Shooting Star escrita por valeriafrazao


Capítulo 16
Capítulo 15 - Despertar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/31012/chapter/16

 Luzes em vermelho iluminavam toda a rua da minha casa, mas não eram os enfeites natalinos ou pisca-pisca de natal que causavam aquele efeito, mas sim uma ambulância e alguns carros de policia que mantinham suas sirenes ligadas tirando todos de suas ceias de natal para ver o que estava acontecendo.

Eu podia ouvir gritos, choros, eu podia e conseguia ouvir tudo, menos a única voz que eu desejava ouvir.

Parecia um replay mal feito de um filme de terror, onde a mudança do protagonista nada mais era do que uma piada de mau gosto feita pelo destino.

Edward havia feito tudo para que eu pudesse voltar ao tempo e ter minha vida de volta, esse fora o seu pedido e eu não poderia estar mais feliz, mas isso estava agora custando sua própria vida levando com ele as centelhas de esperança que eu havia adquirido em poucos segundos de finalmente colocar minhas vidas nos eixos.

Eu não me importaria em morrer de novo para ver o brilho de seus olhos verdes vivos mais uma vez, eu realmente não me importaria, mas agora tudo estava de pernas para o ar e eu mantinha Edward, o amor da minha vida, em meus braços enquanto implorava a Deus que nada daquilo nunca tivesse acontecido.

- Edward... fique comigo... por favor, fique... Não desista, lute! – Mas meus gritos pareciam ser em vão. Nada, nenhuma resposta.

Minhas mãos tocavam exatamente o lugar onde a bala o havia atingido, uma tentativa tola de tentar estancar o sangue, que por ali teimosamente saia, mas aparentemente eu não estava obtendo sucesso.

Minha mãe me olhava atônita juntamente com minha irmã, que não sabiam quem era o desconhecido que eu teimava em não abandonar para a morte. Nos seus olhos eu via o reflexo do meu desespero, como se as duas clamassem juntas a Deus pela vida de Edward.

 

Rose estava ao lado em prantos e eu sabia que a bondade de minha amiga a faria sofrer por qualquer um que estivesse em grande risco.

 

- Moça você pode soltar o corpo para que possamos levá-lo. – A voz fria de um policial me pegou de surpresa enquanto eu observava minha família. Ele havia dito corpo?

 

Não. Não. Não.

 

Aquele homem estava louco, não havia corpo nenhum, havia apenas Edward ferido, mas ele não estava morto, não podia.

 

- Você não vai levá-lo a lugar algum! Você tem que salvá-lo!  – Cuspi as palavras para o policial que ao contrario da expressão de raiva que eu esperava por eu o estar desrespeitando olhou para mim com algo que parecia... pena?

 

Voltei meus olhos para Edward, que eu poderia jurar estar dormindo calmamente se não fosse pelo jorro de sangue que eu sentia em minhas mãos.

 

- Moça... – Falou o policial calmamente, como se quisesse explicar algo a uma criança. – Não há mais nada a ser feito.

 

Eu encarei o policial mais uma vez que apenas assentiu para mim e depois voltei meus olhos para o rosto de Edward.

 

AS lágrimas fluíam pelos meus olhos, cachoeiras de um rio bravo e eu mal podia controlar o corpo de Edward sobre o meu colo tamanho a força dos soluços que saiam pela minha garganta.

 

Aquele homem deitado a minha frente tinha feito de tudo para salvar a minha vida, para que eu pudesse ter uma segunda chance e ser alguém que realmente valesse a pena viver e agora ele estava ali, sem vida, em meus braços.

 

Como um flashback em um filme de cinema eu vi todos os momentos que tivemos, desde o primeiro encontro no aeroporto, quando ele me viu tocar pra ele o imenso piano de cauda em seu quarto no hotel, o telhado, a nossa primeira e... única noite de amor.

 

- Bella. – Minha mãe tocou meus ombros me incentivando a levantar, mas eu não podia eu não queria me separar de Edward, ele não havia me abandonado e eu não poderia abandoná-lo naquele momento. 

