Jessica Chloe - Vitoriosa escrita por MidnightDreamer


Capítulo 49
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Como prometido!



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Olho no espelho.

Eu me lembro do dia em que eu me transferi para a escola mais importante da região. Lembro quando entrei naquela escola, e eu sabia que não ia ser fácil. Lembro quando conheci Hector. E também lembro quando fui diagnosticada com câncer. Isso tudo parece que foi a uma eternidade atrás, mas faz somente três anos. Há um meus filhos nasceram. Sim, faz um ano. Meu Deus, o tempo corre muito rápido.

Robert vem engatinhando, com suas gorduchas pernas de bebê. Eu o pego do chão e beijo sua bochecha gorda. Ele ri e enrosca seus bracinhos no meu pescoço, abraçando-me. Stephanie já tem mais confiança em andar, e num ritmo de "três passinhos-cai-levanta" ela vem até mim. Pego-a no colo e beijo sua testa. Oh, Deus, eles são tão lindos...

– Feliz aniversário! - Sorrio, e eles me imitam. - Como vocês saíram do berço?

Hector entra no quarto desesperado, com duas mamadeiras na mão.

– Não posso nem tirar o olho deles por um momento que eles já somem de vista! - Ele fala, arfando. - Eu... Não sei nem como é que vou cuidar deles bem, se ele vivem fugindo de mim!

– Eles não estão fugindo, bobo! - Dou um selinho nele. - Só deviam estar com saudades de mim!

– Tão convencida! De madrugada você os viu, não foi? E eu, que passei a noite sem ver eles, não tenho nem a oportunidade de dar a mamadeira pra eles!

Sorrio da bobagem dele. Stephanie, que sempre foi mais ligada ao pai, estende os bracinhos pra ele, pedindo colo. Hector sorri, pega-a no colo e me entrega uma mamadeira. Antes de segurar a mamadeira - sim, minha bebê é tão autônoma que nem precisamos mais segurar - ela olha pra ele e diz.

– Papá! - Ela sorri. - Papá, papá!

Ele olha para mim, olhos esbugalhados. Meu Deus, ela falou! A primeira palavra dela! Stephanie olha para mim, sorrindo também.

– Papá!

– Eu acho que ela percebeu que isso deixou a gente alegre. - Ele sorri, mordendo de brincadeirinha as mãozinhas dela.

Robert olha para aquela cena toda, meio confuso. Ele sempre foi mais ligado a mim. Seus olhinhos verdes tão mais verdes que os meus me olham com curiosidade, e eu sorrio para ele.

– O que foi, Bob? - Toco de leve seu nariz com a ponta do meu indicador. - Por quê tá olhando assim pra mamãe?

– Mamã. - Seu dedinho aponta para mim.

Agora é a minha vez de olhar para Hector, que sorri feito um bobo. Seu dedo vai até ele, e sorri.

– Papá.

– Meu Deus, ele consegue identificar quem é quem! - Hector exclama.

– Sempre soube que meus filhos seriam inteligentes como a mãe! - Gabo-me, e ele ri.

– Sei... Pelo menos são bonitos como o pai. - Ele entra na brincadeira, e os gêmeos começam a conversar naquela língua de bebê que ninguém entende.

Hector entrega a mamadeira para Stephanie, mas eu ainda preciso dar para Robert. Ele ainda é meio atrasado em relação à irmã, mas pelo visto ele está começando a atingir seu potencial. Quando a mamadeira acaba, escuto a campainha tocar.

– Deixa que eu atendo. - Respondo a Hector, que sentou no chão e começou a brincar com nossa filha.

Quando abro a porta, tenho uma surpresa.

– BOM DIA! - Vejo mamãe (segurando... Lola? Minha nossa, faz tanto tempo que não vejo minha cadelinha...), papai, Lil, Carlie, John, Missi e Jack espremidos no pequeno corredor.

– Bom dia! - Deixo-os entrar. - Não é cedo não?

– A gente veio brincar com meus sobrinhos! - Missi diz, pegando Robert. - Oi, Bob! Onde está Stephanie?

– Com Hector, no quarto.

– Não mais! - Ele aparece com nossa menina na sala. - Escutei tanto barulho lá de dentro que soube que só podia ser vocês todos!

Lilian pede para segurá-la, e Hector deixa.

– Eu estou tão desarrumada... - Falo, tentando alinhar meus cabelos.

– Vá se acostumando, vida de mãe é assim. - Mamãe diz, brincando com Robert. - Ainda mais de gêmeos!

– Bem, mas ainda sim vou tomar um banho. Meus filhos estarão seguros nesse mar de gente?

– Claro que sim! - Papai fala, e todos ficam ao redor dos gêmeos, até parecem a atração principal de um show.

Vou para o quarto e tiro o pijama - Sim! Eu estava de pijama! - para entrar no banho. Deus, eu ainda não vou me acostumar com essas estrias todas!

– O que foi? - Hector, logo depois de bater na porta, entra no quarto e me pega analisando minha barriga esquisita.

– Estou parecendo uma lasanha.

– Com certeza. - Ele me abraça. Acho que é uma das únicas vezes que conseguimos ficar sozinhos, sem os gêmeos pra cuidar. - Por isso está tão gostosa.

Eu não sei o que houve com ele, mas parece que ele ainda me enxerga como aquela garota de dezesseis anos que conheceu. Sem estrias, celulite, quilos a mais... É, ou eu tenho sorte ou ele está ficando cego. Ele me abraça, beija meu pescoço e depois me beija. Segura-me pela cintura e começa aquela tentativa de fazer coisas nos momentos menos oportunos.

