No capítulo anterior... "Era bom ver a luz do dia novamente, mesmo com um céu tão cinza e triste, com uma pontada de dor no coração Angel se lembrou dos dias em Mind Oklan, dos seus pais, seus irmãos, seus amigos... O que será que eles estão pensando agora?

Ela se apoiou na chaminé e olhou a cidadela, era um labirinto de casas, ruelas e esquinas, muito, muito grande. Lá no horizonte ela viu uma grande torre, com outras menores em volta, parecia uma espécie de fábrica. Era negro e enorme, mesmo de longe. Definitivamente era ali. Instituto Ascek.

–Meus amigos estão lá, e todo o povo que morava aqui, estão todos lá, sofrendo...

–É bonito, não achaanjinho?

Anjinho

Angel se virou tão depressa que quase caiu do telhado. Aquela voz, aquele sorriso diabólico e aqueles olhos penetrantes cheios de pensamentos desprezíveis.

–L...Lótus? ...''

-O que? Parece que viu um fantasma anjinho!

-C...Como me achou?

-Ah! Era só uma armadilha! Você é um pouco previsível demais, mas foi divertido -Ele estava sereno... Sereno demais...

-O..O que? Do que você está falando? Armadilha? Eu escapei da sua armadilha! Annet me salvou!

-Salvou? Do que? Da explosão do aerodeslizador? Aquilo foi só pra te separar dos seus amiguinhos anjinho, acha que eu sou burro de matar todos vocês e acabar com toda a diversão?

-Mas você tentou nos matar!!

-Voar te deixou muito lenta anjinho, pense bem, se eu quisesse matar qualquer um de vocês eu já teria feito, ou você realmente acha que eu não sabia onde vocês estavam?

-Então por que explodiu o aerodeslizador? Como sabia que eu ia me separar deles? Eu só escapei por que a Annet me tirou de l... -Essa não... Não... Não pode ser!

- Ahhh... Finalmente entendeu? Annet te “salvou” porque eu mandei, eu a controlo desde antes de você e Logan a ‘resgatarem’, meus Irreduts tiraram seus amigos do aerodeslizador antes da explosão e a Annet se encarregou de tirar você, foi só uma distração, pra deixar tudo mais divertido...

Por isso ela estava tão estranha... Pobre Annet, eu fui muito burra por não perceber antes!

Lótus sorria, sempre, sempre, sempre... Sorria diabolicamente, e aquele olhar... Quando ele a olhava, Angel sentia-se nua! Aqueles olhos guardavam os desejos mais imundos, e a alma mais podre que qualquer pessoa podia sequer imaginar. Ela o temia. Por ela, por seus amigos, por sua família... Angel sentia uma sensação horrível de que nada e nem ninguém estava seguro contra ele.

-Você é um monstro! Tudo isso só pra me capturar de qualquer jeito? Por que não me sequestrou junto deles? Por que me deu a chance de fugir?

-Por que eu queria que você tivesse esperança, e eu sabia que voar lhe proporcionaria isso. A sensação de liberdade, a coragem repentina, e você não fugiria.. Não... Você por um momento pensou que seria capaz de salvar a todos não é? E é aí que eu entro glorioso, esmagando seu último resquício de esperança.

Angel sentia as lágrimas chegando, lutava contra elas, não queria chorar, queria lutar! Finalmente entendera, era uma tola, TOLA por pensar que era capaz de vencê-lo, tola por não perceber que estava tudo indo fácil demais, ele não era estúpido e ela devia saber disso... Tudo estava perdido... Tudo...

-Por que está fazendo isso comigo? –Angel gritou, em prantos- Como você pode ser tão cruel?

-Hora... Era só me fazer visitas agradáveis todos os dias, nada mais, mas você preferiu me deixar furioso, então você e todos os seus amigos vão pagar. Eu avisei anjinho... eu avisei... É apenas um jogo, onde sou eu quem dá as cartas. Mas isso é apenas o começo, que tal dormir um pouco?

Angel o olhava nos olhos, e suas pálpebras começaram a pesar e fechar, lentamente, ela lutava, mas era forte demais... –Boba! Esse é o dom dele, ele pode te controlar agora... Droga, droga, droga!

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Ela estava nadando no riacho, com o sol quase se pondo, a meia-escuridão e a brisa fraca do crepúsculo a acalmava. Podia ouvir os sons da floresta, cigarras, grilos, as folhas das árvores se debatendo com a brisa... Saiu do riacho e se vestiu na margem. Foi correndo de volta pra casa, com o vento secando seus cabelos e os desgrudando de seu rosto. Chegou em casa e encontrou todos a mesa, Giles foi o primeiro a vê-la e abriu um largo sorriso, Colinne estava ao lado de Claus como sempre, também sorriu ao vê-lâ. Oliviér, a mulher dele, sua mãe, seu pai, seu tio... Todos sorriram, até mesmo Claus, com quem nunca tivera muita afinidade... Todos sorriram e disseram em coro: Sentimos sua falta Angel! –Ela queria chorar, não de tristeza, de felicidade, por estar em casa novamente, com toda a sua família, queria correr e abraça-los todos... Mas não conseguia se mover... Então de repente tudo ficou escuro e ela caiu... Estava sozinha... E triste novamente.

Angel acordou em um quarto branco, tão branco que chegava a doer-lhe os olhos, ela estava deitada em uma cama igualmente branca que era o único móvel do quarto, tentou se mover, mas seus braços e pernas estavam amarrados com faixas de couro marrom afiveladas. Sua cabeça doía terrivelmente, não sabia o que havia acontecido, mas tinha medo de gritar por ajuda... Ela estava sozinha, e com medo, sentia-se uma criança novamente, quando se perdeu na floresta depois de levar o almoço ao seu pai, mas ela gritou e sua mãe chegou e levou-a pra casa... Mas dessa vez não seria assim, ela estava sozinha... Completamente sozinha.