-ela ainda está dormindo? –perguntou Miroku entrando na cozinha, Sango já esta colocando a mesa do café.

-na verdade acho que ela nem dormiu. –disse desanimada. –eu não podia imaginar que as coisas chegariam a esse ponto.

-você já sabia?

-ela me contou alguns dias depois de chegar. –disse um pouco hesitante e logo se apressou em continuar. –mas não pense que não te contamos por não confiar em você é só que essa historia toda tem sido muito difícil para a Kagome.

-imagino. –disse Miroku seriamente. –mas será que agora você podia me contar a historia toda? –Sango hesitou um pouco, mas por fim decidiu contar, não adiantava mais manter essa historia em segredo e suspeitava que Kagome fosse precisar de todo apoio possível. Por isso contou tudo, desde que Kagome descobriu que estava grávida até e o porquê de ela tomar a decisão de partir.

-você acha que ela estava errada? –perguntou Sango depois de terminar de contar tudo a Miroku.

-vindo da Kagome isso não me surpreende. –ele esfregou a nuca tentando relaxar, também não conseguira dormir direito à noite. –agora quanto a sua pergunta acho que ela não tem resposta. –disse pensativo. –afinal se vermos pelo lado da Kagome, ela o fez acreditando que estava ajudando o Inuyasha no final ela fiz isso pelo bem dele e nós dois o conhecemos bem para saber que a Kagome estava certa a presumir que ele escolheria a Kagome e o filho ao invés de todo o resto, não podemos dizer que isso foi errado. –Sango apensa afirmou concordando. –agora se vermos pelo lado do Inuyasha não foi justo com ele, ela foi embora sem dizer nada a ele, sem deixar uma única explicação e passou esses anos todos sem saber que era pai, e isso não se pode dizer que foi certo.

-acho que entendo o que você quer dizer. –disse Kagome parada a porta, Sango e Miroku a encararam surpresos. –é uma faca de dois gumes não é?

-você está com uma cara horrível. –disse Miroku, mas tinha um terno sorriso nos lábios.

-Miroku. –o repreendeu Sango.

-você não está com uma cara melhor que a minha. –rebateu Kagome, Miroku cai na gargalhada.

-muito bem hoje você ganhou, espere a minha revanche. –ele se levantou e foi até ela. –agora sente aqui e coma alguma coisa. –ele a colocou em uma cadeira e foi até outra. –e não me venha com esse papo de não estou com fome, nessa casa é proibido não ter fome.

-ele diz isso por ele. –disse Sango encarando Miroku com um olhar apaixonado, sabia que ele estava tentando animar Kagome e isso é uma das coisas que ela mais amava nele.

-muito bem então, só espero que tenham preparado bastante comida porque estou morrendo de fome.

-não se preocupe, sendo casada com Miroku aprendi que muito nunca é o suficiente. –as duas começaram a ri.

-ótimos agora vocês vão ficar pegando no meu pé. –disse Miroku fingindo magoa, isso fez com que elas rissem ainda mais.

Quando Inuyasha olhou o relógio já ia dar dez horas, quando tentou se levantar sentiu uma forte dor de cabeça que o forçou a se sentar outra vez. Não pregou os olhos um minuto sequer durante a noite toda, ficou o tempo todo ali sentado na varanda olhando o lago como se ele pudesse lhe dar uma explicação para tudo que estava acontecendo. Sua vida virou de cabeça para baixo, aquela não era a primeira vez e nas duas vezes fora caudado pela mesma pessoa.

“-ele é seu filho.” –aquela frase ficava se repetindo na sua cabeça desde Kagome sairá. Queria tivesse sido um sonho, mas não era ele ainda podia ver o rosto dela lhe contando que Souta era seu filho e que foi embora porque não queria que ele soubesse, os olhos dela estavam cheios de dor e tristeza, mas por que se fora decisão dela ir, talvez... ele se levantou na mesmo momento. –talvez ela tenha sido obrigada a ir. –ele começou a andar de um lado para o outro enquanto tentava clarear seus pensamentos. –o pai dela pode ter obrigado a partir. –dizia a si mesmo. –tem que ter sido isso. –ele se agarrava a essa esperança. Tomou um banho rápido e foi direto a casa de Kagome.

-ela não está. –disse a mãe de Kagome quando ele pediu para falar com ela. –ela não dormiu em casa. –por um momento Inuyasha pensou que poderia ter acontecido alguma coisa, a ultima vez que a virá ela estava chorando e nervosa. –mas ela ligou avisando que dormiria na casa da Sango. –disse como se lesse os pensamentos de Inuyasha.

-obrigada, eu vou até lá. –e saiu correndo, ele queria falar com Souta, mas achou melhor não, ainda era tudo muito recente e não saberia o que falar com o menino... seu filho, um sorriso surgiu em seus lábios. Quando chegou a casa de Sango foi um Miroku com expressão surpresa que abriu a porta.