 

Ignorando os braços de minha mãe eu me agarrei com mais força a Edward, enquanto sacudia seu corpo na esperança de fazê-lo acordar de todo aquele pesadelo.

 

- Edward, acorde... vamos acorde... – Minha voz mal saia tamanha a violência dos soluços provocados pelo choro. – Vamos Edward, você disse que queria ser feliz comigo... você pediu isso, você não pode simplesmente me deixar.

 

- Moça, ele esta...

 

- Não ouse dizer isso. – Interrompi o policial ao meu lado. – Ele não pode estar, ele não esta.

 

- Temos que levá-lo moça. – Abracei Edward mais forte como forma de protegê-lo de que alguém o tirasse de mim.

 

Seu corpo sem vida em meus braços me dizia o inevitável. Edward estava morto.

 

A dura realidade trouxe consigo mais uma nova avalanche de lágrimas e então eu vi Edward sendo tirado de meus braços por dois rapazes que deduzi serem paramédicos.

 

Senti os braços de minha mãe me envolverem em um abraço caloroso e cheio de amor, eu a abracei de volta prendendo meus dedos com força em sua blusa.

 

Pelo gramado de minha casa eu podia ver a maca que levava de mim o grande amor da minha vida.

 

- Olha – Uma estrela cadente cruzava o céu de Londres – Faça um pedido Edward.

 

Eu fitava o céu de Londres e transbordava de felicidade por ter minha vida de volta e com ela o amor da minha vida, não pude deixar de lembrar que havia feito um pedido aquela mesma estrela e ela havia me dado Edward.

 

- Meu pedido é ser feliz... com você. – Senti o hálito quente de Edward em minha nuca, mas foram suas palavras que fizeram meu coração acelerar e causaram a umidade em meus olhos.

 

Virei para fitá-lo, seus olhos eram sinceros e eu podia enxergar amor neles.

 

- E o meu é ser feliz com você. – Disse com toda sinceridade de meu ser.

 

 

 

Lembrando desses últimos momentos soltei os braços de minha mãe e corri em direção a ambulância estacionada na rua.

 

O trajeto era curto, mas meus pulmões pareciam esmagados enquanto procuravam por ar, eu estava descontrolada, mal sentia o frio daquela noite, tudo que eu queria era estar com Edward.

 

Enquanto corria tropecei em algo e eu não teria parado para dar atenção aquilo se o objeto a minha frente não tivesse o poder de atrair minha total atenção.

 

Era o mesmo objeto do cemitério. A pequena pedra que Edward pedira para eu tocar.

 

- Me soltem, eu sou inocente. – Ouvi James gritar do outro lado da rua e nossos olhos se encontraram por uma fração de segundos.

 

Sentindo a pedra em minhas mãos, olhei no fundo dos olhos do meu assassino, do assassino de Edward e desejei do fundo do meu coração que nada daquilo tivesse acontecido.

 

Eu não sentia ódio de James apesar de tudo, ele pagaria na cadeia.

 

James entrou na viatura e eu voltei a correr em direção a ambulância e pela ultima vez vi Edward.

 

Olhando seu rosto sereno um grito se formou em minha garganta, como se eu pudesse acordá-lo de todo aquele pesadelo eu chamei seu nome mais uma vez, na vã esperança de que ele se levantesse e viesse até mim.

 

- Edwaaaaaard.

 

E depois fui sugada por uma escuridão imensa, como se fosse errado estar ali, meu mundo estava mesmo virando de cabeça para baixo.

 

Enquanto a escuridão me sugava para mais e mais fundo eu gritava mais e mais implorando para que o quer que estivesse me arrastando não me tirasse de perto de Edward.

 

Eu já o tinha perdido, eu não queria ter que ficar longe dele, não agora.

 

Escuro...

 

Mais e mais escuro.

 

As fachadas da casa ao meu redor iam desaparecendo, junto com as pessoas a minha volta. Tudo estava sumindo, mamãe, Alice, Rose, os policiais, mas ainda conseguia ver desfocado o rosto de Edward sobre a maca.

