Angel abriu os olhos lentamente. Sua vista ainda estava embaçada. Não se lembrava direito do que acontecera na noite anterior.

Se levantou. Esfregou os olhos.

–O quê? Onde estou?- Olhou em sua volta.Um quarto. Não havia ninguém. Sentiu pânico. Procurou uma porta e por sorte estava entre aberta. Abriu-a devagar, afinal não sabia onde se encontrava. Um imenso corredor. Saiu correndo em direção a uma porta aberta. Ouviu uma sirene. Correu mais rápido ainda e viu que uma mulher e um moço vinham em sua direção.

–Angel!Não corra!Não vamos machucá-la

–Co-Como sabe meu nome?-Perguntou ainda andando para trás em passos rápidos.

–Pare e vamos explicar-lhe.

Não tinha escolha. Já se aproximava da parede.Estava presa.Sua única opção era parar.Angel virou-se. Uma mulher ruiva e com mais o menos a idade de sua mãe a olhava calmamente. Algo lhe chamou a atenção. Seus olhos, possuíam a mesma cor que os seus, negros. E o jovem de cabelos claros, também tinha os olhos negros.

–Vo-Vocês também tem os olhos negros...

–Venha conosco e vou explicar-lhe tudo.

A mulher levou-a até um jardim. Havia várias árvores rodeando o lugar. Flores azuis se destacavam e bem no centro se localizava uma enorme fonte.

–Em primeiro lugar, meu nome é Góor.- Disse ela sentando-se no gramado

–E o meu é Angel, como já sabe.

–Está confusa não é ?

–Sim, muito.

–Venha comigo, vou lhe apresentar algumas pessoas.

Góor levantou-se e levou-a até um campo.Um campo enorme onde muitos jovens estavam. Alguns estavam sentados conversando e outros jogavam um jogo desconhecido.

–Venham aqui!-Gritou a ruiva para os jovens -Esta é Angel,a novata- Todos se entreolharam como se já soubessem de quem se tratava.- Estes são Falco, Éris,Serena,Tarsis e Annet.

–Prazer- disse Angel acenando com a cabeça.

–Podem ir, vou conversar com ela e depois vocês se conhecem melhor. -Todos se afastaram - Eu não sei se você percebeu...

–Percebi, todos tem os olhos iguais aos meus.

–Sim, todos. Sabe Angel, você nunca sentiu algo estranho não é mesmo.Algo que você pudesse sentir e as outras pessoas não.

–Como assim?Não estou entendendo.

–Quando fiz dezesseis anos, recebi algo, um privilégio. Algo que as outras pessoas não possuíam.

–Faço dezesseis hoje.

–Ah sim, é verdade! Então receberá hoje!

–Receberei... o que?

–Pare-se, e pense em alguma pessoa, mas não diga quem é.-Angel achou a proposta estranha mas fez a tal. Pensou. Em Giles.- Giles, seu irmão não é?

–Co-como sabe? Eu não disse nada!

–Sim Angel, você não disse, mas pensou. Esse é o meu dom a qual fui privilegiada.

Angel estava boquiaberta. Confusa.Inquieta.

–Então eu também tenho um dom...

–Vai ter, e o receberá hoje.Faz dezesseis hoje...

–E todos que possuem os olhos desta cor são assim?

–Todos. Depois você saberá os dons dos jovens que apresentei-lhe.

Era demais. Nunca fora capaz de pensar algo assim.Agora tudo se explicava. O porque das pessoas de sua aldeia a olharem de forma tão surpresa e invejosa.

–Góor e onde é que eu estou?

– Atrás das montanhas de Mind Oklan. Não se preocupe sua mãe Lessa já foi avisada por seu guardião.

–Meu guardião?

–Sim, Áquil, o homem que a vigiava no rio.

–Ah sim.

–Agora você mora aqui.Sei que é muita coisa para um dia só, mas logo vai entender tudo. Suas coisas já estão em seu quarto.Áquil irá levá-la até ele.

–Obrigada Góor por esclarecer as coisas.Mesmo que eu não tenha entendido tudo muito bem.

–De nada. Sempre que precisar de mim estarei aqui para atende-la. Suba e descanse. Ao anoitecer nós nos reuniremos no campo.

Áquil levou-a até seu quarto.Era enorme. Angel ficou maravilhada com o tamanho de sua cama, já que estava acostumada a dormir em colchões de palha. Deitou-se e logo adormeceu, pensando em como tudo aquilo poderia ser possível. Seria um sonho?