá caçar. - falei. Alice me olhou como se eu fosse um retardado.

– Você está louco se acha que vou sair do lado da minha irmã.

Respirei fundo. Eu estava a ponto de explodir. Bella estava sofrendo, eu não podia fazer nada, e não precisava de nenhuma anã para tornar isso pior de suportar. Eu também me importo com Alice, e sei que ela não aguenta mais ver Bella sofrer. Eu vejo isso em seus olhos, por mais que ela queira estar aqui.

– Sei que quer estar ao lado dela, mas você não caça há duas semanas. Precisa se alimentar. Sabe essa proteção toda que sente em relação a ela? – perguntei. Alice concordou – Eu também sinto em relação a você. - expliquei. Seu olhar furioso logo amoleceu.

– Edward...Por favor... - falou ainda se negando a fazer o que eu pedia.

– Ele está certo, meu amor. – Jasper interveio, adentrando ao quarto – Você precisa caçar. Nós precisamos.

– Jasper...Eu não...

– Alice, Bella está em boas mãos aqui. Voltaremos logo. - falou beijando-lhe os cabelos. Se Jasper não a convencesse, ninguém mais conseguiria.

Alice pensou por uma eternidade. Seu olhar não abandonava o rosto de Bella nem por um misero segundo. Por fim ela soltou um suspiro cansado.

– Tudo bem – rendeu-se – Eu vou caçar, ok? – falou ficando na ponta dos pés para dar um casto beijo em Jasper. - Eu volto logo em seguida.

– Te espero lá embaixo. - Jasper disse saindo.

– Cuide bem dela, ok? - pediu.

– Vou cuidar. É uma promessa.

Alice concordou e se abaixou para dar um beijo na testa de Bella, mas ao fazer, se afastou alarmada, levando as mãos aos lábios. Meu corpo rapidamente se colocou em estado de alerta.

– Edward, ela me queimou! – ofegou espantada.

– Não é possível... - sussurrei.

Toquei o rosto de Bella, e Alice tinha razão. Podia sentir sua pele me queimando como se fosse fogo. Já estou começando a achar que o nitrogênio seria uma boa ideia. Preciso agir rápido.

– Está tudo bem, vou colocá-la no gelo. Eu prometi, vou cuidar dela. - disse tentando acalmar Alice, que parecia paralisada.

Ela não pareceu muito confiante em sair, mas mesmo assim se forçou a andar porta a fora. Segurei Bella com todo o cuidado do mundo, mesmo sentindo minha pele arder, e a coloquei na banheira. Ela mal pareceu sentir algo quando seu corpo entrou em contato com o gelo. Duvido até mesmo que saiba que não está mais deitada naquela maca. Esperei alguma reação, mas a que recebi não foi a que eu esperava. Todo o gelo começou a derreter em um ritmo acelerado, como se estivesse em um forno. Arregalei os olhos. Como isso é possível?! Os desenhos em sua pele e seus olhos se tornaram tão brilhantes que poderiam iluminar um ambiente na completa escuridão.

– Droga! – gritei enquanto a tirava da água que já estava começando a borbulhar. Borbulhar! Bella está fervendo! E isso não é uma cantada estupida!

Enrolei uma toalha ao seu redor e, para me assustar ainda mais, o pano se desfez em cinzas ao tocar sua pele. SOS! SOS! Os olhos de Bella pareciam duas lanternas, seu rosto estava pálido e ela mal conseguia sustentar o próprio corpo.

– Bella, por favor...Me diz o que fazer. Me diz alguma coisa. – implorei segurando seu rosto. Os olhos de Bella se reviraram, e logo seu corpo começou a sacudir violentamente – Merda! De novo não...Droga Isabella! – gemi frustrado.

A coloquei as pressas na maca. Segurei seu corpo como de costume, tentando evitar que se machucasse. Eu não aguentava mais vê-la sofrer. Não aguentava mais me sentir impotente. Já estava a ponto de gritar quando, como que por um milagre, ela parou. Simplesmente parou, como se nunca houvesse começado. Mal podia acreditar. As tatuagens em sua pele diminuíram o brilho, e seus olhos voltaram a ser duas pérolas achocolatadas. Pela primeira vez em quatro dias, pude "respirar" aliviado.

– Bella, hei... – balancei meu dedo indicador de um lado para o outro em frente a seus olhos, e ela lentamente foi voltando a si e começando a acompanhar – Finalmente. Como está se sentindo? – perguntei limpando uma gota de suor de sua testa. Bella arregalou os olhos.

– O que pensa que está fazendo? Fica longe de mim! – ralhou segundos depois, empurrando minha mão para longe. Mas o que?!

– Bella, o que foi? – perguntei espantado - Sou eu. O Edward. – tentei me aproximar de novo, mas ela recuou, caminhando até a poltrona no outro extremo do quarto - Eu só quero te ajudar, não precisa ter medo.

Eu pareci ter contado a piada mais engraçada do mundo, porque Bella gargalhou até perder o ar. Mas que diabos está acontecendo com ela?! Eu chamo Carlisle ou um padre?

– Bella, não está me reconhecendo?

– Eu sei quem você é, não me trate como se eu fosse alguma demente. – debochou. O...Mas o que?!

– Eu não estou entendendo. Porque está me tratando assim? – perguntei imerso em confusão.

– Eu é que não sei porque está agindo como se eu precisasse desesperadamente de você. Aaaaah! – falou se lembrando de algo - Eu não tenho medo de você Edward, eu tenho nojo. – cuspiu sem deixar de demonstrar o quão grande era essa repugnância repentina.

Ainda acho que isso é algum tipo de pegadinha. Meu sistema nervoso estava tendo sérios problemas em assimilar que diabos estava acontecendo aqui. Bella estava louca. As palavras saiam de sua boca com tanta segurança e convicção, que me levavam a acreditar que eram legitimas. Nunca vi alguém mudar de um modo tão repentino, principalmente fisicamente. A poucos segundos ela estava pálida, fraca e agonizando, e agora, simplesmente do nada, ela levanta rindo e com um grande transtorno de personalidade? Isso é insano! E olha que quem está dizendo isso é um vampiro!

– Carlisle já deve ter chegado. Eu...vou chamá-lo, você deve estar alucinando. Ele vai saber o que fazer. – falei tentando convencer a mim mesmo disso.

Estava me preparando para sair quando ela retornou a falar:

– Alucinando? Há uma grande diferença entre alucinar e dizer a verdade. Não posso mais continuar com esse teatrinho de casal feliz – falou com firmeza.

– Do que está falando? – perguntei já sentindo um nó se formando em minha garganta. O que quer que ela diga, sei que não vai ser bom. Ela não é minha pequena. Não pode ser...

– Achou mesmo que eu chegaria a sentir algo por você? – gargalhou. Senti um tiro atravessar meu peito – Não seja ridículo. Para alguém tão velho, você é bem ingênuo.

– Isso é mentira. – engoli em seco. Ela não faria isso. Ela não fez isso comigo...Por favor...

– E porque seria? Por Deus Edward, se olhe no espelho! – gritou impaciente.

Eu continuava paralisado, sem saber o que fazer. É como se alguém houvesse me dado uma sequência de golpes no estômago. Eu sabia que ela mudaria. Afinal, é isso que implica a palavra transformação. E tudo isso que está acontecendo agora só me faz pensar em qual dessas personalidades realmente a define. A que eu conhecia ou a que acabei de conhecer. Eu sei que ela sempre foi durona, mas, neste momento, está sendo cruel e impetuosa. Qual delas é a verdadeira? Bella bufou alto e veio até mim, forçando-me a encarar meu reflexo. Eu estava um trapo. Mal parecia possuir a destreza e força de um imortal. Minha imagem estava abatida, olheiras profundas se formavam abaixo de meus olhos, eu não me alimentava a quase uma semana, eu parecia fraco. Eu me sentia fraco. Vulnerável.

– Seja sincero consigo mesmo! – esbravejou chacoalhando-me os ombros - Acha que um monstro como você é digno de ser amado? Não pode ser tão cínico! – debochou com indignação – Foi um martírio ter que te aguentar por tanto tempo. Ter você me tocando, me beijando... – Bella estremeceu – Todas as noites eu esfregava minha pele na esperança de apagar você dali. – confessou.

A cada palavra que saia de sua boca, sentia minha alma sendo rasgada. Me sentia o mesmo homem vazio que já fui. Sentia aquele buraco profundo e sombrio reabrindo novamente. Me senti magoado, traído e usado. Me senti um lixo.

– Achou mesmo que eu mudaria tão depressa? – sussurrou em meu ouvido – Achou que pela força do amor eu pararia de matar vampiros? - ironizou em meio a uma risada - Sabe, a queda sempre é pior quando o empurrão vem de alguém próximo, e ainda mais, de alguém que ama. – murmurou. Sua voz era como ácido - Eu consegui fazer com que você se apaixonasse por mim. E pode ter certeza de que vou te empurrar.

Não consegui permanecer ali por nem mais um minuto. Sai do quarto o mais rápido possível, não sem antes escutar outra gargalhada dela. Eu sentia algo crescendo dentro de mim, pronto para explodir. Eu queria gritar até meus pulmões estourarem. Sentia-me abalado e magoado demais. Tentei achar alguma lógica para tudo que aconteceu, mas não havia mais o que pensar. Tudo foi uma mentira.

Entrei na sala transtornado, ainda tentando digerir o que havia acontecido. Carlisle estava encostado no batente da porta principal, conversando com Emmett e Alice, e ele mal parecia ter consciência de que o havia chamado com urgência. Ninguém me deu muita atenção, já que eu andava transtornado há dias, mas Alice me conhecia bem demais. Logo seus olhos inquisidores estavam sobre mim. Caminhei rapidamente até os fundos da casa, sabendo que ela me seguiria. Quando estávamos sozinhos, me descontrolei. Senti aquela força que estava crescendo dentro de mim, explodir. Soquei tudo que havia em minha frente, estraçalhando boa parte das árvores ao redor numa esperança ridícula de que a dor diminuísse. Como eu estava errado...

– Edward! – Alice gritou travando suas mãos em meus ombros – O que foi isso?! O que está acontecendo?! – perguntou espantada.

– Alice...Eu...Eu... – tentei falar algo, mas nada que saia de minha boca tinha alguma coerência. Estava muito irritado para proferir as palavras certas - Eu não acredito que ela fez isso! - bradei agarrando meus cabelos.

– Se acalme, pelo amor de Deus! - pediu me abanando com as mãos. As pessoas sabem que isso não faz a menor diferença?– Me diga o que aconteceu.

Pensei que aquilo que senti quando terminei com Tânia havia sido a famosa "dor do primeiro amor", mas nada se compara a isso. Talvez porque eu nunca tenha chegado a sentir por Tânia o que sinto por Bella. Pela primeira vez em muitos anos encontrei alguém que me fizesse querer viver novamente, que fizesse com que não me sentisse um assassino, que me fizesse sentir querido e necessário. Porque é isso que todo mundo precisa. Se sentir importante, ser importante para alguém. Era tudo que eu queria ser para ela. Eu sabia desde o inicio a confusão em que estava me metendo. Tanto pelo meu passado quanto pelo futuro. Mas meu coração foi fraco para resistir a tudo que ela me fez e ainda me faz sentir. O pior, é que não importa o que aconteça, meu estupido coração cego sempre vai ser dela.

– Era tudo mentira. Tudo mentira... – falei sentindo meu peito apertar.

– Agradeceria se fosse mais especifico. – falou cruzando os braços. Seu tom de voz soou tão irritante que simplesmente explodi. De novo.

– Acabou! Bella mentiu pra mim! Ela nunca quis nada comigo! Me usou! Me traiu! E jogou tudo isso bem na minha cara! Está especifico o suficiente para você?! – gritei extravasando. Alice piscou atônita. Eu não queria ter gritado com ela, mas tudo estava simplesmente desmoronando. Achei que ela ficaria furiosa por eu ter alterado a voz, mas logo seus braços estavam ao meu redor, me reconfortando.

