Máscaras escrita por Reky


Capítulo 3
Decepção


Notas iniciais do capítulo

Olá! E aqui estou eu, de volta com Máscaras!
Acho que, aos poucos, estou pegando o embalo de escrever fanfics de capítulos longos de novo. Quer dizer, depois de WIWYM. Enfim...
Gostaria de pedir desculpas por causa do meu atraso, como já é de praxe. Mas, agh, Máscaras é Máscaras e existiam algumas decisões que precisavam ser tomadas antes de publicar este capítulo e que, durante MESES, estive em um debate interno porque elas definiriam o decorrer da história. Mas, bom, eu finalmente tomei e espero que tudo dê certo daqui em diante.
Já vou pedindo desculpas também porque mudei os travessões para aspas e acho que continuarei assim daqui por diante. Espero que não se importem!
Tenham uma boa leitura! ((:



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A Seleção prosseguia sem se preocupar com o conflito interno que o recém-sorteado sonserino se encontrava.

Do outro lado do salão, a mente do garoto que tanto incomodara Scorpius martelava, ansiosa para o momento em que todas as suas suspeitas e anseios, enfim, seriam resolvidos.

James observava, extasiado, a forma como Albus se empertigava, desconfortavelmente, ao lado de Rose. Por Merlin, ele estava suando frio?! Que panaca, o grifinório riu em seu lugar, ajeitando-se para poder ter uma melhor visão do espetáculo que se desenrolava. Estava tão certo para ele o lugar em que Albus pertencia – ou, melhor, ao que, definitivamente, não pertencia - que não se sentia nem um pouco nervoso. Para James, Albus era fraco. Um frágil garoto que, com o menor movimento, assustava-se facilmente e corria diretamente para os braços da mamãe. Albus era uma decepção. Quando pequenos, James sempre tentou fazer do irmão alguém digno de ser seu igual, seu companheiro. Mas, não. Ele sempre preferiu ficar com Rose, que era mais quieta e centrada, nunca mostrando interesse algum em ajudá-lo com suas peripécias.

Aquilo e todo o resto – o jeito como Albus era tratado, a forma como as pessoas o descreviam – nunca deixaram de enfurecer James.

Antes que pudesse perceber, McGonagall chamava Albus.

James observou com olhos de gavião o momento em que seu irmão mais novo se aproximou do palanque, visivelmente trêmulo mesmo da distância em que se encontravam. James já não prestava mais atenção às conversas a sua volta, todos seus sentidos direcionados à cena logo em frente. Um pequeno sorriso de lado surgiu em seus lábios ferinos quando viu Albus se desequilibrar no banco e ficar tão rubro quanto as vestes que James vestia.

Ah, aquilo seria divertido.

Durante toda as férias de verão, ele tentara, de uma forma ou de outra, provar que a Grifinória não era lugar para Albus. A brincadeira com a cobra, é claro, fora o meio de confirmar aquilo, tanto para si mesmo quanto para o irmão. Albus era medroso, quieto demais para uma Casa ativa e que precisava de braveza como a Grifinória. Ter medo de uma simples cobra colocava Albus na categoria dos bebês chorões para James, e, por isso, ele não seria bom para sua querida Casa.

Quem sabe, talvez, a Sonserina não seria melhor? Albus poderia enfrentar seus medos, então, andando com todos aqueles ofídios para lá e para cá.

James ria internamente, não acreditando na própria piada. Talvez Albus devesse ir para a Lufa-Lufa.

Sua expressão de escárnio derreteu-se com uma única palavra que saiu do Chapéu Seletor.

“Grifinória!”

Imediatamente, os olhos de Albus se levantaram e encontraram os dele. James sentiu seu estômago revirar e, enquanto via seus amigos se levantavam para cumprimentar o garoto, tudo em que ele conseguia pensar era em como aquilo poderia estar acontecendo com ele depois de tudo o que havia feito.

Albus se aproximou com passos relutantes da mesa da Grifinória. Por um instante, ele hesitou e olhou para trás, diretamente para o Chapéu Seletor. Perguntava-se se ouvira errado e se sua mente estava lhe pregando peças.

