Segundo Massacre Quaternário escrita por BatataReal


Capítulo 17
Momento


Notas iniciais do capítulo

Nos Jogos, não basta lutar contra os tributos, mas também consigo mesmo.



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Estou correndo pela floresta com toda velocidade e olho para trás várias vezes, alguém está me perseguindo. Com a faca em minhas mãos tento cortar alguns galhos das árvores que estão por perto para tentar deixar o que seja para trás, mas é um ato falho, os galhos não se cortam e o barulho de folhas se quebrando no chão fica cadê vez mais alta. Chego a um lugar sem saída, várias árvores juntas formam uma barreira, seja lá o que tem do outro lado não quero ver, mas a surpresa sai de dentro delas. Heloise, a garota do Distrito 1, saiu do meio da mata, suas mãos estão sangrando e ela está com o machado que eu usei no Banho de Sangue e vem em minha direção com um olhar de assassina. Tento correr para trás, mas não consigo, meus pés ficam parados, paralisados com toda aquela cena, a adrenalina corre por minhas veias e quando Heloise tenta me acertar com um golpe de machado diretamente em minha cabeça, consigo desviar para o lado.

— Sua morte será tão fácil como todas as outras – diz Heloise.

— É isso que vamos ver – digo.

Ataco-a com minha faca, mas ela se esquiva facilmente e solta uma grande risada. Ela chuta meu braço e minha faca cai mais longe que eu pensava, antes que eu pudesse virar a cabeça de volta, Heloise chuta minha cabeça e caiu no chão. Tento ficar em pé, mas levo uma cotovelada na cabeça.

— Achei que você seria melhor que aquela sua amiguinha, como é o nome dela mesmo – diz Heloise.

— Mays...

Antes de terminar o nome de minha parceira de Distrito, Heloise me puxa pela camiseta e me põe contra uma árvore, ela coloca a minha faca em meu pescoço, tento sair, mas ela é mais forte que eu e estou sem forças.

— Você quer morrer igual ela ou prefere diferente?

— Eu não vou morrer! – grito.

Consigo dar uma rasteira nela e pulo em cima dela, seguro seus dois baços contra o chão.

— Me diga o que você fez com ela!

Heloise ri.

— Não estou brincando – digo dando uma cabeçada nela.

Sangue começa escorrer do seu nariz.

— Eu não fiz nada, eu juro! – diz ela chorando.

— Se continuar mentindo vou te matar, agora mesmo – grito.

Heloise começa gritar por socorro.

— Cale a boc...

Antes que eu termine, alguém me jogou para trás, bato com a cabeça em uma árvore e não consigo ver a pessoa direito, mas é um homem, alto e forte.

— Deixa que eu acabo com ele! – diz Heloise.

Estou tonto e não estou enxergando nada direito, está tudo embaçado. Heloise pega seu machado do chão, chega a minha frente e diz:

— Tchau, Haymitch.

Ela levanta o machado e vai atingir em minha cabeça.

— Morra – grita ela.

Quando o machado está quase em meus olhos ouço o barulho do canhão e acordo na cabana improvisado que tinha feito noite passada, estou suando. Foi tudo um pesadelo, já está de dia e preciso continuar andando até o fim da Arena, se tiver fim. Quebro a cabana com minha faca e vejo se alguma armadilha deu certo, mas não acho nada. Abro minha mochila e como os últimos biscoitos, ainda tenho carne, mas a água está escassa. Guardo todas minhas coisas dentro da mochila e começo a andar em direção ao Norte da floresta.

A floresta parece não ter fim e estou cansado e com sede, não há nenhum rio seguro e muito menos um lugar para que eu possa encher minha garrafa. Estou me certificando de que não estou andando em círculos e marco um xis em algumas árvores. Está tudo muito quieto, sem sinal de tributos ou de animais nessa parte da floresta, talvez ninguém tenha chegado até aqui agora, mas o grupo de tributo que vi fazendo a fogueira deve estar por perto.

