Máscaras escrita por Reky


Capítulo 2
Cobras


Notas iniciais do capítulo

Em primeiro lugar, tenho que agradecer duas pessoas essenciais para que esse capítulo saísse: Anna Weasley (agora, C), muito obrigada pelas dicas, pelo apoio, pela paciência e por ser essa fofura de pessoa! Carolina "Belém" Neves, também tenho que te agradecer pelos inúmeros comentários no doc e pelas diversas broncas que me fizeram enxergar onde eu precisava melhorar! Sem vocês duas, este capítulo teria demorado muito mais para sair!
Em segundo lugar, gostaria de pedir desculpas as minhas leitoras queridas minha demora. Como disse no prólogo, Máscaras é uma Fanfic que será bastante trabalhosa. Durante todos esses meses em que "protelei" a história, estive colocando muita pressão em mim mesma para fazer tudo certo. Escrevi cinco versões para este primeiro capítulo e todas, sem exceção, pareciam lixo para mim.
Ontem, depois de postar o capítulo 6 de Quimera, resolvi encarar meus medos e reler os comentários do prólogo e o que a Anna e a Bê me disseram. Arrumei algumas coisinhas aqui e ali, mudei o trecho centralizado no Albus e acho que eu, finalmente, fiquei satisfeita.
Espero que vocês gostem e tenham uma boa leitura (:



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Voltemos alguns anos no passado. Apesar de tudo ter começado muito antes desse dia, o melhor ponto para iniciarmos a narrativa da queda destes jovens é no dia que mais marcou suas vidas.

Estamos em 1º de setembro de 2017.

Uma família de cinco pessoas avançava pelo corredor nevoento da Plataforma 9¾. Dois adultos encabeçavam a pequena comitiva, ambos de mãos dadas com a pequena ruiva que era a cara da mãe. Mais atrás, dois garotos de idades aproximadas seguiam, uma atmosfera de tensão os acompanhando, já que o mais velho insistia em pentelhar o caçula.

— É, certeza de que você vai cair na Sonserina! – dizia ele, soltando altas gargalhadas.

Albus apertou os olhos esmeralda, não aguentando mais as provocações de James. Desde que recebera sua carta de Hogwarts há um mês, o irmão (que era grifinório e sustentava com orgulho o brasão da Casa para onde quer que fosse) o perseguia. Silvava como as serpentes sempre que passava por Albus, decorava seu quarto com o brasão sonserino e chegara até a capturar uma cobra e enfiá-la entre suas cobertas certo dia.

Sua mãe praticamente enlouquecera quando acordou no meio da madrugada com os gritos horrorizados de Albus e as risadas escandalosas de James. Depois de se livrarem da cobra, ela e Harry tiveram uma longa conversa com o primogênito, colocando-o de castigo pelo restante das férias e, só para garantir a segurança do filho do meio, levaram Albus para a casa dos avós pelo mesmo período de tempo.

Mas nada faria James se arrepender de suas artimanhas.

Afinal, Albus não havia se machucado, não é? Que mal havia em pregar algumas peças nele? Era natural por parte dos irmãos mais velhos fazer brincadeirinhas com os mais novos! Ele via isso o tempo todo com os primos...!

James realmente não entendia o que havia feito de errado.

O menino, assim como sua própria personalidade, possuía os cabelos rebeldes do pai. Mas as semelhanças acabavam por aí. Sua aparência, contudo, muito pouco lembrava a da mãe também. Um traço aqui e ali, porém nada muito perceptível. Seus cabelos tampouco tinham aquela tonalidade típica dos Weasley, embora possuísse, sim, suas sardas. James Sirius Potter era atraente para sua tenra idade, mas também não deixava de ser apenas uma mistura heterogênea entre uma Weasley e um Potter - uma mistura que dera muito certo.

E ele sabia muito bem disso.

O jovem grifinório parou seu carrinho com as malas próximo a uma coluna, um pouco afastado do restante da família. Ficou observando os pais conversando com Albus e Lily enquanto esticavam o pescoço vez ou outra procurando por algo.

James logo percebeu o que era quando viu uma família de quatro pessoas se aproximar através da fumaça que o Expresso de Hogwarts expelia. Seus tios e primos, é claro. Todos se cumprimentaram e conversavam sobre algo quando o menino percebeu uma movimentação ali por perto. Um cabelo azul chamou sua atenção entre todas aquelas pessoas e ele logo reconheceu quem era. Estranhando o fato de Teddy Lupin estar ali, – afinal, ele havia se formado em junho, não? – James saiu de fininho atrás do afilhado do pai. Na noite anterior, Teddy havia ido jantar na casa deles e, com certeza, não dissera uma palavra sobre ir a Kings Cross no dia seguinte.

Tudo aquilo estava muito suspeito...