– Tem sete pessoas lá fora, e você quer mesmo fazer isso agora?

– Não. - Ele beija minha testa. - Mais tarde.

Ele me deixa ir tomar banho. Banheira com água infinitamente gelada (pra acordar) e muito sabonete depois, visto-me com um vestido simples e vou até onde todos os outros estão. Quando adentro a sala, todos olham para mim.

– Demorou, hein? - Mamãe fala. - Bob estava chamando por você! Por que não me disse que eles aprenderam a falar?

– Foi hoje, quase agorinha que eles falaram pela primeira vez. - Sento-me junto à eles, no chão. Não há sofá que caiba todos eles ao mesmo tempo.

Jack pigarreia.

– Bem, já que estão todos aqui... Até gente que eu não conheço...

– São meus pais, Jack. - Hector os apresenta.

– Oh, prazer em conhecê-los. - Ele estende a mão para Carlie e John. - Bem, agora que eu conheço todos...

– Fala logo, Jack! - Missi exclama, totalmente ansiosa. Ih, acho que já sei o que é...

– Eu quero dizer para vocês em primeira mão que eu e Missi estamos noivos!

Todos exclamam surpresos, logo depois batendo palmas. Eu não estou tão surpresa, na verdade acho que demorou demais! Há um bom tempo ele me disse que ia pedir a mão dela, mas depois de quase um ano pensei que ele tinha desistido.

– Parabéns pra vocês dois! - Exclamo, enquanto Bob engatinha até meu colo. - Até que enfim, não é, Jack?

– Antes tarde do que nunca. - Ele dá um sorriso tímido e eu caio no riso.

Eles se abraçam e Stephanie também vem até mim, talvez fugindo da Lola, que mamãe deixou no chão. Abraço-a, beijando sua bochechinha gorda.

E é aqui que percebo algo.

Hector se aproxima de mim, enquanto os outros estão animados demais com o recente noivado, e acaricia minha bochecha.

– Está pensando na mesma coisa que eu? - Pergunto.

– Se você estiver pensando em como estou com fome, a resposta é sim. - Ele sorri.

Sorrio para ele e me levanto para preparar alguma coisa. Mamãe vem me ajudar.

– Parabéns. - Ela beija minha testa.

– Pelo quê? - Pergunto, pegando as torradas da torradeira.

– Por ser uma guerreira. Por não desistir nunca. - Ela me abraça. - Você não sabe o quanto eu sou orgulhosa por ser sua mãe. Eu te amo.

– Se hoje eu sou assim, é por que uma outra guerreira me ensinou. - Sorrio. - Obrigada por ser minha mãe.

Eu e ela ficamos abraçadas até que papai entra na cozinha.

– Eu tenho uma surpresa para você. - Ele me puxa para a sala, onde todos nos esperam.

Sento-me no sofá e ele pega uma sacola que ele trouxe.

– Você se lembra do seu aniversário de 17 anos?

– Lembro. O aniversário mais triste da minha vida. - Encaro Hector, que desvia o olhar para o chão. - O que é que tem?

– Eu disse que te daria o meu presente mais tarde, não foi?

– Foi... Mas eu nem lembrava disso. - Sorrio.

– Eu planejava te dar o presente no ano seguinte, mas você viajou para o outro lado do país... E eu acho que agora eu posso te entregá-lo.

Ele puxa algo da sacola.

– Meu presente para você é meu livro.

– Seu livro! Ficou pronto? - Pergunto, olhando para ele com alegria. - Ah, estou tão feliz por você...

– Olha a capa. - Ele pede.

Uma foto minha quando era criança. Eu... Vejo o título. Vitoriosa.

– Papai...

– Eu escrevi a sua história. Bem, pelo menos desde quando descobri seu tumor. - Ele explica, seus olhos cheios d'água.

Levanto-me e o abraço com tanta força... Então era isso, afinal, que ele tanto escrevia! Ele beija minha testa e sorri para mim. Eu não consigo conter as lágrimas de alegria! Volto a olhar para todos.

– Vocês sabiam?

– Só de um protótipo. - Hector sorri, brincando com os gêmeos. - Mas a gente nunca imaginava que uma editora ia publicá-lo.

Minha vontade é de abraçar a todos, e é isso que eu faço. Quando abraço Hector, ele sussurra em meu ouvido.

– Eu amo muito você. Nunca se esqueça disso.

– Eu também te amo muito. - Sorrio, beijando sua bochecha. - Nunca se esqueça disso.

O que eu percebi? Que era para ser assim mesmo, exatamente dessa maneira torta. Eu tive que mudar de escola para conhecer Hector, e eu tive que ter essa doença maluca para que percebêssemos que nos amávamos. Gwen teve que partir mais cedo para que pudéssemos amadurecer, deixar de ser tão infantis. Ele teve que me deixar para eu entender o quanto ele era necessário. Eu tive que ler aquela mensagem para ver que e não é tão perfeito assim, muito menos eu. Eu tive que perdoá-lo para poder ser feliz de novo. E bem quando tudo parecia tão bom que não podia melhorar, nossos filhos surgiram como uma cola para nosso amor. É, pode parecer até meio injusto nós termos que sofrer tanto, mas a felicidade que vivemos hoje compensa tudo o que passamos.

E minha vida vai seguir.


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Notas finais do capítulo

Pois é, acabou. Não chora, Angie... Não chora.
p.s.: Quero ver todos vocês na minha nova fic, ok? Espero vocês lá! =^.^=