– Mas...Eu não entendo. Não faz nenhum sentido. Vocês estavam indo tão bem. - lamentou me apertando ainda mais.

– Nem me diga. – debochei. Alice me olhou com reprovação. Suspirei tentando me acalmar – Me desculpe. Eu...não estou conseguindo me controlar. Eu amo sua irmã, Alice. E Bella nunca quis estar comigo.

– De onde tirou essa baboseira? Ela é doida por você Edward. Eu sei que é. - falou com convicção.

– Ela mesma me disse. - falei.

– Ela acordou? - perguntou sorridente. Sua alegria era tanta que um pequeno sorriso se formou em meu rosto, mesmo não sendo convidado.

– Acordou. Como se esse surto nunca tivesse acontecido.

– Isso é fantástico! - gargalhou. Logo seu sorriso diminuiu como se minha tristeza fosse contagiosa - Edward, tem algo de muito errado acontecendo. – falou desconfiada - Bella não faria isso. Deve ser algum distúrbio devido ao surto.

– Mas ela me disse...

– Você acredita? - perguntou com seriedade - Do fundo do seu coração, você acredita no que ela disse?

– Eu nunca pensei que ela chegaria a me amar, Alice.

– Não foi o que eu te perguntei. - frisou.

– Aconteceu bem em frente aos meus olhos, o que mais eu poderia pensar?

– Eu não acredito em uma palavra. Vamos falar com Carlisle.

– Alice...

– Eu não estou pedindo. Vamos logo. - ordenou puxando-me pelas mãos.

Decidi segui-la sem resistência. O que mais eu teria a perder, não é? Contei a Carlisle o que havia acontecido, e tanto ele quanto Emmett tinham a mesma opinião de Alice. Ele subiu para examiná-la, e eu concordei em esperar, ainda com esperança de tudo ter sido consequência do surto. Depois de poucos minutos, ele retornou à sala retirando seu jaleco e o depositando no sofá. Parecia satisfeito com o que quer que tenha descoberto sobre o estado dela.

– Ela está dormindo. Parece que a crise finalmente passou. Bella está com os sinais vitais perfeitos.

Alice e Emmett pulavam feito bobos. Eu estava feliz por ela estar bem, mas minhas feições não me obedeciam. As palavras dela ecoavam em minha mente toda vez que um breve sorriso ameaçava sair, matando-o instantaneamente. Sei que é um tremendo egoísmo de minha parte, mas admito que preferia ter ouvido que Bella estava com um transtorno mental. O anúncio de Carlisle só confirmou o que eu já sabia. Tudo aquilo era mesmo verdade. Bella me tinha em suas mãos. Não havia ninguém com tamanha capacidade de me machucar como ela. Para mim não foi mentira, e isso é o que mais dói.

– Isso é ótimo. – soltei um riso triste. Dessa vez todos pareceram reparar em mim.

– Onde estão os fogos maninho? – Emmett perguntou com aquele sorriso irritante no rosto, e tudo que eu surgia em minha mente era " Olha Edward, eu posso sorrir e você não. HÁ HÁ! Otário! ".

– Deve ter alguma explicação. – Alice tentou me acalmar, mas tudo que eu precisava, era sumir dali - Por favor, espera ela acordar. Você está sendo precipitado.

– Se souberem de alguma mudança, me avisem. – pedi sentindo meu peito arder.

Peguei minhas chaves e fui direito para a garagem. Senti algo estranho ao abrir a porta de meu carro. A mesma sensação que senti na noite em que encontrei Bella chorando em minha cama. Era como se algo me empurrasse para ela, assim como algo está me segurando aqui. Uma presença. Ignorei a sensação estranha e entrei no carro. Eu precisava espairecer. Acelerei meu volvo e coloquei um Cd qualquer. Eu precisava me distrair, e já sábia a quem procurar. Afinal, é sempre bom rever uma velha amiga, não é?

POV BELLA

Minha mente estava um breu. Sabia que alguma merda havia acontecido, mas quando tentava vasculhar minha memória, um véu preto era tudo que eu encontrava. Minhas juntas estavam doloridas como se um caminhão tivesse passado por cima de mim, dado ré e depois seguido viagem, me atropelando novamente. Vozes...Muitas vozes. Abri os olhos e olhei ao redor. Que merda eu estava fazendo em uma maca? Admito que precisei piscar várias vezes para ter certeza de que a cena estranha que se desenrolava em minha frente era mesmo verdadeira. O quarto estava um alvoroço só. Haviam várias pessoas, correndo de um lado para o outro, completamente desesperadas. Seus corpos oscilavam de tempos em tempos, como uma luz com mal contato. Só não sabia se isso estava mesmo acontecendo ou se estava começando a desenvolver diagnósticos de hipermetropia. O fato é que eu não conhecia nenhuma dessas pessoas. Acho que ao todo, haviam dez. Me apoiei nos cotovelos, para tentar ver melhor, mas a dor em meus braços me fez cair novamente. Que diabos aconteceu comigo?! O espaço entre meu pulso até o cotovelo estava preenchido por traços e espirais azuis. Me lembravam a tatuagem que eu tinha em minha nuca. Algo de ruim aconteceu comigo. Eu sei que aconteceu. Só não consigo me lembrar o que.

Estava tão distraída observando as mudanças estranhas em meu corpo, que quase tive um enfarto quando olhei para cima e vi todo aquele pessoal estranho ao meu redor, formando uma roda em volta de mim. Engoli em seco. Sem aviso prévio, eles começaram a gritar, clamando desesperadamente por ajuda. Todas as vozes se misturaram em um coro agoniado. Senti o medo dominar meu corpo. Meu coração disparou a mil por hora. Seus rostos eram a representação viva do horror. Tentei sair, mas eles agarravam meus braços, puxavam minha camiseta, como se eu fosse uma tábua da salvação. Mas salvação para que? O que eu poderia fazer? Não consigo nem salvar a mim mesma.

Muitos choravam copiosamente. Seus olhos não demonstravam nada além de medo e angustia. Eu não entendia o que estava acontecendo. A cena não fazia nenhum sentido. Eles estavam completamente encharcados, mas não havia nem sinal de água por perto. Era só o quarto do Carlisle, não uma cachoeira. Quando fui abrir a boca para perguntar o que eles estavam fazendo aqui e o que queriam de mim, Carlisle entrou no quarto, e felizmente, eles se afastaram, voltando a andar em círculos.

– Bem vinda de volta, Bella. - Carlisle exibiu um sorriso - Já estava começando a me preocupar com a possibilidade de ter entrado em coma.

Eu tentava prestar atenção no que ele dizia, mas todas as vozes dessas pessoas loucas resultavam em um zumbido agudo insuportável. Estava quase apelidando-o de Tânia. Como ele conseguia ficar tão calmo com toda essa gente gritando? Ele disse algo sobre soma?

– O que foi Bella? Parece estar sentindo dor. – falou já demonstrando sinais de preocupação.

– Eu estou bem, mas...Carlisle, quem é toda essa gente? – perguntei observando o alvoroço no cômodo. As pessoas ficavam cada vez mais histéricas.

Ao invés de Carlisle me dar uma resposta, se apressou a pegar sua lanterna e iluminou meus olhos, pedindo-me para acompanhar o movimento de seu indicador. Obedeci, embora a luz tenha me causado uma cegueira momentânea.

– Tem algo de errado comigo? Quer dizer...fora o usual. – perguntei apreensiva.

– Bella, me conte exatamente o que está vendo. – pediu com seu jeito de médico dedicado lidando com um caso difícil. Porque ele está me olhando como se eu tivesse pirado?

– Espera...Vai me dizer que não está vendo todos eles?! – gesticulei para o quarto, espantada. Carlisle nem se deu ao trabalho de se virar, seus olhos continuaram em mim, ficando cada vez mais preocupados e confusos – Carlisle...você está me assustando. Me diz que está vendo toda essa gente! Tem mais de cinco pessoas nesse quarto!

–Bella, você está sofrendo alucinações. Fique tranquila, só preciso descobrir de onde vem para que eu possa te medicar. Agora que está acordada, será mais fácil realizar os exames e descobrir a origem.

– Mas Carlisle, eles estão bem ali. – murmurei frustrada.

– Fique calma. Isso vai passar. – garantiu se levantando. Não pode ser verdade. Meu sistema nervoso não é tão criativo para criar uma alucinação como essa. - Vou avisá-los que acordou.

Assim que ele passou pela porta, todos que estavam no quarto olharam diretamente para mim. Senti meus pelos se eriçarem. Os gritos de horror recomeçaram, e só foram aumentando, aumentando, aumentando, até se tornarem insuportáveis. Fechei os olhos com força, tentando domar a dor. Deus, ficaria feliz se arrancassem meus ouvidos nesse segundo.

– Calem a boca! – gritei tapando os ouvidos.

Os vidros do quarto estouraram com a intensidade das vozes, fazendo cacos voarem para todos os lados. Arregalei os olhos e os vi rastejando até mim. Eles pressionavam os dedos com força contra o piso, tentando impulsionar seus corpos para a frente. Eu ouvia o arranhar das unhas na madeira, o que me fazia estremecer de agonia. Eles estavam a centímetros de mim quando as vozes cessaram, dando lugar a um grunhido. Um jorro de água começou a sair de suas bocas, mascarando os gritos com uma tosse liquida. E tudo que sobrou de toda esta loucura foram vários pares de olhos arregalados de terror e desespero. Todos focados em mim. Eu estava em completo estado de choque.

Logo os corpos começaram a desvanecer. Estava encolhida no chão quando senti duas mãos fortes me segurando pelo ombro. As empurrei pra longe instantaneamente. Assim que olhei para ver quem estava tentando me agarrar, me deparei com Emmett me encarando assustado.

– Emmett! - gritei pulando em seu colo feito um macaco aranha. É bom ver alguém que sei que não vai desaparecer em minha frente.

– Isso tudo é saudade? - sorriu, mas ao olhar meu rosto, seu semblante se tornou sério - O que aconteceu? Porque está tão assustada? - perguntou alisando meus cabelos.

Minha respiração estava entrecortada, e não fazia ideia do que dizer a ele. Não havia mais nenhum sinal dos cacos de vidro. Eles haviam desaparecido junto com os corpos. Eu queria compartilhar essa doidera com alguém. Poderia ser com ele. Eu confiava em Emmett.

– Err...eu...eu só não sabia que era você. – falei sem graça tentando disfarçar o baita susto que havia levado antes dele chegar. É, acho que melhor não.

– Eu não sou tão feio assim, ok? - sorriu - Ainda bem que acordou. Ninguém ri das minhas piadas nessa casa. Eu tenho uma ótima para...Senhor Jesus, Bella, seus ouvidos! - bradou se afastando.

– Essa é a piada? - perguntei sem entender - Não teve muita graça.

– Bella, estou falando sério! Seus ouvidos estão sangrando!

Quase que por reflexo passei a mão em minha orelha, e senti um liquido espesso se espalhar por entre meus dedos. Puta Merda. Corri para o banheiro e peguei uma toalha. Meu sangue logo manchou o tecido branco. Foram os gritos, tenho certeza. Se Emm conseguiu ver o sangue, é porque isso tudo aconteceu, mas porque diabos só eu vi as pessoas? Fui jogar a toalha arruinada no lixo e quase soltei um berro ao me olhar no espelho. Era eu ou alguma criação do Tim Burton? Estava branca feito um papel, meu rosto abrigava olheiras profundas e meus cabelos estavam completamente embaraçados. Era mais fácil Emmett se assustar comigo do que eu com ele.

– Bella, está tudo bem ai dentro? - Emm perguntou do lado de fora - Não quero entrar ai e te encontrar fazendo xixi. - explicou aumentando o tom de voz para que eu pudesse escutar.

