Kagome deu um longo suspiro, Sango colocou a xícara de chocolate quente a sua frente e depois se sentou, ficou a observando por uns minutos.

–dizem que quando você suspira a sua vida escapa. –comentou tentando chamar a atenção de Kagome.

–deixe-a... com certeza ela estará melhor sem mim. –Sango não acreditou no que via, tinha ido visitar Kagome porque sabia que alguma coisa estava acontecendo, já fazia uma semana que Kagome andava meio aérea e se perguntava o que havia acontecido.

–Kagome! –exclamou, assustou Kagome fazendo-a despertar de seus devaneios. –o que aconteceu, Inuyasha e você brigaram outra vez? –Sango se levantou e começou a andar de um lado para o outro. –eu não posso acreditar, estava indo tudo tão bem, o que foi agora, por que vocês brigaram? –ela parou de frente para Kagome. –eu juro que vou bater a cabeças de vocês uma na outra até vocês tomarem jeito. –ela parou para respirar.

–mas... Inuyasha e eu não brigamos. –afirmou Kagome um pouco hesitante diante da explosão da amiga.

–quê?

–isso mesmo, está tudo ótimo entre mim e o Inuyasha. –um sorriso bobo surgiu em seus lábios. –na verdade é como se nada tivesse mudado entre nós, como se nunca tivéssemos nos separado, ele inclusive levou o Souta para assistir uma partida de basquete, eles estão cada vez mais próximos.

–serio? –ela caiu sentada na cadeira. –que bom né, mas me diga então. –disse forçando um sorriso. –então o que aconteceu para você estar assim?

–ah... não é por causa do Inuyasha... é por causa do Souta.

–Souta? –Sango pareceu confusa. –o que aconteceu com o Souta.

–bem... eu decidi contar toda a verdade para o Inuyasha, sobre o Souta e tudo.

–ainda bem. –agora foi a vez de Sango suspirar. –eu já estava ficando preocupada.

–mas antes eu queria contar tudo para o Souta, conversar com ele, só que...

–só que?

–eu acho que ele já sabe?

–mas como? –Sango levou a mão ao peito surpresa. –você comentou sobre o Inuyasha com ele?

–não nunca, claro que ele me perguntou pelo pai dele, mas eu sempre dizia que ele morava em outra cidade e que ele o conheceria na hora certa, será que ele simplesmente descobriu isso quando conheceu o Inuyasha?

–mas se ele sabia por que nunca falou nada?

–eu não faço ideia, ele nem sabia que o Inuyasha e eu namorávamos, realmente não sei como ele descobriu.

–mas é só uma suspeita sua, não é?

–é bem provável que ele saiba mesmo. –Sango e Kagome olharam na direção da porta onde estava a Sra.Higurashi.

–mãe quando a senhora chegou?

–agora mesmo. –ela se aproximou das duas.

–e como está a sua amiga?

–ela já está muito bem, inclusive já recebeu alta e já foi pra casa. –ela colocou a bolsa em uma das cadeiras. –agora em relação ao Souta, eu também acredito que ele já saiba a verdade.

–e por que a senhora acha isso? –perguntou Sango curiosa.

–eu não levei isso muito em conta antes, mas desde que ele conheceu o Inuyasha ele tem me feito varias perguntas. –ela levou a mão ao queixo tentando enquanto se lembrar. –que tipo de pessoa ele era, o que eu achava dele e sobre vocês dois.

–mas como ele poderia saber? –perguntou Kagome mais para si mesma do que para as outras duas.

–você subestimou seu próprio filho. –disse a Sra.Higurashi com uma pontada de orgulho. –ele é bem perspicaz com as coisas a sua volta e isso ele puxou de você.

–bom... então acho que agora só falta eu contar para o Inuyasha, não é?

–não se preocupe, vai dar tudo certo. –ela passou os braços envoltos dos ombros da filha a abraçando por trás. –você é bem parecida com seu pai, é forte como ele.

Kagome respirou fundo quando chegou ao escritório de Inuyasha, ela passará a noite anterior inteira pensando em como contaria a verdade, mas não conseguia pensar em nada. Decidiu então agir sem pensar, porque se ela desistisse agora não tinha certeza que conseguiria coragem novamente.