-eu preciso falar com a Kagome.

-er... –ele olhou por cima do ombro hesitante. –eu acho melhor não Inuyasha.

-Miroku...

-vocês tiveram uma briga muito feia ontem, o melhor agora é esfriar a cabeça.

-tudo bem Miroku. –disse Kagome aparecendo atrás dele junto com Sango que parecia mais tranquila com a situação do que o marido. –Inuyasha e eu não conseguimos terminar nossa conversa ontem, nós ainda precisamos conversar.

-tudo bem. –ele deu passagem para Kagome sair. –só me prometam que não vão tentar se matar como ontem.

-eu prometo. –disse com um sorriso tranquilizador. Inuyasha não disse nada só a seguiu quando ela começou a andar. Andaram um tempo em silencio. –então o que você queria perguntar?

-pensei que você não quisesse mais me ver na sua frente. –Kagome suspirou o encarou desanimada.

-se você quiser eu posso ir embora. –mas antes que ela pudesse se afastar Inuyasha a segurou pelo braço.

-espera... me desculpa eu não queria dizer isso. –Kagome se soltou e ficou parada de frente para ele esperando que ele continuasse. –foi seu pai não é?

-o que? –perguntou Kagome confusa.

-ele te obrigou a ir embora, ele me disse que fez você ir embora para afasta-la de mim, foi isso não é?

-não. –Kagome se apressou em explicar. –eu sei que ele falou para você quem foi ele quem me mandou embora, mas não é verdade a decisão foi minha. –ela respirou fundo antes de continuar. –ele queria que eu ficasse e que contasse a verdade pra você, ele disse que você tinha o direito de saber. –aquilo pegou Inuyasha de surpresa. –ele não era o mostro que você imaginava, ele só era muito zeloso em relação a mim  e um pouco cabeça dura também, nisso vocês são bem parecido. –Inuyasha fez careta com a comparação, mas logo voltou à expressão seria de antes.

-então por que, eu pensei que você me amasse, não tínhamos feitos tantos planos.

-e amava. –ela colocou a mão em seu rosto, sem conseguir resistir ao impulso de toca-lo. –por isso que quis ir embora.

-como pode ser isso Kagome. –ele se afastou dela passando a mão pelos cabelos.

-eu descobri que estava grávida quando você foi para Connecticut tentar a bolsa para a faculdade e foi o momento mais aterrorizante da minha vida. –ela deu uma pausa antes de continuar. –eu não sabia o que fazer e não podia contar pro meus pais, eu tremia só de imaginar a reação deles e você não estava.

-foi por minha culpa então?

-não... não foi culpa de ninguém, eu só achei que estava fazendo a coisa certa por você.

-por mim? –Kagome deu um sorriso triste antes de continuar.

-o que você teria feito se eu te contasse sobre a gravidez?

-como o que eu faria, lógico que eu iria cuidar de você e do bebê, eu ia arrumar um emprego. Lógico que teria que abrir mão da faculdade, mas... –ele a encarou sem falas ao se dar contar do que Kagome queria dizer. –foi por isso?

-eu não suportava a ideia de você ter que desistir dos seus sonhos por minha causa.

-mas isso é loucura Kagome eu também era responsável pelo que estava acontecendo.

-mas de nós dois você seria o que mais sofreria com isso. –ela de as costas para ele, não queria que ela a visse chorar. –você tinha sonhado planejado tanta coisa e ter que abandonar tudo seria o fim pra você e eu melhor que ninguém sabia o quanto isso era importante para você tanto por mim quanto... pela sua mãe. –ela finalmente conseguiu conter as lagrimas e se virou para ele.

-mas Kagome...

-sabe o que mais eu pensei naqueles dias Inuyasha? –ela o interrompeu. –eu ficava pensando que você logo voltaria e resolveríamos tudo juntos, mas então eu comecei a imaginar o futuro e sabe o que eu via? –ele não disse nada, não sabia o que dizer. –via o quanto você seria infeliz e frustrado por tudo que você teve que abrir mão e eu não conseguia ser feliz com isso.

-você não tinha esse direito, era a minha vida você não podia decidi-la por mim.

-era a minha vida também Inuyasha, não importasse a decisão que tomássemos iria afetar a nós dois.

-e você preferiu fugir e mentir pra mim esses anos todos, fazer meu filho crescer longe de mim.

-pode não ter sido a decisão certa, mas eu acreditava estar fazendo meu melhor e isso que me importa.

