Pedro colocou a pequena Camilla no berço, olhando-a carinhosamente antes de sair da sala, saindo do palácio, enfrentando o frio que fazia aquela manha.

Ficou fitando o mar por alguns segundos antes de finalmente entrar nele, ficando totalmente submerso. No começo era estranho entrar na água e poder respirar normalmente, mas agora Pedro estava totalmente acostumado. Depois dos treinamentos de Rainah.

Ao pensar na mulher que tanto o ajudou, Pedro sente um aperto no coração, como se tudo que a mulher que tanto acredita tivesse mentindo para ele todo esse tempo.

No navio...

Susana estava na proa do Peregrino, onde ficava a maior parte do tempo. Era ali que ela se sentia mais calma quando Caspian precisava ajudar no navio. Era ali o único lugar onde sua mente voava sem ter domínio.

– É incrível como existe pessoas tão teimosas sobre esse mundo. – Susana fechou lentamente os olhos ao ouvir a voz da pessoa que mais odiava em toda Nárnia. – Você é uma delas, como pode ainda estará aqui, iludindo o coração de Caspian? – perguntou Lilliandil com falso espanto e incredulidade.

– O que faço aqui ou o que deixo de fazer não é da sua conta. – respondeu Susana, sem olhar a loira, que lhe lançava o mais puro olhar de ódio.

– Se vai ficar aqui, pelo menos deveria preparar Caspian...

– Não venha com essas palavras novamente, Lilliandil. – Susana se virou rapidamente e encarou a loira, que agora em sua face nascia um pequeno sorriso cínico.

– Você quer apenas iludir Caspian com essa menina. – disse ela.

Susana não respondeu, apenas respirou profundamente, fechando rapidamente os olhos e os abrindo.

– Se bem que essa menina nem possa ser filha de Caspian. – sussurrou Lilliandil como se confidenciasse algo. – Vai ver você quer apenas enganá-lo. Quando chegou a seu mundo poderia ter ficado com qualquer homem, engravidando e falando que aquela criança é filha de Caspian. – disse as últimas palavras co nojo.

– Não se atreva a falar da minha filha. – sussurrou Susana, fechando as mãos em punhos.

Lilliandil deixou escapar um sorriso vitorioso, estava conseguindo irritar Susana e isso trazia grande felicidade a seu coração.

– Quem sabe quando ela crescer, não vire uma mulher igual à mãe, arruinadora de corações, manipuladora... – Lilliandil falou.

Susana fechou novamente os olhos, não queria cometer um erro, mas Lilliandil estava pedindo uma marca roxa no rosto.

– Não vê que ninguém ti quer aqui? – perguntou Lilliandil, elevando o tom de voz. – Ninguém te ama, nem mesmo o Caspian.

Susana sentiu seus olhos marejarem, não queria chorar na frente da loira, mas ela estava dizendo palavras que machucavam profundamente seu coração.

– Faça uma coisa boa pelo menos uma vez na sua vida... VÁ EMBORA DAQUI. – Lilliandil gritou a plenos pulmões as últimas palavras, atraindo atenção de Caspian que passava por ali.

– O que esta acontecendo aqui? – perguntou, olhando atentamente para Lilliandil que o olhava assustada. Ele olhou para Susana, que se tremia toda, as lagrimas que tinha segurado caindo por seu rosto de boneca. – Lilliandil, fiz uma pergunta. – falou ele.

– Estava dizendo para Susana o que ninguém teve coragem. – respondeu a loira com indiferença.

Caspian a olhou incrédulo. Olhou novamente para Susana, esta tinha ficado mais branca e tremia ainda mais. O rei de Nárnia lançou um olhar à Lilliandil que a fez se tremer, ele pegou Susana no colo, a Pevensie não falou nada.

Ele a levou para o quarto dela, onde a colocou delicadamente na cama e fechou a porta em seguida. Voltou e sentou-se ao lado da morena, que tinha parado de tremer, mas ainda continuava pálida.

– Su, o que a Lilliandil te fez? – perguntou em um sussurro.

– Cas, eu tento, mas não consigo. Lilliandil parece que gosta de me provocar e hoje, hoje foi o limite. Ela começou a falar coisas Milla, de mim. Falou que o melhor que eu deveria fazer é ir embora, que eu estava atrapalhando sua vida. – ela respondeu com a voz embargada. Ela tinha pensando em não falar, porém, não queria mentir para Caspian.

Ele a olhava com uma expressão seria no rosto, por fim disse.

– Eu queria muito fazer alguma coisa, Lilliandil é a única que sabe a localização dessa ilha, se eu a mandasse embora poderíamos demorar meses para achar a ilha e Milla. – sussurrou, Susana apenas assentiu. – Fico feliz por você ter me contado. – os dois se abraçaram e ficaram assim por alguns minutos.

[...]

Lilliandil andava pelo convés do navio furiosa, não sabia o que fazer para tirar Susana da vida de Caspian, que agora, depois do que aconteceu, pode começar a desprezá-la. Só de pensar em Caspian a desprezando, um ódio ainda maior crescia pela rainha gentil.

– Eu a odeio. – gritou Lilliandil olhando para as estrelas.

– Porque tanta inveja, Lilliandil? – foi surpreendida por uma linda voz rouca. Ela se virou lentamente, dando de cara com um homem loiro, de lindos olhos azuis, ele mantinha uma expressão seria.

– Quem é você? – perguntou ela, se afastando do homem misterioso.

– Meu nome é Pedro...