Assim que ela entrou viu Miroku saindo de uma das duas únicas salas que havia ali, o lugar não era grande era o mesmo escritório de quando eles começaram e de acordo com que Inuyasha lhe dissera os negócios estavam crescendo e ela via que eles realmente precisavam aumentar o escritório.

–Kagome que surpresa. –disse Miroku com o seu sorriso de sempre no rosto. –lamento dizer, mas se veio ver o Inuyasha ele não está, agora se veio me ver teremos que manter isso em segredo daqueles dois.

–Miroku você não tem jeito mesmo. –disse retribuindo o sorriso do amigo e por um memento pensou que se em vez de Inuyasha fosse Miroku pra quem ela teria que contar, apesar do jeito descontraído do amigo se perguntava como ele reagiria.

–aconteceu alguma coisa? –perguntou Miroku vendo a expressão seria de Kagome.

–nada. –disse afastando aqueles pensamentos. –eu vim ver o Inuyasha, você acha que ele vai demorar? –Miroku consultou o relógio no pulso.

–acho que não. –ele olhou para ela com o sorriso de volta nos lábios. –quer esperar na minha sala. –ele deu um sorriso travesso. –assim eu posso provocar o Inuyasha quando ele chegar.

–essa é uma ideia muito cruel. –ela não conteve o riso. –eu adorei.

Inuyasha olhou no relógio, perderá a manhã ali, a demora na entrega dos matérias da construção do Resort acarretaram em uma grande dor de cabeça já que a obra esta marcada para começar naquele dia, teve que ligar para a transportadora e depois de uma longa conversa conseguiu uma garantia de que tudo seria entregue no dia seguinte sem falta. Tudo que ele podia fazer agora era passar no escritório antes de ir verificar a reforma no novo escritório, esperava que pelo menos Miroku tivesse pedido algo para comer já que ele não havia tomado café e estava morrendo de fome. Resmungou no caminho de volta, tinha planejado dar uma passada na casa de Kagome, mas teve que mudar os planos e ainda teve a noticia que teria que ir até Londres para verificar uma construção de hotel que já estava quase finalizada, pela primeira vez ele não estava ansioso por uma viajem de negócios e o motivo era claro, não queria se afastar de Kagome em parte era porque já tinham ficado muito tempo separados e ele ainda achava sedo para ficar longe dela tanto tempo e o outro motivo era por uma antiga lembrança dolorosa da ultima vez que eles se separaram assim.

Quando chegou foi direto para sua sala, mas parou a porta ao ver Kagome sentada em sua cadeira, ela sorriu e acenou e por um momento ele pensou que estava alucinando.

–o que você está fazendo aqui? –perguntou ainda achando que estava vendo coisas.

–ela ficou te esperando a manhã toda. –Miroku surgiu atrás dele. –com licença. –pediu passando por ele levando uma bandeja e colocou em cima da mesa. –sanduiche de peito de pero e suco de laranja. –disse para Kagome e depois se virou para Inuyasha. –podia ter ligado avisando que iria demorar. –ele olhou para Kagome e piscou depois voltou a olhar para Inuyasha com um sorriso no rosto. –mas graças a isso pude passar uma manhã muito agradável com a Kagome.

–e posso saber como foi isso? –perguntou olhando de Kagome para Miroku.

–muito bem rapazes nada de brigas. –ela escolheu esse momento para entrar na conversa. –Miroku está me contando suas proezas como pai e eu dei alguns conselhos do que ainda estar por vim quando Kohako crescer. –por um segundo Kagome viu algo passar pelos olhos de Inuyasha, mas foi tão rápido que ela não teve certeza se realmente vira algo. –na verdade eu vim ver você. –ela passou os braços pelos seus ombros e deu um leve beijo em seus lábios. –eu devia ter avisado que vinha, Miroku só me fez companhia. –ele a envolveu pela cintura e devolveu o beijo, mas esse foi mais longo que o anterior.

–eu não planejava demorar, mas surgiu um imprevisto. –ele olhou para Miroku que observava a cena recostado a mesa com os braços cruzados no peito. –você ainda está ai?

–tudo bem, sei quando não sou bem vindo. –ele deu um até logo a Kagome e saiu.

–se você estiver ocupado eu posso voltar mais tarde... –foi interrompida por um beijo.

