Sangue Quente - O Contágio escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 16
Capítulo Dezesseis




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Acordo; vou até o banheiro e lavo meu rosto. Minha mãe está arrumando a mesa para o café da manhã. Chego lá e vejo muitas frutas, suco natural de laranja e algumas bolachas cream cracker.

– Bom dia filho. - Minha mãe está com um sorriso forçado. Talvez esteja nervosa por estar sendo obrigada a aprender a atirar.

– Bom dia mamãe. - Vou até ela e a beijo no rosto. - Frutas para o café de hoje?

– É sim, Charles me pediu pra fazer um desjejum mais leve.

Sento-me à mesa e começo a comer, Adrian chega e senta-se ao meu lado, seguido por Jenna.

– Acho que não vou fazer companhia pra vocês na aula de tiro, afinal já sei atirar. - Diz Adrian pegando um cacho de uvas.

– Tudo bem, mas vai fazer o que enquanto estamos fora? - Pergunto.

– Sei lá, vou ficar por aqui mesmo. Dar um mergulho, tentar colocar os pensamentos no lugar.

– Você bem que poderia me ensinar um pouco de artes marciais, né? - Sugere Jenna. - Eu não gosto muito de armas de fogo mesmo. O que acha mãe?

– Acho que seu pai não vai gostar da ideia, filha.

Enquanto minha mãe responde, meu pai entra na cozinha e pergunta.

– Não vou gostar do que?

– Pai... - Jenna se assusta com a entrada repentina de meu pai. - É que eu estava falando pra mãe que não queria ir às aulas de tiro com você... Não gosto de armas.

– Tudo bem filha. - Estou espantado com o que meu pai diz. - Estava verificando a quantidade de balas que temos e infelizmente as balas da arma com o silenciador estão escassas. Ia tirar algum de vocês do treino.

– Eu não preciso de treino, já sei atirar. - Diz Adrian.

– E você Clarice?

– Charles, você sabe que eu não gosto de atirar. Mas prefiro ir e deixar a Jenna de fora. - Meu pai assente, pega uma maçã e uma goiaba.

– Vou arrumar tudo, você sabe onde tem algum lugar bom pro treino Adrian? - Adrian balança a cabeça em sinal positivo, e segue junto com meu pai saindo da casa. Jenna abre um sorriso para nossa mãe, que pisca um olho pra ela. Misty chega e senta-se ao lado de Jenna. Terminamos nosso café matinal e saímos todos de casa em direção da F250 onde estão eles. Adrian ajuda meu pai com a cadeira de rodas e com mamãe. Misty e eu sentamos no banco traseiro. Adrian chega ao lado da porta do motorista e diz:

– Não esqueçam, na estrada, a mais ou menos quinhentos metros tem uma nascente, ao lado dela uma trilha que vai até um campo aberto.

– Certo. - Responde meu pai. Não sei, mas acho que todos os acontecimentos afetaram os neurônios dele, nunca que ele deixaria Adrian e Jenna sozinhos, ou talvez ele não tenha pensado na possibilidade dos dois estarem flertando.

Chegamos ao campo, meu pai começa ajustando o alvo, que é um tambor de plástico de 200 litros.

– Vou ensinar alguns princípios básicos. - Diz meu pai, colocando o silenciador na Glock 9 mm. - A primeira coisa que vocês têm que aprender é empunhar a arma. Sempre segure ela firme e com as duas mãos. - Ele mostra como segura-la. - Tente envolve-la o máximo que puderem, pois quando você atira, com a força do coice, ela pula. - Ele retira o pente. - Recarregue a arma, como vocês podem ver essa belezinha comporta dezessete balas. - Ele me passa a Glock, coloco a munição. Estou com o coração disparado. Disfarço meu sorriso, desarmo, miro no alvo e atiro. O tiro desce no chão e arma pula, quase caindo da minha mão. Meu pai vem ao meu lado e ajeita a minha mão na arma. - Segure firme com uma mão, e com a outra você tem que envolver o outro lado da arma, e na hora de atirar não puxe o gatilho rápido, puxe lentamente que o tiro sai naturalmente. - Assinto, e miro novamente no alvo. Mamãe e Misty estão olhando atentamente. Dessa vez sigo as instruções dele. Miro no alvo e atiro, a bala passa longe do alvo, mas foi bem melhor que minha primeira tentativa. Tento mais quatro tiros, erro todos eles. Mas em cada um deles vejo que é só questão de tempo pra conseguir ter precisão. Vou até meu pai para entregar a arma. - Outra lição. Quando não for usar a arma, trave ela e tire o dedo do gatilho. Se não fizer essas duas coisas, pode ter certeza que vai acertar alguém ou até você mesmo. - Agora ele passa a arma pra Misty, que tem um desempenho melhor que o meu. Dos seis tiros que disparou dois foram em nosso alvo. Minha mãe tem basicamente os mesmos resultados que eu. Ela se mostrou muito nervosa, sempre tremendo na hora do tiro.