 

E de repente eu não via mais nada.

 

Comecei a gritar, eu não podia desaparecer agora, mas a escuridão era mais forte, tudo que Edward fizera até ali seriam em vão, ambos haviamos partido para sempre daquele mundo e agora tudo que eu via a minha frente era o breu total.

 

- Edward. – Chamei em meio a escuridão, mas nada, nenhuma resposta.

 

Escuro.

 

Um leve barulho de tic tac ao meu lado começou a soar, e eu imaginei que as luzes se acenderiam a qualquer momento, mas nada, apenas o som irritante de um relógio contando as horas como se aquilo quisesse me mostrar que o tempo passaria para mim daquela forma.

 

Apenas o escuro.

 

Tic tac, tic tac...

 

Breu.

 

E então, mão me agarraram pelos meus ombros, eu não sabia de onde vinham, mas pareciam estar em toda parte e me dei conta que não sabia onde estava ou por que estava ali, mas o que aconteceu comigo?

 

Tic tac, tic tac.

 

E as mãos ainda me sacolejavam com força.

 

Tic tac, tic tac.

 

Um ponto luminoso atingiu meus olhos em meio a escuridão e eu corri para ele tentando fugir das mãos que me atacavam.

 

O barulho do relógio ficou mais intenso conforme eu corria para a luz.

 

Tic tac, tic tac, tic tac.

 

A luz ficou mais proxima, mais brilhante.

 

Vozes.

 

Eu podia ouvir vozes distantes.

 

- Bella, Bella... O que aconteceu com ela?

 

Eu conhecia aquela voz, só não conseguia identifica-la, mas ela me parecia tão... familiar.

 

- Bella, Bella... vamos garota... – Uma voz aguda como sinos chamava por mim. – Bella, Bella... Acorde.

 

Fui tomada pela luz e finalmente meus olhos se abriram.

 

- Alice! – Disse surpresa, enquanto encarava os olhos apavorados de minha irmã. – O que, o que... esta acontecendo?

 

- Bella... – Ouvi minha mãe pronunciar meu nome com profundo alivio. O que havia acontecido comigo? E por que eu não conseguia me lembrar de nada, exceto pelo fato de que eu sentia como se algo mudara em mim.

 

Fechei meus olhos, apertando as palpebras com força na esperança de que aquilo pudesse esclarecer a sensação de que eu estava perdendo algo muito importante, eu só não conseguia me lembrar do que era.

 

- Bella. – A voz de minha mãe soou mais uma vez pelo quarto. – Você esta bem?

 

Bem? Talvez essa não fosse a pergunta correta, mas eu podia dizer que me sentia aliviada, como se um peso de dez toneladas tivesse sido tirado de minhas costas.

 

Abri meus olhos novamente, primeiro um depois o outro, a luz me cegou inicialmente e depois encarei as expressões preocupadas de minha mãe e minha irmã, cada qual sentada de um lado de minha cama.

 

Um sentimento de saudade imensa tomou conta de mim, como se eu não ás visse há anos, atrapalhada joguei os cobertores de lado e me sentei sobre a cama puxando ambas para um abraço.

 

Era tudo que eu queria naquele momento, abraçar minha irmã e minha mãe, a necessidade de pedir-lhes desculpa por tudo que as fiz sofrer por todos esses anos era imensa e eu não sabia explicar o que exatamente causara aquilo.

 

- Eu amo vocês. – Disse. E percebi que lágrimas rolavam pelos meus olhos.

 

Eu amava tanto aquelas duas pessoas a minha frente que me perguntei por que as tratei de forma tão fria e egoista por tanto tempo.

 

- Eu acho que ela não esta bem. – Alice disse e a pontada da culpa por tudo que fizera a minha irmã me tomou conta de mim.

 

Soltei-me dos braços de minha mãe e pude ver no processo que seus olhos estavam  marejados por lágrimas de alegria, me afastei de Alice com ternura, encarando minha irmã que me observava como se procurasse traços de uma possivel loucura evidente.