–eu nunca vou estar ocupado para você. –disse com os lábios juntos do dela.

–que bom, porque precisamos conversar. –Inuyasha se afastou no mesmo estante e a encarou atento.

–aconteceu algo? –Kagome respirou fundo, precisava de toda sua coragem agora.

–na verdade aconteceu sim e eu já devia ter te contado isso há muito tempo. –Inuyasha a olhava confuso sem entender o que ela queria dizer. –Inuyasha... sobre o Souta... –Inuyasha se afastou rapidamente dela e caminhou ate a mesa.

–eu disse que você não precisava falar sobre isso. –disse de costas para ela. –você não precisa me contar não me importa quem é o pai dele. –ele não queria ouvir porque sabia que isso o magoaria, já começava a esquecer de que ele e Kagome tinha se separado, que tudo não passará de um sonhe e que por alguma fantasia Souta fosse seu filho... seu e de Kagome e não de outro homem e agora vinha ela jogar a verdade na sua cara.

–Inuyasha esse é o problema... –ele se virou para ela.

–eu gosto dele, ele também gosta de mim. –ele foi até ela e pegou seu rosto entre as mãos. –eu amo você e...

–ele é seu filho. –Inuyasha ficou um tempo a olhando como se não tivesse entendido o que ela disse.

–o que? –Kagome fechou os olhos e respirou fundo, esse era o momento não havia mais como voltar atrás.

–Souta é seu filho Inuyasha. –ele a soltou e se afastou como ele ela tivesse uma doença contagiosa.

–meu... meu filho? –Kagome afirmou em silencio. –mas como? Você está brincando não é? Por que se isso for uma brincadeira é de muito mal gosto. –ela balançou a cabeça, lagrimas já começavam a descer pela sua face.

–não é. –ela enxugou as lagrimas. –nove anos atrás eu fui embora porque descobrir que estava grávida. –ela mal conseguia respirar, mas tinha que continuar. –eu fui embora porque não queria que você descobrisse sobre a gravidez. –Inuyasha caiu sentado em uma das cadeiras em frente à mesa.

–por que? –a voz dele não passou de um sussurro. Kagome não falou nada, não conseguia. –por que? –dessa vez ele gritou e avançou até ela a segurando pelos ombros. –por que você fez isso? Por que escondeu isso de mim esse tempo todo? –mas tudo que Kagome conseguiu fazer foi chorar, ela levou as mãos ao rosto tentando se conter, mas não conseguia. Ele a largou e bateu os punhos com força na mesa fazendo a mesma tremer.

–Inuyasha eu... –ela tentava controlar as lagrimas, tinha que se explicar, tinha que dizê-lo o porquê de ter feito tudo isso. –eu estava assustada, não sabia o que fazer.

–foi por vergonha? –Kagome o encarou sem ter certeza que ouvira bem.

–o que você disse?

–foi por isso não foi? –ele se virou para ela e Kagome viu toda a dor que ele estava sentindo. –você ficou com medo do que as pessoas diriam quando descobrissem que você estava grávida e pior que o pai era o Inuyasha Taisho a escoria da cidade.

–como você pode dizer isso? –disse Kagome sem conter a magoa que aquelas palavras causaram nela.

–e que você esperava Kagome? –ele sorriu sem vontade. –que eu pulasse de alegria, a abraçasse e beijasse?

–não eu não esperava por isso, mas também não esperava que você me acusasse de ter vergonha de você. –ela ainda tinha lagrimas nos olhos, mas sua expressão agora era seria. –eu era sua namorada, como pode dizer que eu tinha vergonha de você eu até enfrentei o meu pai por você.

–sim... e a primeira coisa que fez ao descobre que estava grávida foi fugir.

–eu não fugi. –ela gritou sem conseguir mais se conter, sabia que não seria fácil, mas não esperava por isso. –se você me deixar explicar.

–explicara o que Kagome? –ele começou a caminhar em sua direção. –você some sem dar explicações e agora eu descubro que foi porque você estava grávida e não queria que eu soubesse. –ele parou a centímetros dela. –isso me faz pensar se devo acreditar se realmente não houve nada entre você e o Kouga. –antes mesmo que Kagome pensasse lhe acertou um tapa no rosto, os dois ficaram em silencio.

