Pretty Normal escrita por Lost star


Capítulo 7
Capítulo 7- Coisas que o dinheiro pode comprar


Notas iniciais do capítulo

É o último por hoje, gente.



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-Eu já disse, Holly, só dessa vez.- implorei ao telefone. Ela então suspirou.

-Olha, Sarah, o shopping nem deve estar aberto ainda.- reclamou.- São sete da manhã, nós temos aula sabia? Os testes estão chegando e eu não quero me ferrar.

-Foi exatamente o que Kate disse.- reclamei.- Por favor, Holly. Estou te implorando, vá ao shopping comigo.

                Ela suspirou novamente e então eu ouvi o barulho de sua cama rangendo.

-Me dê uma hora para me arrumar.

                Eu sorri.

-Você tem meia.- e desliguei.

                Meu avô estava no velório de Charlie assim como mais da metade da cidade, duvido que realmente tenhamos aula hoje. Eu peguei as roupas mais bonitas que tinha no meu guarda-roupa e comecei a me arrumar, hoje eu seria Lucy Black novamente. Ou algo parecido. Não interessa. Estava levando Holly para Seattle comigo e nós iriamos nos divertir, repetiria isso com Kate em um final de semana já que ela não pode fazê-lo hoje.

                Eu tinha decidido mudar, tipo, mudar mesmo. Nada de roupinhas baratas e tudo mais dentro do guarda-roupa, eu ia pegar meu dinheiro e ia, sim, torrá-lo em coisas que valem a pena. Quando se é rica como eu, dinheiro não é problema. Quando se está no cinema desde os cinco anos, se tem alguns privilégios.

                Esperei quinze minutos e então pulei para dentro do carro, com todos os meus cartões e todo o dinheiro que pude arrecadar das mesadas medíocres que recebi desde que cheguei aqui, e o dirigi até a casa de minha amiga. Holly ainda não estava pronta quando cheguei e sua cara de sono a tornava extremamente engraçada, deixei que ela dormisse até que chegássemos nas proximidades de Seattle, então parei em uma cafeteria e comprei dois cafés para nós e só então fomos até o shopping.

                Nossos cafés ainda estavam bem quentes quando entramos no shopping e o ar condicionado nos atingiu, minha amiga ainda tinha as olheiras, mas parecia bem mais desperta. Encarei Holly com uma cara de gozação.

-Tudo bem, escolha uma loja e vamos às compras.- Tirei a carteira da bolsa e mostrei a ela.- Hoje é por minha conta.

                Seus olhos cintilaram e ela então entrou correndo na primeira loja que viu, eu a segui, rindo. Tinha me esquecido o quão divertidas eram essas sessões de compras. Holly e eu provamos uns cinquenta vestidos diferentes e mais camisetas, bermudas e saias do que eu seria capaz de contar. Pode se esperar que as vendedoras nos odiassem, mas algumas delas até que se divertiam conosco. A vendedora que nos atendeu, uma ruiva baixinha que usava óculos, ficou realmente impressionada quando eu disse que levaríamos tudo. Ela até deve ter achado que era uma brincadeira e que desistiríamos no caixa, somente isso explicaria sua cara de choque quando meu cartão passou sem problema algum e nós saímos da loja carregando cinco sacolas cada uma. Entramos na loja ao lado daquela, uma loja de cosméticos e compramos mais coisas ainda.

                Por volta do meio dia, quando decidimos fazer uma pausa para o almoço e colocamos nossos óculos escuros, foi quando eu vi o flash de algumas câmeras dispararem. Eram paparazzis, confesso que não os esperava aqui tão cedo. De qualquer forma, fiquei feliz e impressionada em vê-los. Nós continuamos comendo normalmente e conversando sobre milhares de assuntos que ninguém entenderia se nos ouvisse falando. Esse era o lado positivo de mudar de cidade. Só paramos de comer e rir quando uma garota aproximou-se de nossa mesa com uma câmera, ela parecia tímida, porém determinada.