– Estou bem. - falei. Joguei logo a toalha arruinada no lixo e sai, o encontrando sentado na beirada da cama - Não foi nada sério.

– Sabe, quando se afastou de mim, pensei que também não estava me reconhecendo. - comentou.

– Também? - salientei - Do que está falando?

– Do Edward. – disse como se fosse óbvio - Você não reconheceu ele. Não lembra? Logo depois que seu surto passou.

– Não é possível Emmett. - falei com descrença. Quer dizer, é o Edward! O reconheceria até mesmo em uma fantasia da mulher maravilha - Espera... Você disse surto? - perguntei. Estava quase começando a chorar com o tamanho da confusão que mal conseguia me lembrar.

– Não se lembra de nada , não é? – lamentou.

Neguei. Eu não posso estar ficando louca a ponto de ter distúrbios de personalidade e perda de memória recente. Ou estou? Loucos negariam, não negariam?

– Me conta o que aconteceu. - pedi apressada.

– Antes, acho que tem algo mais importante que precisa saber. - concordei sentando ao seu lado - Não sei como vai reagir a isso, mas o Edward...

– Eu sabia que você estava aqui! – Alice exclamou o interrompendo, entrando no quarto feito um furacão bem vestido – Emmett, o que eu te falei? – perguntou com ar de reprovação. Emmett encolheu os ombros. – Eu sabia que essa iria ser a primeira coisa que faria. – reclamou tamborilando os dedos na cintura.

– Eu só vim ver como ela estava. - tratou de dizer antes que Alice pulasse em seu pescoço - E ela ia descobrir a qualquer momento. Até parece que você nunca viu nas novelas que quando a pessoa demora a falar o que sabe, ela é taxada como culpada depois. E minha filha, não estou querendo isso não.

– Não falei para não contar! Só disse que não agora! - bufou - Ela precisa melhorar, seu cabeça oca! - falou jogando um travesseiro em Emmett.

Não sei se eles repararam, mas ainda estou sentada aqui ouvindo tudo. Alice o dava uma bela de uma bronca com sua voz estridente e Emmett a xingava como se não houvesse amanhã. Porque não basta ver coisas vindas do além, ter o tímpano aos frangalhos e ter passado por coisas de que não se lembra. Sou obrigada a aguentar isso também.

– Posso saber do que estão falando?! – gritei interrompendo a discussão.

– O Edward foi embora! – Emmett esbravejou. Pisquei atônita. Só depois ele pareceu ter percebido que havia gritado comigo e não com Alice – Bella...eu sinto muito. - falou com a voz suave.

– Como assim ele foi embora? – rebati. Isso é alguma pegadinha? – Porque ele iria embora? – perguntei já sentindo um leve desespero se apoderar de mim.

– Emmett, me deixe sozinha com ela. – Alice pediu. Assim que ele passou pela porta, a vi dar um discreto pontapé nele – Está melhor? – perguntou sentando-se ao meu lado, me encarando com compaixão. Era o que eu precisava para saber que ele realmente havia ido. Senti algo trincando dentro de mim, gastando suas últimas forças para que não se despedaçasse por completo. Calma Bella, talvez não seja o que está pensando. Talvez ele não tenha te deixado. Talvez você não tenha sido o motivo.

– Porque ele foi embora? – perguntei tentando manter a calma.

– Eu vou te explicar tudo que quiser, mas primeiro me diga se está se sentindo bem.

Minhas mão coçaram para arrancar a resposta que eu queria a tapa, mas me segurei. Embora quase tenha morrido com um ataque cardíaco, eu até que não estava nada mal.

– Estou ótima. – respondi contra minha vontade – Agora... - a induzi a começar a falar antes que minhas mãos se descontrolassem.

– Eu sei, eu sei. Vou te contar tudo, já que aparentemente não se lembra de nada. – Alice respirou fundo como se estivesse prestes a narrar uma história terrível – Você passou mal há duas semanas atrás. Muito mal. - começou.

– Duas semanas?! – exclamei - Eu apaguei por duas semanas?!

– Não exatamente. - disse maneando a cabeça para os lados - Estávamos todos loucos por aqui. Principalmente o Edward. Nunca o vi tão preocupado. Sua temperatura aumentou de um jeito que ninguém achou ser possível. Estava com praticamente 80 graus de febre. - falou.

– Oitenta?! – bradei sem acreditar no que ouvi. Dava para assar marshmallows em mim!

– E aumentando cada vez mais. - completou - Você ficou assim por seis dias, temperatura aumentando, convulsionando... - podia ver que Alice se sentia desconfortável só de lembrar do que aconteceu. Estremeci internamente. Deve ter sido horrível mesmo.– Edward não saía do seu lado nem por um misero segundo. Tentamos de tudo para ajudar, mas nada funcionava. Mas, de uma hora para outra, você simplesmente parou. Estávamos todos na sala quando aconteceu. Edward desceu transtornado, nunca o havia visto daquela forma. Ele parecia destruído. Perguntei a ele o que tinha acontecido, e...ele disse que... – falou parecendo ponderando continuar ou não.

– O que? – perguntei apreensiva. Alice falava feito matraca, e quando gaguejava, é porque a coisa não era nada boa – Alice, o que ele disse? – repeti.

– Que acabou. – falou com pesar.

Não. Não, repeti internamente me negando a acreditar. Ele não pode ter me deixado. Porque me deixaria? O que eu fiz de errado? Fiquei alguns minutos tentando encontrar alguma desculpa para ele ter feito o que fez, mas não havia. Só significava que ele havia se cansado. Se cansado antes mesmo de começar. Eu estava perdendo mais alguém que era importante. De novo.

– Ele...ele não pode ter feito isso. - gaguejei sentindo um nó em minha garganta - Ele teria me dito alguma coisa. Edward não iria embora sem falar algo, ele não é assim. Sei que não é.

– Bom...tem mais uma coisinha. Edward me disse que foi você quem quis assim. - disse acanhada, já antecipando uma explosão vindo de minha parte.

– O que?! Mas...não é possível! Eu não diria isso! - falei de queixo caído.

– Eu sei que não diria. Não sei o que houve. Tentei convence-lo a ficar, mas ele não me ouviu. Só pediu que o avisássemos sobre seu estado.

– Eu não consigo entender. - falei ainda pasma - Ele vai embora e ainda quer noticias sobre mim?

– Ele só fez isso porque estava de cabeça quente, Bella. Edward nunca conseguiria se afastar por muito tempo. Qualquer um pode ver que vocês são loucos um pelo outro. Edward não desgrudava de você nem mesmo quando chegou aqui nos primeiros dias. E vocês meio que não se davam muito bem naquela época. - riu baixinho.

– Você ao menos sabe para onde ele foi?

– Não faço ideia. - bufou como se ela mesmo estivesse tentando descobrir isso a tempos - Ele nunca me diz onde está. Mas ele liga a cada dez minutos para saber de você.

– Se ele quer tanto saber como estou, porque ele não está aqui? Se ele se preocupa tanto, porque foi embora?

– Sei que parece besteira, mas tenho certeza de que algo aconteceu para ele ir. Devia ter visto o rosto dele, Bella. Ele não conseguia disfarçar o quanto estava magoado. Ninguém consegue fingir isso.

– Tem gente em Hollywood que sabe exatamente como fazer isso com perfeição. - rebati. Alice revirou os olhos.

– Vocês precisam conversar. É sério Bella, nada disso vai se resolver se não conversarem. Vou avisá-lo de que acordou. - disse pegando o celular.

– Você não vai fazer nada disso. Deus, eu não quero vê-lo agora! - falei e as palavras pareceram tão erradas quanto neve no verão.

– Me deixe ajudar. Isso é um baita de um mal entendido, eu tenho certeza. - implorou juntando as mãos.

– Porque isso importa tanto para você?

– Porque eu estou te vendo, Bella. Seus olhos se apagaram assim que ouviu o que aconteceu. Você é minha irmã. Eu amo você, sua pirralha. - ela sorriu - Você sempre cuidou de mim, embora eu fosse a mais velha. Agora é minha vez de cuidar de você.

Abracei minha irmã com força. Eu era imensamente grata por ela estar viva, feliz e aqui comigo. Ter um ombro para chorar, ter alguém que eu sei que só quer meu bem e que sempre vai cuidar de mim, era tudo que eu precisava. O elo que eu e Alice temos, nem as cicatrizes da vida podem quebrar.

– Você não tem noção de como preciso de você nesse momento. - falei engolindo as lágrimas que ameaçavam sair.

– Eu vou sempre estar aqui. Nem tudo é Edward nessa vida sabia? – falou com diversão tentando amenizar o momento. E admito que ela foi muito mal sucedida nisso.

– Parece que não vou ter mais que me preocupar com isso. – sorri sem nenhuma vontade, numa tentativa frustrada de esconder o quanto isso estava me matando – Tem mais alguma coisa que eu deveria saber?

– Bom, Edward também disse que você falou coisas horríveis para ele. Que você estava agindo como alguém totalmente diferente.

– Era reação do surto? - perguntei, e um fio de esperança se agarrou as minhas palavras - Carlisle saberia me explicar?

– Esse...é outro probleminha -falou dando uma risada forçada - Edward estava sozinho quando isso aconteceu. Quando ele se acalmou e nos avisou que havia acordado, Carlisle veio te examinar.

– E? – indaguei.

– E disse que estava perfeitamente normal. Nada de surto ou chances de distúrbio de personalidade.

Analisei os fatos em minha cabeça e tudo só parecia piorar. Edward estava sozinho comigo quando isso aconteceu, ou seja, ninguém mais presenciou o tal surto de personalidade múltipla. Carlisle é um ótimo médico, e confio plenamente nele. Se ele me examinou e concluiu que eu estava perfeitamente bem, só me restava uma opção.

– Ele mentiu.

– Bella, acho que não devia ir por esse lado. – Alice reprovou.

– É a única explicação. Se eu estivesse mesmo tendo um surto, ele esperaria até que eu melhorasse para tirar satisfação. Mas não, ele simplesmente foi. - suspirei cansada - É só uma desculpa, Allie. Talvez...ele só não estivesse com coragem para falar antes.

– Bella, não. Ele só devia estar querendo esfriar a cabeça. Eu tenho certeza de que ele vai te explicar tudo...

– De que outra explicação eu preciso? – perguntei me alterando – Pare de ficar do lado dele! Ele disse que acabou e foi embora. O pontapé na bunda ficou claro como água.

Alice estava pronta para discordar, mas foi impedida pelo celular. Ela rapidamente o pegou, e não pareceu muito contente ao ver quem era.

– O que você quer? – perguntou ríspida. Ual, vi Alice assim poucas vezes na vida. Deve ser a operadora do celular. – Eu já falei que nunca mais queria ouvir sua voz, sua vadia! - Alice se calou, e conforme ouvia as palavras do outro lado da linha, ficava cada vez mais irada - Eu..Eu não acredito nisso. Maria, me diga o que ele está fazendo ai! - Alice bufou - Eu estou ouvindo a voz dele, não me trate como idiota! Passe o celular. - ordenou - Passe o celular para ele! Agora! – rosnou.

– Alice, quem é? – perguntei, mas ela mal prestou atenção em mim, continuava aguardando. Só faltava espumar pela boca. - Tudo bem, eu espero. - falei para as paredes.

– Eu não acredito que foi atrás dela! Que diabos está fazendo ai?! – esbravejou quando a pessoa no outro lado da linha atendeu - Ficar calma?! Eu não vou ficar calma! Essa mulher é uma piranha! Eu...Não me venha com essa Edward! – ralhou furiosa. Arregalei os olhos no mesmo instante. "Eu não acredito que foi atrás dela", "Mulher piranha" e "Edward" na mesma frase. Então ele não desistiu, ele me trocou.

