Jessica Chloe - Vitoriosa escrita por MidnightDreamer


Capítulo 48
Todos Juntos


Notas iniciais do capítulo

Último cap! Meus olhos estão cheios de lágrimas...
Mas se vocês quiserem um epílogo, eu posso escrever!
Ah, e não se esqueçam de olhar minha nova fic!



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— Já está pronta? - Hector fala, abotoando sua camisa.

— Claro! Estou tão ansiosa... Não está? - Vou até ele e tento dar um jeito naquele cabelo que já estava bem maior que alguns meses atrás.

— Eu estou sim. - Ele aproveita e me beija. - Estou com muita saudade deles.

Ele coloca o lenço em mim e logo depois de por o perfume importado (vaidoso? Imagina!), nós vamos até o carro. Ele abre a porta para mim e depois entra no lado do motorista. Hector olha para mim e sorri.

— Será que eles sentiram saudade da gente?

— Acho que sim. - Faço o favor de girar a chave. - Por favor, vamos logo!

— Oh, então você sabe dar a partida no carro? - Ele debocha. - Sabia que já está em tempo de você aprender a dirigir?

— Bem que você podia me ensinar. - Respondo, e começamos a ir até o hospital.

Depois de alguns minutos, chegamos à maternidade. Seguro-me no braço dele, acho que estou com muita ansiedade. Se não fizesse isso, acho que sairia correndo para a ala dos prematuros. Uma doutora nos vê e nos para.

— Os senhores são o senhor e a senhora Daves?

— Sim. - Respondo antes mesmo que Hector. - Por quê?

— Não, é só pra avisar que os bebês estão prontos. - Ela sorri, provavelmente da minha cara de preocupação. - Já tomaram banho e estão vestidos com as roupinhas que vocês trouxeram.

— E onde eles estão? - Hector pergunta.

— Na ala B dos prematuros.

Ela nos acompanha até lá e quando chegamos vejo meus bebês descansando, Stephanie com sua roupinha amarela-clara e Robert com seu macacão verde. Não quero que meus filhos façam parte do clichê "meninos azul e meninas rosa". Bob está com o polegar na boca, mas a sua outra mãozinha parece estar entrelaçada com a da irmã, que observa a todos com aqueles olhos azuis-esverdeados.

Hector pega a Stephanie e eu pego Robert. Infelizmente ele começa a chorar e eu faço de tudo para ele parar. Enfim, quando começo a fazer movimentos lentos com os braços, ele começa a se acalmar. Hector e a filha parecem se dar bem, ele brincando com ela e fazendo voz de bebê. Bob está bem mais pesado, acho que uns dois quilos e meio. A menina também está maior, ainda maior que o irmão.

Depois que preenchemos todas as papeladas, vamos direto para o carro. Ah, como eu quero chegar em casa com eles... Nos bancos de trás, já havíamos previamente colocado dois bebês-conforto e assim que desvendamos o método para coloca-los em segurança, entramos nos bancos da frente.

Nunca vi Hector indo tão rápido para casa. Bem, tão rápido quanto se pode ir em horário de pico. Quando estacionamos o carro, pegamos-os nos braços e levamos-os para nossa casa. Assim que a gente chega, olho para todos nós e fico meio que sem saber o que fazer agora.

— Acho que vou ligar pra mamãe. - Pego com destreza meu telefone e ligo para ela.

— Alô, Sica? Você já buscou os bebês?

— Sim... Onde a senhora está?

— Saindo do aeroporto... Esse negócio de vocês ficarem morando do outro lado do país não vai dar certo.

— Então por que vocês não vem morar em Nova Iorque?

Ela fica em silêncio, processando a ideia.

— Talvez algum dia. - Ela ri. - O que houve?

— É que eu estou meio perdida em relação ao que fazer com os meninos... Eu acabei de ir buscá-los com Hector. Será que eles estão cansados?

— Acho que não... Você já deu a mamadeira para eles?

— Oh, não! - Exclamo, fazendo mímicas para Hector, tentando dizer para ele ir esquentar o leite. Ah, graças a Deus ele entendeu. - Hector foi esquentar.

— Lembre-se de não esquentar no microondas! - Ela exclama, e logo depois exclamo para Hector. - Daqui a pouco eu chego aí.

— Espera, a senhora não está no aeroporto de Seattle?

— Não, eu já estou em Nova Iorque! - Ela diz. - Está desligada mesmo, Sica.

— Desculpa eu não poder ir te receber... - Tento me desculpar.

— Não há problema. - Ela suspira. - Seu pai foi atrás de um táxi pra gente.

— E Lilian? - Pergunto.

— Ficou. Ela tem que terminar os estudos, sabia? - Ela brinca. - Mas assim que ela conseguir uma brecha, ela vem pra cá.

— Então está certo... - Vejo Hector voltando com duas mamadeiras. - Não esqueça de ligar quando chegar na portaria.

— Tudo bem. Eu te amo, filha.

— Também te amo. - Desligo.

Hector me entrega uma mamadeira e amamento Bob, enquanto ele faz a mesma coisa com Stephanie. Quando volto meus olhos para nosso filho, vejo que ele me encara com os olhos mais verdes que já vi. Nossa, são mais verdes que os meus.

— Olha a cor do olho dele, Hector... - Chamo-o. - Como eu não havia visto isso antes?

