Lily Evans.

Eu estava mal.

E antes que você tire suas conclusões, eu devo acrescentar que não é aquele mal “ele me largou, vou morrer sem ele” não é isso, até por que eu não namorava o oxigênio. É mais aquele mal que te deixa sem rumo, sabe?! Do tipo “e agora?”.

“E agora?” Pode ser uma pergunta muito cruel quando você não sabe oque fazer e se sente completamente perdida.

E talvez essa pergunta sem resposta tenha sido o motivo pra eu fazer a maior idiotice da minha vida.

E acredite, quando o assunto é idiotice a Lily aqui é profissional.

– Lily, não custa nada tentar. Por favor.

Minha mãe deveria ganhar algum tipo de troféu por persistência. Ou apenas por ser tão boa em tornar minha vida pior do que já é.

– Não mãe, eu não quero nem tentar.

– Já sei. Se você se inscrever vamos deixar você ficar com a metade do seu salário.

Aí a coisa já muda de figura, quero dizer, eu não vou ser sorteada mesmo... Então, por que não?

– Promete?

Eu estava tão feliz com a possibilidade de ganhar um dinheiro só meu que não medi as consequências.

– Prometo.

– Então tá bom. Você fez um mau negócio, sabe que não vou ser sorteada.

Ela nem se deu ao trabalho de me responder e saiu andando em direção à cozinha.

Acho que escreveram com canetinha permanente na minha testa “Me ignorem, eu gosto”.

Depois disso fui dormir. Uma coisa que eu tenho feito muito ultimamente.

Mas não, parece que nem isso eu posso fazer já que Petúnia veio me chamar minutos depois de eu ter deitado:

– Lily, minha mãe mandou você se arrumar pra ir fazer a inscrição.

– Hãm?

– Você é lerda assim desde que nasceu ou só enquanto respira? Levanta sua bunda gorda dessa cama e se arruma rápido pra fazer a maldita inscrição.

– Não precisa ser tão simpática, ok? – Murmurei pra ela enquanto a mesma saía do meu quarto.

Coloquei uma saia rodada verde clara que batia na metade da minha coxa e uma blusa branca de alças finas por dentro da saia. Penteei meus cabelos para trás e fiz uma trança, coloquei uma tiara simples e uma sapatilha também branca e estava pronta.

Fomos andando até a praça, e quem diria, aquilo estava lotado.

Não encontrei ninguém conhecido, oque foi muito bom, por que meu animo não estava dos melhores naquele dia.

A fila quase não andava, mas quando finalmente chegou a minha vez entreguei o formulário de inscrição e me mandaram entrar em uma cabine fotográfica.

Bateram algumas fotos minhas que com certeza não ficaram nada boas.

Mas eles tinham que me dar algum desconto, eu estava na fossa.

...

Nada de interessante aconteceu por semanas, até que:

– Lily anda logo, vão dar o resultado das Selecionadas agora.

Minhas mãos estavam tremendo e eu estava tão ansiosa... Mentira, eu não tava nem aí.

– Calma Petúnia, já estou indo...

Sério que ela achava que eu iria correr só pra assistir as chances do príncipe desencalhar serem Selecionadas?

Por favor, Petúnia. Tenho amor próprio.

– Começou.

Ouvi o grito de minha mãe, mas mal sabia ela que eu estava parada bem atrás dela.

Falaram as mesmas coisas chatas de sempre como “Invasões” ou “Investimentos”, coisas pelas quais eu não me importava nem um pouco, até que chegou a parte que tanto interessava a minha mãe.

“- E as Selecionadas são: Srta. Molly Prewett, Srta. Alice Unknown, Srta. Bellatrix Black, Srt. Lily Evans...” – Meus ouvidos ficaram surdos depois do grito estridente que minha mãe deu.

Acho que minha sorte resolveu rodar bolsinha na esquina.

E de brinde me trouxe uma doença sexualmente transmissível.

Bem, pelo menos era assim que eu me sentia. Quero dizer, as chances eram mínimas...

Deus, você definitivamente tem algum problema comigo não é?

Minha mãe e Petúnia ainda estavam gritando coisas do tipo “Lily é princesa” e até mesmo meu pai sorria.

Ah please bitchs, eu não sou uma princesa, sou uma Selecionada que provavelmente vai ser chutada na primeira semana por que ninguém me aguenta.

Até eu admito, deve ser muito chato ter que ficar no mesmo local que eu, mesmo que esse local fosse um castelo.

E gente, eu sou ruiva. Princesas não podem ser ruivas!

Você já viu alguma princesa ruiva? Porque eu nunca vi...

Minha mãe e Petúnia estavam fazendo algum tipo de dancinha gay enquanto eu estava com cara de tacho vendo as fotos das minhas ‘concorrentes’ passando repetidamente na tela.

Até que chegou a minha.

Eu não estava feia, muito pelo contrário, eu estava parecendo uma boneca.

Mas não se deixe enganar, não era daquele tipo de boneca bonitinha, estava mais para aquele tipo de boneca barata que você encontra em lojinhas de 1,99.

Triste realidade.

Mas em compensação todas as outras garotas também estavam plastificadas. E algumas estavam com caras de malucas, tipo a Bellatrix.

Espero que a cara dela não seja daquele jeito o todo tempo.

Eu realmente não sabia que minha mãe e Petúnia tinham tanta capacidade vocal, pelos céus, elas continuavam gritando!

Mas pelo menos elas coseguiam emitir algum som, por que eu estava completamente muda, como se tivesse perdido a capacidade de falar. Oque eu não duvidava muito.

Depois de algum tempo meu pai decidiu que já era hora de parar com os gritos e as dancinhas de travestis da meia-noite.

Petúnia me abraçou e foi pro seu quarto saltitante.

Petúnia deveria ser a Selecionada, não eu.

Eu nem ao menos queria isso.

Minha mãe falou algo como “Boa noite minha futura princesa” e foi pro quarto junto com meu pai.

Avaliei minhas opções: Eu poderia fugir e morrer de fome, ou, eu poderia ir pra esse bendito castelo, ganhar algum dinheiro e de quebra experimentar aqueles doces que todo mundo ama, mas que minha família não tem condições de comprar.

Era bem provável que eu nem fosse conhecer o projeto mal-acabado de rei (vulgo: príncipe).

Depois de algum tempo decidi ir pra cama.

Mas não era isso oque meu cérebro pretendia, já que meu sono foi dar uma volta de canoa do Rio Nilo.

Fiquei recapitulando todas as coisas que aconteceram nos últimos dias e vi que talvez essa ida ao castelo fosse um meio de refúgio, pelo menos até meu coração esquecer oque um dia foi um grande amor.

Ou uma grande ilusão.