9. Provocação

– Você ouviu? Serena e Nate não vão mais se casar! - Penelope cochichou entre o grupinho de meninas em sua volta. Kati, Isabel e Hazel fizeram um pequeno "o" com a boca.

– Mas o que aconteceu? Dias atrás Serena esteve aqui comentando sobre o seu chá de louça!

– Não sei ao certo. Minha mãe esteve na casa da Sra. Van der Woodsen ontem para tomar um chá, e a mãe de Serena falou que não haveria mais casamento por conta de um desentendimento entre os noivos, ou algo assim. - Penelope abriu um sorriso malvado - Aposto que não é por isso. Serena deve ter traído Nate e ele deve ter descoberto!

– Ou talvez o contrário - Isabel falou - Nate também não é nenhum princípe.

– Oras, é claro que não - Kati fez uma careta, como se a idéia de Nate ter traido a noiva fosse totalmente inaceitável - Obviamente Serena o traiu.

As meninas continuaram cochichando entre si, permanecendo totalmente alheias ao fato de que Serena e Blair estavam na mesa atrás delas, ouvindo toda a conversa. Serena olhou miseravelmente para o bolinho inglês em seu prato e suspirou.

– E agora, B? Eu não tenho ideia do que fazer. Mamãe descobriu tudo! - Ela lamentou.

– Primeiro de tudo: vou me certificar de que Penelope seja expulsa da comissão de diretoras do Clube de Debutantes deste ano. - Blair falou, encarando as costas de Penelope como se pudesse abrir um buraco com seu olhar - Depois, eu vou ver se não consigo falar com a sua mãe, talvez pedir para a minha mãe falar com a sua...

– É claro que não! A sua mãe não aceitaria o fato de eu me casar com um membro da máfia, muito menos convenceria a minha de permitir meu casamento!

Blair estendeu o braço pela mesa e pegou a mão de sua melhor amiga.

– Hey, S - Ela murmurou e Serena olhou em seus olhos - Você vai se casar com Nate. Confie em mim.

XOXO

O barulho de saltos foram ouvidos no corredor de concreto do prédio do Brooklyn e Chuck Bass soube instantaneamente; ela estava ali.

– Bom dia - Blair entrou em sua sala, sem cerimônias, e sentou-se na cadeira do outro lado de sua mesa - Preciso de ajuda.

– Você é tão direta que chega a ser engraçado. - Chuck comentou e largou suas coisas de lado para lhe dar atenção - O que desejas?

– Você deve ter ouvido falar sobre o incidente com o casamento de Nate e Serena.

– Ah, sim, Nate esteve aqui um pouco antes de você. Ele está arrasado... E eu não posso permitir que ele largue a máfia, não mesmo. Nate veio me contar que estava nos largando de vez para poder casar com Serena, mas eu preciso dele aqui.

– Foi o que eu achei - Blair cruzou as pernas e repousou sua cabeça nas mãos, seus cotovelos apoiados na mesa e seus olhos chocolate olhando diretamente nos olhos escuros de Chuck - Pensei em chantagear Lily, pois ela tem alguns podres escondidos na política... Mas não uma chantagem direta, é claro, pois eu sou como uma filha para ela.

– Não comentou isso com Serena, certo?

– Não.

– Então temos um plano. - Chuck sorriu e se apoiou na mesa de forma a ficar centímetros longe do rosto de Blair - Mas disso eu cuido. Tenho uma bomba muito maior do que qualquer podre político que Lily possa ter.

Blair arqueou uma sobrancelha, intrigada.

– E você não vai me contar?

– Muita calma, minha dama. Contarei assim que o plano obter sucesso absoluto. Mas, agora, preciso da sua parceria em outra coisa. - Ele pegou a mão dela e deu um beijo em seu pulso - Faça a volta e pare aqui ao meu lado.

Blair levantou-se da cadeira e contornou a mesa, parando bem ao lado de Chuck. Ele enganchou seu braço na cintura fina de Blair de modo que ela ficasse bem próxima à ele.

– O que são estas fichas? - Ela perguntou, escaneando os papéis com os olhos.

– Estes são os próximos da minha lista de "acerto de contas". - Ele respondeu, encarando a primeira ficha da pilha de papéis.

– Kevin Edward Williams... - Blair pegou o papel que estava no topo da pilha em suas mãos e a analisou - Boa escolha.

– Você o conhece? - Chuck franziu o cenho e olhou para cima de modo a ver o rosto de Blair.

– Ele fez parte da comissão publicitária da campanha de meu pai, quando concorreu a governador no ano retrasado. - Ela leu a ficha do homem cuidadosamente - Roubou dinheiro do caixa. Ele foi descoberto, expulso da comissão e teve um mandado de prisão, mas fugiu. Por onde este sujeito anda?

– No Canadá. - Chuck deu um pequeno riso irônico - Ele acha que saindo do país pode escapar de mim. Não sabe o quão enganado está...