-Oi, meu nome é Melissa.- Disse a garota, ela era bem bonitinha e vestia uma calça jeans não muito colada e uma camiseta azul marinho.- Eu tenho um blog que fala sobre moda, estilo e, bem, artistas. É um blog para adolescentes que é bem conhecido...será que você toparia fazer uma entrevista para o blog?-perguntou.

                Eu sorri para ela.

-Bem, eu concordo em fazer a entrevista se você cobrar um bom dinheiro daqueles caras ali- respondi, apontando para os homens que nos fotografavam- para divulgar o material, você pode ganhar uma boa grana, sabe como é.

                Ela assentiu, puxou uma cadeira ao meu lado- isso enquanto sorria de orelha a orelha- e ligou a câmera.

- Você deixou Los Angeles e desapareceu por uns meses, isso significa uma ruptura na sua carreira? Você vai desistir de ser atriz?-perguntou.

                Não precisei pensar muito para responder.

-Não- sorri-, que isso! Meu pai me mandou passar um tempo longe dos flashes porque achou que seria o melhor para mim, fama demais pode confundir a cabeça de uma pessoa, ainda mais quando essa fama vem muito cedo.

                Ela sorriu ainda mais.

-Então você vai continuar com a carreira, isso é bom. Eu adoro seus filmes.- Disse, fiquei imaginando se era só para puxar meu saco.- O que você achou da gravidez de sua irmã?

                Eu respirei fundo e tentei ao máximo para que meu sorriso não vacilasse, sem saber se obtive sucesso ou não. Sabia que essa pergunta viria mais cedo ou mais tarde.

-Acho que tem muitas coisas acontecendo agora, coisas que eu não entendo e não sei se aceito muito bem.- respondi, rezando para que não gaguejasse.- Acredito que todas nós devemos começar a medir as consequências das coisas que fazemos, eu fui mandada para Seattle para que pudesse ver como seria ter uma vida normal e minha irmã vai ter um filho. Acho que ficar longe das câmeras não é tão ruim assim, afinal.

                Ela assentiu, como se soubesse sobre o que eu estava falando.

- E o que você tem feito no tempo que ficou longe das câmeras, acho que isso é de interesse público.- Ela sorriu e eu ri, totalmente sem jeito.

-É- disse, coçando a cabeça.- Eu tenho ido à escola, feito amigos e realmente parado para pensar sobre a minha vida e as coisas que ainda quero fazer. Longe de fotógrafos e filmagens, estou tendo tempo para viver meus dramas adolescentes e, se você tiver um violão aí, te mostro uma música que escrevi.

                É claro que eu não estava falando sério, mas a garota pareceu empolgada e praticamente começou a quicar na cadeira.

-Você compõe?-exclamou.- Essa eu quero ver, canta um pedacinho, por favor.

                Após mais um tempo de insistência de sua parte, eu concordei em cantar a música que compus para Seth. Era uma música triste, é claro, mas cantá-la foi libertador.

(Link da música aqui:http://www.youtube.com/watch?v=rt8WzoLC-0g)

                Algumas perguntas e elogios mais tarde, a garota se foi e nós retomamos nossa maratona de compras. Não deixei que ela fosse sem que me passasse a url de seu blog e me desse seu nome completo, disse a ela que entraria em contato algum dia e ela respondeu que esperaria ansiosamente. Já passavam das sete da noite quando eu e Holly voltamos para casa, estávamos atulhadas de sacolas até o teto do carro e eu com certeza levaria uma multa se fosse parada, mas valia o risco.

                Estar com Holly o dia inteiro no shopping, cantar para aquela garota e ser fotografada pelos paparazzi mudou algo dentro de mim. E não foi só o fato de não poder voltar logo para casa e ficar dando voltas e mais voltas pelas cidades da região que me fizeram rir, pela primeira vez em meses eu me sentia plenamente feliz. E eu não estava feliz por causa de dinheiro, ou de um garoto ou qualquer coisa do tipo, estava feliz por ser eu mesma. E esse tipo de felicidade, meu bem, ninguém compra.


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