Eu dava pequenos passos em direção ao núcleo do estábulo, sabia que o meu destino estava traçado, e por mais que me doesse deixar novamente Regina agora havia Henry - nosso filho - e ele era uma das coisas mais importantes na vida da minha morena, jamais a privaria da vida que poderia ter com o nosso garoto, além disso não era como se existissem muitas opções, eu nunca deixaria uma criança sofrer nas mãos de um maníaco, e o menino ainda mais sendo meu filho... Bem, já havia sido mantida presa uma vez pelo homem que agora estava em poder de Henry, eu havia sido espancada algumas vezes, e meu estado era decadente após deixar o cômodo no qual fui mantida, na minha cabeça cenas do mesmo acontecendo com Henry me assustavam cada vez mais. Eu jamais me perdoaria se ele sofresse, ele não tinha muito conhecimento da nossa história, a minha história com sua mãe adotiva e muito menos a história que agora era o motivo para o seu sequestro.

A culpa agora me corroía, eu não podia parar de pensar que se talvez, eu tivesse controlado minha curiosidade eu não precisaria permanecer na cidade, seria algo fácil, chegaria, deixaria o garoto e iria embora, aceitaria o fato de ter sido traída pelo homem que possuía minha total confiança, e aceitaria o fato de perder o amor de minha vida. - NÃO! NÃO! Eu jamais aceitaria isso - as palavras rondavam minha cabeça, os pensamentos a enchiam e as lágrimas escorriam, livrando-me de grande parte do peso que agora eu carregava. Demorei cerca de cinco minutos para chegar até o ponto marcado, eu havia dito para Regina estacionar a Mercedez longe do estábulo assim estaria a poupando de qualquer cena trágica possível a ser vista, respirei fundo e então ultrapassei as linhas marcadas pelas velhas portas de madeira, portas velhas, porém não tão diferentes de dez anos atrás.

Entramos as duas de mãos dadas, estávamos alegres, era mais um das tardes quentes que iriamos passar juntas, isso sem dúvidas era animador, entramos no estábulo e eu prensei o corpo da morena contra uma das portas, laçando assim meus braços na sua cintura e a beijando, um beijo apaixonado como todos os outros que nós dividimos, quando nossos pulmões imploravam por um pouco de ar nós - infelizmente - tivemos que abandonar o beijo, apoiando nossas testas e sorrindo uma para a outra. Regina então pegou em minha mão e me levou até um dos cavalos do estábulo, era um cavalo preto, um lindo cavalo preto, eu sorri para ela, e ela sorria para mim, nós estávamos extasiadas, eram ondas de sentimentos indescritíveis, eu jamais havia me sentido desse jeito, ela era a única pessoa que me fazia voar, porém também era a única que me fez manter os pés no chão. Ela era a única coisa que eu sentia necessidade de ter, que eu precisava. Ela era tão importante para mim quanto o ar que eu respirava, quanto o sangue que pulsava em minhas veias.

Aquela tarde nós saímos para montar, ela guiava o cavalo e eu ia montada no mesmo cavalo, sentada atrás dela com os braços agarrados a cintura dela, meu rosto estava aterrado no seu pescoço e eu depositava pequenos beijos lá, fazendo-a sorrir.

Aquele dia foi perfeito, após pararmos em uma cabana distante, muito distante amarramos o cavalo no estábulo que deveria pertencer a vila próxima, então andamos lado a lado até a cabana, onde passamos o resto do dia, nos amando e trocando carícias, palavras e abraços.

Não queríamos sair de lá, não seria necessário por mais alguns dias, haviam suprimentos na cabana, e assim nós decidimos passar aquele final de semana, juntas, sem nem se importar com o mundo lá fora, não era de nossa preocupação nada que tivesse ocorrendo lá fora. Aquele foi um dos finais de semana mais perfeito que ambas já vivenciaram em suas vidas, elas jamais se esqueceriam. Jamais.

Emma adentrou o estábulo e observou uma silhueta que se movia, notou então que um homem por trás dela aparecerá segurando algo que ela assimilou com um pano e um frasco, lembrou-se então da primeira vez que o sequestro ocorreu. Eles iriam a colocar para dormir novamente, porém antes disso ela fez sinal para que o homem parasse, ele obedeceu, ela se virou para o homem mais alto, que tinha um sorriso malicioso no rosto e então perguntou.

- Henry?

- Ele será solto assim que você for capturada, não se preocupe querida, você tem a minha palavra. - Uma gargalhada e então Emma vira tudo se escurecer.