A Seleção escrita por imyourvenus


Capítulo 2
Pensei que tinha se perdido no caminho!




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Lily Evans.

Se você tem que saber algo sobre mim é que eu simplesmente odeio tudo oque é repetitivo.

E sinceramente, esse negócio de Seleção já estava me enchendo à paciência.

Quero dizer, o príncipe não é capaz de conseguir sua própria esposa?! Eles têm mesmo que levar um monte de garotas, para que Vossa Alteza Real – notaram a ironia? – ache uma que lhe agrade?!

Me poupe.

Mas pelo visto eu sou a única a pensar assim, porque até mesmo minha melhor amiga já está caindo nos encantos do príncipe. Que ela nem conhece!

– O Príncipe é simplesmente perfeito, sério. Ah... Se eu fosse escolhida!

Ah não, isso já foi de mais para os meus pobres ouvidos.

– Sinceramente Alice? Não sei oque você tanto gosta nesse príncipe, ele é só mais um rico esnobe que tem uma coroa bonitinha e se acha o maioral por isso.

– Mas ele é o maioral.

– Isso não vem ao caso.

Alice já estava abrindo a boca para rebater quando Frank chega.

– Oi garotas.

– Oi amor, como vai?

Caso eu não tenha mencionado, Alice e Frank namoram. Oque é mais um motivo pra Alice nem se quer perder seu tempo pensando naquele projeto mal-acabado de rei.

– Ele vai com as pernas, não é obvio?

Frank riu e Alice me olhou com desgosto.

– Sabe AMOR...

– Eu sei Alice, eu sei. Não me ame tanto, aliás, já vou indo.

– Já vai tarde Evans. – Ela gritou quando eu já estava meio longe. Virei e mandei um beijo pra ela.

Frank só ria enquanto beijava Alice.

E devo admitir que isso me dava um pouco de inveja, afinal, eu tinha a impressão que nunca poderia fazer o mesmo com Amos.

Pelo menos não no meio da rua.

E com esses pensamentos invejosos me lembrei de uma coisa boa.

Eu o veria hoje. Meia noite na casa da árvore.

Mal podia esperar.

Fui andando calmamente na direção da minha casa, e foi só eu por o pé na porta que minha mãe já com a mesma pergunta que andava me fazendo todos os dias:

– E então filha, você vai se inscrever ou não?

Eu definitivamente odeio coisas repetitivas.

– Mãe, olha bem pra minha cara e vê se eu sirvo pra esse negócio de ser princesa.

Ela me avaliou por um minuto e não pôde retrucar, afinal, eu estava péssima.

Eu estava parecendo àquelas pessoas que foram eletrocutadas e ficam com o cabelo todo em pé, e meu rosto estava completamente vermelho devido à caminhada de volta para casa de baixo daquele sol escaldante. E eu não estava vestindo uma das minhas melhores roupas.

Minha mãe voltou para a cozinha e eu fui pro buraco quente que chamo carinhosamente de quarto.

Decidi praticar um pouco de violino, amanhã vou ter uma apresentação, e sinceramente estou cansada de tomar sopa.

Teria que me sair bem de qualquer jeito.

– Lily, mamãe mandou avisar que o almoço está pronto. E falou pra você dar um jeito na sua cara, que pelos céus, está horrível!

Essa era a minha adorável irmã mais velha, Petúnia. Sempre fomos extremamente diferentes, tanto na aparência quanto na personalidade.

Petúnia era bastante extrovertida e tinha os cabelos mais perfeitos que já vi em toda a minha patética vida, eram de um tom de loiro muito bonito que contrastavam perfeitamente com seus vivos olhos azuis. Sua pele bronzeada dava um toque de sensualidade ao resto. Ela era perfeita, sem tirar nem por.

Enquanto eu era exageradamente tímida, com os cabelos da cor mais chamativa possível. Sim, meus cabelos eram ruivos e longos, oque não combinava em nada com meus olhos verdes elétricos e com a minha pele branca sem graça.

