–Clove? –Cato me chama quando fico totalmente paralisada no lugar. –Clove? Esta tudo bem?

Aquilo não parecia me surpreender, porque lá no fundo eu sempre soube. Ou talvez Cato sempre soubesse.

Ele segue meu olhar e percebo que encontra James e a garota.

–Clove, eu sinto...

–Sabe. –digo balançando a cabeça. –Você estava certo, você sempre está certo, por que eu não posso acreditar?

–A culpa...

–É minha. –eu sorrio. Um sorriso confuso e distante. –Isso não me surpreende tanto, você me disse que ia acontecer.

–E o que quer fazer? –ele olha para mim.

Olho em volta, pensativa. E me sinto o ser humano mais idiota do planeta. Olho para um quiosque de suco na beira mar e sinto uma lâmpada se acendendo dentro de minha cabeça.

–Você tem dinheiro? –pergunto.

Ele pega sua carteira no bolso para chegar.

–Tenho. Por quê?

–Pode me emprestar?

Cato olha para mim confuso.

–Claro, pode ficar. –ele me da as cinquenta pratas.

–Fica aqui. –peço. –Eu já volto.

–Tudo bem. –acende confuso.

Sigo em direção do quiosque, peço o suco mais esquisito que tinha lá. Quando saio, vejo Cato parado no mesmo local, olhando com nojo para James que continuava a rir junto com sua garota. Seguro o copo com força e vou até ele.

James estava de costas para mim, mas a garota me vê chegando.

–Quem é você? –ela pergunta e automaticamente James se vira.

Eu sorrio para ele, enquanto seus olhos se arregalam.

–C-clove...

–Oi, amor. Trouxe um presentinho pra você.

E quando o suco começa a escorrer sobre sua cabeça me sinto tão bem que era engraçado. Mas é obvio que infelizmente o suco não era eterno. Ele olha para mim com a boca aberta. E a garota também.

–Por que você fez isso? –pergunta ela.

–Porque, minha querida, esse cara é um cretino idiota que só esta te usando.

Eu esperava que ela negasse, mas balança a cabeça de forma irritada.

–Minhas amigas estavam certas. –ela bufa se virando para ele. –Estava saindo com ela também?

–Alice, querida, n-não é o-o que você...

–Ah da um tempo James! –ela se agacha pegando um punhado de arei e jogando nele. –Vamos. –ela me ofereça a mão. –Vamos deixar esse otário ai.

–Claro. –mas quando estávamos nos virando, me lembro de algo e olho para seu rosto novamente. –Ah, James, espero que você apodreça no inferno. E por favor, nunca mais ligue pra mim, até porque acho que já estou entrando em um relacionamento serio. –obvio que mexo um pouquinho na verdade.

–Isso mesmo, garota. –Alice sorri para mim, mostra o dedo do meio para James e nós seguimos para longe, rindo. –Desculpa. –diz finalmente.

–Você não me deve desculpas. –respondo. –Você não sabia de nada.

Ela da um sorriso triste.

–Eu me sinto uma imbecil. Quer dizer, eu achava James uma pessoa legal, achei que ia me respeitar de verdade.

Tento não reparar no tamanho de seu biquíni. Afinal, acho que o tamanho das roupas não definia caráter. Pelo menos em alguns casos.

–Obrigada de qualquer jeito. –ela sorri para mim. –Acho que devemos nos comunicar sabia? Minhas amigas vão querer ter uma testemunha sobre o que aconteceu aqui.

Ela me passa seu numero e eu passo o meu, nós despedimos e eu finalmente lembro que Cato estava assistindo tudo.

Quando me aproximo ele ria e olhava para a tela de seu celular.

–Você foi demais lá. –diz ele sorrindo para mim. –E isso com certeza vai pra internet.

–Você filmou? –pergunto e ele me mostra a tela de seu celular onde James aparecia surpreso e com a boca aberta, enquanto eu derramava o suco estranho em sua cabeça, e depois Alice jogando areia nele.

Meu estomago doía de tanto rir.

–Ei os dois! –viro-me e vejo Jack se aproximando. –Estamos loucos procurando por vocês! O que é que estão fazendo?

E mostramos o vídeo para Jack e voltamos junto com os outros sem fôlego de tanto rir.

...

O resto do dia foi normal. Meu pais não encheram o saco sobre o porquê de nós termos desaparecido de repente. Voltamos para casa quando já estava entardecendo e meus olhos estavam fechados. Minhas pernas doíam pela intensa caminhada e tudo que eu queria era uma cama quentinha e confortável.

Assim que chegamos em casa subo imediatamente para meu quarto e troco de roupa. Estava cansada de mais para pensar em um banho agora, talvez mais tarde , mas não agora. Deito-me na cama olhando para o teto e me permito um sorriso. Não só por pensar no que eu tinha feito com James, mas por pensar em Cato. Nunca pensei que de alguma forma chagaríamos no lugar onde estávamos o que mais me surpreende é como foi fácil chegar.

Alguém abre a porta.

–Posso entrar? –pergunta minha mãe.

Assinto com a cabeça.

–Claro.

E ela entra fechando a porta atrás de si.

–Algum problema? –pergunto me sentando. Ela se senta ao meu lado.

–Lembra do que o medico te disse não é?

Mordo a língua.

–Me lembro... –respondo desconfiada.

Sabe o esforço que fiz pra esquecer aquele medico?!

–Hoje, depois que você e Cato desapareceram... eu comecei a pensar e a tentar ligar os pontos...o que os dois foram fazer?

–Estávamos cansados de seguir vocês, achamos que não ia ter problema. –não digo nada mais que a verdade.

–Estavam felizes quando voltaram.

–Eu joguei suco em James, por que não estaríamos felizes?

–Você... o que? –ela franze o cenho. –Por que jogou suco em James? Achei que estivessem...

–Namorando? É, eu acho que estávamos, só que Alice também achou isso. –digo entre dentes.

–Alice? Quem é Alice?

–Olha, mãe. –suspiro. –Esquece isso, eu e Cato somos só...

Mas eu não consigo terminar a frase. Quem é que eu estava tentando enganar? Era obvio até para minha mãe que não éramos só amigos. Eu sabia disso. Minha mãe sabe disso. Cato sabe disso. Não deveria ser difícil admitir isso.

Minha mãe continua olhando para mim cautelosa. Ela sabia eu sabia.Eu sabia.

Todos sabiam. E sabe o por quê?

Porque era verdade.