Apenas Chame Meu Nome... escrita por ViQ


Capítulo 5
C4 - Apodere-se do Segredo


Notas iniciais do capítulo

EDITADO> 13/05/15



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Não se ouviam mais as vozes nem os gritos. Um silêncio profundo reinava na mansão. Karin olhou para frente, via apenas a escuridão que parecia infinita do corredor. Os olhos embaçados pelas lágrimas. Se levantou e encarou a porta de madeira que dava para o pátio vazio.

Teria coragem de abrir a porta? E se Chou estivesse... Morto? As lágrimas começaram a jorrar novamente. Com os olhos fechados encostou na porta que se abriu rangendo devagar. Abriu os olhos.

O chão estava coberto de sangue, mas Chou não estava ali. Não sabia se sentia aliviado ou tenso. Havia chances do garoto estar vivo, mas agora estavam separados. E se antes a chances de sobreviverem a aquilo tudo eram pouquíssimas, agora já não lhe restava quase nenhuma. Olhou para todo aquele sangue... Chou estava ferido. Tinha que acha-lo e saírem de lá juntos. O único caminho que confiava era o do corredor e era pra lá que ele iria.

Atravessou mais uma vez o pátio e se dirigiu ao corredor. Novamente o vento frio lhe atingiu fazendo-o arrepiar, resolveu olhar mais atentamente para as coisas que estavam no chão, talvez pudessem ajuda-lo em alguma coisa. Se agachou e pegou uma foto antiga nas mãos, na foto havia muitas pessoas, uma família inteira, arriscaria a dizer. Muitas pessoas haviam morado ali antigamente, as casas lá fora deviam ser de famílias que tivesse alguma ligação com a Himitsu.

“ Sacerdotiza do Templo da Corda... Deve voltar ao ritual...”

Olhou para o lado oposto ao que estava indo e, de novo, uma criança. Dessa vez um garoto. Não havia máscaras nem nada em suas mãos e não parecia querer fazer algum mal a Karin.

— Quem é você?

“ A Sacerdotiza deve voltar ao templo... Antes que o Ritual comece...”

— Você sabe onde Chou está?

“ O ritual do demônio cego já foi realizado, a sacerdotisa deve voltar...”

O garoto entrou em uma das portas que não queria abrir, mas Karin pensou que talvez devesse procurar por lá. Chou poderia estar em qualquer lugar então seguiu o menino.

• •

Não conseguia abrir os olhos. Vocês entendem aquela sensação terrível de não poder ver coisa alguma? Não tinha noção de onde estava ou como foi parar ali. Havia algo em seu rosto, sentia muita dor na região dos olhos, mas não sabia o que lhe estava acontecendo. Estava tudo escuro.

Direcionou as mãos até o rosto e sentiu a textura de madeira, mas quando tentou tocar os seus olhos continuava sentido a madeira. Deixou as mãos descerem pelas bochechas até encontrarem sua pele, havia algo líquido escorrendo da máscara, não era nada pegajoso, água? Não sabia. A dor ainda estava presente. Sentiu o desespero lhe tomar a sanidade. Queria chorar, mas toda vez que tentava faze-lo sentia a dor aumentar.

—... Mas que caralho tá acontecendo aqui...

Ouviu um som de choro, virou a cabeça para os dois lados. Tateou o chão e percebeu que ele também era feito de madeira, deveria estar na mansão. Será que o choro que ouviu era o de Karin?

— Karin? Você tá aí?

“Me desculpa”

Não, não era Karin. A voz era feminina, diria até um pouco infantil. Ficou assustado. Tentou tatear o ar, mas não havia nada a se pego.

— Quem é você?

“Me desculpa “

— ME DIZ QUEM É!

...

Silêncio. Estava no escuro e nem sabia onde estavam as luzes, que porcaria de máscara era aquela? Onde estava Karin? De quem era a voz?

—... Por favor me diz o que tá acontecendo...

“É o ritual... É para poder libertá-la... Você entende certo? Ela quer ser livre...”

Chou se virou para onde a voz vinha e engatinhou até lá. Era um cômodo amplo, e pode sentir uma janela enquanto ia de encontro à voz.