–você não tem o direito de fazer isso comigo, eu sei que o que eu fiz pode não ter sido a decisão mais certa da minha vida, mas nem por um minuto eu vou permitir que você duvide do que eu sentia por você ou sequer insinuar que eu possa ter me envolvido com outra pessoa. –ela foi até a mesa pegou sua bolsa e saiu, mas Inuyasha correu atrás dela, a segurou pelo braço antes dela alcançar a porta de saída.

–você não vai a lugar nenhum, ainda não terminamos.

–sim nós terminamos. –aquelas palavras tinha mais significado do que parecia. –agora me largue. –ela se debatia tentando se soltar.

–o que está acontecendo aqui? –Miroku apareceu à porta de sua sala e se surpreendeu ao ver os dois. –o que aconteceu?

–não se meta Miroku. –grunhiu Inuyasha.

–Miroku faz ele me soltar esta me machucando.

–Inuyasha solta ela. –ele segurou o braço dele. –não sei o que aconteceu, mas é melhor você a deixar ir, você está muito nervoso. –Inuyasha não soltou o braço de Kagome, Miroku apertou o braço de Inuyasha com firmeza. –é melhor você soltar. –disse em um tão duro que eles nunca o viam usar, Inuyasha por fim cedeu e soltou o braço.

–Eu não quero ver você nuca mais. - Kagome o encarou com o rosto banhado em lagrimas. –nunca mais apareça na minha frente. –então se virou e saiu correndo.

–mas o que foi que aconteceu aqui? –perguntou Miroku entrando na sala de Inuyasha logo atrás dele. –eu já vi vocês brigando, mas isso.

–eu sou pai. –disse em sussurro como se tentasse se convencer.

–o que? –Miroku o encarou espantado. –Kagome está grávida?

–estava. –Miroku parecia ainda mais confuso. –ela fugiu de mim porque estava grávida. –ele disse mais para si mesmo do que para o outro. –acho que não era digno de confiança afinal.

Kagome não sabia para onde estava indo, mas sabia que não podia ir para casa, não podia nem queria encarar sua mãe e Souta agora, pensou em ir para a casa de Sango, mas desistiu não queria incomodar a amiga com mais esse problema.

Tinha tudo dado errado, Inuyasha achava que ela fugirá por sentir vergonha dele, ela era uma idiota, nunca devia ter voltado, ela podia nunca mais ver Inuyasha, mas pelo menos ela não teria na lembrança o olhar de desprezo e magoa que Inuyasha lhe dera. Poderia conviver com as saudades, mas não com o desprezo dele.

–Kagome. –ela nem ouviu quando alguém começou a gritar seu nome. –Kagome espera. –de repente um carro parou ao seu lado. –Kagome será que você pode esperar? –Sango saiu do carro e correu até ela. –ainda bem que eu te encontrei.

–o que você esta fazendo aqui? –perguntou ainda meio atordoada.

–Miroku me ligou e disse o que aconteceu. –Sango a abraçou. –sinto muito.

–eu fiz tudo errado Sango. –disse e novas lagrimas começaram surgi.

–está arrependida.

–não, não posso me arrepender. –disse firme, se afastou da amiga e secou as lagrimas. –se eu me arrepender tudo que eu fiz vai ter sido em vão.

–ótimo, então vamos para casa.

–não Sango eu não posso ir pra casa, não agora.

–vamos para minha casa.

–eu não quero incomodar Sango.

–incomodar Kagome? –ela encarou Kagome ternamente. –você é mais que uma amiga pra mim Kagome e minha irmã e tenho certeza que Miroku se sente da mesma forma, e se eu não puder estar ao seu lado agora que você está sofrendo tanto eu nunca me perdoaria. –ela enxugou uma lagrima que escorreu pelo rosto de Kagome. –da ultima vez você teve que passar por tudo sozinha, mas dessa vez eu vou estar com você. –ela sorriu e piscou. –vamos minha irmã de outra mãe? –Kagome não resistiu e sorriu.

–somos amigas porque nenhuma mãe nós aceitaria como irmãs?

–exatamente, agora vamos. –puxou Kagome até o carro, se sentia um pouco culpada, pois afirmará para Kagome tantas vezes que tudo daria certo, não achava aquilo justo, quando Kagome poderia ser finalmente feliz.