Aquilo não poderia ser verdade.

Depois de tanto tempo sendo atormentado por James dizendo-lhe que não pertencia à Grifinória, Albus até que havia começado a acreditar naquilo. Ele não era bravo, corajoso e nem um pouco audaz como qualquer grifinória que já conhecera na vida – e isso considerando que toda sua família era grifinória, exceto alguns poucos primos. E, Merlin, como alguém poderia colocá-lo na mesma Casa de Harry Potter? Claro, ele era seu pai, mas, além da aparência, Albus não via muitas semelhanças entre eles dois.

De fato, não poderia achá-los mais diferentes um do outro.

Contudo, conforme se virava para voltar a encarar a mesa da Grifinória, algo aconteceu: Albus começou a ver os sorrisos acolhedores, a ouvir as palmas receptivas e a aceitar os abraços de boas-vindas. Algo aqueceu seu peito e, pela primeira vez, acreditou que poderia realmente pertencer à Grifinória se estava sendo tão bem recebido assim pelos, agora, colegas de Casa. Se eles acreditavam que Albus pertencia ali, talvez ele pertencesse mesmo.

Por um breve momento, ele se deixou levar. Abraçou quem o abraçava, estendia sua mão para que a apertassem e iniciou uma pequena conversa com quem se aproximava para parabenizá-lo. Então, alguém colocou as mãos em seus ombros e empurrou-o para baixo até que ele sentiu o banco entre seus joelhos e se ajeitou melhor para poder continuar vendo a Seleção.

E então encontrou os olhos de James bem a sua frente.

Olhos castanhos, imersos em uma fúria que Albus jamais havia visto antes.

O sentimento de pertencimento o abandonou de uma só vez, fazendo seu peito comprimir-se com a falta que aquela sensação ínfima lhe fizera sentir por um breve instante. Um novo pensamento o acometeu: Ah, eu estou tão ferrado.

Assim que viu o primo sentando-se à mesa de Grifinória, Rose levou a mão à boca, mal percebendo quando começou a mordiscar as unhas. Quando aquela tortura iria acabar?!

Deixou sua mente voltar ao momento em que seu pai disse que a deserdaria caso não fosse selecionada para a Grifinória. Sentiu um calafrio passar em suas costas e olhou para trás, na direção em que Albus estava sentado, e percebeu a posição desconfortável em que ele se encontrava – diretamente na frente de James. Algo pareceu queimar dentro de seu peito, uma raiva e uma vontade imensa de ir até lá e estuporar James – mesmo que, tecnicamente, ainda não tivesse aprendido a estuporar. Começou a ficar hipertativa, seus pés batendo freneticamente no chão, as mãos já sem nenhuma unha para roer.

Quando, diabos, aquela tortura acabaria?!

“Weasley, Rose!” McGonagall chamou.

Rose correu como se sua vida dependesse disso – e, de certa forma, realmente dependia. Enquanto se ajeitava em cima do banco, seus olhos fuzilavam James com uma fúria que seria capaz de matar e seus pensamentos estavam totalmente focalizados em sair logo dali para socorrer o primo das mãos do irmão mais velho.

Ela assustou-se quando sentiu o chapéu se mexer em sua cabeça e começar a falar.

“Oh, mais uma Weasley. E quanta raiva nessa cabeça! Faria de tudo para proteger aqueles com quem se importa, embora seja um tanto egoísta para ser da Lufa-Lufa e agitada demais para a Corvinal.” O chapéu pareceu suspirar. “Já conheço cada cabeça dessa família e apenas algumas fugiram ao padrão. Não há muito aqui que diverja da Grifinória!”

Rose nem esperou que a diretora da escola tirasse o chapéu de sua cabeça: foi logo arrancando-o e jogando-o nos braços de McGonagall e pisando duro na direção da mesa em que seus primos se encontravam. Desviou dos abraços receptivos e das palmadas nas costas, indo direto para onde Albus estava, pegando-o pelo cotovelo e arrastando-o para longe de James.