 

- Eu te amo baixinha. – Disse enquanto tomava seu rosto em minhas mãos, a encarando no fundo dos olhos. – E eu te devo desculpas por tudo que te fiz, você é a melhor irmã do mundo e eu sinto muito por nunca ter dito isso a você antes.

 

- Bella... – Alice tentou iniciar uma frase, mas logo estava chorando também.

 

- Mãe. – Chamei minha mãe que observava tudo com emoção. – Eu também te amo, também te devo  desculpas e sei que papai deve estar muito desapontado comigo pela maneira como a tenho tratado. Me desculpe.

 

Minha mãe me tomou em seus braços e Alice se juntou a nós.

 

Juntas, choramos e eu finalmente comecei a me sentir bem, parecia que de algum modo a vida esta me dando uma espécie de... segunda chance?

 

Eu estava agradecida por isso.

 

- O que houve? – Minha mãe perguntou. Eu ainda estava em seus braços, Alice havia se afastado, encarando-me enquanto eu tentava processar o que responder.

 

- Não sei. – Falei por fim dando de ombros. – Acho que sonhei com o papai, não tenho certeza, não me lembro muito bem.

 

- Ah.. – Renneé ofegou enquanto levava as mãos a boca. Os olhos de Alice sintilaram em alegria.

 

- Com o papai? E o que ele te disse?

 

- Não sei Alice, não me lembro exatamente, mas acho que foi algo como “Proteja sua mãe” - fitei  os olhos lacrimejados de minha mãe – “ame sua irmã” – acariciei o rosto de Alice - e seja feliz.”

 

- Papai.

 

- Charlie.

 

Ambas disseram e tornamos a nos abraçar.

 

Ficamos ali mais um tempo conversando, eu contara a elas o pouco que conseguia me lembrar sobre o estranho sonho que tivera com meu pai naquela noite.

 

Eu estava feliz por ter de volta minha familia e feliz com a segunda chance que meu pai dera a mim, mas a sensação de que eu estava perdendo algo ainda estava lá e eu não conseguia me lembrar o por que?

 

- Bella, quem  é Edward? – Alice me perguntou em meio a conversa.

 

- Edward? – Perguntei confusa. Senti meu coração perder uma batida ao repetir o nome, e tive a estranha sensação da perda voltando. – Não sei, não conheço ninguém com este nome.

 

- Estranho... – Alice disse. – Quando entramos no quarto você gritava desesperadamente este nome.

 

Cocei a nunca confusa, tentando me lembrar de algum Edward que estivera em meu sonho.

 

Nada. Eu simplesmente não conseguia me lembrar de mais nada.

 

- Vamos Alice deixe sua irmã dormir, ela deve estar cansada. – E eu estava mesmo, havia uma sensação de cansaço imensa, como se eu tivesse corrido quilometros para estar ali.

 

- Boa noite Bella. – Minha irmã me deu um beijo no rosto e partiu pela porta do meu quarto, não antes de sorrir para mim mais uma vez, eu retribui e ela se foi.

 

- Boa noite Bella. – Minha mãe também me beijo e depois disse. – Feliz Natal.

 

Assustada olhei o calendário pousado na cabeceira da minha cama, eu hávia me perdido no tempo, fitei a data com um imenso nó na garganta.

 

25 de Dezembro de 2007.

 

- Acho que deveriamos jantar fora esta noite, o que acha? Como nos velhos tempos?

 

Sorri para minha mãe e assenti para o convite, algo me dizia que eu devia mesmo ir, afinal, eu devia isso a ela.

 

- Claro, vai ser ótimo.

 

Minha mãe saiu, apagando a luz atras de si enquanto partia.

 

Voltei a me deitar em minha cama feliz e satisfeita comigo mesma.

 

- Obrigada papai, por esse presente de natal, eu prometo cuidar delas. – Meus olhos se fecharam e voltei a dormir sem mais sonhos.