— Uau! - Ele sorri. - São lindos. Eu também não havia notado o quão verdes eles eram.

Olho para ele. Suspiro, vendo aquele homem que há alguns anos atrás estava me apresentando o colégio. Dou um leve sorriso para ele.

— O que foi?

— Eu jamais imaginaria que minha vida chegasse a esse ponto. - Explico. - Nunca imaginei que eu teria dois filhos gêmeos com você, a primeira pessoa que conheci na escola nova.

Ele também sorri.

— Eu também não esperava por isso. - Ele beija minha bochecha. - Quer dizer, eu esperava que a gente ficasse, nada mais. Mas quando você foi diagnosticada com câncer... Eu não entendo até hoje. Por que eu te conhecia há três dias, mas saber que você podia morrer me deixou...

— Shh. - Beijo-o, tentando evitar que suas lágrimas escorressem. - Acho que só tinha que acontecer mesmo. Imagina se a diretora Angelina não tivesse te chamado pra me apresentar a escola?

— Não quero nem pensar na possibilidade de eu não ter te conhecido logo. - Ele me beija.

Stephanie começa a chorar, e eu a rir.

— Acho que ela tem ciúmes do pai! - Digo, afastando-me dele e ela incrivelmente para de chorar.

Sento-me no sofá, acompanhada por ele. Olhando aqueles olhos azuis, vejo que sim, era pra ser aquilo mesmo. E tanto tempo praguejando Deus por ter me deixado doente fizeram com que só agora eu percebesse que, se não fosse essa doença, talvez Hector nunca tivesse ficado comigo. Bem, não precisava ser assim, mas serviu para eu encontrar o amor da minha vida.

— Então, acho que essa é a melhor hora para lhe entregar essa carta. — Hector sorri para mim. — Fiz algumas mudanças no texto, e agora acho que está perfeito.

Ele equilibra nossa filha em um de seus braços e rapidamente alcança o papel azulado no bolso de sua calça. Olhando para o papel, lembro-me da carta que ele havia dito que tinha escrito para mim a um bom tempo atrás. Ele me entrega o papel, olhando fixamente para mim.

"Minha querida Jessica,

Da última vez que lhe dei uma carta, deixei um soneto falar por meus sentimentos. Naquele momento, o texto exprimia exatamente o que eu sentia por você, mas hoje posso dizer o contrário.

Meu amor por você não está mais escondido dentro de mim. Não quero deixá-lo escondido nas sombras, e sim deixá-lo exposto para que todos vejam. Não vou deixar nada me impedir de demonstrar ele para você, todos os dias.

Não sabia o porquê do meu amor por você. Eu não sabia como eu havia começado a amar alguém como você, num tempo tão rápido. Agora eu sei. Eu te amo porque você me mostrou o que é a vida de verdade. Você me mostrou uma felicidade tão distante, porém tão convidativa, que não pude fazer nada além de me deixar levar. Todas as nossas conversas sem nexo, nossas risadas sem explicação, nossos choros silenciosos, me ensinaram muito sobre o que é viver. O que é aproveitar cada momento. O que é amar de verdade.

Eu te fiz sofrer, e você não merecia nada disso. Todos os dias eu tento me redimir por tudo que fiz, e espero que você tenha percebido isso. Todos os dias que acordo, lembro-me de seu rosto, de seu sorriso, e isso me dá forças para me levantar de manhã. Estar ao seu lado novamente me tornou um homem novamente. As melhores coisas que nos aconteceram, creio que você concordará, foram nossos meninos. Sentir o peso deles nos meus braços foi a sensação mais mágica que já experimentei. Você não sabe o quanto estou realizado por ter vocês três. Eu amo vocês mais que minha própria vida.

Eu nunca havia esperado que minha vida fosse mudar para a situação de agora. Talvez o garoto de dezessete anos que você conheceu odiaria esse futuro aparentemente chato e sem graça, mas saiba que eu jamais me perdoaria se eu fizesse qualquer coisa que me tirasse da realidade em que estamos agora. Eu quero acordar de madrugada para dar mamadeira para Bob. Quero sair para brincar no playground com Steph. Quero levá-los à escola. Quero dar broncas neles, quero abraçá-los, quero ensiná-los a serem as melhores pessoas que puderem ser. Mas, principalmente, quero acordar todos os dias e te ver ao meu lado, sorrindo. Quero dizer 'bom dia' para você. Quero ver seus primeiros fios de cabelo brancos. Quero viajar pelo mundo com você. quero amá-la para sempre e sempre. E eu espero que você também queira dividir o resto da sua vida comigo.

Tenho certeza que isso ficou cafona, mas não me importo. Eu amo você.

Hector."

As lágrimas já caíram em cima do papel, antes mesmo que eu as percebesse. Tanto Hector quanto nossos bebês parecem estar olhando para mim, e meu marido compartilha suas lágrimas também. Aproximo-me dele e nos abraçamos num emaranhado de braços e pernas de bebês entre a gente. Nós dois rimos da situação.

— Eu também te amo. — Beijo-o levemente. — E amo essas bolotinhas também.

Ele ri, voltando a balançar Stephanie.

Finalmente minha vida começa a se organizar. Dessa vez de verdade.


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Notas finais do capítulo

Vocês querem que eu escreva um epílogo? Se sim, mandem reviews!