E James adorava se meter onde não era chamado.

Onze horas em ponto e o trem partia de King’s Cross.

Albus, Rose e James encontraram uma cabine vazia de onde acenaram uma última vez para os familiares que aos poucos se distanciavam. Entretanto, assim que viraram a primeira curva e não mais podiam vê-los, o sossego acabou. Ao seu lado, James se distanciava da janela e o encarava com os mesmos olhos castanhos vazios de sempre. Albus não deveria se surpreender com isso, mas o desprezo que seu irmão mais velho sentia por ele sempre o pegava desprevenido.

Ele soltou um risinho seco.

— É isso aí. Agora vocês estão sob minha supervisão, o que significa que, a partir deste instante, os dois devem começar a me chamar de Veterano James e obedecer a cada ordem que lhes der.

— Vá cagar, James. – Albus se virou, assustado com as palavras da prima. Ela havia cruzado os braços e entrado a sua frente. - Aproveite a viagem e procure seus amiguinhos, okay?

O menino permaneceu calado, mas seus olhos castanhos estavam mortíferos. Sem dizer mais uma palavra, James lhes virou as costas e saiu da cabine, enquanto Albus relaxava em seu lugar.

Tudo estava bem.

Mais do que bem, ele tentava se convencer.

Vai dar tudo certo, repetiu pelo que parecia a quinquagésima vez em sua cabeça, suspirando pesadamente ao se virar para ver a paisagem passando rapidamente do lado de fora do Expresso de Hogwarts.

Rose se virou para ele, encarando-o com os olhos azuis brilhando.

— Isso tem que parar, Albus. - Ela suspirou pesadamente, jogando-se em um dos bancos. Albus se sentou no assento a sua frente. - Não entendo como isso tudo foi parar tão longe. Mas o que eu não entendo mesmo é como você o aguenta.

Eu não aguento, foi o que ele pensou. Mas tenho que suportar.

Resolveu mudar de assunto.

— Você sabe quem era aquele menino?

— Quem? - Rose perguntou, confusa.

— O louro, de King’s Cross. O que nossos pais não paravam de encarar. Não o conheço, mas o nome me é familiar…

— Aquele é Scorpius Malfoy, Albus. Você sabe, como nas histórias de nossos pais... – Ela mordeu o lábio inferior, hábito que, sem dúvidas, herdara da mãe. – Eu não tenho um bom pressentimento quanto a ele.

Oh, aquilo era algo.

— Por quê?

— Eu... Não sei explicar. Só acho que há algo muito estranho com ele, algo errado.

Albus franziu o cenho, um tanto perturbado com as palavras de Rose. Ele compreendia seu desafeto à primeira vista para com o louro – afinal, não era de hoje as desavenças que a família deles possuía com os Malfoy – mas ainda assim achava que era cedo demais para que pudessem julgá-lo.

E Albus sabia o bastante sobre julgamentos prévios.

As mãos de Rose tremiam; suas pernas bambeavam. Mas ela tinha de se manter firme e forte – pelo menos, por Albus. Naquele momento em especial, ela precisava mostrar-se segura: seu primo precisava ver que a Cerimônia da Seleção não era nada demais, afinal.

Apesar de ela estar quase tendo um ataque cardíaco.

Quando McGonagall, a diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, pôs-se a frente de todo um Salão Principal ávido por saber em qual das quatro Casas os calouros ficariam – e também pelo saboroso jantar que seria servido após a Seleção – o coração da ruiva disparou mais do que nunca. Ao seu lado, Albus apertou sua mão e ela pôde perceber o quão nervoso ele estava – aquele tremor e todo o suor não eram à toa.

Rose suspirou tentando conter sua agitação. Durante todo o longo percurso de Londres até Hogsmead, Albus não conseguira ficar parado – era como se ele sofresse de hiperatividade, algo que ela nunca diria que o primo teria. E isso a assustou. Albus sempre fora um garoto quieto e contido; de fato, ele raramente se exaltava e demonstrava alguma alteração de humor – e isso só acontecia, em partes, quando James resolvia ser um babaca completo. Pensando bem, era raro vê-lo até mesmo lançar um sorriso a alguém que não fosse a própria Rose, Lily Luna, seus pais e, vez ou outra, às câmeras de fotógrafos que clamavam por uma foto do filho do meio de Harry Potter, “que era a cópia perfeita do pai!”.

Mas aqueles eram sorrisos que não chegavam a seus olhos...

Sentindo o peito apertar dolorosamente, Rose acariciou leve e gentilmente o dorso da mão de Albus. Ele merecia ser feliz mais do que qualquer um, ela sabia, e faria de tudo para que isso se tornasse possível.