 

Pela manhã, um par de luvas estava pousado delicadamente em minha cama com um bilhete em letras delicadas.

 

Feliz Natal, amamos você.

 

Mamãe e Alice.

 

 

POV Edward

 

25 de Dezembro de 2007

 

Dor.

 

Eu podia sentir o gosto de sangue tocar a ponta da minha língua, parecia que havia tomado litros, por que o gosto era simplesmente forte demais e ao mesmo tempo amargo demais, sem falar no fato que era simplesmente horrível.

 

Uma dor lacerante vinha de meu peito esquerdo como se uma bala tivesse atravessado aquela região, eu me contorcia tentando de alguma forma apaziguar o fogo que se expandia por minha pele, mas qualquer movimento meu parecia fazer exatamente o efeito contrário, como se a cada solavanco brusco que eu desse tornasse a dor ainda mais insuportável, como se aquilo fosse possível.

 

E então imagens vieram a minha mente, um homem, uma mulher, uma briga, uma... arma. Eu havia sido atingido, me lembrava de estar correndo para longe, mas não me lembrava da dor de ser perfurado, mas agora a dor estava ali, como um lembrete para que eu não pudesse esquecer o que acontecera.

 

Na minha frente, duas orbes chocolate me fitavam em desespero, eu podia ouvir sua voz longe e distante.

 

- Edward... fique... favor... – Eu mal conseguia compreender o que a voz do anjo dizia, eu só conseguia olhar para seus olhos. Tão intensos.

 

Tão bonitos.

 

O anjo continuou a gritar coisas desconexas eu não me importava, por mais que eu quisesse ouvir o som de sua voz olhar sua face mesmo que desesperada de alguma forma me trazia conforto, fazia parecer com que a dor não estivesse realmente ali.

 

Eu sabia que conhecia aquele anjo a minha frente, sabia que a amava mais intensamente do que a dor que rasgava meu corpo e sentia que devia dizer isso ela, mas todo o esforço que fazia parecia vão. As palavras pareciam grudadas no fundo da minha garganta, impedidas de sair por uma força maior e com o esforço de pronunciar alguma coisa, o gosto amargo em meus lábios parecia aumentar.

 

Reuni toda energia que tinha dentro de mim, mesmo que isso só aumentasse a potencia da dor que me dilacerava e fitei o anho mais uma vez.

 

Naquele momento não importaria em sentir toda a dor do mundo, desde que as palavras que pairavam na ponta da minha língua, pudessem ser empurradas para fora e tocassem o ouvido do anjo.

 

- Eu te amo. – Disse por fim, senti meu corpo se contrair em dor, minha energia ir embora, tive vontade de sorrir mesmo diante da situação e depois o anjo sumiu.

 

O que veio a seguir fora luz, muita luz, inacreditavelmente a dor não estava mais lá, como em um passe de mágica ela simplesmente havia desaparecido, mas o excesso de luz parecia cegar meus olhos.

 

Eu não conseguia enxergar nada, queria gritar pelo anjo, saber se ela ainda estava ali, mas a claridade não permitia, ela me cegava mais do que se eu estivesse em plena escuridão.

 

O panico começou a tomar conta de mim,na mesma proporção em que a luz me cegava mais e mais e então para minha surpresa ela pareceu diminuir e foi mesmo diminuindo para um tom ao qual eu pudesse ver onde estava e o pânico estava se dissipando a cada coisa que eu consegui agora ver.

 

Arvores de todos os tamanhos e flores de espécies que eu nunca vira em minha vida haviam se materializado em minha frente assim que a luz chegou a um ponto onde tudo agora tornara-se visível, haviam também animais e esses pareceriam parar o que estavam fazendo para me encarar de uma forma engraçada, como se sorrissem para mim, e depois seguiam adiante.

 

Eu diria que estava em um jardim, repleto de fauna e flora que eu jamais sonharia em ver em toda minha vida, era tudo tão bonito, perfeito e pacifico que eu simplesmente não conseguia me sentir mal ali, de alguma forma acho que me sentia acolhido naquele lugar.