* * *

Já passa das onze da manhã. Todos nós já estamos bem melhor em relação ao nosso começo. Misty já consegue atirar quase com perfeição. Eu de cada dez tiros, acerto cinco. Até mamãe que no começo não estava animada está gostando de atirar.

– Agora acabou nosso treinamento. - Anuncia meu pai. - O alvo já está destruído, e a munição acabou.

– Que pena, agora que estava começando a pegar o jeito. – Ela se mostra feliz. Talvez esteja vendo o treino de uma maneira diferente, é outra forma de ajudar a família.

Apesar de querer continuar atirando, minha barriga está roncando. Já se passaram mais de quatro horas desde o inicio das aulas, e o sol está muito quente.

Voltamos para a cabana, chegando lá vejo Adrian na piscina nadando e Jenna sentada na borda da piscina observando ele nadar. Entramos na cabana e vamos direto para a cozinha. No almoço temos mais frutas e alguns enlatados, como milho e ervilha. Precisamos racionar a comida para que ela dure por mais tempo. Sei que antes de irmos embora daqui, teremos que fazer uma parada na cidade pra ir atrás de mais alimentos e produtos pra higiene pessoal, mas não sabemos como está a situação por lá. Procuro não me preocupar com esses pensamentos e apenas relaxar enquanto é possível, passo o resto da tarde na piscina, onde estão todos reunidos, exceto minha mãe e meu pai que estão dentro da casa.

Anoitece, já foi decidido que essa noite Adrian ficará de vigia. Meus pais e Jenna já se dirigiram para o quarto, enquanto eu e Misty vamos dormir na sala. No meio da madrugada, acordo com Misty de pé me cutucando.

– Hey, acorda. - Sussura ela.

– O que foi? Aconteceu alguma coisa? Os zumbis estão aqui?

– Calma super herói, tá tudo bem. Mas sabe quem acabou de passar por aqui como um gato e ir lá pra fora?

– Quem? Zumbis?

– Não, porra. Nossa, ás vezes te acho meio lerdo sabia? Tipo hoje no treino, eu estava esperando um melhor desempenho seu. - Ela olha para os lados para ter certeza de que ninguém mais está acordado. - Mas não é disso que eu queria falar. Foi a sua irmã, eu vi ela ir lá pra fora.

– E daí? - Estou muito cansado e com sono, não quero dar atenção ao que Misty me fala. - Deixa ela, devia estar sem sono e foi tomar um ar.

– Tomar um ar? Acho que ela foi fazer outras coisas. Qual é, levanta, vamos lá espiar. Não quero ir sozinha.

– E por que não? - O olhar dela é penetrante, e mesmo querendo voltar a dormir, não consigo dizer não ao pedido dela. - Ah, tudo bem, você já me fez perder o sono mesmo.

Caminhamos em silêncio até a porta de entrada da cabana, por onde Jenna foi, ela está entreaberta. Misty e eu nos abaixamos e olhamos pelo vão da porta. Alguns metros a frente da cabana, encostado em uma árvore está Adrian e Jenna está de frente pra ele. Aparentemente estão apenas conversando.

– Não te disse Misty, eles não estão fazendo nada demais...

Antes que ela possa me corrigir, Adrian se aproxima mais de Jenna e a puxa pela cintura para junto dele. Ele sussura algo no ouvido dela, algo que a faz sorrir e depois a beija.

– O que você estava dizendo mesmo Richard? - Caçoa Misty.

– Nada, vamos entrar, não quero ficar vendo isso. E é melhor que meu pai não descubra.

O clima lá fora parece estar ficando mais quente, os dois continuam envolvidos no beijo e Adrian desce as mãos pelo corpo dela. Me sinto tentado a ir lá e afasta-lo dela, mas ela é mais velha, deve ter consciência das escolhas que faz.

– É... - Misty parece decepcionada. - Acho que ele escolheu sua irmãzinha. Fazer o que né. - Ela me olha, com uma pitada de malícia no olhar. - Agora só me restou o garoto metido a super herói.

Encaro ela, tentando parecer o mais calmo possível. Mas por dentro meu coração está disparado, porque será?

– Sabe, ver eles se beijando tão intensamente daquele jeito, me fez ficar com vontade de fazer o mesmo.. - Ela me pega pela mão e me leva de volta a sala. Sentamos no sofá e ela fica me olhando. Não sei o que fazer.

– Tá esperando o que?

Depois dessa frase, não preciso de mais nenhuma indireta da parte dela para tomar uma atitude. Me aproximo do rosto dela e a beijo. Não sei quanto tempo dura, mas é tempo suficiente para eu ir até as nuvens e voltar. Deito ela no sofá e continuo beijando-a. Parece que não é só lá fora que o clima está quente, aqui dentro também, está esquentando. Espero que isso não seja um sonho.



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