– O que ele lhe fez?

– Pediu dinheiro emprestado com meus agiotas e nunca mais pagou de volta. Foram 20 mil dólares, para ser mais preciso. Já o avisamos inúmeras vezes, é claro. Queimamos a casa que ele tinha na Califórnia como segundo aviso, e quando o cobramos de novo, ele fugiu. Estamos com um pouco de receio a respeito de assassiná-lo... A polícia está investigando os passos de Kevin para prendê-lo e não podemos nos arriscar e entrar na mira deles, mais ainda do que já estamos.

– Na verdade, acho que podem matá-lo tranquilamente. A polícia nova-iorquina não liga muito para assassinatos de gente como ele; querem apenas prendê-lo. Se já estiver morto, melhor para a polícia.

– Perversa. - Chuck murmurou e deu um aperto delicado na cintura de Blair como cumprimento. - Cuidaremos dele na semana que vem, então. O que me diz sobre este aqui?

– Veremos. - Blair pegou a segunda ficha da pilha e abriu um sorriso - Fácil. Porquê liquidar Zachary York quando você pode fazer algo pior do que matar?

– Este é um que eu não pretendo matar. Ainda. – Chuck falou.

– Yohanna York. A esposa. Ela é tudo que ele tem. Seria uma tortura terrível para Zachary se vocês a sequestrassem. - Blair comentou casualmente. Chuck arregalou os olhos e olhou para a mulher ao seu lado.

– Você seria uma ótima companheira aqui na máfia.

– Eu sei. - Ela abriu um pequeno sorrisinho e plantou um beijo na bochecha de Chuck - Pena que minha bondade não me deixa levar as coisas para o lado mal da batalha.

Blair estava prestes a se afastar quando Chuck levantou e a puxou pelo braço. Ela colidiu contra o seu peito e os dois se encararam nos olhos.

– A sua bondade é tão existente quanto a abolição total do álcool, minha querida. - Ele acariciou de leve a bochecha macia dela e selou seus lábios com os dela.

Blair colocou as duas mãos nos ombros de Chuck para apoio e sugou sua boca como se sua vida dependesse daquilo. Chuck mordeu de leve o lábio inferior dela, pedindo passagem para aprofundar o beijo. As línguas se envolveram em uma calorosa dança, e Chuck sentou Blair em sua mesa, colocando as mãos em suas coxas cobertas pelo vestido fino de seda rosa. Blair desviou-se da boca de Chuck para respirar, mas o mafioso continuou seu caminho com pequenas mordidas ao longo do pescoço de Blair, enquanto seus dedos, lá embaixo, brincavam com a bainha de seu vestido. Blair o abraçou com todas suas forças e gemeu ao sentir os lábios de Chuck sugarem um lugar delicado de sua nuca. O seu vestido foi subindo, subindo, até que a saia estivesse por completo em sua cintura, expondo as meias nude 5/8 e as cinta-ligas brancas que ligavam à sua lingerie.

– Tão perfeita. - Ele murmurou contra o pescoço de Blair, enquanto suas mãos apertavam as coxas nuas dela. Blair cravou as unhas no pescoço de Chuck enquanto soltou um baixo gemido de prazer, deixando pequenas marcas de meia lua na nuca grossa e firme do mafioso. Ele não se importou com a ardência que aquelas unhas haviam provocado; seus olhos e seus dedos estavam chegando perto do tesouro. As coxas expostas, cinta-ligas quase desfeitas, o dedo indicador de Chuck passeava sobre a costura da calcinha branca de algodão que Blair usava.

– Deixe-me. - Ele pediu, o dedo já escorregando para baixo do tecido fino.

– Chuck... - Ela murmurou, sua voz desta vez era em alerta.

– Por favor. - Seu dedo agora havia passado por baixo da calcinha. Ele conseguia sentir uma das dobras molhadas da intimidade dela. Chuck estava prestes a penetrá-la com o seu dedo indicador, mas Blair fechou as pernas com força, prendendo a mão dele ali.

– Sério? - Ele reclamou, sua mão presa entre as coxas nuas dela e seu dedo trancado dentro da calcinha fina de algodão branco. - Eu poderia ficar nessa posição para sempre.

Ela exibiu um sorriso malicioso e abriu um pouco as pernas, para logo em seguida tirar a mão dele dali. Chuck bufou, irritado, e se afastou de Blair. Ela pode ver a crescente protuberância nas calças de linho azul marinho dele.

– Você vai me deixar assim? - Ele apontou para a sua virilha, que exibia um enorme volume apontando pra cima por sob a calça. - Meu dedo ainda está com a sua essência, Waldorf.

– Então lave as mãos, Bass. - Ela saiu de cima da mesa e ajustou sua roupa intima e o vestido, pegando sua bolsa e fazendo a volta na mesa - Tenho um compromisso, não posso me atrasar.