 

Aos poucos o som do lugar foi tomando conta de meus ouvidos e só então notei que até ali minha audição estivera completamente vedada.

 

O som era simplesmente perfeito, harmônico, como se cada pequeno barulhinho representasse a nota bem afinada de uma composição. Eu podia ouvir ao longe o que parecia ser uma queda d’água e podia ouvir pássaros que cantavam de uma forma que nunca ouvira em toda minha vida, como um coral reunido, sopranos, contraltos, baixos e tenores em um canto que me trazia paz.

 

Depois o que pareceram ser vozes tomou conta de minha audição, homens, mulheres e também o que pareceria serem crianças, havia tantas vozes e todas pareciam sussurrar, mas eu não via ninguém ao meu redor.

 

Girei meu corpo em um perfeito ângulo de 360°, mas nada, o lugar parecia vazio ao que pelo menos se referia a outra vida humana.

 

E então eles começaram a surgir, um a um.

 

Havia muitas pessoas a minha volta, todas sorrindo como se estivessem me dando as boas vindas e pareciam achar graça da confusão eminente que meus olhos mostravam.

 

A pergunta crucial finalmente estalou em minha cabeça, eu estava tão absorto a beleza daquele lugar que até ali ainda não havia me perguntado a questão básica, mas ela então despontou em minha mente como se a respostasse fosse simplesmente necessário. Afinal, onde eu estava?

 

Em meio a toda aquela multidão, senti meu peito arfar ao destacar  uma daquelas pessoas. Vestida como um anjo em um leve vestido creme com detalhes caramelos, meus olhos estacaram na pessoa em meio a multidão. Sua pele branca contrastava perfeitamente com o tecido de seu vestido e os olhos azuis destacavam em meio ao rosto delicado, seus cabelos louros pendiam em cachos até os ombros, exatamente como eu me lembrava.

 

Tanya não mudara um só detalhe desde a ultima vez que a vira.

 

- Eu, eu não entendo... – Disse enquanto Tanya caminhava sorrindo em minha direção. O mesmo sorriso, exatamente igual ao que me lembrara, realmente nada mudara nela.

 

O estranho é que eu sabia o quanto eu havia sofrido por sua perda, eu sabia o quanto eu havia me lastimado quando ela partiu, mas isso de repente parecia tão distante.

 

Eu ainda a amava, eu não podia negar isso a mim mesmo, mas por que agora o amor que eu sentia por ela não parecia mais o mesmo, era mais como o amor que eu sentiria por um irmão.

 

- O que você não entende Edward? – Ela perguntou quebrando aquele meu pequeno momento comigo mesmo e percebi que ela estava exatamente a minha frente. Em seu rosto uma calma branda se expandia fazendo com que eu me sentisse leve.

 

- Você...? É impossivel... você.. você esta..

 

- Morta!  - Ela disse tão calma a palavra que eu lutara em dizer que tive que piscar algumas vezes pra tentar compreender o que estava acontecendo.

 

Tanya pareceu não se importar com meu aparente estado de confusão e continuou, ela nem ao mesmo titubeou quando confirmou o que acabara de dizer – Sim Edward, eu estou morta e ao que parece... – ela riu graciosa antes de concluir o obvio que eu ainda não enxergara. – Você também.

 

Eu não sabia o porquê, mas de repente aquela situação parecia tão familiar, com personagens invertidos e talvez algumas mudanças no roteiro, como se tudo já tivesse acontecido, me dei conta então, que simplesmente não me lembrara mais como chegara até ali, mas estar com Tanya me trazia uma alegria a qual eu não tinha como descrever.

 

Era como encontrar um velho amigo que não se vê há muito tempo, mas de que você sente muitas saudades.

 

Fiquei alguns segundos pensando sobre isso, o que teria acontecido comigo para que agora eu estivesse... morto. Seria mesmo possível?