— Ei, Al – ela chamou, sorrindo ternamente. Ele se virou, um tanto surpreso pela quebra do silêncio. – Vai dar tudo certo. Eu sei que vai.

Albus lhe sorriu de volta, talvez um pouco mais confiante, e apertou novamente sua mão. Seu firme aceno com a cabeça fez o coração de Rose palpitar de alegria.

É, ela faria de tudo para que o primo fosse feliz, ela pensou ao encontrar os olhos castanhos de James brilhando maldosamente naquela direção, nem que tivesse de enfrentar uma cobra ou duas para isso.

A Seleção começou.

McGonagall posicionara um banquinho de madeira em um pequeno palanque, juntamente de um empoeirado e maltrapilho chapéu de bruxo. Desenrolou um pergaminho e, com a voz magicamente mais alta, sobrepujou os murmúrios dos alunos ao dizer o nome do primeiro aluno.

Scorpius Malfoy suspirou pesadamente, encolhido entre dois alunos que olhavam para ele com cara de poucos amigos. Aquela situação toda estava sendo um grande incômodo, mas ele sabia por experiência própria que era melhor não dizer nada para amenizar os ânimos. Por melhor que fossem suas intenções, nenhuma daquelas pessoas ao seu redor o veria como um inocente garoto de onze anos.

Infelizmente.

Elevou seus olhos cinzentos como o céu sempre nublado da Inglaterra e percebeu algumas pessoas se retraindo. Aquela sensação indesejável surgiu novamente em seu peito, mas ele a ignorou e simplesmente observou as pessoas que estavam lhe rodeando. Centenas de alunos mais velhos. Centenas de opiniões, com certeza, já formadas a seu respeito. E ele sabia que nenhuma delas era boa.

Porque sempre que encontrava os olhos de alguém, a pessoa logo virava o rosto em outra direção. Medo ou uma raiva contida em seus olhos. E ele não se orgulhava em dizer aquilo, mas já estava acostumado a isso. Afinal, desde que nascera era a mesma história.

Os Malfoy não eram dignos nem mesmo de um olhar.

Tudo por causa das escolhas erradas que as gerações anteriores de sua família haviam tomado. Mas Scorpius não gostava de pensar em si mesmo como a vítima de tudo aquilo. Isso seria humilhante demais para ele.

Por isso tudo, foi surpreendente quando ele encontrou um par de olhos verdes olhando para ele – e, o mais surpreendente ainda, eles não se desviaram quando Scorpius o encarou. De longe, reconheceu o garoto que o observava. Cabelos rebeldes e negros, olhos esmeralda... Era o filho de Harry Potter. Seu pai lhe mostrara a família dele em Kings Cross e ela parecia bastante comum para uma família de celebridades da guerra.

Mas então, após alguns segundos de contato visual, o menino Potter desviou os olhos. Curioso, Scorpius ficou na ponta dos pés para ver o porquê daquilo – afinal, fora o olhar mais prolongado que conseguira trocar com alguém desde que nascera! – e percebeu que a prima dele o havia chamado. Aquela menina... Havia algo nela que o fez observá-la de forma mais atenta. Cabelos ruivos e ondulados, olhos azuis e uma face fina que se assemelhava à da mãe. Parecia ser muito inteligente – e ele não duvidava daquilo por causa das histórias que seu pai lhe contara sobre Hermione Granger – mas estava evidente em sua postura o quanto ela se sentia insegura com toda aquela situação.

E, de certa forma, aquilo era engraçado – principalmente por causa daquele olhar irritado que ela lançava na direção da mesa da Grifinória. Scorpius conseguiu, em meio de uma dezena de cabeças, ver que a menina Weasley encarava o irmão mais velho de seu primo, que por sua vez lhe lançava um sorriso irônico e maldoso.

Aquele sorriso arrepiou a espinha de Scorpius e ele se encolheu novamente entre os dois calouros mal-encarados, que o acotovelaram dolorosamente na barriga com o movimento abrupto.

— Malfoy, Scorpius. – uma voz longínqua o chamou e o salão ficou em silêncio.

Dando um pequeno pulo de susto, Scorpius se dirigiu até o palanque, sentando-se desconfortável no banquinho. Olhava para todas as direções, menos para a mesa da Grifinória, o olhar do mais velho dos Potter ainda o assustando.

E então, o grito:

— Sonserina!

Ah, Scorpius pensou enquanto tirava o chapéu e se dirigia a mesa que o recebia com hesitação, eu estou tão ferrado...


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Notas finais do capítulo

É isso!
E que venha o próximo capítulo. Espero que ele não dê tanto trabalho quanto esse! Hahaha. Como disse nas notas iniciais, comentários são sempre bons para motivar. Estando motivada, a inspiração vem mais fácil e eu escreverei algo de que goste mais rapidamente (:
Beijinhos, até a próxima!



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