O aperto no peito foi levemente mascarado pela fúria. Mas como eu poderia adivinhar? Edward não faz o tipo galinha pegador. Pelo jeito ele conseguiu me enganar direitinho. Minha vida era tão mais fácil antes daquele bastardo ter me mostrado aquele sorriso torto...

– Ahh...Você quer saber da Bella? – Alice repetiu a pergunta dele, me dando um baita cutucão no braço. " O que eu digo?" perguntou movendo os lábios. Só balancei a cabeça – Ela...ela ainda está dormindo. Não...Não, eu ainda não verifiquei a temperatura. Edward...Edward, pelo amor de Deus, eu sei como cuidar dela. E só uma coisinha, se estivesse realmente preocupado, estaria aqui! – gritou desligando o celular.

Essa é minha irmã!

Eu teria usado palavras mais agressivas, mas isso também serviu. E também sei que depois de mim e Jasper, Edward é seu favorito. Eu mesma o teria xingado, mas vou guardar a raiva para quando esse idiota voltar. Sem contar que mal conseguiria pronunciar uma palavra se ouvisse sua voz. Como ele conseguiu ser tão baixo? Eu não entendo. Ele pareceu tão feliz quando disse que queria tentar. Maldito. Eu aqui passando mal e ele enfiando a língua dentro da boca de uma vadia. Eu vou cortá-lo em pedacinhos.

– Eu odeio tanto aquela piriguete. – Alice bufou cruzando os braços -Parece que ela nunca está satisfeita em engraçar suas asas de galinha para um Cullen só.

– Me deixe adivinhar, ela já tentou algo com Jasper. - afirmei.

– Não – tentou disfarçar fazendo bico.

– Um fato que ambas sabemos é que nenhuma Swan consegue mentir.

– Aquela piranha já tentou roubar meu loiro, ok? Jasper nem deu bola. – sorriu - Foi aí que ela começou a mudar de presa.

– Ela é bonita? - perguntei como quem não quer nada. Cruzei os dedos mentalmente para que ela fosse uma baranga escrota. Quem sabe com alguns dentes faltando.

– Ai Bella, nem comece com isso. Você é linda! Maria nunca chegaria aos seus pés. Não é a toa que Edward baba por você e não por ela.

– Pelo jeito isso mudou. - falei começando a ficar emburrada. Esse ciúme está me dando vontade de pegar Edward pelo pescoço, enfiar uma coleira nele e amarrá-la nos pés da minha cama.

– Edward é doido por você. Disso eu tenho certeza. Confie em mim quando eu digo que você precisa conversar com ele. Faz isso por mim, vai. - implorou com um bico.

– Não hoje, não agora. Eu acabei de acordar, descobri que tive um surto...Eu preciso relaxar um pouco.

O rosto de Alice se iluminou e tive a sensação de que ela me teletransportaria para o mundo das compras. Rezei mentalmente para que eu estivesse errada.

– Vamos fazer algo simples, tipo... - Alice estalou os dedos como se a resposta fosse sair da ponta deles – Assistir TV? - sugeriu.

– TV está ótimo.

– Então vamos lá. Eu deixo você escolher o canal. Mas só dessa vez. - brincou.

Descemos as escadas e encontrei o resto dos Cullens reunidos ao redor da mesa da sala. Pareciam intrigados com algo.

– Gente, olha quem acordou! – Alice cantarolou saltitando os últimos degraus da escada. Todos os olharam para mim.

– Bella! Estava tão preocupada com você, querida. – Esme disse com seu modo gentil de ser, me envolvendo em um abraço. - Como está? - perguntou. E tive a leve impressão de que ela não se referia ao surto, e sim a seu filho traidor.

– Não precisava se preocupar Esme. Eu vou dar um jeito. - assegurei – O que estão fazendo? – perguntei sentando ao lado de Rose, que me deu um empurrãozinho amigável. Eu precisava me distrair com algo.

Emmett me estendeu um envelope antigo, com várias manchas ao redor do papel que já não se encontrava mais branco. Possuía uma caligrafia detalhada escrita com uma tinta azul brilhante. Li e reli o remetente e o destinatário várias vezes, mas mesmo assim não entendi o porquê de todos estarem encarando o papel com um certo misto de medo e frustração.

– Não conhecem este tal de Sam Ulley?

– Conhecíamos. - Carlsile falou - Porque a pergunta, Bella?

– Bom, o nome dele está aqui no envelope. - falei confusa. Não é possível que eles estavam encarando o papel esse tempo todo e não tenham lido o nome do homem - Quando receberam esta carta?

– Há dois dias. Sam faleceu, Bella. - murmurou com pesar - Recebemos essa carta no dia do funeral.

– Eu sinto muito. Como ele morreu? - perguntei casualmente e houve uma nada discreta troca de olhares. Todos pareceriam apreensivos em me dar a resposta. No momento eu soube o que realmente tinha acontecido. - Deixe eu perguntar de outra maneira. Quem o matou? - tornei a falar.

– Ela precisa mesmo saber? - Alice perguntou apertando nervosamente as mãos.

– Ela está envolvida. Lembra da novela mexicana? É melhor contar logo. - Emmett falou.

Olhei espantada para Emm, e dessa vez ele não estava com um pingo de brincadeira. O nome do falecido não me era estranho.

– Eu estou envolvida? Eu nem conhecia esse homem. Quem... - e de um segundo para o outro eu lembrei quem ele era. Sam, o homem que iria me falar alguma coisa sobre a transformação - Quando ele morreu?

– No dia da festa. - Alice falou.

Os pontos se ligaram sozinhos. Imediatamente me veio um nome a cabeça. Jacob. Ele me dopou e com toda certeza deve ter cuidado de Sam também. Espero que ele esteja ardendo no fogo do inferno neste momento.

– Já faz semanas! Porque estou sabendo disso só agora?! - perguntei irritada.

–Não nos culpe querida. Não sabíamos disso até ontem. Edward nos contou. - Esme disse com aquele jeitinho, que fez com que me sentisse culpada só por ter pensado em alterar a voz. Talvez se ela não fosse tão gentil assim, Edward teria levado umas boas palmadas e aprendido a se comportar.

Ele deveria saber de algo muito importante para ter sido morto, ainda mais em um lugar repleto de pessoas e jornalistas. O que quer que ele fosse me dizer, mudaria alguma coisa. Edward merece um soco bem no meio da cara por querer me proteger de tudo e lidar com isso sozinho. Tenho certeza de que ele sabe bem mais do que contou para seus pais e irmãos. O que faz com que eu me pergunte: Quantas coisas a mais ele vem escondendo de mim?

– Não importa quem o matou, já foi. Não da para mudar. Nosso problema é essa carta - Rose disse tomando posição - Nós fomos ao funeral do Sam. Estávamos quase saindo quando uma mulher nos entregou esse papel. Disse que era importante e que o conteúdo iria nos ajudar em uma busca.

– Mas acho que era pegadinha, já que a velha gagá nos deu só um envelope em branco que nem ao menos conseguimos abrir. – Emmet disse extremamente frustrado. Espera...papel em branco? Vampiros que não conseguem rasgar um pedaço de papel velho? Mas que merda é essa?

– Como assim em branco? – perguntei. Pisquei os olhos e olhei novamente para o envelope. Sim, a caligrafia ainda estava ali. Não estou ficando louca. Embora todos me encarassem como se eu estivesse – Da para pararem de me olhar assim?

– Bella, não tem nada ai. – Rose afirmou – Não tem nada escrito nesse papel.

Ahhhh, mais que puta que pariu! Essa brincadeira de "A Bella está vendo coisas" já me cansou.

– Mas é claro que tem! Olha aqui! - estendi o papel apontando para as linhas - O destinatário, o remetente, os endereços...Está tudo aqui. - repeti chacoalhando a carta.

– Bella, talvez seja melhor eu te examinar de novo. - Carlisle disse como se estivesse falando com um animal selvagem encurralado.

– Não, não vai me examinar coisa nenhuma! Eu estou bem! - gritei me afastando.

Todos pareceram chocados com minha explosão, mas desde que acordei, tudo tem sido um pesadelo bizarro. Vejo gente que mais ninguém vê, cartas que mais ninguém consegue ler e a pessoa que eu jurava que estaria ao meu lado, decidiu ir embora.

– Porque....porque não vão caçar agora? Já estavam planejando ir mesmo. - Alice disse.

– Não quero ir agora. - Emmett resmungou fazendo birra. Rose revirou os olhos.

– É serio, vai caçar. - Allie voltou a pontuar com mais firmeza, demonstrando que aquilo não era um pedido, e sim uma ordem - Não me faça te colocar para fora.

Eu estava afim de me colocar para fora. Todos saíram, e logo tratei de me jogar no sofá e ligar a tv. Queria apenas alguma distração boba que me desconectasse dessa bagunça por um tempinho, então deixei no primeiro canal que apareceu. Alice veio se sentar ao meu lado.

– Tem certeza de que está bem? - perguntou enlaçando meu ombro.

– Tenho, Allie. Vai querer me examinar? - resmunguei.

– Isso tudo é TPM, Isabella? Porque o negócio está sério! - cruzou os braços.

– Antes estar ficando louca do que ter cólicas. - fingi estremecer.

– Você é insuportável, sabia? - brincou.

– A é? E quem é que estava " Ah Bella, eu sinto sua falta maninha. Eu te amo tanto..." - falei a imitando de forma exagerada.

– Eu te odeio. - disse sorrindo docemente, jogando uma almofada em mim.

– É reciproco. - falei devolvendo a almofadada, o que foi o suficiente para iniciar a Terceira Guerra Mundial, Edição: estofados da Esme.

Todas as almofadas estavam voando pela sala. Além do baque nos móveis, a única coisa que se ouvia eram nossas gargalhadas. Como somos crianças.

– Ok Alice, chega! - falei desviando por sorte de uma almofada que passou zunindo em meu ouvido - Você é uma vampira, sua besta! Uma almofadada dessa e eu parto ao meio!

– Desculpa. - disse ajeitando a roupa e os cabelos - Esme vai ficar louca se chegar e encontrar a sala nesse estado. - riu ajeitando a bagunça. Tinham tantas almofadas espalhadas pelo chão que até parecia um cômodo marroquino.

– Pelo menos não quebramos nada. - comentei enquanto a ajudava a recolhê-las.

Me joguei novamente no sofá. As vezes me esqueço de que essa não é minha casa de verdade e que nem deveria estar me acomodando por aqui. Carlisle não era dono de uma pensão. Talvez eu devesse encontrar um lugar para mim. Vaguei em ideias e possibilidades, deitada no colo de Alice. Ela logo começou a alisar meus cabelos.

– Como antigamente. - sorriu.

O sorriso em meu rosto foi instantâneo. Antigamente. A palavra soava fácil e reconfortante. Era como ter aquela calorosa sensação de "Lar, doce lar.". E o que eu mais gostava era de ver como o meu pedaço feliz de antigamente continha os encaixes perfeitos das formas irregulares de meu presente e futuro. Mesmo não tendo a menor ideia do que o destino me reservara daqui para frente, tinha a mais completa convicção de que Alice estaria lá.

Comecei a zapear pelos canais, até que decidi por um jornal. Faz tanto tempo que não assisto televisão que não faço ideia do que possa estar ocorrendo lá fora. Logo uma matéria sobre espécies em extinção foi substituída por uma noticia de ultima hora. " Acidente mata dez pessoas em Londres".

– Desde as três horas da tarde de hoje, os cidadãos de Londres vem acompanhando momentos de desespero e tensão em um dos pontos turísticos da cidade. A Roda Gigante, atração mundialmente famosa, hoje, se transformou em cenário de tragédia. Um dos compartimentos que abrigam os passageiros obteve falha na manutenção e se soltou da estrutura. O vagão continha cerca de dez pessoas, incluindo crianças. A policia foi acionada, e por mais empenhados que estivessem em salvar as vitimas, o esforço não foi o suficiente. Infelizmente, todos acabaram mortos por afogamento. - a repórter relatou do local.