 

Desde o dia em que Tanya falecera, tudo que eu queria era estar com ela novamente, então por que eu não conseguia estar completamente feliz? Por que me sentia como se tivesse deixado algo tão importante para trás.

 

Algo estava errado, eu só não sabia o que.

 

- O que aconteceu comigo? – Perguntei por fim. A curiosidade me dilacerava por dentro.

 

- Ah. – Tanya ofegou. – Você não se lembra de nada não é? – Não me pareceu uma pergunta e sim que ela confirmara algo que para ela era obvio, como se já previsse por aquilo.

 

Balancei a cabeça negativamente confirmando o que ela dissera.

 

- Venha comigo Edward. – Ela disse enquanto estendia a mão para mim. A segurei e seguimos pelo enorme jardim a nossa frente, as pessoas que antes estavam ali para me receber pareciam ter se dissipado sem que eu percebesse.

 

- Sabe. – Ela começou a falar calmamente enquanto caminhávamos. – As pessoas costumam dizer que Deus é amor, -senti minha sobrancelha arquear com o tema inesperado, Tanya apenas me fitou como se pedisse uma chance de continuar antes que eu pudesse interrompe-la, eu apenas assenti. – E as pessoas também dizem que Ele  - ela disse apontado para o alto - em sua infinita bondade sempre da a nós uma nova chance de nos acertamos em nossas vidas.

 

Essa não era a resposta a pergunta que eu tinha feito e não estava entendendo onde Tanya queria chegar com aquilo, mas permiti que ela continuasse.

 

- Acho que Deus quer que você siga em frente Edward e eu também quero isso, mas você tem que querer também, você entende?

 

- Do que você está falando? Eu não consigo entender nada, ao que parece, eu não tenho uma nova chance Tanya eu estou morto, não é?

 

- Sim, mas só por hora. – Balancei a cabeça confuso e ela fez um gesto para que eu esperasse. Eu a deixei prosseguir.

 

-  Edward, quando eu morri, quando meu corpo se foi do mundo que conhecemos você desistiu de tudo, desistiu da sua vida, você estava morto antes  mesmo de morrer, você já havia se entregado, mas agora tudo isso do qual você não se lembra neste momento, e não se preocupe por isso, mas tudo pelo qual você não se lembra da a sua vida um novo sentindo, então tudo que você tem que fazer e seguir em frente  – Ela parou fitando o céu, enquanto eu a observava sem compreender uma palavra. – E Ele. – e mais uma vez ela apontou para cima. – Quer que você faça as coisas da maneira certa dessa vez.

 

- Desculpe Tanya, eu não consigo compreender. – Confessei a ela. Eu não conseguia mesmo entender o que tudo aquilo queria dizer para mim, nova chance, fazer as coisas certas, mas como?

 

Tanya me olhou de uma forma carinhosa e sorriu para mim, ela tocou meu rosto por um instante como se estivesse aproveitando aquele pequeno espaço de tempo que tínhamos e então ela encarou-me mais uma vez nos olhos, o sorriso ainda no rosto.

 

- Você compreenderá Edward, você compreendera, só peço que faça tudo certo dessa vez.

 

Mas eu não tive tempo de perguntar mais nenhuma das milhares de questões que estavam em minha mente, por que no minuto seguinte Tanya não estava mais lá, o jardim, os animais, as pessoas, tudo parecia ter sido sugado para dentro de um buraco negro.

 

Fechei meus olhos tentando compreender o que raios afinal estava acontecendo comigo e quando voltei a abri-los, eu estava deitado sobre minha cama, em minha casa e tudo a minha volta estava escuro, o quarto iluminado apenas por um pequeno raio de luar que  cruzava minha janela aberta.

 

Não estava frio, mas eu suava como se tivesse acabado de voltar de uma corrida, demorei um tempo para colocar todas as coisas em ordem na minha cabeça até perceber que tudo não passara de um sonho.

 

Ao meu lado o despertado brilhava no escuro marcando 03:30 da manhã do dia 25 de dezembro de 2007.