— Quem quer ser livre? Me diz... Talvez eu possa ajudar...

Ouviu o som de choro novamente, um pouco mais demorado. Sentiu passos de alguém. Se aproximava rapidamente. Logo uma mão fria lhe tocou o rosto e todo o seu corpo gelou.

“Me desculpa”

• •

O cômodo era simples. Havia um futon velho e um armário em um canto com uma cômoda. Era feito de madeira como os outros, mas havia algo diferente naquele quarto. Olhou para os lados e depois para a janela. Se aproximou e viu que ela dava para a floresta que estava em silêncio desde que a noite caiu na vila. Sentiu o cheiro de pinheiros e de terra molhada, mesmo que não houvesse chovido e de repente ouviu risos infantis. Virou-se e como se estivesse acontecendo ali e agora, duas meninas entraram de mãos dadas no cômodo em que estava.

“Esse é o meu quarto...”

“É quase igual ao meu lá no templo, Chyio”

Reconheceu as duas garotas. Eram as da foto, a cega e a de cabelos longos que vira quando fechara a porta da mansão. Mas o que estavam fazendo ali? Era uma visão ou elas estavam ali mesmo?

“ Aqui sempre vem algumas borboletas da floresta!”

“Eu jurava por todos os Deuses em que acredito que nessa floresta não havia nada vivo!”

Logo começaram a rir. Karin tentou chamar a atenção delas, mas eram como fantasmas do passado.

“Sayuri, posso te pedir algo?”

“Claro que pode, Chyio! Diga!”

“Posso receber um beijo seu?”

Antes da resposta a visão mudou. Sayuri havia sumido e só havia Chyio no quarto. Usava um lindo quimono cor de sangue, mas havia algo errado com seu rosto. Os cabelos curtos estavam jogados para frente por isso não podia ver direito, então Karin se aproximou. Ficou horrorizado com o que viu.

A mesma máscara que havia visto nas mãos da criança no túnel estava agora perfeitamente presa ao rosto de Chyio. O sangue pingava em grandes gotas no chão e ela repetia o nome da garota de cabelos longos.

“Sayuri”

Karin se afastou. Estava chocado e assustado. Se encostou novamente na parede ao lado da janela e continuou olhando a cena acontecer como um filme. Uma mulher entrou no recinto. Seu rosto era velho e descarnado, olhos de um escuro tom marrom e um quimono inteiramente negro lhe davam um ar sério e amedrontador.

“Está na hora do demônio”

A garota se levantou com dificuldade e se direcionou a porta. Antes que saísse a velha senhora pegou um lenço branco e limpou o sangue que escorria em suas bochechas. Logo após, a porta foi fechada.

Karin escorregou até o chão e olhou em volta. Não havia o sangue de Chyio no chão, e o cheiro de terra molhada havia se dissipado no ar como se aquilo tivesse sido apenas um sonho. Mas o loiro sabia que não havia sonhado. Agora uma ideia pior lhe pairava na mente. E se Chou estivesse usando a mesma máscara? Só a ideia fez Karin estremecer de medo e tristeza.

Por que havia visto aquela cena? O que aquilo tudo significava? Enquanto pensava em todas essas coisas uma borboleta entrou pelo quarto. O garoto a viu entrando como se fosse uma daquelas visões, mas dessa vez sabia que aquela criatura esvoaçante era tão real quanto ele mesmo. Era de uma cor inusitada, suas asas eram negras com vários detalhes em vermelho e parecia brilhar á luz da lua. Ela voou por todo o cômodo até pousar no joelho de Karin. Se lembrou de Chou. O nome dele significava borboleta em japonês. Um nome um tanto quanto inusitado para um garoto, mas combinava perfeitamente com ele.

Quando tentou toca-la a borboleta começou a flutuar novamente e saiu pela janela. Karin queria fazer o mesmo que ela. Mas a cada minuto que passava naquela mansão sentia que estava mais preso a ela.

“Queria ser livre...”


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Notas finais do capítulo

[ Notas da Autora ]
Olá leitores! Enfim, demorei com o capítulo, peço desculpas. Estou pensando em encurtar o número de capítulos dessa fic, estou com medo de não conseguir termina-la antes das férias...



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