Londres estava a personificação do caos. É incrível como um simples erro pode causar uma imensa catástrofe. Logo após exibirem depoimentos de alguns parentes das vítimas, a imagem voltou para os apresentadores no estúdio.

– Lamentamos pela perda. - o jornalista disse de forma calculista. Aposto que alguém precisou escrever isso no telão com as falas para que se lembrasse. - Agora seguem as fotos das vitimas. Se reconhecerem alguém, contatem imediatamente a policia londrina.

Quando as fotos surgiram na tela, não consegui conter o grito de espanto.

– Puta que pariu! - ofeguei levando as mãos a boca num gesto involuntário.

Eu conhecia as vitimas. Conhecia todas elas. Elas estavam no quarto do Carlisle quando acordei. Eu estava tremendo, domada completamente pelo choque. A cena de horror no quarto me voltou a mente. As roupas encharcadas, os gritos se tornando abafados, a água que escorria de suas bocas... Eles estavam se afogando bem na minha frente. Eu estava vendo cada segundo em tempo real. Meu Deus, eles estavam tentando pedir ajuda. Já deveriam saber qual destino os esperava. Mas o que eu poderia ter feito? Porque vieram até mim? Não é como se eu pudesse ter mudado o rumo disso tudo.

– Bella, o que foi? - Alice perguntou cheia de preocupação.

Eu não iria contar. Talvez eu devesse, mas ela não acreditaria em mim. É obvio que não. Nem eu estou querendo acreditar. Se eu dissesse que vi a morte dessas pessoas, iriam me internar ou mandar me benzer.

– Bella, fala alguma coisa! O que aconteceu? - perguntou apavorada. Mas sua voz soou longe, como se meu susto tivesse me tele transportado para outra camada da mesma realidade.

– Na...nada. - forcei minha voz a sair - É que...e-eu..eu conhecia esse homem. - apontei para a decima foto que surgiu na tela.

– É mesmo? - perguntou desconfiada - Qual era o nome dele?

– Ahm...William. - inventei.

– É Joseph. - declarou.

– Tudo igual Alice, tudo igual. - falei abanando as mãos - Deus, eu preciso de água.

Corri até a cozinha e enchi um copo com água gelada, o virando como se fosse alguma dose de tequila. Minhas mãos não paravam de tremer, e faltava pouco para meus joelhos cederem. Alice estava logo atrás de mim, e parecia estar se preparando para me agarrar se eu caísse, ficando em alerta.

– Bella, se você não me disser o que está errado, vou começar a gritar.

Guardei o copo e apoiei minhas mãos na pia. Preciso me acalmar e tem que ser agora. Inspirei e expirei fundo cinco vezes seguidas. E quer saber? Não adiantou merda nenhuma.

– Eu vou abrir aquela maldita carta. - falei decidida, marchando até a sala.

Por mais que eu queira, acho que não vou poder fingir que toda essa birosca não está acontecendo. Peguei o envelope de Sam e o abri, rasgando ambos o topo com cuidado.

– Como conseguiu abrir?! - Alice perguntou espantada.

A ignorei e me concentrei no conteúdo. Quem sabe eu não encontre algo que pelo menos me direcione a algum ponto. Além da carta, havia também um recibo.

– É de um hotel em Cancun. - estendi o papel a Alice.

– Bom, isso eu estou vendo, mas o resto continua em branco.

– Já é um começo.

Abri o papel dobrado com extremo cuidado. A caligrafia era detalhada e algumas letras borradas demonstravam que foi escrita com pressa. A carta dizia:

Se estiver lendo isto, estou morto. Nunca fui um simples homem, e não vivi somente cinco décadas. Vago pela terra a milhares de anos, tentando alertar aqueles de sua linhagem, para que sigam a escolha do bem.

Sei o que deve estar procurando nesta carta. O que realmente é e o que será. Sinto lhe informar, mas não encontrará isso aqui. Cada ser tem sua missão e sua transformação. Somente seu criador obtém as respostas que procura, e lhe aconselho a não procurá-lo.

Além de estar no mundo para auxiliá-la, também estou para lhe ajudar a encontrar um objeto, que se encontra em um lugar que somente você pode encontrar, assim como só você pode ler estas palavras. Com ele, poderá manter os guardiões afastados por tempo indeterminado. É a única opção que você possui para impedir a continuação de sua transformação. Tudo que precisa, está neste envelope.

Boa sorte, Bella.

As afirmações eras estranhas. Sam não era humano, assim como eu. E duvido muito que algum dos Cullens saiba disso. E, aparentemente, não sou a única passando por toda essa loucura de transformação, já que ele vem auxiliando a anos as pessoas de minha linhagem. Reli a carta várias vezes e me dei conta de cinco coisas simples. Primeira: O que quer que esteja acontecendo comigo, não há como parar, só pausar. Aceite e ponto final. Segunda: Esse objeto é minha salvação. Terceiro: Que porra são esses guardiões? Quarto: Puta que pariu! Quinto: Preciso viajar para Cancun.

– Bella, fala alguma coisa. Faz quase meia hora que está encarando esse papel. - Alice falou tirando-me de meus devaneios.

– Eu preciso fazer uma viagem. Sam quer que eu ache algo. Pode me ajudar a parar a transformação. Tem a ver com alguma coisa de guardiões. - falei confusa. Não tinha a mínima ideia de quem eram esses.

– Guardiões? Tipo os guardas do shopping?

– É Alice, porque guardas do shopping vivem querendo me transformar em mutante. - ironizei.

– Não precisa ser ignorante, ok? E além do mais, nada do que você vem dizendo, faz sentido. Acho que deveria deixar o Carlisle te examinar. Esse papel ainda continua branco. - apontou para a carta.

– Alice, eu estou quase te dando uma bifa. Está aqui! - chacoalhei o papel em seu rosto, como se esfregar a folha em sua retina a fosse ajudar a ver algo.

– Tem algo muito errado com você. Algo aconteceu naquele dia. Jasper anda agitado a semanas. Sei que ele está escondendo algo.

Deve ter sido a pior semana que Jasper já teve na vida. Quando Alice estava normal, já era irritante, mas quando ficava curiosa, chega a ser insuportável. É claro que ele estaria agitado. Estava frente a frente com o desgraçado que te torturou e ainda teve que engolir as provocações.

– Deixe o Jasper em paz. - falei de modo cortês.

– Ual, você defendendo o Jasper? - falou surpresa - Sua situação é pior do que imaginei. Eu vou pegar o remédio que Carlisle vem te dando. Talvez ajude.

– Alice. Olha. Pro. Papel. - grunhi. Eu queria tanto que ela visse. Tanto.

– Bella, chega. Quase pirou por ver na TV um homem que nem conhecia, está vendo coisas onde não existe...Vou buscar o remédio. - falou dando meia volta.

– Olha pro papel, Alice! - gritei a puxando pela mão.

Assim que nossas mãos se encontraram, uma luz brilhante surgiu entre a junção de nossas palmas. Naquele mesmo tom estranho de azul. Não sabia se gritava de horror ou se ofegava com a beleza da cor que irradiava de nossas mãos. Alice estava tão pasma quanto eu. Sentia algo pulsando entre nossas palmas, como se estivéssemos tentando aproximar imãs opostos. A energia vibrava. Era forte, poderosa, ancestral. Me sentia bem a usando, me sentia inteira.

– Bella...o que é isso? - Alice sussurrou como se não quisesse que a luz nos ouvisse e se tornasse irritadiça.

Quando olhei minha irmã mais de perto, quase tive um enfarto do miocárdio catastrófico. Os olhos de Alice também estavam azuis. Gritei mentalmente. Se eu me descabelasse, ela sem duvidas faria o mesmo.

– Alice, sem querer te assustar mas...Seus olhos não estão dourados. - balbuciei. Esperei o ataque de pelanca, mas Alice estava com os olhos esbugalhados, encarando algo atrás de mim.

Senti um arrepio monstruoso escalar minha coluna, só ao tentar imaginar o que podia ser. E minha imaginação voou, imensamente alto. Um Alien talvez? Dinossauro? Contei até três e virei. Soltei um suspiro de alivio.

– Calma Allie, é só a mamãe. - sorri e só depois me toquei sobre o que realmente estava acontecendo.

Puta merda, é a mamãe.

– Você...mas...ma-mas...O que?! - Alice gaguejou em um grito estridente - Como assim é só a mamãe?! É...É...É a mamãe! Bella, eu não sei se é possível, mas eu acho que vou vomitar. - falou enchendo as bochechas de ar.

– Olha o respeito menina! - mamãe a repreendeu balançando o indicador em sua direção.

Alice abriu a boca em um perfeito "O". Ela olhava de mim para a mamãe, repetidas vezes. Ela merece um desconto, porque lembro muito bem de como eu fiquei na primeira vez que minha mãe apareceu. Esperei Alice se mexer, gritar, correr, fazer fitness, mas ela parecia uma estátua de gesso.

– Mãe, acha que pode...ahm...ir dar uma volta? - pedi sem saber o que falar ao certo nessa situação estranha.

– Bella, o que aconteceu com você? - mamãe perguntou preocupada - Sua irmã está me vendo, e ela não deveria ter a capacidade de fazer isso. Sua transformação avançou. - concluiu. Quanto mais ela se aproximava de mim, mais Alice emitia um gritinho agudo incessável. - Alice, acalme-se! - mamãe mandou tentando manter a voz o mais suave possível.

– Mãe, acho que Alice pifou. - falei.

– Algo mudou dentro de você, filha. - mamãe falou revelando um semblante tristonho e preocupado - E não mudou para melhor. Tome cuidado, querida. Por favor. E lembre-se do que eu te falei. Escute seu coração, e não a razão. Ele cuida de você. Não devem se separar.

– É difícil ouvir algo que está trincado. - disse. E logo me veio uma vontade enorme de chorar e me jogar nos braços de minha mãe - Porque ele foi embora mãe? O que eu fiz de errado?

– Ahh querida, não fique assim. - disse acariciando meus cabelos - Acha mesmo que ele te deixou? Tenho certeza de que meu genro tem um motivo para estar fora por todos esses dias.

Me irritava o modo como ela ficava feliz quando falava de Edward.

– Pare de chamá-lo assim. - resmunguei - Você e Esme se dariam muito bem.

– Converse com ele, Bella. É tudo que eu lhe peço. Deixe de ser orgulhosa.

– Não prometo nada.

Mamãe revirou os olhos e desapareceu, não sem antes me dar um beijo na testa. Olhei para Alice e a mesma estava com o rosto enfiado em uma almofada, conversando sozinha num tom histérico. Por um lado fiquei com pena, porque lembro da primeira vez que vi minha mãe, e eu pirei completamente. Mas por outro lado, um lado bem obscuro e irônico, fiquei morrendo de vontade de gritar " HÁ! Quem é a louca agora?".

– Alice - chamei afagando seu ombro - Já acabou.

Soltei nossas mãos e a luminosidade se foi. Senti uma leve onda de cansaço percorrer meus membros e minha visão falhar momentaneamente, mas logo me fortaleci.

– Se eu olhar e ver algo do além, vai se ver comigo Isabella! - ameaçou. Dei uma olhada ao redor para conferir.

– Não tem mais nada aqui. - garanti.

Alice espiou por entre os fios de cabelo e conferiu o local. Aos poucos foi se levantando e tentando se recompor. Ela ficou em silêncio por um bom tempo, como se estivesse imersa em sua própria discussão pessoal.

– Eu...Isso aconteceu mesmo? - perguntou ainda pasma.

– Aconteceu. - concordei.

– Então...tudo o que você diz estar vendo...Bella, desde quando vê essas coisas? Desde quando vê a mamãe? - perguntou como se de repente eu fosse a culpada por não ter falado nada.