– O que eu faço, Blair? Sério, minhas bolas vão ficar azuis. - Chuck reclamou, e Blair mordeu o lábio para segurar o riso.

– Pelo que ouvi de algumas dançarinas no Victrola, os homens podem cuidar de si mesmos.

Ela pode ouvir um grunhido frustrado de Chuck ao fechar a porta do escritório.

XOXO

– Nossa, você está com um mau humor terrível - Nate reclamou, tomando um gole de seu whisky - O que aconteceu?

– Nada que tenha relação com você, Nathaniel. - Chuck murmurou, com cara de poucos amigos. O speak easy estava rolando no Victrola aquela noite; a banda tocava uma música alta e animada, as bebidas passavam de mão em mão entre os convidados e belas dançarinas faziam suas performances no palco central. Seria uma noite de comemoração para Charles Bass, mas a dor em suas calças não o deixava aproveitar muita coisa.

– Ok, desculpe. - Nate arqueou as sobrancelhas e colocou as mãos para o alto em sinal de defesa - Eu também não estou nos meus melhores dias, sabe?

– Você e Serena vão se casar. Agora pare de reclamar.

– Como você pode ter tanta certeza? Lily não a deixa mais sair de casa, ameaçou me entregar para a polícia caso eu insistisse e não posso mais subir para o apartamento dos Van der Woodsen para vê-la. - Nate bufou - Estou enlouquecendo.

– É tudo uma questão de tempo. - Chuck tomou um último gole de sua bebida e levantou-se do banco que estava sentado - Ah, vamos pôr nosso plano contra Kevin Williams em ação na segunda feira.

– Já? Mas não decidimos que seriamos cautelosos em relação à ele?

– Os planos mudaram. A polícia pensará que foi apenas um assassinato de "acerto de contas", o que não deixa de ser, para ser franco. Eles não vão investigar o caso com mais profundidade.

Nate permaneceu um minuto em silêncio, pensando na proposta, depois concordou com a cabeça.

– Se você diz... O que o fez mudar de ideia?

– Blair esteve no escritório hoje. Deu alguns palpites, nada demais. - Chuck se sentou no banco novamente e fechou as pernas com força. Pensar em Blair só aumentava sua frustração.

– Blair? Desde quando Blair palpita sobre nossos esquemas? Especialmente quando eles dizem respeito à nossos inimigos.

– Ela conhecia algumas pessoas de nossa lista.

– Chuck, precisamos planejar tudo com muito cuidado. Hoje já é sábado, não acha que estamos indo rápido demais?

– Não, eu apenas peço que-

Chuck se interrompeu ao ver Blair Waldorf e Serena Van der Woodsen entrando em seu estabelecimento. Nate imediatamente saiu de seu lado, indo até sua noiva, que sorriu ao vê-lo. Blair deu um brevo aceno para Chuck e foi até o bar tomar algo.

– Eu não estou bem. - Chuck falou ao se sentar no banco ao seu lado, em frente ao balcão do bar. Blair riu e colocou na boca a azeitona que tinha em seu drinque, lançando um olhar provocativo na direção de Chuck.

– Me desculpe. Não posso fazer nada.

Chuck bufou e tomou um longo gole de whisky enquanto lançava um olhar furtivo para o corpo de Blair. Seu vestido cilíndrico vermelho caia perfeitamente bem em sua figura, e terminava um dedo acima dos joelhos, deixando uma linda visão de suas pernas para que ele pudesse apreciar. Seu cabelo caia em ondas em seus ombros e os lábios com batom vermelho gritavam para serem beijados. Ele sacudiu a cabeça com raiva. Não conseguia se controlar.

– Aproveite a noite, Waldorf. - Ele murmurou e se levantou do banco, caminhando para longe dela.

XOXO

Blair abriu caminho em meio às pessoas dançando na pista de dança. Serena estava em algum lugar com Nate, matando as saudades do querido noivo, e Chuck estava desaparecido. Ela queria vê-lo, nem que fosse para provocá-lo ou apenas dançar com ele antes de ir embora, mas ele não se encontrava em lugar algum. Ela ouviu a voz dele em algum lugar por perto, mas quando estava prestes a alcançá-lo, alguém puxou seu braço.

– Preciso conversar com você. - Carter Baizen murmurou, olhando-a de forma inquisitiva. Blair se soltou do aperto de Carter, mas sua máscara permanecia neutra e educada.

– Eu não tenho absolutamente nada para conversar com o senhor.

– "Senhor" - Carter revirou os olhos - Não há necessidades para tal formalidade, Blair.

– Então, se você me permite... - Blair tentou se esquivar, porém Baizen novamente puxou seu braço.

– Você me acompanha. Agora. - Ele falou, e discretamente levantou o paletó de seu blazer. Um canivete afiado apontava diretamente para a barriga de Blair. Ela engoliu em seco e acompanhou Carter Baizen para fora do salão.