 

Que estranho, sentia como se a data nada mais era do que uma repetição em minha vida.

 

- Oh Deus até que enfim você acordou? – Uma voz quebrou o silencio do quarto e eu quase saltei da cama no susto.

 

No canto do meu quarto, meu irmão, Emmett, estava sentado sobre a cadeira de minha escrivaninha, tenso como uma pedra.

 

- O que esta fazendo ai Emm? – Perguntei enquanto me sentava na beirada da cama, tirando os cobertores de cima de mim que agora pareciam pesar toneladas.

 

Meu irmão saiu da cadeira que estava sentado e veio se acomodar ao meu lado na cama.

 

- Noite agitada não? – Ele disse simplesmente enquanto me encarava no escuro.

 

- O que quer dizer? – Perguntei confuso.

 

- Você esta falando a horas Edward, eu pensei em acordá-lo, mas ouvi dizer que não é bom, então fiquei aqui para caso precisasse de mim.

 

- Falando? A horas?

 

- Sim, você disse muitas coisas, disse meu nome algumas vezes, disse o nome de... Tanya – Ele fez uma pausa tenso quando pronunciou o nome de minha namorada falecida recentemente. – E também falou muitas vezes em uma tal de Isabella, Bella, sei lá, algo assim. – Ele disse dando de ombros.

 

- Estranho... – Respondi a ele. – Eu estava mesmo sonhando com Tanya, mas não me lembro de você no meu sonho ou de nenhuma Isabella.

 

- Estranho... – Emmett fizera eco do que eu acabara de falar. – Você esta bem Edward? – Ele se ajeitou na cama para fitar meu rosto melhor na escuridão.

 

O estranho daquela pergunta é que eu realmente estava bem, como se um peso tivesse sido arremessado para fora das minhas costas. Tanya havia se ido apenas há poucos dias, mas eu sentia como se ele estivesse perto o suficiente para me proteger e para querer me ver feliz, de repente toda a dor da sua perda se transformou em um estado de puro conforto, eu não diria alegria, mas eu estava bem comigo mesmo.

 

- Sim Emm, estou bem. – Respondi após refletir por poucos instantes. – Acho que agora estou mesmo bem.

 

- Você sonhou mesmo com ela? – Emmett perguntou e assenti com a cabeça. – E como foi?

 

- Não lembro Emm, foi um sonho muito esquisito, mas acho que ela disse que Deus quer que eu seja feliz e ela também.

 

Eu podia jurar, que mesmo no escuro vi uma lágrima correr dos olhos de meu irmão. Emmett disfarçou discretamente olhando para uma parede ao lado enquanto enxugava a lágrima traiçoeira. Tanya era minha namorada, mas para Emm ela era como uma irmã.

 

- Acho que todos nós queremos isso Ed. – Ele voltou a me fitar no escuro.

 

- É, acho que sim.

 

Meu irmão me abraçou e ficamos um tempo no escuro, apenas apreciando o silencio e tentando entender os mistérios da vida.

 

Tanya se fora, ela deixar a muitos tristes por isso, mas ela queria que fossemos felizes, queríamos que tivéssemos uma chance de recomeçar e aquela noite eu entendi que iria buscar a minha.

 

 __________________________________________________________________________

vamos lá meninas, sei que prometi que esse seria o ultimo capitulo, mas vejam o tamanho que ele ficou se eu colocasse todo o final em um só capitulo ficaria simplesmente imenso, entao ainda fica faltando um para encerrarmos, é possivel que venha um micro capitulo antes do grande fim, mas ai posto os dois juntos no mesmo dia...

E sim, eu me decidi, teremos epilogo *o*....

Então espero que tenham gostado deste capitulo, fiz de tudo para não faze-las esperar tanto.... Um grande beijo e obrigada pelo carinho de todas...

Ps.. Desculpe não estar respondendo os Reviews, mas acho que perceberam que eu entro aqui correndo posto e saio.. prometo que vou tirar um dia apenas para responder a todas vocês...

BJs

 


 


 

 

 

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!