– Meu nome é Pedro... – respondeu ele.

Lilliandil ficou estática. Ficou confusa, Susana não era a única Pevensie em Nárnia? Então por que o irmão dela esta aqui? Como ele entrou no navio?

– Como entrou aqui? – perguntou.

– Isso não vem ao caso. – respondeu Pedro, andando em direção a cabine onde Caspian e Susana estava.

Pedro Pevensie

Caminhei lentamente. Nem sei por que estou fazendo isso, mas eles eram os únicos que poderiam me explicar exatamente o que estava acontecendo. Bati de leve na porta, fiquei esperando alguns segundos até que um homem alto de cabelo preto abriu a porta.

Ele me olhou totalmente surpreso, entrou rapidamente dentro do aposento, quando voltou, estava com uma mulher de cabelos escuros e olhos claros. Ela me era familiar, não conseguia me lembrar de onde poderia conhecê-la. Uma vontade enorme de abraçá-la tomou conta de mim, porém, antes que eu falasse alguma coisa, a mulher me abraçou fortemente.

– Pedro. – sussurrou em meu ouvido, sua voz extasiada de alegria.

Não tomei conta de meus movimentos, eu estava abraçando aquela mulher que agora chorava em meu ombro. Um sentimento de proteção tomou conta de mim junto com outro ainda maior.

– Mas, como? – perguntou o homem alto.

A mulher me soltou, contudo, ficou me olhando esperançosa. Não consegui falar nada imediatamente, algo naquela mulher me fez ficar sem voz.

– Pedro... – ela disse, fazendo-me voltar à realidade. – Como chegou a Nárnia? Lucia e Edmundo também vieram com você?

Veio rápido como um flash, imagens daquela mulher, Edmundo e Lucia começaram a invadir minha mente. Nós chegando há uma terra coberta de neve; vencendo um exercito junto com aquele homem parado à minha frente. Aos poucos memórias que eu não sabia que tinha perdido vieram, me fazendo saber quem era aquela mulher e aquele homem, onde eu provavelmente estaria.

– Susana? – perguntei um tanto hesitante.

– Pedro. – sorriu ela, ainda mais. Sorri também.

Ela é minha irmã, assim como Edmundo e Lucia e Camilla é minha sobrinha, então Rainah... Ela, o que ela fez comigo?

– Pedro, o que houve? – perguntou Caspian.

– É uma historia longa. – falei, eles assentiram e voltaram para dentro da cabine e eu os segui.

– Pedro, sabe onde esta Camilla? – perguntou Susana esperançosa.

Instantaneamente a imagem de minha sobrinha veio a minha mente, e pensar que a deixei naquele lugar, onde ela nem recebe ao menos um pouco de carinho.

– Sei, eu estava lá. – falei, sentei-me na cama e Susana sentou-se ao meu lado, olhando-me intrigada. – Não sei o que houve direito, Su, eu não sabia que você é minha irmã, eu não sabia nem quem você era. – falei, a intrigando ainda mais.

– Como assim?

– Melhor te contar tudo que eu sei, ou melhor, que eu acho que sabia... “Eu estava em um lugar chamado Agnes, é uma ilha dentro de uma ilha; ali, lembro que conheci uma mulher chamada Rainah, uma mulher encantadora, ela disse-me como era bom eu ter retornado, fiquei um pouco confuso, mas não perguntei nada... Ela tinha me contado que eu tinha desaparecido por alguns dias e como estava feliz em me ver e como Edmundo e Lucia estavam preocupados comigo, ela me tocou e nesse momento toda confusão foi embora... Flashes invadiram minha mente, eu sentando na praia de Agnes, observando o mar, eu ainda era uma criança... – dei uma pequena pausa, apenas para respirar. – Depois disso quase nunca sai de Agnes, nem o Edmundo nem a Lucia, esta apenas saiu uma vez. Rainah é como a rainha daquele lugar, ela controla tudo... Porém, depois que a Milla apareceu tudo ficou confuso novamente para mim e eu sabia que tinha alguma coisa errada, eu sentia isso... Su, eu sei agora que tudo que eu pensava que era verdade era mentira... Vou te ajudar a recuperar a Milla.” – terminei de contar.

– Pedro, sabe como ir até Agnes? – perguntou Caspian.

– Sei. – respondi, Susana me abraçou de lado. – Posso levá-los amanha mesmo, é apenas algumas horas de viajem.

– Vou avisar a Drinian que amanha mudaremos nossa rota. – disse Caspian. – Pedro, é muito te ver. – ele tocou em meu ombro e logo saiu do gabinete.

– Como ela esta? – perguntou minha irmã, os olhos marejados. Senti-me culpado por não ter trazido Camilla comigo, como pude ter sido tão inútil?

– Perdoe-me. – pedi, senti meus olhos marejarem. Ela olhou-me surpresa.

– Por que esta pedindo perdão?

– Me deixei influenciar por alguém que quer apenas o mal da minha família, deixei meus irmãos com ela e ainda minha sobrinha, tão pequena e tão indefesa. – deixei uma pequena lagrima cair de meus olhos. Nenhuma palavra poderia expressar o que eu estava sentindo nesse momento, a vergonha...

– Pedro, não precisa se desculpar, a culpa não foi sua, não é sua... Vamos resgatar Edmundo, Lucia e Camilla, você verá. – ela murmurou e abraçou-me mais uma vez.

O quarto iluminou-se rapidamente, o dia havia amanhecido. Estava na hora de resgatar minha família.