Até hoje eu me pergunto oque uma garota como Petúnia está fazendo com um garoto – ou será que devo dizer morsa? – como Válter. Quero dizer, ele é completamente chato e asqueroso.

Eu o odeio.

Decidi fazer oque minha mãe mandou e fui tomar um banho, peguei uma roupa melhorzinha, ajeitei o cabelo e lavei o rosto. Quando saí do banheiro, me olhei no espelho. Até que eu estava apresentável, não bonita, mas apresentável.

Minha mãe já estava soltando faíscas quando cheguei na mesa:

– Pensei que tinha se perdido no caminho!

Simpática como sempre.

Não respondi, estava feliz de mais para começar mais uma de nossas intermináveis brigas.

Qual é, eu veria Amos hoje. Não estava nem aí pras provocações de minha mãe.

Comi minha sopa em silêncio enquanto minha mãe falava sem parar do quanto me inscrever na Seleção seria bom pra família.

Mas, nem ao menos se passou pela cabeça dela que eu nunca seria sorteada. Nem se eu quisesse.

Realmente seria bom para a família se eu me inscrevesse e fosse uma das Selecionadas, afinal, nunca tínhamos dinheiro para nada, até mesmo para uma comida que não fosse sopa. E eles dão um salário semanal para as moças enquanto permanecerem no castelo.

Mas não iria ser nada bom pra mim, eu não quero viver enjaulada por causa de dinheiro, fingindo estar loucamente apaixonada e sonhando em me casar com uma pessoa pela qual meus sentimentos não passam de desprezo.

Minha mãe continuava a falar sem parar quando acabei minha sopa e voltei pro meu quarto. Fiquei praticando violino por mais alguns minutos e depois fui dormir.

Acordei na hora do jantar, mas não estava com fome, preferi ficar no quarto com a desculpa de estar com dor de cabeça, assim ninguém me prenderia lá embaixo e eu teria tempo de ajeitar tudo oque fosse necessário para ir pra casa da árvore escondida.

Fiquei lendo até dar meia noite, fui pra janela e esperei que Amos subisse para a casa da árvore, assim que ele chegou, pulei a janela – com a ajuda de uma corda – e fui a seu encontro.

A casa da árvore era muito pequena para duas pessoas que não fossem crianças, tínhamos que ficar realmente espremidos. Mas valia a pena.

Quando cheguei, Amos estava estranho. Só olhava pros lados, como se quisesse falar alguma coisa e estivesse tomando coragem para tal.

– Não dá mais Lily. Nós nunca vamos ter dinheiro para nos casar, e sua mãe nos mata se descobrir que estamos juntos.

Não, ele não disse isso. Eu estou ouvindo coisas, estou louca. Só pode.

– Oque você quer dizer com isso Amos? – A essa altura as malditas lágrimas já estavam pipocando nos meus olhos.

– Que está tudo acabado.

Nesse momento eu explodi. Ele não podia fazer isso comigo, simplesmente não podia.

– Como assim tudo acabado? Eu passei dois anos da minha vida me dedicando a você, escondendo meus sentimentos da minha família, imaginando se você chegaria bem em casa e se nos veríamos a noite, e você me diz que está tudo acabado?

Eu já estava derramando metade do oceano pacifico, enquanto o infeliz com a maior tranquilidade possível dizia:

– Eu não queria fazer isso Lily, mas é pro seu bem.

– Se você quisesse o meu bem não estaria nem pensando nisso. Eu te amo, e quero casar com você, como você prometeu.

Ele já estava muito perto da porta, pronto para ir embora quando se virou e disse como se eu fosse uma criança retardada:

– Planos mudam.

E saiu.

Saiu da casa da árvore e saiu da minha vida. Mas eu tinha a impressão que ele nunca mais sairia do meu coração.


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