– Faz pouco tempo que ela apareceu para mim da primeira vez. Você não acreditaria se eu te contasse. Como não acreditou antes de isso tudo acontecer. - falei ressentida.

– Mamãe está aqui. - falou a si mesma, rindo bestificada - Não acredito que a mamãe está aqui.

– Ela está. Sempre esteve. Sua alma sempre continuou guiando a gente.

– Ela ainda cuida de nós. - sorriu fraco - Eu sinto tanta falta dela. Tanta falta.

– É estranho, não é? - suspirei - Nos assustamos quando a vemos, mas quando ela parte, fica aquela mesma sensação de vazio. Queria tanto que ela estivesse aqui para me ajudar.

– Eu estou. - falou convicta, segurando minhas mãos. Dessa vez a luz não retornou. Talvez porque eu não quisesse que retornasse - Vamos passar por isso juntas. - garantiu.

Não poderia ser mais grata por ter Alice ao meu lado. Não sei se seria forte o suficiente por mim mesma. Eu queria tanto minha família de volta. Queria tudo de volta. Minha mãe, meu pai... Edward. Eu também queria Edward de volta. Uma vontade arrebatadora de me debulhar em lágrimas se abateu contra mim. Eu só queria poder eternizar ao meu lado, de corpo e alma, todos aqueles que eu amo. Nada mais.

– Obrigado por continuar firme ao meu lado depois de tudo que passamos. - agradeci.

– Nunca faria de outra forma. - sorriu - O que pretende fazer agora? - perguntou.

– Agora preciso me preparar. - falei tomando uma decisão. Não vou mais esperar. Não tenho tempo a perder.

– Preparar para que?

– Minha busca. - respondi saltando do sofá.

– Ainda acho que não deveria. Pelo menos não sozinha. Quem sabe o Edward não... - tentou sugerir, mas mal a deixei terminar.

– Esqueça ele Alice. Eu vou sozinha.

– Então me deixe ir com você.

A ideia não me parecia ruim. Na verdade, era ótima. Mas não queria que Jasper ficasse sozinho, ainda mais depois do que ele teve que aguentar. Sei que ele não impediria Alice de viajar comigo, mas ele ficaria péssimo e terrivelmente preocupado. Sei que Jacob já morreu, mas já vi várias pessoas direcionando sua raiva a outros alvos. E se Jasper se descontrolasse...Sabe lá o que pode acontecer.

– Porque não viaja com o Jasper? - sugeri - Tirem um tempo para vocês dois.

– Jass e eu estamos juntos a tempos. Isso é diferente. Você precisa de mim.

– Eu não pediria se não fosse necessário. Não ia ser nada ruim ter você comigo em uma viajem. Mas, acredite em mim quando digo que ele precisa de você.

– Bella, você está me assustando. O que aconteceu com Jasper?

– Nada de que precise saber ou se preocupar. Nós só conversamos. Agarre seu namorado e vai curtir a vida. - falei colocando grande animação em minha voz. Se Jasper quiser que ela saiba o que realmente aconteceu, a decisão é dele. Eu não vou contar. - Todo mundo precisa de uma pausa. - falei.

– Ele te disse isso, não disse? Jasper é incrível para mim. Sempre me ajuda com tudo e faz tudo que esteja ao seu alcance por mim. Se é isso que ele precisa, eu faço. Vai ser bom passarmos um tempo relaxando. - Alice fez uma pausa e voltou a falar - Mas você precisa de minha ajuda também.

– Alice, está tudo bem. Eu me viro.

– Edward vai me matar. - sussurrou para si mesma - Bella, é perigoso.

– Não importa. De um jeito ou de outro, vou atrás do que diz nessa carta. O homem morreu para tentar me dizer isso. É o mínimo que posso fazer.

– Me deixe pelo menos avisá-lo de que esta indo viajar.

– Nem pense nisso. Edward não precisa saber de nada.

Alice soltou um longo suspiro.

– O que vai fazer agora?

– Vou arrumar minhas malas. Estou indo para Cancun.

0

Tudo já estava encaminhado para a viagem. Liguei para a companhia aérea e reservei uma passagem para a mesma noite. Infelizmente teria que usar minhas economias de caçadora. Carlisle se ofereceu para pagar a viagem, mas não aceitaria de forma alguma. Já estou sendo folgada o suficiente por ter me instalado aqui. As malas já estavam prontas, e Alice estava cuidando de minha hospedagem. O recibo daquele hotel não estava no envelope a toa, então pedi que minha reserva fosse idêntica. Meu voo era somente as 23:00 horas, e como ainda era bem cedo, fiquei de bobeira na sala, brincando com Lily. Ela e Victoria ficaram na campina durante meu surto. Deus me livre que ela tivesse me visto daquele jeito.

– Vou preparar o jantar para vocês. - Esme falou se levantando. Eu simplesmente amava a comida dela, mas hoje ela não precisava se incomodar.

– Não precisam se preocupar, Esme. - falei a fazendo se sentar novamente - Vou sair e comprar algo. Gosta de comida mexicana Lily? - perguntei. Lily veio dançando salsa do outro extremo da sala até mim. Eu adoro essa garotinha.

– Amo muchacha! Aliba! - festejou bailando pela sala. Não consegui segurar a risada. Ela sabe como alegrar o ambiente.

– Victória?

– Eu também aceito, obrigada. Quer que eu te acompanhe?

– Não precisa. Volto num segundo.

Peguei as chaves e fui até a garagem. Estava quase entrando no carro quando Esme apareceu feito um raio ao meu lado.

– Deus! - exclamei levando as mãos ao peito - Esme...Você me assustou.

– Me desculpe. - sorriu envergonhada - Não era minha intenção. - Só queria lhe fazer um pedido.

– Claro Esme, qualquer coisa. - falei de prontidão.

– Escute o que meu filho tem a dizer. Pelo menos o avise de que está acordada. Ele estava tão preocupado... - pediu segurando minhas mãos. Alice deve ter comentado algo com ela.

– Esme...Eu não quero ouvi-lo. - expliquei exasperada. Não é tão fácil quanto parece.

– Ele te ama tanto querida. Ele pode não ter te dito ainda, mas eu sei que ama. Eu o conheço.

– Ele foi embora. - falei rapidamente. Foi a única coisa que consegui dizer sem derramar alguma lágrima. Estou virando um estúpido bebê chorão.

– Então faça com que ele volte. Eu sei que você também o quer aqui. Seus olhos se iluminam quando ouve o nome dele. - comentou sorridente. Isso não é felicidade Esme, são lágrimas.

Se eu achava que Alice conseguia me convencer facilmente com seus olhos pidões, é porque nunca havia falado com Esme.

– Eu...eu ligo quando voltar do restaurante. - falei. Esme me abraçou com alegria.

– Obrigado, querida. Alias, tem um ótimo restaurante na Rua O´connel. Porque não vai até lá? - sugeriu.

– Ainda bem que me disse, nem sabia para onde estava indo.

– Ótimo! - exclamou sorrindo. Olhei desconfiada para Esme e ela tentou disfarçar o sorriso sapeca. Ela está tramando algo. - Até logo.

Como nos velhos tempos. Só eu e meu carro. O restaurante ficava no centro da cidade. E de longe dava para ver que era um dos mais populares. Entrei no restaurante, sendo anunciada por um sino acima da porta. O lugar tinha um clima legal, meio mexicano misturado com blues da cidade. Como não pretendia demorar muito tempo, peguei o cardápio e pedi um combo infantil para a Lily e alguns tacos para mim e Victoria. Enquanto meu pedido não ficava pronto, aproveitei e fui ao banheiro. Não tinha nada para fazer mesmo.

Já estava entediada esperando meu pedido. O restaurante não estava tão cheio assim para demorarem mais de 15 minutos. Ainda bem que a musica estava alta, se não o ronco do meu estômago seria a nova musica ambiente. Estava distraída olhando ao redor quando o vi de relance. No canto mais reservado do restaurante. Meu sangue ferveu quando vi que ele não estava sozinho. Edward estava acompanhado de uma moça muito bonita. Possuía um rosto bem latino e seu vestido vermelho fazia com que parecesse que todos no resto do restaurante estavam usando pijamas. É óbvio que era ela. A bendita Maria. Eles pareciam estar se divertindo muito. Edward sorria docemente para ela o tempo todo. Desejei que um carro caísse cem vezes sobre eles. As mãos dela mal conseguiam se manter longe. Seus dedos de cobra deslizavam pelas mãos dele, e Edward mal parecia se importar. Na verdade, ele parecia estar gostando.

– Eu não acredito nisso... - sussurrei. Minha voz saiu fraca, mas assim que emiti as palavras, Edward levantou o rosto.

Droga, ele me ouviu. Talvez se eu ficar quieta e na encolha, ele não me veja.

– Pedido da senhorita Isabella Swan! - gritou a atendente.

Puta Merda! Dessa vez os olhos dele percorreram todo o lugar com ansiedade, e logo pararam em mim. Ele me olhava com um misto de espanto e alegria. Edward parecia indeciso entre vir até mim e continuar na mesa. Quando Maria envolveu as mãos dele, Edward lhe lançou um sorriso tão singelo e amoroso, que senti a facada me perfurando ainda mais fundo, e tive certeza de que eu era a intrusa ali. Senti as lágrimas vindo descontroladas. Eu não queria que ele me visse chorando, e muito menos a puta da Maria. E Alice mentiu descaradamente para mim. Maria é extremamente linda. Sem perder tempo, corri até o caixa.

– Muito obrigado, volte sempre. - a atendente disse feito um robô.

Peguei o pacote e me apressei a sair. Estava focada em chegar ao meu carro, até que senti os braços dele ao meu redor, me impedindo de continuar. Pela primeira vez, quis que ele ficasse longe de mim. Evitei olhar em seu rosto.

– Bella. - sussurrou como se ao pronunciar meu nome, uma felicidade absurda o tivesse atingido - Você acordou.

– Bem perceptivo. - falei seca tentando me desvencilhar de seus braços. Ao contrario do que eu pensava que ele faria, suas mãos se tornaram mais firmes em minhas costas.

– Porque você saiu correndo? - perguntou levantando meu queixo, me obrigando a fita-lo - Você...você está triste. - falou arregalando os olhos. Porque ele está tão surpreso? Ele queria que eu visse a Maria e distribuísse flores e chocolate para os dois?

Ele parecia estar bem melhor sem mim. Parecia feliz a mesa, mas olhando mais de perto, tenho a impressão de que algo morreu dentro dele. Seus olhos estão escuros e sem vida. Quase me deixei levar pelo que estava vendo, mas logo a razão voltou a reinar dentro de mim. Não consegui mais segurar a droga das lágrimas. Elas rolaram por meu rosto, silenciosas.

– Porque não volta para a merda do seu encontro e me deixa em paz? - sussurrei sufocando um soluço. Controle-se!

Edward parecia completamente perdido e confuso, como se minha reação fosse algo que ele nunca imaginasse. Ele me abraçou forte, acariciando meus cabelos.

– Você se importa. Você ainda se importa... - sussurrou.

Edward segurou meu rosto e beijou as lagrimas que se prenderam em minha bochecha. Logo depois, ele sorriu, como se estivesse contente em me ver chorando. Que merda ele tem na cabeça?!

– Qual é seu problema?! - perguntei furiosa - Você faz tudo isso e ainda ri?! Eu devia encher sua cara de porrada seu idiota bastardo! - bradei socando seu peito - Eu vou te matar seu...

Edward agarrou minhas mãos num movimento rápido e as prendeu atrás de minhas costas, me calando rapidamente com seus lábios. Mal tive tempo de reagir. Meu corpo traiçoeiro não obedecia minha mente. Ele me abraçava tão forte que mal conseguia respirar. Tentei me manter parada, mas ele sabia como atiçar meus sentidos. Logo intensificava o beijo, afagando minhas costas, e minha boca ganhava vida própria. Minha mão livre já estava quase se infiltrando em seus cabelos quando me dei conta de que não devia ter permitido que ele ao menos me abraçasse.

