Antes que eu possa fazer qualquer movimento uma borboleta me pica nas costas que faz com que eu vire tentando matá-la, as cores das outras borboletas desaparecem e a única coisa que consigo enxergar são as estrelas no céu que iluminam muito pouco a área onde estou devido às grandes árvores que fazem um bloqueio. A picada me faz ter uma extrema agonia nas costas e minha vontade era de gritar alto, mas não podia fazer barulho, assim como eu, creio que as borboletas não devem estar me enxergando. Caio no chão e ponho na boca minha faca, mordo com força para que a dor passe ou diminua, aprendi isto no Campo de Treinamento, se você se concentrar em alguma coisa é óbvio que sua mente irá não focar tanto nas outras coisas e assim talvez eu pudesse me concentrar mais quando fosse matar alguém, no caso, eu que estou sendo caçado.

Começo a rastejar para trás, tentando ser o mais silencioso possível, algumas borboletas já voltam a soltar seus tons de cores por seus corpos, a insígnia da Capital aparece no céu, o hino começa, atualização das mortes, o hino termina e tudo volta ao normal. Estou já a mais de dois dias na Arena, sem saber como está minha família e no total quarenta e sete famílias ainda sofrerão em perder seus filhos, só um de nós podemos voltar para nosso Distrito, mas não posso ficar pensando nisso, só fico mais triste em lembrar que não tenho aliados, Maik e seus aliados me vêm na cabeça, talvez o grupo mais forte de Carreiristas na Arena, será que eles estão me caçando agora?

A sensação de que alguns tributos possam estar me caçando me deixa imperativo, escapo das borboletas sem dificuldades e vejo que a grande fogueira está fraca, espero que minha armadilha tenha dado certo. Meu corpo pede água, comida e sei que meus suprimentos ainda são bons e que pode durar um determinado tempo caso eu saiba como maneirar. Tiro de minha mochila a garrafa contendo água e dou alguns goles, tenho que encher, mas não a nenhum lugar que eu possa encher sem estar contendo risco de morrer. Como algumas tirinhas de carnes que estão dentro de um pequeno saco e coloco tudo de volta em minha mochila.

O ferimento do meu pulso já não é mais problema, esses remédios têm um efeito ótimo, a Capital podia distribuir isso para os Distritos, vidas seriam salvas, mas a Capital não liga para vidas, eles só querem os produtos de cada de Distrito e que a população se vire, só ligam para vida dos tributos porque é assim que conseguem controlar Panem, colocando medo nas pessoas, em seus filhos. Estou cansado e preciso descansar, neste lado da floresta é muito perigoso para isso então decido que vou tentar pular para o outro lado.

Sigo em linha reta, mas dentro da floresta, sei que se seguir pela estrada de terra feita pelos Idealizadores vai encontrar esquilos dourados carnívoros querendo mais um pedaço de minha carne, que já foi estraçalhada por eles. Começo a ouvir o barulho da água, quando consigo chegar à beira da divisão, tento enxergar se alguma coisa pode estar do outro lado, um animal, um tributo, um suprimento, mas a única coisa que consigo ver é a escuridão, não posso prever o que irei achar do outro lado e só irei saber arriscando.

Tiro a faca e pego uma distância grande da beira e começo pegar velocidade, com um único pulo e sem muita dificuldade consigo chegar do outro lado, nem precisara usar minha faca, estou ficando bom nisso, talvez algum tributo goste de tomar banho.

Com a faca faço um símbolo no chão de xis para que eu saiba que já passei por ali e continuo avançando, este lado da floresta é mais tenebroso que o outro, o silêncio toma conta da grande vegetação e cada vez que o vento passa pela floresta, as árvores começam se mexer com velocidade, como se fossem se matar.

Olho para trás tentando determinar outro ponto, mas o que consigo deduzir é que eu estou subindo e toda subida tem um final. Suprimentos eu tenho, aliados nenhum, inimigos vários. Essa pode ser minha tática, ir até o final da arena, não sei o que posso encontrar, mas isso tem que ter um final. Com minha tática em mente continuo seguindo reto até não agüentar mais. Tomei uma grande distância da última vez que parei para descansar e minhas pernas não agüentam mais.

Devido a floresta, a temperatura é alta, mas úmido. Não sinto sede durante a caminhada, mas bebo os últimos goles que restam de minha garrafa de água. Minha mãe me ensinara como caçar ratos, já que em nossa casa haviam vários deles escondidos por trás das paredes e a única coisa que precisava era de comida, retiro da minha mochila algumas tirinhas de carnes, pego alguns gravetos pelo chão, com algumas linhas que consegui na Cornucópia faço armadilhas para capturar animais ao redor de onde irei dormir, nesta floresta deste tamanho com certeza deve existir animais de médio porte ou pequeno, roedores normalmente.

Lembro que quando colocava várias armadilhas pela minha casa, ao amanhecer, eram vários ratos presos nelas lutando para tentar escapar e a única coisa que eu fazia era matar os animais e colocar eles no lixo, pois não podíamos aproveitar nenhuma parte do pequeno animal, podia conter doenças e os animais eram muito pequenos para conseguir uma grande quantidade de carne.

Escalo uma árvore e corto alguns galhos que caem sobre o chão, desço com facilidade e faço uma pequena cabana com galhos, caso alguém passe por perto a cabana não vai chamar a atenção, as folhas juntas parecem que formam uma moita, espalho os pequenos galhos ao redor da cabana para me alertar caso tenha perigo por perto. Entro dentro da cabana, me ajeito entre as raízes da árvore que saem do chão e das folhas, seguro minha faca e tento dormir, preparado para qualquer surpresa, preparado para matar, sendo um verdadeiro tributo.