Quando se sentaram em um local menos agitado da mesa, com quase todos os grifinórios encarando, estupefatos, a cena, Rose estava ofegante e vermelha tanto da corrida quanto de raiva.

“Por que não saiu de lá assim que viu James, Albus?!” Disse, evitando gritar para não chamar a atenção de quem estava por perto. “Você não viu como ele estava te encarando? Céus, achei que ele fosse te matar!”

Albus levantou os ombros, mas Rose percebeu seu olhar ferido.

“Eles me acolheram tão bem, Rosie, que não tive coragem de sair de lá quando me colocaram de frente a ele. Acho que acreditam que nós temos uma boa relação, por sermos irmãos e tal.”

Rose bufou e cruzou os braços, espantando alguns olhares curiosos apenas com um franzir de cenho. Ela observou enquanto Albus olhava para o prato a sua frente, tão inseguro quanto poderia. Como ela odiava James por fazê-lo se sentir tão diminuto assim! Suspirou e alcançou a mão do primo com a sua por cima da mesa, dando-lhe um sorriso terno quando ele levantou os olhos verdes para ela.

“Está tudo bem agora,” disse. “Eu estou aqui com você e sempre estarei. Você não está sozinho com ele.”

Albus sorriu, parecendo comovido com as palavras da prima.

“Obrigado, Rose. Você não sabe o que sua companhia significa para mim.”

Ela sentiu seu coração apertar em seu peito.

Vazio.

Era isso o que Scorpius sentia enquanto comia o jantar mais saboroso que jamais apreciara em toda sua vida. Por que ele insistiu em acreditar que tudo seria diferente quando estivesse em Hogwarts? A esperança era tola, inútil.

Decepcionante.

E, embora a comida saciasse seu estômago e fosse deliciosa, sua mente persistia em insistir que aquela não fora uma sábia decisão. Enquanto sentia os olhares arredios de seus colegas de Casa – o que seria um eufemismo, já que, vez ou outra, conseguia sentir os de alunos de outras Casas também – Scorpius só pensava em como gostaria de estar na segurança de seu lar e na forma como seu pai inquirira, apenas algumas horas antes, se ele estava certo de que queria ir à escola.

“Sim. Não posso ficar me escondendo em casa para sempre, não é?” Foi o que ele respondeu.

Scorpius suspirou, sentindo o peso aumentar em seu ombro. Ele não queria desistir, mas se a situação já estava tão ruim no primeiro dia, imagine como não seria pelos próximos sete anos?! Não conseguiu segurar um arrepio e ouviu algumas risadinhas debochadas alguns metros à direita.

Deixou metade da comida no prato, seu estômago já havia engolido muito mais do que apenas comida naquela noite. Talvez pela primeira vez desde o fim da Seleção, Scorpius levantou os olhos e se surpreendeu por, novamente, encontrar os olhos verdes do menino Potter o encarando. Estavam um pouco longe um do outro, mas conseguiria reconhecer aquele brilho nos olhos em qualquer lugar, pois já o vira centenas de vezes ao se olhar no espelho: temor, ansiedade e a difícil resignação quando se percebe que nada na vida acontece como se imagina.

A esperança é inútil, mas é sempre bom saber que há com quem se identificar.

Por isso, pela primeira vez em muito tempo, Scorpius arriscou um sorriso para aquele garoto na mesa da Grifinória. Albus Potter pareceu se sobressaltar e olhou para a garota sentada a sua frente como se estivesse checando se a prima não estaria vendo o pequeno sorriso clandestino que retribuía.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam do retorno de Máscaras?! *-*
No próximo capítulo, eles ainda estarão no primeiro ano (é claro, tirando James), mas logo, logo haverá um pulo no tempo - ainda não está certo se no capítulo quatro ou cinco. Máscaras é uma história de desenvolvimento lento, então isso é para o bom andamento da história. Espero que vocês continuem acompanhando mesmo assim! ((:
E, sim, definitivamente é Scorose, caso vocês estejam estranhando alguma coisa aqui! hahaha.
Não se esqueçam de comentar!
Beijoooos!



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