Pelos meus cálculos, já estou na Arena por mais de três dias ou quatro, lutando contra esquilos carnívoras, borboletas multicoloridas e o de menos com tributos. Os Idealizadores fizeram desta Arena uma caixa de surpresas, por onde você andar, algo você vai descobrir, gostando ou não.

Como será que esta minha casa, meu pequeno irmão, minha mãe, Alice... Eu prometera a eles que sairia vivo destes Jogos, mas está ficando cada vez mais difícil. A gente passava por muitos problemas do Distrito 12, falta de comida, de água, remédios, mas sempre conseguíamos dar um jeito, já aqui é diferente, você não tem ajuda de ninguém, talvez eu possa morrer de sede para que a população estúpida da Capital comemore, festeje com esses Jogos.

Os dias em meu Distrito, aqui são horas e a única hora que consigo deixar meu corpo relaxar é quando perco controle sobre ele, dormindo. Estamos a todo tempo sobre perigo, com os olhos arregalados procurando qualquer vulto que passe, com os ouvidos o melhor possível para que ouça um galho quebrando, uma pedra sendo chutada, uma conversa baixa, trabalhar nas minas não era tão diferente, todos trabalhadores se despediam de suas famílias com um tom de tristeza, pois a qualquer momento tudo aquilo poderia ir aos ares, não tinha segurança, ninguém falava com ninguém, todos só faziam seu trabalho em silêncio. Quando eu chegava a casa depois de um dia de trabalho, meu irmão me abraçava, não queria me perder de nenhum jeito, mas agora estou eu aqui, mais um jogo da Capital contra sua população, se você não morrer de fome, morrerá nos Jogos.

O relevo da floresta continua subindo, talvez no pico seja mais fácil que eu veja algum tributo que comece a subir nela, o clima começa a mudar, rajadas de vento passam pela floresta que começa a me dar medo. Os troncos das árvores fazem grandes barulhos como se fosse todos cair de uma vez só, tento me esconder em uma árvore maior que está no meio do caminho, os galhos de várias árvores começam cair no chão, está começando a ficar muito frio, tiro minha camisa e pego o casaco de dentro da mochila e visto. Coloco a camisa em minha boca e nariz para que eu não pegue nenhum tipo de resfriado, alergia ou qualquer coisa que possa acontecer.

Raios, relâmpagos, uma chuva forte, este é o cenário da Arena, parece que tudo irá acabar, será mais um truque dos Idealizadores?

Um barulho grande começa vir, e o morro seguro começa a se tornar perigoso, devido à água da chuva, o morro começou a molhar e se formou lama que vêm caindo lá de cima e provavelmente só irá parar quando está chuva passar.

Escalo a árvore em uma altura segura do chão e sento sobre um galho, vejo que nas folhas se formam pequenos estoques de água, estou com sede, talvez essa seja minha chance. Bebo um pouco da água que estava sobre a folha e espero alguns minutos para ver se apresento algum sintoma, nada acontece.

Corto algumas folhas e faço uma estrada de folhas, a água escorre pelas folhas até chegar à boca da garrafa que está enchendo rapidamente. Abro a boca e espero as gotículas de água cair dentro, como eu fazia com meu irmão Miguel nos dias de verão no Distrito 12, quase todos os dias choviam no final do dia e ficávamos horas rindo e brincando de saber a temperatura das gotas de água, quente ou frio. Eu devia ter aproveitado mais estes momentos, agora não tenho nada, apenas a chance de voltar para eles, ganhar isto por eles para que possa desfrutar de outros momentos.


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Notas finais do capítulo

A fanfic continuará sim sendo atualizada, obrigado a todos os 100 leitores e os comentários. Quem puder recomendar a Fanfic, faça isso. Me siga no Twitter: @BatataReal. Se achar algum erro, me avise, obrigado.