– Me solta. - ofeguei em seus lábios - Eu preciso ir e você precisa voltar lá para dentro. Me solta. - pedi já me sentindo balançada pelo beijo.

– Maria pode esperar. - falou. Béééé! Resposta errada. A resposta exata seria " Vamos deixar essa lacraia latina sozinha e vamos para a casa."

– E porque deixar a oferecida da sua acompanhante te esperando? - perguntei sorrindo docemente - Ela deve estar ansiosa para continuar as caricias na mesa.

– Então é isso que está pensando? Eu nunca trairia você. Por Deus Bella, eu não tenho nada com Maria. - falou injuriado.

– Você some por uma semana, me deixa sozinha e ainda diz a Alice que eu te mandei embora. Depois eu acordo e descubro que você estava com ela durante todos esses dias. - falei gesticulando para dentro do restaurante - Que merda acha que eu vou pensar disso?!

– Eu só fui embora, porque você me dispensou. - falou controlando a voz, me segurando pelos ombros - Nunca tive nada com a Maria. Está sendo precipitada como sempre!

– Precipitada? Eu? Você que foi embora sem ao menos me ouvir ou pedir qualquer explicação! - rebati - Eu não te dispensei porcaria nenhuma! Eu estou aqui, Edward! Pare de ser covarde e admita que foi você quem desistiu de tentar! Sem nem ao menos ter começado!

– Eu cuidei de você dia e noite! Não parei por um segundo! - falou chacoalhando-me. Me surpreendi com sua onda de irritação - E como você me agradece? Dizendo que tudo não passou de um teatrinho. Dizendo que tinha nojo de mim... - falou com ressentimento. A mágoa manchava seus olhos dourados. - Acha que está magoada? Isso não é nada comparado ao que eu passei. Ao que eu ouvi. Ao desprezo que vi em seus olhos. Aquilo simplesmente me matou, Bella. Me matou - murmurou.

– Isso é mentira. - declarei sentindo a irritação tomar conta de mim. Edward passou as mãos pelos cabelos quase arrancando todos os fios - Droga Edward, isso é uma baita mentira! - grunhi quase arremessando os tacos para o outro lado da rua.

– Porque eu deixaria você se essa é a única coisa que nunca pensei em fazer? Porque te abandonaria se tudo que fiz até agora foi ficar ao seu lado?

– Eu te pergunto o mesmo. Eu quis tentar Edward. - sussurrei já cansada de discutir - Se você quer acabar com tudo...Pelo menos seja homem e admita. - pedi. E meu coração já estava pronto para afundar se ele dissesse que acabou.

– Eu não quero acabar com tudo. - admitiu. Encarando-me com intensidade - Não quero. Eu sou louco por você, Bella. - murmurou roçando os dedos em meu rosto - Pensei que soubesse disso.

Meu coração falhou miseravelmente, quase se rendendo a seus encantos. Preciso sair daqui.

– Eu já cansei de tentar entender e de te ouvir explicar. - falei sentindo uma inquietação em meu peito - Estou com muita coisa na cabeça agora, e você só está deixando tudo pior.

– Então é isso que eu faço? Deixo tudo pior? - perguntou deixando as mãos caírem ao lado do corpo.

– Não era isso que costumava fazer, mas dessa vez, é exatamente o que fez. - falei lhe dando as costas e indo para o carro.

Ouvi-o me chamar, mas ignorei. Não precisava me martirizar ainda mais. Eu nem fazia ideia da confusão que está acontecendo. Uma parte de mim sabe que algo aconteceu, mas outra tem certeza de que foi ele quem quis assim. Não sei a quem ouvir. Razão? Coração? Decidi não ouvir nem um e nem outro. Apressei o passo e antes mesmo de eu chegar a um metro de distancia, ele já estava encostado ao lado da porta do motorista.

– Será que poderia sair da minha frente? Estou com fome. - ergui a sacola.

– Eu posso te levar pra jantar. - falou se aproximando novamente de mim - Me deixa te levar para jantar. - pediu, quase implorando.

Suas palavras eram convidativas como uma oferta do diabo, mas eu não faria isso. Não faria coisa alguma antes de essa historia se esclarecer por completo. E para isso eu teria que ouvi-lo, coisa que eu não tenho mínima vontade de fazer nesse minuto.

– Some da minha frente, Edward. - falei esfregando minhas têmporas.

– Bella, não vai embora. - pediu segurando meu rosto - Isso...isso está uma confusão dos infernos! Se eu ainda te quero, e você também me quer, porque estamos brigando?

– Quem te disse que eu ainda te quero? - falei no calor do ódio. Caramba, eu não sei mentir para ele.

– Eu achava que não. Tinha certeza. Até te ver chorando. Você nunca chora. A não ser quando realmente importa para você. Foi por isso que eu sorri. - falou acanhado - Porque eu me dei conta de que você ainda me quer. Porque não me escuta?

– Porque eu estou puta com você! Seu idiota! - grunhi me controlando para não estapeá-lo de novo. Respirei fundo para acalmar os nervos. - Eu não quero te ouvir agora. Nada que me diga vai adiantar. Me dá um tempo Edward.

O afastei da porta e a abri, me esgueirando para dentro e travando tudo logo em seguida. Não que isso fosse o impedir se ele realmente quisesse abrir a porta do meu carro. Liguei o motor e ouvi uma leve batida em minha janela. Abaixei o vidro.

– Confia em mim. Por favor. - pediu debruçando-se em minha janela.

– Se afasta do carro, Edward. - mandei focando no painel. Deus, não posso vacilar.

– Me espere em casa, eu estarei lá em algumas horas. Por favor, me ouça. Escute tudo que eu tenho para dizer. Vamos esclarecer isso.

Ele não desistiria até que eu dissesse que iria escutá-lo. Se eu dissesse que não, ele provavelmente seguraria o carro com o dedinho, me impedindo de ir embora. Só me restou uma opção.

– Tudo bem, eu te espero. - falei.

– Ótimo! - disse eufórico - Eu...eu te vejo daqui a pouco. Até mais pequena. - falou dando-me um beijo demorado no rosto. Minha bochecha queimou feito fogo.

Acelerei o carro e sai o mais rápido que pude, antes que desistisse de tudo e o agarrasse. Agora precisava me apressar ainda mais. Eu estou tão irritada com ele! Mas tão irritada! Nunca senti tanta raiva assim. Maria era outra. Sei que ela mal dirigiu seu olhar a mim, mas se não fosse tão orgulhosa, teria limpado o chão do restaurante com os cabelos dela.

Preciso me apressar com os preparativos finais da viagem. Daqui a algumas horas ele estaria de volta, e preciso fazer com que tudo saia como o planejado. Antes que ele chegue, já estarei no aeroporto esperando meu voo para Cancun. Se ele quiser mesmo esclarecer tudo, que espere minha volta.

– Chegueeei! - anunciei fechando a porta da sala dos Cullen.

– Ebaaaaaa! Comidaaaa! - Lily gritou descendo as escadas como um foguete – Obligado titia!

– Leve para a cozinha, ok? - pedi quando vi Alice descendo as escadas.

– Ok! Mas não plometo que não vou comer tudo. - falou sorrindo sapeca.

– Se comer, eu te encho de cócegas garotinha! - falei ameaçando persegui-la.

Lily gritou gargalhando e correu para a cozinha. Victoria a segurou antes que caísse, levando o mini furacão para jantar. Espero que a comida ainda esteja inteira. Alice sorriu para mim, me estendendo um papel.

– Não precisa agradecer, eu sei que sou demais. - se gabou.

– Você conseguiu?! O mesmo quarto?!

– Sim. - cantarolou.

– Eu te amo! - a abracei.

– Eu sei, eu sei. Ainda tem bastante tempo, mas só para lembrar, seu voo é daqui quatro horas. É bom que saia daqui duas horas, para chegar com tempo e fazer o check-in no aeroporto.

– Eu vou sair mais cedo. - comentei conferindo os dados da reserva.

– Ihhh, porque essa cara? - perguntou sentando-se, cruzando as pernas.

– Eu encontrei o Edward. - falei. Alice saltou do sofá como se a almofada tivesse torrado sua bunda.

– Isso é bom, não é?

– Ele não estava sozinho.

– É, não é bom. - assentiu.

– Foi um desastre. Maria estava lá. Eles estavam em um jantar romântico. - falei sentindo minha boca amargar.

– Fala sério! - bradou de queixo caído.

– Não estou mentindo. Foi horrível. A gente discutiu, ele falou que não tinha nada com ela, mas ficou tudo na mesma.

– Eu tenho certeza de que você não o ouviu. - disparou - Porque não quer ouvi-lo? Não custa nada.

– Porque eu estou irritada e confusa. Essa história de que eu terminei tudo, não desceu por minha garganta. Ele quer conversar comigo mais tarde, então preciso estar no aeroporto o mais cedo possível.

– Golpe baixo.

– Não interessa.

– Não vai ser problema, sua mala já está arrumada. É só jantar, se arrumar e ir. E...eu segui seu conselho. Jasper ficou super feliz quando o convidei para uma viagem. - sorriu.

– Eu te disse. Se divirtam - falei. Isso com certeza ajudaria o Jasper a esquecer o que aconteceu - Então vou me apressar, porque quando ele chegar, já quero estar bem longe daqui.

Os tacos estavam deliciosos e, felizmente, nenhum estava esmigalhado. Depois de arrumar a mesa, tomei um banho rápido. Me troquei e fui checar as malas e os documentos. Só o que faltava era eu ser barrada no aeroporto.

– Titia, você está indo embola? - Lily perguntou com um bico entrando de mansinho em meu quarto - Eu não quelo que você vá.

Abri os braços e a pequenina se jogou em meu colo.

– Eu não estou indo embora, só vou viajar, ok? - falei lhe dando um beijo no rosto.

– Mas você não pode titia. Não sem o titiu Egward. - falou segurando meu rosto entre as mãozinhas. Ela parecia mesmo preocupada.

– A titia está...brava com o titio. - expliquei.

Pulque ele ficou alguns dias fola, não é? - perguntou se distraindo com uma mecha de meu cabelo.

– Sim, basicamente. - falei. Ela não precisa saber de todas as partes, principalmente a da latina oferecida.

– Mas ele não ficou fola todo o tempo. Eu blincava todo dia pela flolesta, e ele semple estava la olhando plo quaito que você tava. Ele estava tliste.

Ele veio ver como eu estava? A casa é dele, porque ele não entrou? Ai que droga. Isso não importa mais. De um jeito ou de outro, preciso viajar. Tanto para achar o que devo quanto para esfriar as ideias. Mas se ele havia terminado tudo, porque continuava preocupado comigo?

– Lily, eu preciso ir. Converso com Edward quando voltar.

– É peligoso titia. Não pode i sem o titiu. - retornou a enfatizar - Ele plotege você. É isso que eles quelem, sepalar vocês dois. Pulque sem o titiu, você fica vul..vulne... - Lily franziu a testa.

– Vulnerável? - sugeri.

– Isso!

– Lily, de onde tirou tudo isso? - perguntei surpresa com palavras crescidas da garotinha.

– A moça me falou.

– Que moça? - perguntei - O que mais ela disse?

– Que ela sua mamãe.

Minha mãe? Lily podia vê-la? Sei que minha mãe pediu que confiasse em Edward o tempo todo, mas não é assim que funciona. Não posso deixar tudo de lado e cair aos pés dele. Eu não sou assim.

– Preciso ir, Lily. O titio Jasper já está me esperando.

Pla onde vai?

– Porque quer saber?

– Não seja má titia. Só quelo saber. - sorriu.

– Pra Cancun, sua curiosa.