-você só pode estar brincando. –ele começou a andar de um lado para o outro. –eu estou indo para Londres daqui a quatro dias. –aquilo pegou Kagome de surpresa, mas ela não demonstrou. –tenho um projeto lá que já está quase terminado e preciso supervisar... ficarei dois meses fora. –ela sentiu uma pontada no peito, mas se manteve calma. –quando eu voltar resolveremos isso, temos que contar ao Souta a verdade e até lá acho melhor não nos vermos. –ela tinha que se manter firme, não podia fraquejar agora, sabia que corria esse risco quando tomou essa decisão há nove anos. –adeus Kagome. –ele se virou e foi embora com passos firmes e apressados, só quando ele sumiu de sua vista Kagome se permitiu fraquejar, caiu de joelhos enquanto lagrimas de dor, tristeza e desespero caiam sem controle.

-então como foi? –perguntou Sango assim que Kagome voltou.

-o Miroku está ai? –ela se deixou cair no sofá.

-não ele já foi trabalhar agora me conta logo Kagome como foi.

-bom... pelo menos foi melhor que ontem, eu contei tudo.

-e como ele reagiu?

-não mudou nada Sango, só que dessa fez não teve gritos ou ofensas, só a verdade por mais dolorosa e triste que fosse.

-sinto muito Kagome. –Sango a abraçou era a única coisa que podia fazer por sua amiga nesse momento.

-eu vou ficar bem Sango acredite. - ela só não sabia quanto tempo levaria para isso.

-a minha mãe ainda não voltou? –perguntou Souta entrando na cozinha para tomar o café, como era sábado ele não tinha aula. –será que aconteceu alguma coisa?

-você não precisa se preocupar Souta, ela ligou ontem avisando que dormiria na casa da Sango não é? –Souta tomou o café em silêncio, quando sua avó o convidou para ir com ela visitar sua amiga que acabará de sair do hospital ele recusou, queria ficar em casa esperando sua mãe.

Ele ficou sentado na varanda um bom tempo até que viu Kagome se aproximando, ele se levantou e correu até ela se jogando em seus braços.

-Souta aconteceu alguma coisa? –perguntou Kagome surpresa com o comportamento do filho.

-não, eu estava esperando a senhora. –Kagome deu um pequeno sorriso.

-eu fiz você esperar muito? –perguntou o pegando no colo.

-um pouco. –ela a encarou. –aconteceu alguma coisa não é?

-vamos entrar, precisamos ter uma longa conversa.

-e você vai simplesmente viajar? –perguntou Miroku, estavam na sala de Inuyasha e esse não entendia a reação do amigo.

-o hotel em Londres já está na fase final, eu preciso estar perto para fiscalizar as coisas, quando estiver terminado eu volto, já fizemos isso varias vezes.

-mas e como fica a Kagome?

-eu vou resolver isso quando voltar.

-você realmente acha que é bom você fazer essa viajem agora?

-e por que não seria?

-porque vocês dois estão visivelmente machucados com toda essa historia e eu acho que essa viagem não vai ajudar em nada. –Inuyasha não disse nada, fingiu estar lendo alguns papeis que estavam em cima de sua mesa. –você realmente não planeja se entender com ela.

-me diga Miroku como posso voltar a confiar nela. –ele largou os papeis e se levantou exaltado, tudo aquilo já o estava deixando louco. –ela mentiu pra mim esses anos todos o que você quer que eu faça?

-Inuyasha ela só tinha dezessete anos, todos nós éramos meio irresponsáveis naquela época até mesmo a Kagome. –Miroku foi até ele e colocou a mão em seu ombro. –você realmente quer acabar com qualquer chance entre vocês por um erro que ela cometeu, pense nisso. –ao dizer isso ele saiu e deixou Inuyasha sozinho, aquelas palavras ficaram em sua cabeça.

-mas que droga Miroku. –praguejou irritado, finalmente quando achou ter encontrado um alinha de pensamento vinha Miroku e bagunçava tudo, precisava mesmo fazer aquela viajem só assim conseguiria calma para pensar.

-ele tá com raiva da gente? –Kagome negou com a cabeça e o puxou para sentar com ela na cama, ela tinha tomado um longo banho e ainda estava enrolada no robe. –ele não esta com raiva de você e como poderia.

-mas está com raiva da senhora.

-não meu amor ele... ele só esta magoado e muito confuso com tudo isso. –ela o abraçou bem forte. –e você, será que você pode me perdoar por isso?

-mas é claro. –respondeu sem hesitar. –a senhora é minha mãe e eu a amo muito. –Kagome não conseguiu deixar de sorri. –e eu também sei que a senhora tem sofrido muito com isso.

-e como você sabe disso? –ela o fez encara-la.

-bem... toda noite quando pensava que eu estava dormindo eu via a senhora acordada vendo uma foto de vocês dois juntos e dava pra ver que estava bem triste.

-então foi assim que você descobriu é? –o menino assentiu. –por que nunca me contou?

-porque a senhora sempre disse que iria me contar sobre o meu pai na hora certa e eu estava esperando.

-você é o melhor filho do mundo sabia?

-a senhora podia lembrar isso no meu aniversario tem um jogo novo que eu estou querendo. –Kagome começou a ri.

-e é o mais esperto também.