10 Coisas Que Me Fazem Te Amar escrita por Roli Cruz
Querida Ally,
Anne nos levou para te visitar hoje.
Foi a coisa mais horrível que eu já testemunhei, ver você lá, deitada, pálida e com máquinas em volta de você.
Uma enfermeira que com certeza não foi com a nossa cara, falou que era preciso cortar seus cabelos, para que a limpeza e tudo mais ficassem mais fáceis.
Eu imediatamente recusei, Sophia e Anne olharam para ela como se ela fosse uma louca que não tem amor à vida. Acho que agora eu sei por que a Soph tem seus momentos de loucura. Com uma tia assim, é difícil não ver a ligação. Thiago apenas foi para o seu lado, mexer em seu cabelo. Ele parece a pessoa mais triste do mundo quando te vê. Parece que sugaram toda a sua felicidade e o deixaram trinta anos mais velho, por causa da tristeza.
Assim que a enfermeira saiu, eu sentei em uma poltrona ao seu lado e peguei em sua mão.
Sentia as batidas fracas de seu coração pelo pulso, mas seus dedos estavam gelados e a mão muito pálida. Se não fosse seu peito descendo e subindo, você poderia ser confundida com uma pessoa morta. Mas eu tento não pensar nisso.
Você continua linda, sabia?
Eu baixei a cabeça e encostei o rosto no colchão, deixando as lágrimas rolarem. De relance, vi Thiago pegar em sua outra mão e levá-la à boca, beijando-a com delicadeza. Levantei a cabeça a tempo de ver seu cenho franzir e uma lágrima escorrer por seu rosto.
Ao meu lado, Sophia falava com você.
Sim, ela ainda continua forte. Ela pegou o hábito de ir ao hospital todos os dias depois das aulas, só para te ver. Ela sempre leva uma flor branca e deixa ao seu lado.
“Qual a flor preferida da mamãe?” Ela perguntou um dia.
“Dama da noite.” Respondi, lembrando-me do que você me disse tempos atrás. Você havia dito que um dia, e apenas naquele dia, você saiu de casa porque tinha brigado com sua mãe e andou até um parque perto da sua casa. Era primavera e várias flores haviam brotado. Amarelas, laranjas, rosas, azuis e vermelhas eram as que mais se encontravam. Você ficou lá até a noite cair. Mas então, no meio de um monte de florzinhas vermelhas, você achou uma flor grande e branca. Ela se chamava Dama da Noite e só aparecia à noite. Apenas uma noite. E ela apareceu justamente naquela noite.
Soph procurou por todos os cantos por essa flor, mas nunca achou. Ficou realmente chateada, mas eu lhe disse que a flor mais bonita que ela poderia levar, era ela mesma.
Sei que, se você um dia lesse essa carta, diria o mesmo.
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