Ela sorriu de um jeito muito sapeca. Ela está tramando alguma coisa. Ouvi a buzina do carro, ou seja, precisava ir. Desci as escadas e me despedi de cada um. Admito que me deu uma vontade de colocar Emmett na mala, mas logo estaria de volta.

– Eu sei que disse algo a Alice. - Jasper disse terminando de colocar minhas malas no carro.

– Só queria que ela te deixasse em paz. Não é nada fácil a aguentar quando está curiosa. - sorri.

– Sei que não foi bem por isso. Obrigado. - falou me surpreendendo com um leve abraço - Eu vou cuidar dela.

– Eu sei que vai.

Alice chegou e logo tratamos de trocar de assunto. Já estava no carro quando Esme apareceu feito o Flash ao lado da janela. Me assustando. De novo.

– Você esqueceu o protetor solar e os óculos. - sorriu entregando-os a mim.

– Obrigado Esme. - falei sem conseguir esconder o rubor. Ela me lembra minha mãe.

– Tome cuidado. Volte inteira. - pediu.

– Vou tentar. - falei lhe dando um beijo no rosto - Até mais, Esme.

Jasper acelerou e logo estávamos na estrada a caminho do aeroporto. Me senti um pouco culpada, porque vi como o rosto de Edward se iluminou quando disse que iria ouvi-lo. Mas não volto atrás. Durante essa viagem, nada de Edward.

POV EDWARD

Não sei o que pensar do encontro que acabei de ter. Bella ainda sentia algo por mim, e isso simplesmente me fez reviver, mas a teimosa não queria acreditar em uma palavra que eu dizia. Para piorar tudo, ela me viu com Maria. Sei que não tinha nada a esconder, mas tente colocar isso na cabeça dura de Isabella Swan. Pelo menos ela concordou em me ouvir. Acho que já sei o que houve. Deve ter sido a mesma possessão esquisita que aconteceu na festa. Fui estúpido de não ter pensado nisso antes e agora aconteceu toda essa confusão. Se bem que só pensei nisso quando vi que ainda temos algo. Resolvi minha situação com Maria, o que demorou algumas horas. Depois que voltei ao restaurante para irmos embora, ela mostrou quem realmente é. Maria ficou histérica e xingou Bella de todos os nomes possíveis, até mesmo em espanhol. Durante todo esse tempo ela havia se mostrado amiga e compreensiva, mas Alice tinha razão quanto a ela. Hoje ela mostrou a vadia que sempre foi e que eu nunca via.

– Edward, se você for não precisa mais voltar. - Maria gritou da escadaria do restaurante.

– Não se preocupe, eu não vou voltar. - falei com convicção.

– Tudo isso por uma puta humana! - berrou.

– Não ouse se dirigir a ela dessa forma! - bradei tentando diminuir o impulso de atropelá-la.

– Você vai se arrepender, Edward! Você vai sentir minha falta!

– Ninguém sente falta de uma vadia. - falei acelerando. Se Esme me ouvisse tratando uma mulher dessa maneira, provavelmente me daria uns tapas.

A ouvi gritar meu nome, mas já estava a caminho de casa. Não voltaria nem mesmo se a rainha da Inglaterra me pedisse. Eu estava ansioso para chegar em casa. Queria vê-la. Mal podia esperar para esclarecer todo esse bendito mal entendido e beijar Bella como se não houvesse amanhã. Estacionei em frente a garagem e saltei do carro, correndo para a porta de entrada. Mas o que eu não esperava é que Esme estivesse me esperando com uma expressão nada amigável no rosto. Seus braços estavam cruzados e ela batia o pé impacientemente.

– Oi mãe. - falei sorrindo, mas sua pose continuou a mesma.

– Você passa uma semana fora e tudo que tem a dizer é " oi mãe"?

– Err...Tudo bem? - perguntei sem saber o que falar.

– Onde esteve, Edward? - perguntou já desmanchando sua carranca e se tornando preocupada.

– Eu estava esfriando a cabeça. - expliquei feito um garotinho levado tomando uma baita bronca.

– Devia ter visto a carinha que Bella fez quando descobriu que não estava aqui. Ela ficou arrasada querido. Adolescentes esfriam a cabeça, Edward. Você é um homem. Deveria ter sido mais responsável.

– Me desculpe, mãe. Eu deveria ter sido mesmo. Se tivesse, Bella não estaria furiosa comigo agora.

– Carlisle me disse que o viu no restaurante. Você encontrou a Bella por lá?

– Você que a mandou para lá? - perguntei sem acreditar - Mãe, eu estava acompanhado.

– Acompanhado?

– Eu estava com a Maria, mãe. - expliquei.

– Edward, Maria não é flor que se cheire. - mamãe falou me surpreendendo. Parece que só eu não percebi isso.

– Agora eu sei disso.

– E se eu ver Bella chorando novamente por sua causa, vai levar umas palmadas, garoto. - falou tentando soar ameaçadora.

– Isso não vai se repetir. - falei lhe dando um beijo no rosto.

Mal pisei na sala de estar e encontrei Alice me encarando de cara amarrada. Aparentemente, todas as mulheres desta casa estão furiosas comigo.

– Eu volto para buscar um sapato que eu havia esquecido e olha o que eu encontro. Você merece um chute no meio da cara, Edward Cullen! Que diabos estava pensando? Olha...Eu juro que vou pegar Maria pelo pescoço e torcer até que ela perca todo aquele maldito sotaque latino! - bradou soltando fogo pelas ventas - Você trocou minha irmã por aquela puta?! Para a sua segurança, é melhor que a resposta seja não!

– Eu não troquei a Bella! Pelo amor de Deus! - falei levantando os braços em rendição. Parece que ninguém nessa casa confia no que sinto por ela, incluindo a própria Bella. - Eu nunca a trocaria. E disse poucas e boas para Maria.

– Que você não está interessado? - perguntou já se acalmando.

– Não, que ela é uma vadia. - falei e nunca pareceu tão divertido xingar alguém.

Alice gargalhou alto. Seu olhar fulminante se dissolveu e logo se tornou divertido.

– Não acredito! - sorriu - Queria tanto ter visto a cara dela!

– É, deveria ter visto mesmo. Foi impagável. A deixei plantada do lado de fora do restaurante.

– Deveria ter passado com o carro por cima dela, isso sim. - Alice falou.

– Vontade não faltou, isso eu garanto.

– Fez muito bem, mano. - Emmett disse chegando no cômodo ao lado de Rose - Se tivesse trocado a Bellinha, teria castrado você.

– Falando nela, onde ela está? - perguntei já sentindo uma onde de ansiedade se alastrar por meu interior.

A sala ficou em silêncio. Pensei em mil coisas que poderiam ter acontecido, e estava rezando para que nenhuma delas fosse verdade.

– Ninguém vai me responder? - perguntei encarando-os.

– Bom...Bella não está no momento, querido. - Esme disse rodeando meus ombros. Ela sempre fazia isso quando tentava me consolar. Porque ela está fazendo isso agora?

– Ela vai demorar para voltar? - perguntei.

– Vai. Uma semana, eu acho. - Emmett falou sorrindo, provavelmente achando graça da minha cara de espanto.

– Como assim? Pra onde ela foi? - perguntei rapidamente - Porque ela não me disse nada?

– Não sabemos para onde ela foi, Eddie. - Rose falou - Só Alice sabe. Mas como ela é bem mais esperta que você, deu no pé assim que percebeu o que iria perguntar. A essa altura já está voltando para o aeroporto para encontrar o Jasper.

– Mas Alice está bem...- minha fala morreu quando olhei ao redor da sala. - Não acredito nisso! Eu mal ouvi o carro partindo!

– Ela não veio de carro. Alice veio correndo até aqui, o que não demorou quase nada. Jasper já a estava esperando no aeroporto. Eles levaram a Bella. Você não teria chance contra Alice e seus planos. - Rose falou.

– Não sabem nem mesmo porque ela viajou? - perguntei. Alice traíra.

– Não mano, não sabemos de nada. - Emmett falou e não vi nenhum traço de mentira em seu rosto ou em seus pensamentos.

– Essa nanica me paga. - falei, e saiu mais como uma promessa do que um comentário.

Bufei mentalmente. A tamanha teimosia de Bella sempre me impressionava. Ela não queria me ouvir de jeito nenhum. Droga. Tive que me afastar porque achei que ela não me queria, e quando descubro que ela ainda me quer, ainda devo continuar afastado? Não. Bella pode ser teimosa, mas eu também sou. Vou fazer ela me ouvir, nem que precise esperar duas semanas. Afinal, porque diabos ela iria viajar? Será que foi para caçar alguém? Poderia ser a Maria.

– Bom, eu espero ela voltar. Vou pro meu quarto. - falei sentindo a frustração me abater novamente.

– Ihhh mano, ta na fossa né? - Emmett disse - Se eu ouvir alguma musica da Taylor Swifft vindo do seu quarto, te expulso desta casa.

– Não precisa se preocupar, eu uso meus fones de ouvido - falei em tom sarcástico.

Subi para meu quarto, já que era só o que me restava. O cheiro dela continuava por todo canto. Inebriante, sedutor, envolvente...Era como receber um soco Dolce Gabana. Me joguei na cama, me dando conta de que essa semana passaria como se fosse um século. Tentei conversar com ela pelo celular durante a noite toda, mas Bella não atendia. Já havia praticamente lotado a caixa postal. Depois mandei algumas mensagens de texto e esperei.

Já era de manhã e ainda estava encarando o celular com uma esperança que chegava a ser absurda. Porque ela não me respondia? Larguei o aparelho na cama e fui para o piano. Precisava me distrair com algo. Estava me sentando quando senti um ser pequeno pulando em minhas costas. Meu sorriso foi instantâneo. Deus, estou tão distraído que mal a ouvi entrar.

– Titiu Egward! - festejou rindo - Eu senti sua falta. - falou me dando um beijinho estalado na bochecha.

– Eu também princesa! - falei pegando-a no colo e fazendo um aviãozinho com Lily, até aterrissa-la na cama - Quase não aguentei de saudade! - sorri vendo a pequena gargalhar até perder o ar.

– De mim ou da titia Bella? - perguntou tentando se recuperar o fôlego.

– Das duas. - sorri fracamente.

– A titia me contou que vocês bligalam. Não quelia que vocês bligassem.– Lily falou torcendo o narizinho pequeno.

– Eu também não. Mas deu tudo errado. Foi um mal entendido.

– Ela também disse que estava muito blava com você.

– Eu sei, mas se a titia me escutasse...Ela é tão teimosa. - reclamei. Porque ela não poderia ter um temperamento melhor?

– Se soubesse onde ela está, ilia atlás dela? - Lily perguntou mexendo na barra da blusa.

– Você sabe onde ela está, não sabe? - perguntei estreitando os olhos.

– Eu descobli. Sabe pulque? Você tem que ir atlás dela titiu. Eles quelem deixar a titia vul...vulne... - falou atrapalhando-se com as palavras.

– Vulnerável? - sugeri.

– Isso. Você tem que ploteger ela. Eles quelem sepalar vocês.

– Como sabe de tudo isso? Eles quem?

– Não impóita! Mas acho que a titia pode está em peligo. Eles sabem que é você quem cuida dela titiu. - falou e seu tom de voz realmente começou a me assustar.

– Santo Deus Lily, para onde ela foi?

Seus olhinhos se iluminaram no mesmo instante. Ela parecia ter esperado a noite toda para que eu fizesse esta pergunta.

Pla Cancun. Eu mesma descobli. - disse orgulhosa.

– Cancun? - falei já planejando algo em mente - Obrigado Lily, é realmente muito bom saber disto.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?
O que será que vai acontecer nessa viagem da Bella? Será que nosso Eddie vai dar o ar de sua graça em Cancun? Acho que não hein rsrsrs

O próximo capitulo está prontinho! Até mais
Comentem! :)